Estefano D'Ávila sempre soube que o amor o mataria, não, ele não conhecia tal sentimento, não o havia procurado em nenhum momento da vida mas desde muito jovem ouvia que o mesmo era capaz de destruir até o mais poderoso dos homens, fugiu, se escondeu dele o quanto podia.
O envolvimento dos D'Ávila com o crime começou muito cedo,serviram durante décadas a máfia americana, Brativa estava enraizada no brasão e na história daquela família mas assim como uma tempestade capaz de varrer tudo o que encontra pelo caminho isso mudou da noite para o dia, ciclos se encerravam, novas lideranças se erguiam e quando um novo Don assumiu as rédeas da Famiglia havia chegado a hora dos irmãos Estefano e Matheu seguirem seu próprio caminho, não eram bem vistos, respeitados já que mesmo na mafia certos negócios eram considerados intragáveis, o tráfico de órgãos causava repulsa e o don regente abominava a prática, enquanto Matheu discretamente se uniu a uma cúpula aliada fazendo trabalhos pequenos frente ao exército de cosa Nostra Américana Estéfano foi mais ambicioso, não estava disposto a abrir mão de seus negócios então mirou em um dos cartéis mais poderosos e sanguinários da Colômbia, tomou para si um reino, um trono, Medellín era sua e não houve um só homem capaz de contestar sua liderança, o coração do antigo regente devorado frente aos subordinados garantiram que ganhasse de um exército obediência e respeito, Estefano era americano, comandava uma facção colombiana e isso na Espanha, diretrizes usadas propositalmente para confundir aqueles que se levantavam contra ele, "El coiote" o forasteiro, a lenda, um gigante de quase dois metros que não tombou nem mesmo com um tiro de doze no peito.
Quase dois anos haviam passado desde que Estefano assumiu o cartel de Medellín, fez da Espanha, mais especificamente Barcelona um inferno que ele governava como um tirano, a prostituição e o tráfico de pessoas a luz do dia eram comuns nas cidades sob seu comando, o território que o pertencia havia sido batizado de "Sodoma e Gomorra", nele luxúria, ira e avareza estavam encarnados em homens e mulheres que o reverenciavam como a seus deuses,rios de dinheiro entravam em um curto espaço de tempo, alianças eram firmadas com homens tão poderosos que sequer a pronúncia de seus nomes eram permitidas, Estefano viajava o mundo alimentando o tráfico humano de pessoas e órgãos e alguns de seus clientes era homens multimilionários.
Estefano havia chegado a Istambul naquela tarde, sentado na sala de um dos empresários mais ricos da Turquia esperava para negociar o coração de uma jovem com apenas dezoito anos de idade, Nazir Makiere sofria de uma doença congénita que o sentençiava a uma morte silenciosa e lenta, estava disposto a pagar o que fosse por um coração saudável e Estefano era o mediador escolhido para trazer o órgão, Estefano olhava no relógio, impaciente encarava com uma expressão neutra a enorme sala de decoração rústica, pegou o telefone irritado.
— Prepare o carro Guterres, saímos em dez minutos, nem Deus me faria esperar tanto tempo, que se foda esse maldito turco, que seu coração exploda no peito.
Se pôs de pé abotoando seu paletó, já andava em direção a porta quando ela se abriu, diante dele uma pequena garota surgiu, os cabelos cacheados estavam soltos em uma bagunça que surpreendentemente combinava com seu rosto delicado, com seus lábios vermelhos e sua bochecha corada, vestia um uniforme colegial como se saísse de uma cena fetichista e usava no pescoço um delicado crucifixo de ouro.
— Oh, desculpe.
Ela sorriu lindamente.
— Achei que papai estivesse aqui.
Estefano cerrou o maxilar, as mãos se fecharam de forma firme, pensou em como uma trep4d4 do jeito que gostava a partiria ao meio, abriria como um pêssego maduro aquela coisinha deliciosa, não tinha dúvidas de que ainda era virgem.
— É filha de Nazir?
— Sim, eu me chamo Cíntia, é um prazer.
Se aproximou lhe estendendo a mão, Estefano aceitou o cumprimento, segurou firme, os olhos varreram o corpo mion dos pés a cabeça, sorriu ao perceber que havia ficado excitado apenas com um toque.
— Senhorita Cindy.
Um homem velho gritou da porta, a forma irritada como olhou para eles chamou a atenção de Estéfano, em outra circunstância rasgaria com as mãos a garganta do velho.
— É hora de ir, chegaremos atrasados ao internato.
Cíntia sorriu.
— Já vou Madur.
Olhou para Estefano.
— Foi um prazer conhecê-lo.
Se virou para sair, a saia curta deixavam as coxas parcialmente nuas, Estefano lambeu os lábios, ardeu em desejo.
— Ham, se não for muito incomodo, pode dizer ao papai que vim procurá-lo? Não o vejo a quase um mês, está sempre viajando, sempre ocupado.
— Claro.
Estefano disse com malícia, a mão enorme tocou o queixo, deslizou pela barba enquanto a encarava.
— Darei seu recado.
Cíntia sorriu, saiu correndo pela porta, Estefano se sentou novamente, os olhos frios e maliciosos repletos de depravação, havia mudado de ideia, não esperaria por Deus mais aguardaria um pouco mais por ela, abriria uma exceção por aquela ninfeta já que ela seria dele, um brinquedinho que ele compraria para seu divertimento, não importava o preço.
Cíntia Makiere.
Capitulo 1
A mala estava sobre a cama, dentro dela Cíntia guardava não só as roupas mas as lembranças que construiu nos últimos cinco anos vivendo em um internato na Suiça.
Estava feliz, fazia meses que não via o pai e para sua surpresa o mesmo pediu que a buscassem naquele fim de semana para passar algum tempo em casa, Cíntia era filha única, herdeira de Nazir Makiere um multimilionário turco que fez fortuna em aplicações na bolsa e sociedades com empresas de software.
Cíntia terminou de colocar as roupas na mala, na porta algumas colegas que vieram se despedir, Saore era a mais íntima delas, trocavam confidencias e compartilhavam gostos que lhe tornaram melhores amigas.
—Ainda não acredito que vai embora.
Se abraçaram, por algum motivo Cíntia não voltaria no próximo semestre e isso já tinha sido informado pela diretora do colégio.
— Talvez possa me visitar em Istambul.
Cíntia sorriu com o coração apertado, sabia que dificilmente isso aconteceria, Saore era uma das herdeiras da Yakuza e por mais que todos naquele internato soubessem era um assunto proibido entre elas.
— Falarei com Papai, quem sabe ele não tenha algum compromisso por aqueles lados, me levaria para conhecer o grande bazar, o palácio de topkapı.
Saore limpou as lágrimas, entregou a Cíntia uma pequena caixa, o kimono bordado a mão dentro dela havia sido um presente dado pela mãe antes de sua morte.
— Saore, não posso aceitar.
Cíntia disse com a voz embargada, sabia que aquele era o tesouro mais precioso no mundo para amiga.
— Quero que fique com ele, sabe como funcionam as coisas em minha casa.
Olhou para os lados certificando-se de que ninguém as ouvia.
— Mamãe me deu isso para que eu usasse em meu casamento, em uma ocasião feliz mas dificilmente Isso acontecerá Cindy, provavelmente quando voltar daqui seis meses eu já terei sido entregue em casamento a um dos homens de papai, terei morrido pois prefiro a morte que ser obrigada a me deitar com um deles, você se casará por amor, será feliz como em seus sonhos.
Cíntia chorou, abraçou forte a amiga, lamentava o destino terrível de Saore em ter que se casar por obrigação e não por amor como muitas vezes sonharam juntas, levou a mão ao pescoço, tirou dele o crucifixo de ouro que trazia, apesar de ter nascido na Turquia a mãe era do México, um dos motivos para seguir o cristianismo.
— Tome, quero que fique com isso.
— Cindy...
— Sei que não acredita em Deus, a medalinha não é referência a ele e sim para que se lembre de mim.
A abotoou no pescoço da amiga, terminou de se despedir e desceu a rampa do internato, o mordomo do pai a esperava, em pé ao lado de um importado preto sorriu para ela.
— Senhorita.
— Cindy, Madur.
Beijou o rosto do velho homem.
— Sempre me chamou assim.
Entrou no carro o esperando fechar a porta, os olhos em um tom de mel encaravam o internato com melancolia, todo o vôo até Istambul passado em claro, sonhando acordada com as viagens que faria, os passeios ao lado do pai e no quão próximo estariam, algo novo já que Nazir sempre foi um homem frio, que priorizava o trabalho e que proibia demonstrações de afeto em público, ainda assim era amado, Cíntia tinha orgulho do pai e falava dele com carinho.
— Estamos quase chegando Cindy, durma um pouco, não pregou os olhos por todo o caminho.
Madur dirigiu do aeroporto até em casa, Cíntia cochilava abraçada ao casaco de pele branco, tinha roupas caras, sapatos sofisticados mesmo quase nunca tendo onde usá-los, eram os uniformes o que vestia quase que o tempo inteiro, estava frio e já era madrugada quando Madur estacionou o carro.
— Espere um instante, vou tirar as malas do carro e conversamos um pouco, tenho que falar com a senhorita.
Cíntia estava tão ansiosa que não ouviu, desceu sem nem mesmo esperar que o mordomo abrisse a porta, andou pela sala com um sorriso no rosto.
— Papai.
Correu pelas escadas, entrou no quarto, o sorriso desapareceu ao ver o homem deitado sobre a cama, ligado a vários aparelhos e máquinas.
— Papai.
Os olhos cheios de lágrimas.
— O que houve?
Ela olhou para porta, Madur estava lá, parado, me silêncio.
— O que aconteceu com ele?
Colocou as malas no chão, da estendeu a mão para Cíntia.
— Levante-se por favor.
Apontou a cama.
— Sente-se.
Ela obedeceu, o rosto molhado de lágrimas, encarava Madur com tristeza.
— A quanto tempo ele está desse jeito?
— A uns seis meses.
— Estive aqui a seis meses Madur, ele estava bem.
O homem se sentou ao seu lado, suspirou.
— Seu pai tem um problema sério no coração menina, é uma doença congénita com a qual ele tem lutado muito anos.
— Como eu não soube disso?
Cíntia o confrontou, o coração em seu peito doía, por mais distante que fosse o pai ela deveria ter sido informada sobre seu estado de saúde.
— Só tem dezesseis anos Cindy, seu pai está em coma induzido a quase seis meses e isso devido a três tentativas frustradas de transplante.
— Achei que isso demorasse, como ele conseguiu três órgãos de forma tão rápida? como fizeram cirurgias desse porte em um espaço tão curto de tempo?
Madur ficou em silêncio.
— Por favor não me esconda nada, se meu pai está em coma quem ligou ao internato exigindo minha dispensa?
O homem se levantou, cruzou os braços frente ao corpo como se algo estivesse entalado em sua garganta.
— Antes da primeira cirurgia o senhor Nazir designou um representante legal para que tomasse conta das coisas, esse homem tem administrado a casa, o pagamento dos funcionários e até mesmo as despesas médicas, ele tem permissão não só de tomar decisões frente as empresas, contas bancárias, como tem a sua guarda Cíntia.
— Um tutor?
— Um calhorda.
Madur fechou os olhos, tentou recuperar a calma.
— É um homem cruel, com um olhar maligno e que carrega um sorriso debochado no rosto, não sei em quê o senhor Nazir estava metido mas algo é certo, aquele homem é ruim, muito ruim menina.
Cíntia o olhou assustada.
— Meu Deus, por que Papai faria isso? porque deixaria tudo o que temos nas mãos de um monstro?
Silêncio.
— Madur.
— Esse homem não é uma pessoa comum, um advogado ou um dos abutres do mundo dos negócios com quem o senhor Nazir se relacionava, é um traficante de órgãos senhorita, um criminoso de envolvimento com a máfia, as más línguas estão comentando que seu pai perdeu tudo o que tinha para esse rapaz.
— Impossível, meu pai tem dinheiro, tem muitos bens, mesmo que ele tivesse cometido essa loucura teríamos dinheiro para pagar pelos serviços desse homem.
Madur enfiou a mão no bolso.
— Isso é verdade, mas de qualquer forma está prestes a descobrir criança.
Lhe estendeu um cartão, Cíntia aceitou.
— Ele deu ordens de que o encontre nesse hotel amanhã a noite.
Ela se levantou, andou até o pai se pondo ao lado de sua cama.
— Estefano D'Ávila.
Leu o nome no cartão com a voz trêmula.
— O que eu faço agora? Acha que devo ir Madur.
O homem passou as mãos pelos cabelos grisalhos.
— Não tem escolha, as palavras dele foram as seguintes senhorita:
"Diga a filha de Nazir que estarei a sua espera, para o caso dela se recusar a aparecer quero deixar claro que não é uma boa ideia, se eu for até aquela mansão trarei duas coisas comigo e nenhuma irá agradar a ela".
— A quê ele se referia?
— Você arrastada pelos cabelos menina, e o coração que seu pai carrega no peito.
Capitulo 2
A música dentro da boate era alta, mulheres dançavam sobre a mesa, seminuas se insinuando a quem estivesse disposto a pagar por elas, Estefano encarava o relógio, a expressão gélida em seu rosto deixava claro sua insatisfação em estar ali, a muito tempo havia desistido de procurar por alívio sexual em corpos que se vendiam,a ideia de se deitar em uma cama em que outros homens se deitaram, beijar uma boca que nem mesmo sábia onde havia estado o impedia de se satisfazer verdadeiramente durante o sexo.
Estefano se pôs de pé, o homem a quem esperava era o dono do lugar, Leviatã assim como o demônio de quem havia herdado o nome era responsável por fazer homens tornarem-se hereges, disseminando a luxúria e a inveja, o tipo de aliado que se ligava quase misticamente a Estefano e que fazia questão de demostrar respeito todas as vezes que o via.
— Estefano.
— Leviatã.
Apenas palavras e nenhum toque físico.
— Achei que Marverik viria com você.
O homem olhou ao redor de forma fria.
— Desde quando os Constantino se tornaram meus cães de guarda? Eu ando sozinho.
Estefano acendeu um cigarro, se jogou no sofá desleixadamente.
— Além disso sabe bem que ele não irá a lugar algum sem aquela ninfeta com quem se casou, o amor o transformou em um idiota, desconheço sentimento mais inútil.
Leviatã sorriu, espalhou sobre a mesa um caminho estreito de coca.
— Pelo visto nada mudou, Marverik continua estranhamente emotivo e você um canalha.
— Sua irmã continua fazendo job? Ela adorava, perdi as contas de quantas vezes se engasgou com o meu car4lho enquanto repetia que era da minha falta de caráter que ela gostava.
Leviatã gargalhou.
— Isso foi golpe baixo, até para você meu caro.
Estefano revirou os olhos.
— Porque não para de enrolar e diz logo o que quer? Tenho um compromisso essa noite.
Um meio sorriso brotou no canto dos lábios.
— Uma distração gostosinha, faz tempo que não me divirto.
Leviatã estalou os dedos, uma mulher jovem se aproximou.
— Está no playground do demônio, não a lugar mais divertido.
Estefano encarou a mulher, o batom borrado deixava claro que não seria o primeiro cliente da noite.
— Não achei meu pau no lixo, não vou mete-lo nessa merda e correr risco de perde-lo, isso é esgoto a céu aberto leviatã, não sou maluco.
Leviatã beijou a mulher na boca, a língua deslizou para dentro dela de forma pervertida.
— Não ligue para ele docinho, Estefano é antiquado apesar de manter essa marra de put0.
A mulher sorriu, voltou rebolando para o salão, leviatã virou na boca uma bebida.
— Eu o chamei aqui para fazer um convite.
— Que convite?
A voz rouca e pesada não escondia o tédio.
— Vou me casar em três meses, quero que seja o padrinho.
Estefano riu.
— Quem é o desgraçado capaz de lhe entregar uma filha?
— Aiko Ikari.
— O chefe da Yakuza?
Estefano se encostou contra o sofá, o encarou com frieza.
— Que era um imbecil eu sabia, mas suicida?
— Não seja exagerado.
— Aquilo é uma seita e não uma cúpula, casamentos inter-raciais não rolam, está me entendendo? Estão armando para você gênio, entenderia se começasse usar mais a cabeça acima do pescoço ao invés da quem tem dentro das calças .
— Aceita ou não?
Estefano se pôs de pé.
— Eu passo, convide o Marverik.
— Ele disse a mesma coisa que você e Mandou que eu me fodesse.
— Sempre soube que de vocês dois ele era o mais inteligente, é um maluco esquisitão mas não cairia em uma cilada como essa tão facilmente.
Estefano se inclinou sobre a mesa, usou a nota de cem euros que leviatã havia enrolado para cheirar a cocaína.
— Não diga que eu não avisei.
Esfregou o nariz rapidamente.
— Aquele velho é um desgraçado Leviatã, está entregando a filha a um cafetão, e nem é para uma trepad4 sacana é para porra de um casamento.
— Fala como se fosse um santo, você vende órgãos Estefano, comercializa mulheres e crianças.
— Dou uma casa aquelas crianças, uma esperança aos doentes e um emprego as garotas.
Ele riu.
— Algumas delas eu mesmo trouxe para trabalhar aqui, deveria me agradecer, droga.
Abotoou o paletó, leviatã se pôs de pé.
— Não sei qual é a de vocês, parece que andam competindo para ver quem me esculaxa mais, o que há de errado comigo? Posso ser um bom marido.
Estefano andou até a porta.
— Sim, sua noiva certamente concordaria com você se o tivesse visto com a língua enterrada na garganta daquela prostituta.
— Estefano...
Ele gritou, Estefano ignorou.
— Tenho a droga de um compromisso, vou foder uma virgem seu desgraçado, não me faça perder mais tempo contigo.
Estéfano D'Ávila
Para mais, baixe o APP de MangaToon!