A noite estava densa, o ar carregado com o cheiro de asfalto molhado e cigarros baratos. Allan Kawa recostou-se na cadeira de couro do escritório improvisado nos fundos de um bar decadente no centro da cidade. O som abafado da música eletrônica atravessava as paredes, mas ali, naquele cubículo de sombras, só se ouvia o tilintar do gelo no copo de uísque que ele girava entre os dedos. Seus olhos, frios como aço, observavam Gustavo, seu braço direito, enquanto o homem limpava o sangue das mãos com um pano sujo.
— Ele falou? — perguntou Allan, a voz grave cortando o silêncio como uma lâmina.
Gustavo deu um sorriso torto, jogando o pano sobre a mesa. — Depois de perder dois dedos, sim. O carregamento desviado tá com os homens da Bruna. Ela acha que pode brincar com a gente.
Allan ergueu uma sobrancelha, mas não disse nada. Bruna era uma rival antiga, uma víbora que comandava seu próprio pedaço do submundo com unhas pintadas de vermelho e um sorriso que prometia morte. Ele tomou um gole do uísque, sentindo o líquido queimar a garganta. — Então a gente vai pegar de volta. E ela vai aprender a não mexer no que é meu.
— Quer que eu organize os caras? — Gustavo já estava pegando o celular, os dedos ansiosos.
— Não. Eu vou resolver isso pessoalmente. — Allan se levantou, o casaco preto caindo perfeitamente sobre os ombros largos. Ele não era de delegar quando o assunto era mandar um recado. E Bruna precisava de um bem claro.
O bar estava lotado quando ele saiu do escritório, o cheiro de suor e álcool impregnando o ar. Allan atravessou o salão com passos firmes, ignorando os olhares que o seguiam — alguns de medo, outros de respeito. Ele estava quase na porta quando a viu.
Ela estava no canto, rindo com uma amiga enquanto segurava um copo de cerveja. O cabelo castanho caía em ondas suaves sobre os ombros, e os olhos, grandes e vivos, brilhavam sob a luz fraca do bar. Clarisse. Ele não sabia o nome dela ainda, mas algo nela o fez parar. Talvez fosse a leveza no jeito como ela jogava a cabeça para trás ao rir, ou o contraste gritante com o peso que ele carregava nos ombros. Por um segundo, Allan esqueceu o sangue, a máfia, o caos. Só havia ela.
— Ei, chefe, tá tudo bem? — Gustavo apareceu ao seu lado, seguindo o olhar dele. — Quem é essa?
— Ninguém — respondeu Allan, seco, mas seus olhos não desgrudaram dela. Ele memorizou cada detalhe: a blusa preta simples, o jeito como ela tamborilava os dedos no copo, o sorriso que parecia iluminar o lugar imundo onde estavam.
Ele saiu do bar sem dizer mais nada, mas a imagem dela ficou. E, como uma semente plantada em solo árido, começou a crescer.
Dias depois, Allan estava no banco de trás de um carro preto, o vidro escuro separando-o do mundo lá fora. O som dos pneus contra o asfalto era o único ruído enquanto ele pensava na próxima jogada contra Bruna. Mas, no fundo da mente, ela estava lá. Clarisse. Ele não sabia como, mas descobriu o nome dela. Um contato no bar, uma conversa casual com o barman, e pronto. Clarisse Menezes, 24 anos, trabalhava em uma livraria no centro e morava sozinha num apartamento pequeno. Uma vida comum, tão distante da dele quanto o céu da terra.
— Chefe, a Bruna tá no galpão. Quer que a gente entre direto? — Gustavo perguntou do banco da frente.
— Sim. Mas eu vou na frente. — Allan abriu a porta do carro, o ar frio da noite batendo em seu rosto. O galpão era um lugar sujo, cheirando a ferrugem e gasolina, perfeito para o que ele tinha em mente. Mas, enquanto caminhava em direção à entrada, uma figura surgiu nas sombras.
Melissa.
Ela era alta, os cabelos loiros caindo em cascata sobre um casaco de couro vermelho. Seus olhos verdes faiscavam com algo entre desejo e veneno. — Allan, que surpresa te encontrar aqui — disse ela, a voz melíflua enquanto se aproximava, os saltos ecoando no concreto. — Veio atrás da Bruna ou de mim?
— Não tenho tempo pra seus jogos, Melissa — retrucou ele, o tom cortante. Ela era uma aliada perigosa, uma mulher que já havia provado ser útil, mas cuja obsessão por ele era um problema crescente.
Ela riu, inclinando a cabeça. — Você é sempre tão frio. Mas eu gosto disso. Só vim avisar: a Bruna tá armada até os dentes. Cuidado pra não sujar esse rosto bonito com sangue.
Allan a ignorou, passando por ela sem nem olhar para trás. Mas Melissa ficou ali, os punhos cerrados, o sorriso desaparecendo. Ela sabia que algo estava diferente nele. E ela não gostava disso.
Naquela mesma noite, depois de deixar o galpão ensanguentado e Bruna com um aviso que ela jamais esqueceria, Allan parou o carro em frente à livraria onde Clarisse trabalhava. Era tarde, as luzes da vitrine já estavam apagadas, mas ele a viu saindo, o casaco azul apertado contra o corpo enquanto ela caminhava pela calçada.
Ele desceu do carro, o coração — algo que ele nem sabia que ainda tinha — batendo um pouco mais rápido. Não era um plano. Não era calculado. Era instinto.
— Ei — chamou ele, a voz firme, mas com um toque que ele não usava com ninguém. Ela virou, surpresa, os olhos arregalados encontrando os dele.
— Oi? — Clarisse franziu a testa, hesitante. — Eu te conheço?
— Não. Mas eu te vi no bar uns dias atrás. Meu nome é Allan. — Ele deu um passo à frente, mantendo a distância, mas os olhos dela o prenderam como se fosse ele o capturado.
— Clarisse — disse ela, um sorriso tímido surgindo. — Você não parece o tipo que frequenta aquele bar.
Ele riu, baixo, quase genuíno. — E você parece o tipo que não deveria estar lá.
Ela corou, e por um momento, o mundo dele parou. Era a primeira vez em anos que Allan sentia algo além de raiva ou vazio. E ali, naquele instante, ele decidiu: ela seria dele. Não importava o custo.
O que Clarisse não sabia, e Allan ainda escondia, era que aquele encontro não era o fim, mas o começo. Um começo manchado de sangue, poder e uma obsessão que logo consumiria os dois. E Melissa, assistindo de longe, já tramava sua vingança.
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A luz da manhã entrava tímida pelas cortinas finas do apartamento de Clarisse, iluminando o chão de madeira gasto e a pilha de livros empilhados na mesinha de centro. Ela estava na cozinha minúscula, o cheiro de café fresco misturando-se ao som do rádio que tocava uma música antiga. Desde o encontro com Allan na noite anterior, algo parecia diferente. Não era só o jeito como ele a olhou — intenso, quase perigoso —, mas a forma como ele a fez rir, como se fosse fácil, natural. Ela balançou a cabeça, tentando afastar o pensamento. "Ele é só um cara que apareceu do nada", murmurou para si mesma, servindo o café na caneca.
Mas Allan não era "só um cara". Naquele exato momento, ele estava sentado no banco traseiro do mesmo carro preto, o celular na mão enquanto lia uma mensagem de Gustavo: *"Bruna tá quieta por enquanto, mas Melissa tá rondando. Cuidado com ela, chefe."* Ele ignorou o aviso, os olhos fixos na foto que um de seus homens havia tirado de Clarisse saindo da livraria. Era uma imagem simples, mas ele a encarava como se pudesse decifrar cada pedaço dela. O cabelo solto, o jeito desajeitado como ela segurava a bolsa — tudo o fascinava. Ele guardou o celular no bolso, o rosto endurecendo. "Hoje", pensou. Ele precisava vê-la de novo.
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Na livraria, o dia estava calmo. Clarisse organizava uma prateleira de romances quando o sino da porta tilintou. Ela virou, esperando um cliente qualquer, mas lá estava ele. Allan. O casaco preto, os olhos que pareciam atravessá-la, o ar de quem não pertencia àquele lugar. Ele sorriu — um sorriso pequeno, quase charmoso —, e ela sentiu o estômago dar um salto.
— Você de novo? — perguntou ela, tentando soar casual enquanto colocava um livro na prateleira.
— O que posso dizer? Gosto de lugares com boas histórias — respondeu Allan, caminhando até ela com uma calma que escondia a tempestade dentro dele. Ele parou a poucos passos, as mãos nos bolsos. — E parece que você trabalha num.
Clarisse riu, surpresa com a leveza dele. — Não sei se a gente tem algo que combine com você. Aqui é mais... tranquilo.
— Talvez eu precise de um pouco de tranquilidade — disse ele, os olhos fixos nos dela. Havia algo na voz dele, um tom que ela não conseguia decifrar, mas que a fez corar.
— Tá bom, então me diz: o que você lê? — Ela cruzou os braços, desafiando-o com um sorriso.
Allan inclinou a cabeça, como se pensasse. — Não sou muito de livros. Mas se você me indicar um, eu leio.
Ela hesitou, depois pegou um exemplar de *O Morro dos Ventos Uivantes* da prateleira. — Esse aqui. É intenso, meio sombrio. Acho que combina com você.
Ele pegou o livro, os dedos roçando os dela por um segundo. O toque foi elétrico, e Clarisse puxou a mão rápido demais, rindo para disfarçar. — Me conta depois o que achou.
— Pode deixar — disse ele, o olhar demorando-se nela antes de se virar para o caixa. Ele comprou o livro, mas não foi embora. Ficou ali, fingindo folhear outras capas, só para observá-la. Cada gesto dela — o jeito como ela ajeitava o cabelo, como mordia o lábio ao se concentrar — alimentava algo dentro dele. Algo que ele não queria nomear ainda.
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Enquanto isso, do outro lado da cidade, Melissa tamborilava as unhas vermelhas na mesa de um café chique, o vapor do cappuccino subindo em espirais. Gustavo estava sentado à sua frente, o rosto tenso.
— Ele tá diferente — disse ela, a voz baixa, mas carregada de veneno. — Eu vi ontem. Ele não me olhou como antes.
Gustavo deu de ombros, desconfortável. — O chefe tá focado na Bruna, Melissa. Não inventa coisa onde não tem.
— Não é a Bruna — retrucou ela, os olhos estreitando-se. — É outra pessoa. Uma mulher. Eu sei. — Ela se inclinou para frente, o sorriso frio. — Descobre quem ela é, Gustavo. Ou eu mesma vou atrás. E você sabe que eu não sou delicada.
Gustavo engoliu em seco, sabendo que Melissa não blefava. Ela era tão perigosa quanto Allan, talvez mais, porque não tinha limites quando se tratava dele. — Tá bem. Eu vejo o que consigo.
— Bom menino — disse ela, recostando-se na cadeira com um ar de vitória.
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Naquela noite, Clarisse fechou a livraria e caminhou até o ponto de ônibus, o vento frio bagunçando seu cabelo. Ela não viu o carro preto estacionado a poucos metros, nem o homem dentro dele, observando-a com uma intensidade que beirava o insano. Allan segurava o volante com força, o coração acelerado. Ele queria entrar na vida dela, devagar, como um predador que cerca a presa. Mas a vontade de simplesmente tomá-la — de arrancá-la daquele mundo simples e trazê-la para o dele — era quase insuportável.
O celular vibrou no banco ao lado. Uma mensagem de um número desconhecido: *"Ela mora na Rua das Flores, apto 302. Sozinha. Cuidado com o chefe, ele tá obcecado."* Era Gustavo, traindo Allan por medo de Melissa. Ele não respondeu, apenas apagou a mensagem e ligou o carro. A obsessão já tinha nome, endereço e um plano.
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No dia seguinte, Clarisse abriu a porta do apartamento e encontrou uma surpresa: um buquê de rosas pretas na soleira, com um bilhete simples: *"Pra combinar com o livro. — A."* Ela sorriu, o coração leve, sem imaginar que aquelas flores eram o primeiro passo de uma dança perigosa. Allan estava se aproximando, e com ele vinham as sombras que ela ainda não podia ver.
Melissa, por outro lado, já sabia o nome dela. E enquanto afiava suas garras, o jogo entre os três começava a tomar forma — um jogo de amor, sangue e traição.
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O dia amanheceu cinzento, com nuvens pesadas pairando sobre a cidade como um presságio. Clarisse estava na cozinha do seu apartamento, segurando uma das rosas pretas entre os dedos enquanto o café esfriava na caneca. O bilhete de Allan ainda estava na mesinha, e ela não conseguia evitar o sorriso que surgia toda vez que pensava nele. Havia algo nele — uma mistura de mistério e gentileza — que a intrigava. "Quem manda rosas pretas?", perguntou-se, rindo sozinha. Ela não sabia que, a poucos quarteirões dali, aquele gesto delicado era apenas a superfície de um abismo muito mais profundo.
Allan estava em um galpão abandonado na zona industrial, o eco de seus passos misturando-se ao som de gritos abafados. Dois homens de Bruna estavam amarrados em cadeiras, o sangue escorrendo de cortes frescos enquanto Gustavo terminava de "conversar" com eles. Allan observava, os braços cruzados, o rosto impassível. Mas sua mente não estava ali. Estava na Rua das Flores, no apartamento 302, imaginando o que Clarisse fazia naquele exato momento.
— Eles disseram que o próximo carregamento chega amanhã — informou Gustavo, limpando as mãos num pano já manchado. — Bruna tá tentando reforçar o território dela depois do recado que você deu.
Allan assentiu, mas sua voz saiu distante. — Então a gente pega amanhã. Sem erros.
Gustavo franziu a testa, notando a distração do chefe. — Tá tudo bem, Allan? Você tá... diferente.
— Tá tudo ótimo — cortou ele, o tom afiado como uma navalha. Ele virou as costas, pegando o casaco. — Me avisa quando tiver os detalhes. Vou resolver uma coisa.
Gustavo não perguntou mais, mas seus olhos seguiram Allan até a porta. Ele sabia que algo estava errado. E, com Melissa no seu encalço, a pressão para descobrir o que era só aumentava.
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Na livraria, o sino da porta tocou novamente no meio da tarde. Clarisse ergueu os olhos do balcão e lá estava ele, Allan, com o mesmo casaco preto e um olhar que parecia atravessar paredes. Desta vez, ele carregava o exemplar de *O Morro dos Ventos Uivantes* na mão.
— Terminei — disse ele, colocando o livro no balcão com um sorriso torto. — Você tava certa. É intenso.
Ela riu, surpresa. — Sério? Não achei que você ia ler mesmo. O que achou?
— Gostei do Heathcliff. Ele não desiste do que quer — respondeu Allan, os olhos fixos nos dela, carregados de um significado que ela ainda não entendia. — Mesmo que isso destrua ele.
Clarisse sentiu um arrepio, mas disfarçou com uma risada. — É, ele é meio louco. Mas acho que é isso que faz a história boa. Quer outro?
— Só se você vier tomar um café comigo pra me contar sobre ele — disse ele, inclinando-se um pouco sobre o balcão. A voz era suave, mas havia uma firmeza que a fez hesitar por um segundo.
Ela mordeu o lábio, pensando. — Tá bem. Mas só porque você leu o livro. Minha pausa é em meia hora.
— Perfeito — respondeu ele, recuando com um sorriso que parecia genuíno. Ele se sentou numa das poltronas velhas da livraria, esperando, enquanto Clarisse tentava ignorar o calor que subia pelo seu rosto. Ele era diferente de qualquer um que ela já tinha conhecido, e isso a assustava tanto quanto a atraía.
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Enquanto isso, Melissa estava em um restaurante caro no centro, o garfo girando distraidamente entre os dedos enquanto encarava o vidro escuro da janela. Do outro lado da mesa, Débora, uma das poucas pessoas que ela considerava uma aliada, observava-a com cautela.
— Você tá obcecada, Mel — disse Débora, cortando um pedaço de carne com precisão cirúrgica. — Ele é o Allan. Ele não pertence a ninguém.
Melissa riu, um som seco e cortante. — Ele pertence a mim, Débora. Sempre pertenceu. Essa garota... Clarisse, né? Ela é um inseto. E eu esmago insetos.
Débora ergueu uma sobrancelha, mas não discutiu. Ela conhecia Melissa o suficiente para saber que, quando ela colocava algo na cabeça, sangue era inevitável. — Só toma cuidado. Se o Allan descobrir que você tá mexendo com ela, ele não vai gostar.
— Ele não vai descobrir — retrucou Melissa, os olhos brilhando com malícia. — Não até ser tarde demais.
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Meia hora depois, Allan e Clarisse estavam sentados numa cafeteria pequena a poucos metros da livraria. O lugar cheirava a pão fresco e canela, um contraste gritante com o mundo de Allan. Ele segurava uma xícara de café preto, ouvindo Clarisse falar sobre livros com uma animação que o fazia querer sorrir — algo que ele raramente fazia.
— Então, eu cresci lendo essas histórias — disse ela, mexendo o cappuccino com uma colherzinha. — Minha mãe dizia que eu vivia com a cabeça nas nuvens. Acho que ela tinha razão.
— E agora? Ainda tá nas nuvens? — perguntou ele, o tom leve, mas os olhos intensos.
Ela riu, olhando para ele por cima da xícara. — Às vezes. Mas a vida real não deixa a gente ficar lá por muito tempo, né?
— Depende de quem tá no controle da sua vida — respondeu ele, a voz baixando um tom. Por um segundo, o ar entre eles mudou, como se ele tivesse deixado escapar algo que não deveria.
Clarisse franziu a testa, confusa. — Como assim?
Ele se recuperou rápido, dando um sorriso charmoso. — Nada. Só que às vezes a gente precisa de alguém pra trazer as nuvens de volta.
Ela sorriu, aliviada, e o momento passou. Mas Allan sentiu o peso das palavras que não disse. Ele queria ser aquele alguém para ela. Não só trazer as nuvens, mas o céu inteiro — mesmo que fosse um céu escuro, manchado de sangue.
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Naquela noite, enquanto Clarisse dormia em seu apartamento, Allan estava na sacada de um prédio alto, o vento frio batendo em seu rosto. Ele segurava um cigarro que não acendia, os olhos perdidos na cidade abaixo. A obsessão estava crescendo, enraizando-se como uma erva daninha. Ele queria protegê-la, mantê-la perto, mas também queria possuí-la, moldá-la ao seu mundo. E isso o assustava, porque Allan Kawa não tinha medo de nada — até agora.
Do outro lado da cidade, Melissa segurava uma faca pequena, o reflexo da lâmina dançando em seus olhos. Ela sabia onde Clarisse morava. Sabia que Allan estava se aproximando dela. E ela não ia deixar isso acontecer sem lutar. O jogo estava apenas começando, e o tabuleiro já estava tingido de vermelho.
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