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A Escrava do Duque ( Vl.1)

Capítulo 1

...DEDICATÓRIA ...

> Para quem já se sentiu pequeno diante do mundo —

Que esta história lembre que até as correntes mais frias podem ser quebradas.

E que, mesmo na escuridão, um coração acorrentado ainda pode aprender a amar...

— Com todo meu sentimento,

A autora.

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Vanessa é uma escrava humilde e simples, um presente escolhido pela Imperatriz para ser dado ao Duque Prateado.

O carro de escravos sai da estação de quarentena, cheio de escravos como ela. No império, quanto mais clara a cor do cabelo, mais nobre é o status.

A família real geralmente tem cabelo branco puro como leite, enquanto a nobreza abaixo deles tem vários tons de loiro. Abaixo estão estas cores de cabelo misturadas com castanho e vermelho.

Vanessa desperta em meio ao balanço, ouvindo a alta conversa dos condutores.

—Sua Majestade, a Imperatriz está enviando-os como recompensas para os grandes nobres que participaram da caça, eles são realmente sortudos.—Disse a primeira voz.

—Quem não diria isso? Ser um cachorro em uma casa nobre é melhor do que ser um motorista.— Disse uma segunda voz mais grave que a outra.

—Claro, exceto para o Duque Ackerman.— Respondeu a primeira voz.

—Após a caçada, Sua Majestade permitiu que ele escolhesse primeiro o escravo que queria, adivinha o que ele disse?

—O quê?

—Eu quero o que tem a vida mais curta. Ficar sob o mesmo teto com tal coisa por mais de três dias, eu morreria de envenenamento.— Disse a primeira voz imitando o duque.

—Sua Majestade estava muito satisfeita com sua resposta! Ela escolheu o mais fraco para o Duque Ackerman.

O motorista resmungou irritado em sua direção, Vanessa recuou com medo atrás dos outros, enterrando desesperadamente seu rosto nos joelhos. Devido a alguma anemia, ela desmaiou três vezes enquanto era vacinada na estação de quarentena.

Aquelas pessoas a consideravam muito fraca e até queriam a remover das recompensas alimentícias, para a descartar no campo de caça de escravos nos subúrbios.

—Quantos anos ela tem? É adulta, certo?

—Dezoito anos. Ela é de uma raça inferior, cresce mais devagar do que nós.

—Quanto tempo você acha que vai levar até que ela apareça morta em um acidente na propriedade do Duque?

—Hoje à noite?—Eles riram novamente e ela se abraçou com medo.

—A Mansão Thornbird, chegamos.

Vanessa foi arrastada para fora pelos soldados, com pesadas correntes amarrando suas mãos, pés e pescoço. As correntes eram mais grossas do que seus pulsos, a arrastando para baixo, a forçando a se curvar.

—Agradeça a Imperatriz.

—Viva a Imperatriz! Agradeça a ela pelo presente!

Uma voz clara e astuta soou. Vanessa mal levantou a cabeça, seguindo as vozes, e viu um par de gêmeos angelicais parados na porta para cumprimentar os soldados.

Eles eram os filhos do duque Ackerman, o mais velho Orion eo segundo filho, Jasper.

Eles estavam vestindo roupas extremamente luxuosas, com facas de caça na cintura, seus rostos tocados com um pouco de pó, suas botas altas e rígidas.

A cor do cabelo deles era quase prateada, a mais próxima da família real, e seus rostos tão belos que os melhores pintores do mundo não conseguiam retratar nem um por cento disso.

—Bem então, a graça da imperadiz estão entregue a vocês, jovens Duques.—Disse um dos soldados.—Os gêmeos assentiram arrogantemente.

Assim que os soldados se viraram, os servos a arrastaram, levando Vanessa para a mansão

—Droga, ela vai morar em nosso castelo a partir de agora?—Perguntou Jasper.

—Impossível, o Pai não permitiria que uma escrava aparecesse em sua linha de visão.— respondeu Orion, e olhou para o seu irmão mais novo como se fosse óbvio.

—Quando ele volta hoje?— Curioso, quis saber Jasper.

—Muito tarde.

—Então podemos nos divertir?— Jasper olhou para a escrava sendo arrastada pelos empregados.

A escrava à frente deles era esguia, vestida em trapos, com a pele alva aparecendo pelas frestas da roupa. Seu corpo puro e expressão sofrida eram muito comoventes.

—Não importa o quão caótica seja a sua vida privada, mas se você ousar tocar num escravo, o Pai definitivamente vai te estrangular com as próprias mãos.— advertiu Orion ao seu irmão.

—Ele volta tarde, ele não vai saber.— Jasper disse sem dar importância às palavras do seu irmão.

Jasper mandou embora os empregados, e depois a puxou para debaixo do corredor do primeiro andar do castelo. Vanessa sentiu a atmosfera esquentando gradativamente. Então tomou uma decisão.

—Salve-me, Orion.—Ela procurou ajuda de Orion, mas Jasper foi mais rápido. Orion, um tanto em pânico, lançou um olhar de advertência para Jasper, novamente.

—Como você ousa chamar meu irmão pelo nome.—segurou seu queixo rudemente.

—Eu te avisei, não toque na escrava. Se o pai descobrir, você não sairá do castelo até o próximo mês.— Suspirou irritado e continuou, —Ele vai te deixar na estação de quarentena.

—Vou fazer rápido, ele não saberá.—Jasper rasgou suas roupas, Vanessa gritou e foi pressionada contra uma coluna.

De repente, o som de uma carruagem veio da estrada principal. Jasper tremeu todo.

Orion rapidamente a puxou para longe, depois envolveu Vanessa relutantemente nos trapos novamente.

—Ele voltou!—Orion gritou, nervoso.

—Você disse que o pai voltaria tarde?— Praguejou, Jasper.

—Eu não sabia! Droga, seu idiota, você rasgou as roupas dela! Onde vamos encontrar outro pano para cobri-la!—Orion se alterou.

Jasper olhou ao redor, tentando encontrar um lugar para escondê-la. Vanessa aproveitou o momento em que eles estavam ocupados e em pânico, se libertou do aperto de Orion.

Vanessa saiu correndo desesperadamente, então foi derrubada por algo duro na esquina. O silêncio desceu ao redor. Os sons dos gêmeos sugando o ar eram particularmente claros. Vanessa caiu ao chão.

À sua frente estavam um par de botas de pele de veado, pernas longas e retas, luvas de seda pura branca e uma bengala de platina com espinhos de pássaro.

Seu olhar seguiu para cima, e à sua vista estava um rosto um tanto semelhante ao dos gêmeos, mas muito mais velho e extremamente sério. Ele tinha cabelos longos, prateados e frios, que chegavam até sua cintura, meticulosamente presos atrás das orelhas. Sobrancelhas finas e nariz alto, olhos azuis profundos refletindo profunda tranquilidade, desprovidos de emoção, lembrando campos nevados sem fim.

Esse belo, o homem era o proprietário da Mansão Thornbird, Duque Ackerman. Também devido à cor do seu cabelo, muitas vezes é chamado de "Duque Prateado".

Orion e Jasper ficaram atônitos.

Este escrava realmente tinha esbarrado diretamente em seu pai. Isso era dez mil vezes mais aterrorizante do que ser pego brincando com uma escrava.

Capítulo 2

O silêncio que caiu sobre o átrio da Mansão Thornbird era tão denso que o som da respiração de Vanessa parecia uma afronta.

Ela continuava no chão frio de mármore negro, os trapos rasgados expondo seus ombros frágeis, a pele marcada pelas correntes. Sua testa tocava o piso, e seus olhos arregalados encaravam a figura diante dela: o Duque Prateado.

Raphael Ackerman não se moveu.

Apenas observou.

E cada segundo sob seu olhar era como uma lâmina afiada passeando pela espinha de Vanessa. Seus olhos — de um azul tão pálido quanto gelo antigo — não refletiam fúria, nem surpresa. Apenas uma quietude cruel. Ele não perguntou quem ela era. Não exigiu explicações.

Sabia. E não se importava.

— Levantem essa coisa — disse ele, enfim. Sua voz era baixa, profunda, como uma promessa maldita sussurrada ao ouvido de um condenado.

Os criados se apressaram. Vanessa foi puxada rudemente pelos braços. Os gêmeos observavam, mudos. Orion tinha o cenho franzido, Jasper apenas desviava o olhar, envergonhado.

— A Imperatriz realmente sabe me divertir — murmurou Raphael, fitando Vanessa como quem avalia um animal estranho.

Liliane apareceu no topo da escadaria, vestida com um robe dourado translúcido, os cabelos loiros presos em um coque imperfeito. Desceu devagar, sem se apressar, como se fosse ela a verdadeira dona da mansão.

— Já recebeu o presente, meu amor? — perguntou com doçura.

Raphael desviou os olhos de Vanessa e olhou para a esposa como se ela fosse uma pintura empoeirada na parede.

— Ela fede — disse simplesmente. — Leve-a. Dê-lhe um banho. Corte as unhas. Queime essas roupas. E não a matem... ainda.

Virou as costas e subiu as escadas, sem dizer mais nada.

 

Vanessa não lutou enquanto a arrastavam. Estava entorpecida. O banho foi com água fria. Três criadas a esfregaram com escovas de cerdas duras até sua pele arder. Cortaram seus cabelos ondulados às pressas, mas ainda assim eles caíram pesados, belíssimos, até o meio das costas. Quando as criadas tentaram raspar parte deles, a faca que usavam escorregou e cortou o pulso de uma delas.

Elas pararam.

— Melhor deixarmos assim — disse uma, nervosa.

Vanessa foi vestida com um vestido simples, de tecido cinza claro, sem adornos. As correntes foram substituídas por um colar de ferro com o selo da casa Ackerman. O metal gelado pesava mais que qualquer joia real.

Ela foi deixada sozinha em um quarto escuro, no porão da ala principal. Sem cama. Sem janelas. Apenas um canto limpo com uma jarra de água e pão velho.

Vanessa se encolheu ali. Tremia. Não de frio, mas de alguma emoção que ainda não tinha nome. Não era medo. Era algo mais instintivo, mais profundo. A sensação de ter sido marcada. Observada. Escolhida — ainda que contra a vontade do próprio escolhido.

Naquela noite, ela não dormiu.

 

Do alto da mansão, Raphael observava a escuridão pela janela de seu quarto. Seu reflexo no vidro era pálido. Os dedos tamborilavam a madeira do parapeito. Liliane se aproximou pelas costas, envolveu a cintura dele com os braços.

— Está estranho esta noite, Raphael — ela disse, beijando sua omoplata nua.

Ele não respondeu.

— A escrava... tem algo de curioso, não tem?

— Um animal curioso ainda é um animal — ele respondeu, seco.

Liliane sorriu. Beijou o pescoço dele, lenta. Mas Raphael não reagiu. Seus olhos estavam presos à escuridão, onde, atrás de dezenas de paredes e corredores, uma garota de olhos verdes tentava não chorar.

Capítulo 3

Acordaram-na antes do amanhecer.

O baque seco da porta de ferro se abrindo arrancou Vanessa de um breve cochilo. Os olhos arderam com a luz das lamparinas, mas ela não protestou. Apenas sentou-se, silenciosa, enquanto uma criada de cabelo ruivo e expressão indiferente largava uma muda de roupas acinzentadas em sua frente.

— Vista-se. O Duque quer vê-la.

Essas palavras fizeram sua garganta secar.

Raphael não a recebeu em nenhum grande salão. Ele a esperava em um pátio interno, cercado por colunas escuras cobertas de hera, onde uma fonte antiga jorrava água sobre estátuas de crianças cegas.

Vanessa foi escoltada por dois soldados. Caminhava com passos curtos, curvada, a cabeça baixa.

— Deixe que ela venha sozinha — ordenou o Duque, sem sequer virar o rosto.

Os soldados hesitaram. Obedeceram. E se afastaram.

Vanessa ficou parada por um instante. O som de seus próprios batimentos era ensurdecedor. Respirou fundo e, como se caminhasse para um abatedouro, foi até ele.

Raphael estava de pé, mãos cruzadas nas costas, vestindo um sobretudo longo, preto, que fazia seus ombros largos parecerem ainda maiores. Seu cabelo estava preso em um nó simples. O sol fraco da manhã refletia nos fios como gelo reluzente.

Quando ela parou a poucos passos, ele se virou.

O olhar dele caiu sobre ela como um julgamento.

— Esperava menos — disse ele.

Ela não entendeu. Mas não ousou perguntar.

— A Imperatriz tem senso de humor. Mandar uma criatura assim para minha casa... — Ele começou a andar em círculos ao redor dela, os passos ritmados. — Fraca. Desnutrida. Feia... para os padrões deles.

Ele se deteve atrás dela. A respiração de Vanessa parou.

— Mas há algo curioso... — a voz dele ficou baixa, rouca. — Seu cabelo parece ter vida própria. Um mar escuro de rebeldia. Como se cuspisse em tudo o que este império valoriza.

Ela continuava sem se mover.

— Olhe para mim.

Vanessa obedeceu. Lentamente ergueu os olhos. Aqueles olhos verdes, como folhas que ardiam ao sol, encontraram os olhos azuis de Raphael.

Foi como mergulhar em gelo.

— Seu dever, a partir de hoje, é simples — disse ele. — Você limpará a biblioteca, cuidará da estufa dos fundos, e servirá chá à minha esposa no fim da tarde. Um deslize e será açoitada. Um olhar indevido e será trancada no pátio com os cães.

Vanessa apenas assentiu com a cabeça, mas ele notou: suas mãos estavam fechadas em punhos. Os dedos tremiam.

— Está com raiva? — ele perguntou, com um leve sorriso. — Uma escrava, sentindo raiva?

Ela engoliu seco. Estava. Não só raiva — vergonha, humilhação, medo, impotência. Mas havia algo além de tudo isso. Algo que ela não sabia nomear. Algo que nascia da maneira como ele a olhava. Como se ela fosse um quebra-cabeça impossível, uma ofensa viva.

Raphael se aproximou. Muito.

Ela sentiu o calor do corpo dele, mesmo sem que ele a tocasse.

— Cuidado com o que sente, escrava — ele sussurrou. — Emoções, aqui, são armas. E você ainda não tem permissão para empunhar nenhuma.

Então virou-se, sem cerimônia, e foi embora.

Vanessa ficou ali, sozinha. As pernas quase não a sustentavam. Sentou-se à beira da fonte, tentando controlar a respiração.

Mas no reflexo da água, viu algo que a fez parar.

Seus olhos ainda estavam fixos nos dele.

E por um instante... ela achou que tinha visto dor.

Não na própria expressão.

Na dele.

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