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Reencarnação da Noiva Abandonada

A Noiva Traída

O perfume das flores preenchia o ar com uma doçura quase sufocante. As pétalas de lírios e rosas brancas decoravam o longo corredor da catedral, espalhadas com perfeição milimétrica. Cada detalhe daquele casamento havia sido cuidadosamente planejado por Lin Yue, desde o bordado delicado no próprio vestido até a música suave que ecoava entre os vitrais coloridos. Ela havia sonhado com esse momento desde os 15 anos, e agora, aos 26, estava prestes a se tornar esposa do homem que amava.

Lu Chen.

Alto, elegante, com traços perfeitos e um olhar que costumava fazê-la esquecer o mundo. CEO de uma das maiores empresas de tecnologia do país, herdeiro de uma fortuna bilionária, mas, acima de tudo, seu melhor amigo desde a adolescência. Ele sempre estivera ao seu lado, apoiando seus sonhos de se tornar estilista, mesmo quando ninguém acreditava nela.

Ou pelo menos, era o que ela acreditava.

Os passos de Lin Yue ecoavam no tapete vermelho à medida que ela caminhava em direção ao altar. Os convidados sorriam, celulares em punho, registrando cada segundo do casamento do ano. Sua mãe chorava discretamente no primeiro banco. Ao lado dela, sua melhor amiga, Lin Qian, segurava um buquê igual ao da noiva, os olhos úmidos de emoção.

Lin Yue sentia o coração bater mais rápido, mas era ansiedade feliz. Seus dedos tremiam de emoção ao alcançar Lu Chen. Ele segurou sua mão… mas algo estava errado.

Seus olhos estavam frios.

— Está tudo bem? — ela sussurrou.

Ele não respondeu.

O padre começou a cerimônia, recitando as palavras com voz firme. Quando chegou o momento dos votos, Lu Chen hesitou. Uma pausa longa demais. As pessoas começaram a cochichar.

— Lu Chen? — o padre insistiu. — Você aceita Lin Yue como sua legítima esposa?

O homem olhou nos olhos dela… e ali Lin Yue viu algo que nunca imaginou.

Desprezo.

— Me desculpe, Yue. — A voz dele saiu baixa, mas cada sílaba foi como uma lâmina. — Eu não posso me casar com você.

O tempo congelou.

A mente de Lin Yue se recusava a entender. Ela piscou, achando que havia escutado errado. Mas então Lu Chen largou sua mão — como se ela fosse algo sujo — e se virou para os convidados.

— Esse casamento foi um erro. Meu coração pertence a outra pessoa.

Murmuros tomaram conta da igreja. Algumas pessoas se levantaram em choque. O fotógrafo parou de clicar. A mãe de Lin Yue levou a mão à boca, sem acreditar no que via.

— O quê? — Lin Yue sussurrou, a voz falhando. — Está brincando?

Foi então que Lin Qian se levantou… e caminhou até o altar.

Com passos suaves, ela parou ao lado de Lu Chen e entrelaçou seus dedos com os dele. Um gesto íntimo. Cínico. Destruidor.

— Não chore, Yue… — disse Lin Qian, com um sorriso doce demais. — Eu sempre te admirei tanto. Mas Lu Chen me ama. E, no fundo, você sabia disso, não é?

O mundo desabou. Lin Yue deu um passo para trás. As lágrimas começaram a cair, quentes e silenciosas.

— Vocês planejaram isso juntos… o tempo todo?

— Não seja dramática. — Lu Chen suspirou, como se ela estivesse incomodando. — Isso é o melhor para todos. Você vai superar.

Lin Yue sentiu o peito apertar. Tudo girava. As vozes viraram ruído. Sua visão escureceu.

E então… veio a dor.

Algo duro atingiu sua nuca por trás. Um golpe rápido, seco. Ela não viu quem foi. Apenas caiu.

Seu corpo bateu no chão com força. O vestido branco se sujou de sangue.

Enquanto a escuridão a envolvia, uma última voz sussurrou em seu ouvido. Fria, venenosa, familiar:

— Você sempre foi boa demais, Yue. Mas o mundo pertence às espertas, não às boazinhas.

A voz de Lin Qian.

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Silêncio.

Um vento suave soprou contra seu rosto.

Havia cheiro de madeira antiga, de incenso queimando. Um som distante de sinos — mas não sinos eletrônicos. Era o toque de sinos de ferro, como os de templos antigos.

Lin Yue abriu os olhos lentamente.

Um teto de madeira tosca surgiu acima dela. O teto era rachado, com teias de aranha nos cantos. A luz que entrava pela janela era amarelada, fraca, como se o sol estivesse prestes a se pôr.

Ela se sentou com dificuldade. O corpo estava leve, mas fraco. Sentia-se diferente. Menor.

As mãos…

Ela olhou para as mãos — finas, delicadas, de uma garota jovem. Não eram suas. Onde estavam suas cicatrizes, os calos dos dedos de tanto costurar?

Antes que pudesse entrar em pânico, a porta do quarto se abriu.

— Senhorita! — Uma jovem de cabelos presos em coque entrou correndo. — Graças aos céus, você está viva!

Lin Yue tentou falar, mas a garganta doía.

— O que… está acontecendo? — murmurou, com dificuldade.

A criada parou, confusa.

— A senhorita Yun Qing… perdeu a memória?

Yun Qing?

As palavras pareceram ativar algo. Uma onda de memórias invadiu sua mente. Não suas… mas da verdadeira dona daquele corpo.

Imagens fragmentadas: uma mansão imponente, gritos, uma mulher chorando, guardas a arrastando, um noivado forçado com um príncipe desconhecido…

Lin Yue levou as mãos à cabeça. As memórias se sobrepunham às dela, como se duas almas tentassem ocupar o mesmo espaço.

E então ela entendeu.

Ela estava em outro corpo. Em outra época.

Teria enlouquecido? Seria um sonho?

Mas os detalhes eram vívidos demais. O peso do corpo. O cheiro da sala. A angústia nos olhos da criada.

— Reencarnei… — sussurrou, sem acreditar.

Por quê? Como? Teria sido um castigo? Ou uma segunda chance?

Ainda não sabia.

Mas havia algo dentro dela que gritava: dessa vez será diferente.

Ninguém a trairia novamente. Ninguém a humilharia. Ela se vingaria daqueles que destruíram sua vida. Mas antes… ela teria que sobreviver em um mundo completamente novo, cheio de perigos e segredos.

E tudo começaria com o nome que agora carregava: Yun Qing.

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A Nova Identidade

Lin Yue — agora no corpo de Yun Qing — observava a criada com olhos semicerrados. Por fora, fingia confusão. Por dentro, sua mente trabalhava freneticamente, costurando as lembranças da verdadeira Yun Qing com sua própria lógica moderna.

A jovem à sua frente chamava-se Mei, e parecia devotada à senhorita que agora habitava aquele corpo.

— O médico disse que a senhorita só sobreviveu porque a água com ervas que lhe deram estava envenenada de forma “imprecisa” — disse Mei, enxugando os olhos. — Eles queriam matá-la… e fazer parecer um acidente.

Lin Yue apertou os lençóis com força. As mãos ainda eram finas e frágeis, mas dentro dela pulsava uma raiva crescente. Queriam matar Yun Qing antes do casamento? Quem faria isso? E por quê?

— Mei… me diga, quem exatamente sou eu? — perguntou, tentando soar confusa, mas firme.

A criada assentiu com preocupação, como quem fala com alguém ferido na alma.

— A senhorita é Yun Qing, filha ilegítima do general Yun Zhen. Sua mãe era concubina de terceiro grau, e morreu pouco depois do seu nascimento. Desde então, viveu trancada no pátio oeste da mansão, sem direitos nem educação apropriada.

Uma filha esquecida… oculta da sociedade.

— E esse casamento? — perguntou Lin Yue, franzindo o cenho.

Mei hesitou.

— O imperador emitiu um decreto… forçando a união entre a senhorita e o Terceiro Príncipe, Long Yan. Dizem que é uma forma de punição disfarçada de recompensa, porque o príncipe se recusou a obedecer à última ordem do imperador.

Long Yan… o nome ecoou na mente de Lin Yue. Lembranças da verdadeira Yun Qing se misturaram com rumores: o Terceiro Príncipe era conhecido por sua frieza, seu exército próprio e seu exílio voluntário nas fronteiras, onde liderava batalhas sangrentas.

Um homem temido por todos.

— Então… estão me enviando como noiva para um homem que o próprio imperador quer controlar. — Lin Yue sorriu com amargura. — Estou sendo usada como moeda de troca.

Mei assentiu, baixando a cabeça. Seus olhos tremiam de medo.

— E se eu me recusar? — perguntou, apenas para ver a reação.

— Isso seria considerado desrespeito ao decreto imperial. — A criada empalideceu. — Poderiam mandar matá-la… de verdade, desta vez.

Lin Yue se encostou no travesseiro. Precisava pensar. Planejar. Aquilo não era apenas um novo corpo. Era um novo jogo — e as peças já estavam se movendo.

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Mais tarde, sozinha no quarto, ela se olhou no espelho de bronze polido. O reflexo era sutilmente diferente do que lembrava. O rosto era ovalado, os olhos grandes, mas com uma expressão melancólica. A beleza era discreta, quase apagada pela vida de reclusão e descaso.

Mas há potencial aqui, pensou. Com cuidado, posso transformar essa aparência, como se transforma um vestido em alta-costura.

Ela abriu o armário e encontrou alguns trajes simples. Vestiu-se com firmeza, como quem veste uma armadura.

— Se querem que eu me case com esse príncipe, tudo bem. Mas será do meu jeito.

Ao sair do quarto, a mansão parecia um campo de batalha silencioso. Criadas cochichavam. Guardas desviavam o olhar. Ninguém parecia esperar que ela vivesse, muito menos andasse de cabeça erguida.

No salão principal, a família Yun estava reunida.

Yun Zhen, o general, era um homem rígido, de olhar cortante. Sua esposa principal, Lady Wen, mantinha uma expressão fingida de neutralidade. Ao lado dela estavam os filhos legítimos — Yun Li, o primogênito arrogante, e Yun Fei, a filha preferida, vestida como uma verdadeira dama da corte.

— Olhem só quem voltou dos mortos — disse Yun Li, com um sorriso torto.

— Deve ter sido um erro do destino — comentou Yun Fei, abanando-se. — A criada deve ter preparado mal o veneno.

Lin Yue os ignorou e se aproximou do pai.

— General Yun, agradeço por não ter me enterrado viva. Mas não se preocupe, cumprirei o decreto imperial. — Sua voz era firme, sem tremores. — Casarei-me com o Terceiro Príncipe.

Lady Wen arqueou uma sobrancelha.

— Tem certeza? Ele é conhecido por ser cruel. Dizem que até os próprios soldados o temem.

— Crueldade reconhece fraqueza — respondeu Lin Yue, encarando-a diretamente. — E eu não sou fraca.

A sala ficou em silêncio. Aquela não era a mesma Yun Qing que todos conheciam. Algo havia mudado — e isso os assustava.

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Naquela noite, Lin Yue revisou tudo o que sabia sobre o mundo em que agora vivia. O Reino de Tian era vasto, composto por famílias poderosas, clãs antigos e uma corte cheia de intrigas. As mulheres não tinham muito poder — a menos que fossem imperatrizes, concubinas influentes… ou extremamente inteligentes.

Ela não tinha aliados. Não tinha dinheiro. Mas tinha conhecimento.

Sabia manipular emoções, interpretar expressões, reconhecer mentiras. Sabia como funcionava o poder — porque vinha de um mundo onde aparência e influência eram tudo. Onde bastava uma imagem para destruir uma reputação.

Se usasse bem o que sabia, poderia não só sobreviver… como dominar.

Mas antes… precisava conhecer seu futuro marido.

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Dois dias depois, a carruagem chegou para levá-la ao palácio do Terceiro Príncipe.

O caminho era longo, passando por campos floridos e vilas pobres. Mei a acompanhava em silêncio, com os olhos preocupados.

— Senhorita… ouvi dizer que o príncipe mata criadas só por olhá-lo nos olhos.

— Então é melhor não olhá-lo — disse Lin Yue, com um pequeno sorriso. — Mas observe tudo ao redor. Quero saber quem o serve, o que temem… e o que escondem.

Mei assentiu, impressionada.

Quando chegaram, a mansão do príncipe parecia mais uma fortaleza. Muros altos, soldados em armaduras negras, silêncio absoluto. Nenhuma risada. Nenhum som desnecessário.

Ao descer da carruagem, Lin Yue manteve a postura ereta. Usava um vestido simples, mas com um toque de refinamento que ela mesma adaptara. Nada de jóias exageradas. Apenas confiança.

Foi recebida por um homem alto, de cabelos presos em rabo de cavalo e expressão indiferente.

— Você é Yun Qing?

— Sou. E você é?

— Sou Zhao Min, capitão da guarda pessoal de Sua Alteza. O príncipe está esperando.

Lin Yue assentiu e seguiu o capitão por corredores de pedra fria. Quando finalmente chegou à sala principal, a luz do entardecer atravessava as janelas, tingindo tudo de dourado.

E ali estava ele.

Long Yan.

Sentado, como um imperador em seu próprio trono. Vestia preto e dourado, o olhar obscuro como uma noite sem lua. Observou-a de cima a baixo com frieza calculada.

— Então você é a mulher que o imperador jogou no meu caminho — disse ele, sem se levantar.

Lin Yue não se curvou. Caminhou até a metade da sala, parou e o encarou com firmeza.

— E você é o homem que todos temem. Mas eu não vim aqui para implorar clemência, nem para ser submissa.

Ele ergueu uma sobrancelha, curioso.

— Vim para propor um acordo.

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Um Acordo Perigoso

Long Yan não respondeu de imediato.

Sentado em seu trono de madeira negra entalhada, o Terceiro Príncipe parecia mais uma estátua viva do que um homem. Seus olhos escuros analisavam Yun Qing com frieza. Ela podia sentir o peso do julgamento silencioso, como se ele estivesse calculando cada gesto, cada palavra, cada respiração.

— Um acordo? — ele repetiu, com a voz baixa, arrastada como uma lâmina afiada. — Você tem algo a oferecer?

Yun Qing manteve a postura. Não se curvou. Não recuou.

— Tenho o bastante para não ser apenas uma peça descartável em seu tabuleiro. — Seus olhos não tremiam. — E você, Alteza, é inteligente o suficiente para saber que casar-se comigo por ordem do imperador é uma armadilha.

Silêncio.

Os guardas presentes trocaram olhares discretos. Mei, atrás de Yun Qing, mordeu o lábio com força.

Long Yan apoiou o cotovelo no braço do trono e recostou-se levemente.

— Prossiga — disse ele, interessado pela ousadia dela.

Yun Qing respirou fundo.

— O imperador quer controlá-lo. Você é poderoso demais, influente demais, livre demais. Ele o manda para a fronteira, depois o chama de volta e o obriga a casar-se com a filha ilegítima de um general. Uma mulher sem status, sem poder político. Alguém que não poderia jamais te ajudar… ou impedir sua queda.

— E ainda assim, você acha que pode? — O tom dele era cético, mas não sarcástico.

— Posso ser útil de formas que ninguém espera. — Yun Qing sorriu com calma. — Ninguém prestará atenção em mim. Sou invisível para a corte. Isso me permite ver o que os outros escondem. Posso ser seus olhos entre as mulheres do palácio, suas orelhas nas casas de chá, sua sombra nas noites de intriga.

Long Yan não sorriu. Mas seus olhos brilharam brevemente, como se algo nela tivesse acendido um velho interesse esquecido.

— Você está propondo uma aliança… de fachada?

— Um casamento político — confirmou. — Você segue com sua liberdade. Eu sigo viva. Não exijo afeto, tampouco interferência. Apenas respeito… e autonomia.

O príncipe se levantou.

Alto, imponente, cada passo que dava fazia a atmosfera pesar. Parou diante dela, perto o bastante para que o calor de sua presença se tornasse palpável.

— E o que te garante que eu não te mate agora mesmo? — sussurrou ele, com uma voz gélida.

Yun Qing não recuou.

— Porque o imperador estaria esperando exatamente por isso. Uma desculpa para punir você com honra. — Ela ergueu o queixo. — E porque, se fosse me matar… já teria feito.

Long Yan ficou em silêncio por alguns segundos que pareceram eternos.

Então, pela primeira vez, sorriu. Um sorriso breve, imperceptível para muitos… mas que Yun Qing notou.

— Muito bem, Yun Qing. Você ganhou sua primeira vitória.

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Naquela noite, o “acordo” não foi selado com um contrato nem com alianças formais, mas com um chá servido no jardim interno do palácio.

Yun Qing sentou-se ao lado de Mei, observando cada detalhe ao redor. O jardim era simples, mas bem cuidado. Soldados treinavam em silêncio ao fundo. Criados caminhavam com pressa, evitando qualquer contato visual com os moradores da ala principal.

Long Yan era temido, sim… mas também respeitado. Aquilo era o reflexo de liderança dura, porém eficaz.

— Você está mais calma agora, senhorita? — perguntou Mei, sussurrando. — Nunca vi alguém falar com o Terceiro Príncipe daquele jeito e sair viva.

— Estou calma porque sei o que estou fazendo — disse Yun Qing, bebendo o chá.

Mas, por dentro, o coração ainda batia forte.

Não por medo. Mas pela tensão de saber que agora estava no centro de um jogo perigoso. Qualquer passo em falso poderia custar-lhe a vida.

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Nos dias seguintes, Long Yan manteve-se afastado. Não apareceu para o jantar. Não a chamou para conversar. Mas também não a expulsou.

Yun Qing aproveitou o tempo para explorar os limites da residência.

Descobriu que haviam apenas quatro criadas na ala feminina. Que o jardim dos fundos escondia um antigo abrigo subterrâneo. Que alguns guardas tinham o hábito de trocar mensagens com os soldados da fronteira através de pombo-correio.

E o mais importante: descobriu que estava sendo observada.

— Mei — disse certa noite, ao acender uma lanterna com óleo de flor de ameixa —, preciso que descubra quem é o responsável pelos relatórios diários enviados ao imperador sobre o comportamento do príncipe.

— Você acha que há um espião aqui? — Mei arregalou os olhos.

— Não acho. Tenho certeza. E se eu quiser sobreviver neste casamento, preciso descobrir quem é… antes que descubram tudo sobre mim.

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Na manhã seguinte, foi convocada por Long Yan.

Desta vez, não no salão principal, mas em sua biblioteca.

A sala era ampla, coberta por prateleiras de madeira escura repletas de livros — não apenas estratégias de guerra, mas também medicina, filosofia e... moda?

— Você lê sobre roupas? — perguntou Yun Qing, surpresa ao ver um volume de Estudos de Estilo da Corte Ocidental sobre a mesa.

Long Yan estava de pé, examinando um mapa com círculos vermelhos marcando rotas comerciais.

— Um bom líder deve conhecer as armas de todos os campos — respondeu ele, sem olhar para ela. — Uma imperatriz pode conquistar a corte com palavras ou com seda.

Yun Qing sorriu.

— E uma concubina pode arruinar um império com um olhar — completou.

Ele finalmente a encarou.

— Você é diferente da mulher que me disseram que seria. Fraca, tímida… inútil.

— Essa mulher morreu — respondeu Yun Qing. — O que sobrou é o suficiente para lidar com qualquer palácio, qualquer imperador… e qualquer príncipe.

Houve silêncio. Ele não desmentiu.

— Quero saber por que você quase morreu antes de chegar até mim — disse Long Yan, se aproximando da janela. — Foi tentativa de assassinato?

— Sim — respondeu ela, sem hesitar. — E não foi acidental.

— A família Yun?

— Suspeito que sim. Mas não tenho provas ainda. Apenas uma certeza: eles não queriam que eu sobrevivesse ao casamento.

— Então terei que manter você viva. Por agora.

Yun Qing riu levemente.

— Que gentil da sua parte.

— Não se engane. É estratégia. — Ele se virou e a encarou. — Você é uma carta útil, Yun Qing. Mas cartas podem ser queimadas se se tornarem perigosas.

— Da mesma forma que jogadores podem ser derrotados se subestimarem a peça errada — ela retrucou.

Os dois se olharam. Nenhum dos dois recuou.

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Naquela noite, sozinha em seus aposentos, Yun Qing olhou para o céu estrelado pela janela aberta.

Sentia que, pela primeira vez em sua vida — ou melhor, em duas vidas —, estava jogando no mesmo nível que os monstros que sempre dominaram o tabuleiro.

Não era mais uma noiva abandonada. Era uma mulher renascida, cercada por inimigos, mas armada com algo que eles ainda não compreendiam:

Vontade de vencer.

E, agora, ao lado do Terceiro Príncipe… o jogo estava apenas começando.

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