A luz suave do micro-ondas iluminava a cozinha simples, refletindo nos azulejos brancos e nas gavetas de madeira já antigas. O som abafado do prato de noodles borbulhando na água quente preenchia o pequeno espaço. Jinwoo estava ali, imóvel, em pé ao lado do balcão da cozinha, olhando distraidamente para a tela do celular enquanto os pensamentos se misturavam. Ele mordia o lábio inferior, uma expressão séria em seu rosto, mas quem o conhecia sabia que, por trás de sua feição neutra, havia uma mente agitada.
"Será que finalmente vou conseguir?" murmurou baixo para si mesmo, o dedo deslizando lentamente pela tela enquanto procurava por mais oportunidades. "Nada de novo… de novo, novamente." Ele suspirou, mexendo os dedos com impaciência, a ansiedade começando a apertar em seu peito. Quando se deu conta, o celular estava repleto de currículos enviados, e, pela milésima vez naquela semana, ele sentia que estava lutando contra um muro invisível. O frio de janeiro parecia se intensificar dentro de seu pequeno estúdio.
Seus olhos corriam pela tela com as vagas que surgiam. Não gostava do processo. Era frustrante, cansativo, e ele se perguntava se seus currículos, apesar de suas notas perfeitas, realmente estavam sendo lidos por alguém. Ele olhou para o fundo do balcão da cozinha, onde a embalagem do ramen vazio estava esperando para ser descartada. "Não posso continuar assim, não posso…" Jinwoo resmungou, mais para si mesmo do que para qualquer outra pessoa, enquanto a ideia de procurar outro emprego parecia um ciclo interminável.
A água no micro-ondas apitou, e ele desligou o aparelho com uma expressão cansada, tirando o prato quente com cuidado. O cheiro de frutos do mar invadiu o ar. Sentou-se à mesa de canto, a mesa que, na verdade, mal coubera uma refeição. Seus olhos olhavam para o celular novamente, ainda sobre os currículos enviados. Mas algo na tela chamou sua atenção.
"A empresa Daehan Solutions está com uma vaga aberta para estagiário na área de TI."
Seu coração deu um salto. Não porque fosse algo totalmente novo, mas porque aquela era uma das empresas mais faladas na cidade. A Daehan Solutions. Conhecida por seus lucros altíssimos, líderes no setor de tecnologia e, para Jinwoo, uma oportunidade de ouro. Era quase como um sonho. Ele leu novamente, verificando todos os detalhes. "Preciso mesmo de um estágio, e a Daehan… seria um bom começo."
Ele riu baixinho, se lembrando da última vez que seus amigos haviam zoado ele sobre "achar a vaga dos sonhos". Era algo tão fora do comum, tão ambicioso, e ao mesmo tempo tão necessário para sua estabilidade.
"É agora… Se não for agora, não sei quando será." Seus pensamentos se misturavam enquanto ele digitava rapidamente seu currículo no celular, sentindo que, desta vez, algo realmente poderia mudar.
Ao terminar, olhou para o relógio — já era tarde, mas estava decidido a enviar. "Aqui vai", ele disse em voz baixa, pressionando 'enviar'.
A sensação de alívio foi imediata, mas a ansiedade permaneceu. Jinwoo olhou para o prato vazio, pegando a última garfada de noodles, e deu uma leve risada consigo mesmo. "Pelo menos eu tentei…". Mas, antes de levantar, seu celular vibrou. Uma notificação.
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Ao terminar de enviar o currículo, Jinwoo não imaginava que o celular vibraria novamente tão rápido. O som da notificação foi diferente das mensagens de seus amigos — uma vibração mais formal, quase solene. Ele olhou a tela e sentiu o coração acelerar.
"Daehan Solutions" estava escrito no topo da mensagem. Ele engoliu seco, e com uma expressão de leve surpresa, abriu a notificação.
A mensagem era direta, clara e profissional:
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Daehan Solutions
Assunto: Convite para Entrevista de Emprego
Prezado Sr. Jinwoo,
Agradecemos por seu interesse em fazer parte de nossa equipe. Após uma análise detalhada de seu currículo, temos o prazer de informá-lo que você foi selecionado para uma entrevista para o cargo de Estagiário da Área de TI.
A entrevista ocorrerá no dia 15 de janeiro de 2025, às 10:00 da manhã, em nossa sede localizada no Edifício Daehan Solutions, no centro da cidade.
Por gentileza, leve os seguintes documentos para a entrevista:
Cópia do CPF e RG
Comprovante de residência
Certificados de conclusão de curso e histórico acadêmico
Favor confirmar sua presença respondendo a esta mensagem até o final do dia.
Aguardamos ansiosamente sua participação.
Atenciosamente,
Equipe de Recursos Humanos
Daehan Solutions
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Jinwoo leu a mensagem mais de uma vez, seu corpo imóvel enquanto a realidade começava a se concretizar na sua mente. Ele não conseguia acreditar, o coração batendo mais forte, e as mãos tremendo levemente ao digitar a resposta.
"Confirmo a presença. Muito obrigado pela oportunidade."
Ele pressionou 'enviar' e ficou ali, por alguns segundos, sem saber se o que sentia era mais de ansiedade ou de excitação. Talvez fosse um pouco dos dois.
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Após alguns minutos de troca de mensagens e piadas no grupo, Jinwoo finalmente soltou o celular e olhou ao redor. Seu pequeno apartamento studio ainda parecia o cenário de uma guerra — roupas largadas na cadeira, embalagens de noodles empilhadas no canto da pia, o controle do videogame jogado no sofá e um par de meias aleatórias (ele nem sabia se eram limpas ou não) perto da cama.
Ele suspirou, colocando as mãos na cintura.
"Ok, agora que sou um futuro funcionário da Daehan Solutions, preciso viver à altura… O que significa que eu deveria arrumar essa bagunça."
O pensamento durou exatamente cinco segundos antes de ele simplesmente começar a empurrar as coisas para os cantos do cômodo, jogando as roupas para um lado, empilhando as embalagens de noodles em um canto estratégico da cozinha e chutando as meias para debaixo da cama. O sofá, que antes estava cheio de coisas, foi rapidamente "limpo" com um movimento de braço, fazendo com que tudo caísse no chão.
Ele se afastou, avaliando o trabalho com um olhar crítico.
"Agora sim. Perfeito."
A verdade era que a bagunça ainda estava ali, só que mais compacta e escondida. Mas, para ele, já era um progresso.
Com a missão "faxina" concluída (ou quase), Jinwoo se jogou na cama, se enrolando no cobertor com um bocejo preguiçoso. Seus olhos foram para o teto, e um sorriso leve surgiu em seu rosto.
"Eu consegui... amanhã começa uma nova fase."
Mas antes que pudesse se perder em pensamentos grandiosos sobre sua futura carreira brilhante, uma preocupação súbita atravessou sua mente.
"Droga… que roupa eu vou usar pra entrevista?"
O estresse voltou por um breve momento, mas o sono foi mais forte. Ele decidiu que esse era um problema para o Jinwoo do dia seguinte.
E assim, de barriga cheia de noodles e com um apartamento apenas 10% menos bagunçado, ele se permitiu cair no sono, ansioso pelo que estava por vir.
O despertador tocou. Um som irritante, repetitivo, e absurdamente alto.
Jinwoo abriu os olhos devagar, piscando algumas vezes enquanto seu cérebro tentava entender onde estava. Por um momento, ele acreditou que ainda era um desempregado sem preocupações. Mas aí, a realidade bateu forte.
"A entrevista!"
Ele se jogou para fora da cama tão rápido que os cobertores se enrolaram em sua perna, fazendo-o cair no chão com um "AARGH!" que ecoou pelo studio.
De barriga para baixo, com metade do rosto esmagado contra o chão gelado, ele ficou ali por dois segundos, processando o que havia acabado de acontecer.
"Ótimo começo, Jinwoo. CEO material, definitivamente…"
Ele se levantou cambaleando, esfregando o rosto e indo direto para o armário. Abriu as portas com pressa, e foi aí que a verdadeira guerra começou.
A Caçada por Roupas Dignas
Ele puxou uma camisa qualquer. Amassada.
Outra. Mancha de molho de kimchi.
Mais uma. Pequena demais.
"Desde quando essa blusa virou cropp— Ah, não, é da época que eu era menor… Droga, por que eu ainda tenho isso?!"
Ele puxava as roupas e jogava para trás, criando uma pilha cada vez maior no chão. Sua "bagunça organizada" agora era só bagunça caótica.
Revirando o armário como se procurasse um tesouro, ele finalmente encontrou uma camisa decente. Estava um pouco amarrotada, mas nada que fizesse parecer que ele morava na rua.
Ele vestiu a roupa apressado e, ao dar um passo para trás, tropeçou em sua própria pilha de caos, caindo de costas no chão com um estrondo.
"EU TE ODEIO, ARMÁRIO MALDITO!"
Se levantando de novo, agora com um suspiro resignado, ele finalmente percebeu que estava sem tempo para frescuras.
"Primeiro passo concluído… agora, café!"
O Café da Manhã (ou o Desastre da Cozinha)
Na cozinha minúscula, ele pegou a frigideira, jogou um ovo dentro e ligou o fogão. Ao mesmo tempo, colocou duas fatias de pão na torradeira e um copo de leite no micro-ondas.
Três coisas ao mesmo tempo.
O que poderia dar errado?
Tudo. Absolutamente tudo.
Enquanto pegava seu celular para checar as mensagens, o cheiro de queimado invadiu o ar. Ele olhou para a frigideira e arregalou os olhos.
"AI MEU DEUS, MEU CAFÉ!"
O ovo estava carbonizando como se fosse um pedaço de carvão, e o pão na torradeira saltou tão alto que voou para o chão. Como se não bastasse, o micro-ondas apitou, e ele se virou rápido demais, batendo o joelho na quina do balcão.
"AH, MAS HOJE O DIA ME ODEIA!"
Ele desligou o fogão, pegou o pão do chão (decidiu que não valia a pena comer aquilo), e olhou para o café da manhã arruinado.
Resultado: um copo de leite quente e só.
"Nutritivo. Muito saudável. O CEO vai me olhar e pensar ‘este jovem claramente está morrendo de desnutrição’."
Sem tempo para lamentar, deu um gole no leite quente — que estava ridiculamente quente.
"AH! MINHA LÍNGUA! AAAAAH! O MUNDO QUER MINHA DERROTA HOJE!"
Resmungando, deixou o copo na pia e saiu correndo para o banheiro.
O Banho Mais Rápido da História
No banheiro apertado, Jinwoo ligou o chuveiro e entrou sem esperar a água esquentar.
"FRIO! FRIO! FRIOOOO!!!"
Ele pulou para trás, batendo o cotovelo na parede, e ficou ali tremendo até a temperatura se ajustar.
Sabonete. Shampoo. Enxagua. Pronto. Novo recorde: cinco minutos.
Saiu enrolado na toalha, escovando os dentes no caminho enquanto tentava secar o cabelo ao mesmo tempo. Olhou para o espelho e viu que estava um desastre.
"Tá bom, tá bom, arrumar o cabelo!"
O Último Desafio: O Cabelo
Ele pegou o secador e começou o processo de deixar o curtain mullet apresentável. Mas o tempo estava contra ele. Cada mecha parecia decidir que queria ficar do jeito errado.
"Fica no lugar, sua desgraça! Eu juro que se você me fizer passar vergonha, vou raspar tudo!"
Depois de alguns minutos de luta, finalmente conseguiu um visual decente. Não perfeito, mas funcional.
Olhou para o relógio. 9h40.
"EU TÔ ATRASADO!"
Pegou a mochila, conferiu se estava com os documentos (que estavam jogados em cima da cama de qualquer jeito), calçou os tênis enquanto pulava pela porta e saiu correndo pela rua, ainda tentando arrumar a gola da camisa no caminho.
O dia ainda estava começando, mas já parecia que ele tinha lutado numa guerra.
Resultado Final?
Roupas minimamente decentes? Sim.
Café da manhã? Não.
Saindo no horário? HAHAHA, não.
Jinwoo correu com todas as forças, porque ele sabia que, se perdesse essa entrevista, ia ter que passar mais meses comendo noodles no balcão de casa.
E isso ele não ia aceitar.
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A Chegada Triunfal (ou Quase Isso)
Jinwoo chegou esbaforido na entrada da Daehan Solutions, sentindo seu coração martelando no peito como se tivesse corrido uma maratona. Ele parou por um instante, se inclinando com as mãos nos joelhos e tentando recuperar o fôlego.
"Eu cheguei… eu cheguei no horário… eu sou um campeão."
Ele olhou para cima e ficou impressionado. O prédio da empresa era colossal, todo feito de vidro espelhado que refletia o céu. Pessoas elegantes passavam apressadas pela entrada, vestindo ternos impecáveis e carregando pastas sofisticadas.
Jinwoo olhou para sua camisa ligeiramente amarrotada e sentiu um leve desespero.
"Faz de conta que é um amassado chique. Moda nova. Confiança, Jinwoo, confiança."
Ele ajeitou a postura, respirou fundo e entrou.
A Secretária Chamativa
Assim que pisou no saguão luxuoso, uma voz feminina chamou sua atenção:
— "Oh, você deve ser um dos estagiários!"
Ele se virou e congelou por um segundo.
Na recepção, uma jovem alfa estava encostada na mesa com os braços cruzados, o observando com um sorriso afiado. Ela era linda, confiante e radiante. Os cabelos longos estavam presos em um rabo de cavalo perfeito, a maquiagem impecável destacava os olhos puxados e a roupa — uma saia lápis preta e uma blusa branca justa — deixava claro que ela sabia o impacto que causava.
Jinwoo piscou algumas vezes, sentindo que estava prestes a engasgar com a própria saliva.
— "Ah, sim! Isso mesmo! Eu sou Jinwoo!"
A alfa riu levemente e estreitou os olhos, avaliando-o com curiosidade.
— "Entendi… você não parece um ômega."
Jinwoo suspirou internamente. Lá vamos nós.
— "É, eu ouço isso o tempo todo."
A alfa deu de ombros, pegando um tablet e digitando rapidamente antes de olhar para ele de novo.
— "Eu sou Haerin, secretária do CEO. Ele está esperando todos os candidatos na sala de reuniões. Vou te guiar até lá."
Ele assentiu, mas ainda estava ligeiramente distraído com o fato de que a secretária era uma alfa extremamente chamativa e que trabalhava diretamente com o CEO.
"Ela deve ser absurdamente competente para estar nesse cargo…"
Enquanto Haerin caminhava à frente, Jinwoo a seguiu, observando o ambiente ao redor. Tudo era sofisticado e minimalista, com móveis modernos e iluminação perfeita. Pessoas passavam apressadas, conversando sobre projetos importantes, enquanto telas gigantes exibiam gráficos e números de mercado.
— "Primeira vez em uma empresa desse porte?" — Haerin perguntou, sem nem olhar para trás.
Jinwoo pigarreou.
— "Sim… e já estou me sentindo meio pequeno aqui."
A alfa riu.
— "Ah, vai se acostumar. Ou não, dependendo do que acontecer."
Ele engoliu seco.
"Que tipo de comentário foi esse?!"
Chegando à porta da sala de reuniões, Haerin parou e olhou para Jinwoo com um sorriso travesso.
— "Bem, boa sorte. Não faça feio na frente do CEO."
Antes que ele pudesse perguntar o que exatamente significava "fazer feio", ela abriu a porta e o empurrou levemente para dentro.
A Grande Entrevista (e a Surpresa Final)
Jinwoo entrou na sala e sentiu o peso da tensão no ar.
Outros quatro candidatos já estavam ali, sentados lado a lado, vestidos de maneira muito mais formal do que ele. Um deles até vestia um terno completo, o que fez Jinwoo querer se enterrar no chão imediatamente.
E então, no final da longa mesa, estava ele.
O CEO.
Um alfa alto, de aparência impecável, vestindo um terno perfeitamente ajustado. Seus olhos eram intensos e calculistas, observando cada um dos candidatos com um olhar que parecia lê-los por dentro.
Jinwoo sentiu um arrepio estranho.
"Por que ele parece que já me julgou e decidiu meu destino?"
O CEO repousou as mãos sobre a mesa e finalmente falou:
— "Bom dia. Vocês cinco foram selecionados entre centenas de candidatos. Mas saibam de uma coisa..."
Ele fez uma pausa, analisando cada um deles.
— "...Só um de vocês ficará com essa vaga. Eu pessoalmente observarei seu desempenho durante o próximo mês antes de tomar minha decisão."
Jinwoo sentiu sua respiração travar por um instante.
"O QUÊ?!"
Ele achou que essa era apenas uma entrevista normal. Mas agora... ele estava em um verdadeiro campo de batalha.
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A Primeira Impressão do CEO
O silêncio na sala era quase opressor.
Jinwoo engoliu em seco enquanto observava o homem sentado à cabeceira da mesa. Se o prédio inteiro exalava luxo e poder, o CEO era a personificação disso.
Ele estava recostado na cadeira de couro preto com um ar de completo tédio, como se já soubesse que nada do que acontecesse naquela sala fosse realmente importante para ele.
Nome dele?
— "Meu nome é Kang Taeyang."
Sua voz era grave, calma e levemente arrastada, carregada de um desinteresse que fazia Jinwoo sentir que o próprio ar na sala estava mais pesado.
A primeira coisa que se notava em Kang Taeyang era sua presença esmagadora. Ele não precisava levantar a voz ou se mover bruscamente para impor respeito—seu olhar já fazia o trabalho sujo.
Ele era o tipo de homem que fazia até os mais confiantes se sentirem insignificantes.
A pele dele era pálida, impecável, sem qualquer imperfeição. O cabelo preto estava perfeitamente alinhado para trás, sem um único fio fora do lugar. Seus olhos eram afiados, intensos, de um castanho escuro quase preto, carregando uma frieza que fazia Jinwoo sentir um leve arrepio na espinha.
"Ele parece um vilão de drama coreano..."
O terno escuro que vestia era perfeitamente ajustado, e cada pequeno detalhe da roupa gritava riqueza e poder. O relógio em seu pulso brilhava sob a luz da sala, provavelmente valendo mais do que a vida financeira inteira de Jinwoo.
Os dedos longos repousavam sobre a mesa de vidro enquanto ele os movia levemente, como se tentasse encontrar paciência para lidar com cinco formigas que acabaram de invadir seu império.
Ele não parecia um simples CEO. Ele parecia alguém que já havia conquistado tudo o que queria na vida e estava apenas jogando com os outros por puro tédio.
O "Grande Cargo" (Ou Não)
— "Vou ser direto." — Kang Taeyang continuou, olhando para os cinco estagiários com um desprezo velado.
— "O cargo que vocês estão disputando não é nada mais do que um mero estágio no setor de gestão operacional. Para vocês, isso pode parecer um grande privilégio, uma chance de crescer dentro da Daehan Solutions. Mas para mim…"
Ele deu um pequeno sorriso sem humor, inclinando-se ligeiramente para frente.
— "Vocês são descartáveis."
Jinwoo sentiu um frio na barriga.
— "Eu poderia muito bem contratar qualquer outra pessoa para isso, mas meus diretores insistem nessa ideia de selecionar estagiários 'promissores' todos os anos. Então, já deixo claro: só um de vocês ficará aqui ao final do período de testes. Os outros quatro serão eliminados."
Jinwoo olhou para os outros candidatos e percebeu que todos pareciam estar tão tensos quanto ele.
— "O que eu quero ver neste mês?" — Taeyang apoiou o queixo na mão, entediado.
— "Primeiro, competência. Se cometerem erros estúpidos, não terão uma segunda chance. Segundo, eficiência. Não tenho tempo para gente lenta e sem iniciativa. Terceiro, adaptação. Se não conseguirem acompanhar o ritmo da empresa, nem percam seu tempo tentando."
Ele fez uma pausa, observando os cinco com um olhar afiado.
— "E, por último… quero ver quem aqui tem ambição. A Daehan Solutions não é lugar para gente fraca."
Houve um silêncio absoluto.
Jinwoo sentiu o próprio coração acelerar. O peso das palavras do CEO era avassalador.
Este não era um simples emprego. Era um campo de guerra.
E se ele queria sobreviver, teria que provar que merecia estar ali.
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A Primeira Seleção — O Jogo Começa
A porta da sala de reuniões se abriu sem cerimônia, e Haerin entrou com uma pilha de pastas em mãos.
— "Aqui estão os arquivos dos cinco candidatos, senhor."
Ela depositou as fichas sobre a mesa com um sorriso que Jinwoo não soube interpretar.
Kang Taeyang nem agradeceu. Apenas pegou a primeira pasta e a abriu, seus olhos escuros escaneando as informações com uma precisão cirúrgica.
Naquele instante, a atmosfera da sala mudou drasticamente.
Era como se o ar tivesse ficado mais pesado, mais denso. Jinwoo sentiu um arrepio subir pela espinha quando seus instintos começaram a gritar em alerta.
Feromônios.
Eles não eram evidentes a ponto de sufocar, mas estavam lá, pulsando no ambiente como uma presença invisível e esmagadora.
"Ele está marcando território…"
Jinwoo engoliu seco. Kang Taeyang era um alfa dominante. Seu cheiro não era algo fácil de definir—não era exageradamente agressivo, nem doce. Era simplesmente intenso, denso, algo que fazia o subconsciente de qualquer um entender que aquele homem era um predador no topo da cadeia.
E ele estava testando todos ali.
A tensão ficou palpável. Os outros candidatos também pareciam inquietos, mas tentavam manter a postura.
Primeira Chamada
Taeyang finalmente quebrou o silêncio.
— "Kim Sehun."
Um dos candidatos, um beta alto de cabelos castanhos, deu um passo à frente.
— "Aqui, senhor!" — Ele estendeu os documentos rapidamente, como se estivesse diante de um rei medieval.
Taeyang pegou as folhas, folheando-as sem pressa.
— "Hm."
O simples som já fez Sehun suar frio.
— "Graduado com honras… experiência com projetos empresariais… idiomas avançados… Nada mal."
Sehun sorriu aliviado.
Mas então Taeyang olhou diretamente para ele.
— "E, ainda assim, seu estágio anterior durou apenas três meses. Por quê?"
O beta congelou.
— "Eu… eu…"
— "Seja rápido." — O tom de Taeyang era impaciente.
— "Eu não… consegui acompanhar a carga de trabalho, senhor."
Silêncio.
Taeyang fechou a pasta com um estalo seco.
— "Agradeço seu tempo. Pode se retirar."
Sehun empalideceu.
— "Espera… O quê?!"
Taeyang nem olhou para ele de novo.
— "Não repito minhas decisões. Haerin, mande ele sair."
Sehun abriu a boca para argumentar, mas a secretária já estava ao lado dele com um sorriso cortês.
— "Venha comigo, senhor Kim."
E assim, o primeiro caiu.
Jinwoo sentiu o estômago revirar.
"Ele eliminou alguém em menos de cinco minutos?! O que é isso, um programa de sobrevivência?!"
A Vez de Jinwoo
— "Lee Jinwoo."
Os olhos de Jinwoo se arregalaram.
"Já?!"
Ele deu um passo hesitante para frente, sentindo cada músculo do corpo ficar tenso.
Estendeu os documentos com as mãos levemente trêmulas.
Kang Taeyang pegou as folhas e começou a lê-las, os olhos afiados varrendo cada detalhe.
O coração de Jinwoo batia tão forte que ele podia ouvir nos ouvidos.
E então, o CEO arqueou uma sobrancelha.
— "Você tirou notas máximas durante todo o ensino médio?"
Jinwoo pigarreou.
— "S-Sim, senhor."
— "E, ainda assim, nunca trabalhou antes."
Jinwoo sentiu uma gota de suor escorrer pela nuca.
— "Sim…"
Taeyang olhou para ele diretamente.
— "O que te faz pensar que pode aguentar essa empresa, ômega?"
Jinwoo engoliu seco.
Ele sabia que, se respondesse qualquer coisa errada, seria chutado ali mesmo.
Então ele fechou os punhos e respondeu com a voz mais firme que conseguiu reunir:
— "Eu aprendo rápido."
Taeyang não reagiu imediatamente. Ele apenas manteve o olhar fixo, como se avaliasse algo invisível em Jinwoo.
Um segundo. Dois. Três.
E então…
O CEO fechou a pasta.
— "Veremos."
Jinwoo conseguiu passar para a próxima etapa.
Por enquanto.
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A Segunda Execução
A sala ainda estava carregada de tensão.
Jinwoo sentiu os ombros relaxarem minimamente quando percebeu que, pelo menos por agora, não seria chutado para fora.
Mas ele ainda estava na jaula do leão.
Taeyang pegou a próxima ficha e a abriu sem pressa. Seu olhar escuro percorreu o papel por alguns segundos antes de murmurar o nome do próximo candidato.
— "Park Minjae."
Um alfa robusto, de cabelo raspado, deu um passo confiante à frente.
Jinwoo notou como a postura do cara era firme, exalando um certo ar de arrogância.
"Ah, merda… esse é o tipo que se acha o protagonista da história."
Minjae entregou seus documentos com um meio sorriso.
— "Aqui estão, senhor."
Taeyang os pegou sem dar qualquer olhar para ele.
Os olhos do CEO dançaram sobre o papel, analisando cada linha, cada detalhe.
Jinwoo prendeu a respiração, esperando o momento em que aquele olhar cortante encontraria uma falha.
E então…
Taeyang levantou uma sobrancelha.
— "Você trabalhou na filial de Singapura da K&J Holdings?"
Minjae sorriu mais largo.
— "Sim, senhor! Fiz um intercâmbio por seis meses para trabalhar no setor de logística."
Taeyang fechou a pasta com um estalo seco.
— "Então por que seu inglês é medíocre?"
O sorriso de Minjae murchou na hora.
— "E-Eu…"
— "Diz aqui que você se comunica fluentemente, mas no seu teste de proficiência a nota foi… uma vergonha."
Minjae ficou rígido.
— "Senhor, eu me viro bem! O teste pode não ter saído perfeito, mas eu—"
Taeyang suspirou.
— "Já ouvi o suficiente."
Minjae empalideceu.
— "Espere, eu—"
— "Haerin."
A secretária alfa já estava ao lado dele, sorrindo daquele jeito educado e falso.
— "Por favor, senhor Park, me acompanhe."
— "Mas—"
— "Agora."
E assim, o segundo candidato foi descartado sem misericórdia.
Jinwoo sentiu um arrepio.
"Meu Deus, esse homem corta pessoas como quem joga um saco de lixo na rua."
Agora restavam apenas três.
A Última Avaliação
Taeyang pegou a última ficha e a folheou sem emoção.
— "Im Nari."
A única beta da sala, uma garota de óculos e rabo de cavalo, se adiantou e entregou seus documentos com as mãos firmes.
O CEO analisou a ficha por alguns segundos.
Então, olhou diretamente para ela.
— "O que te fez escolher esta empresa?"
Nari não hesitou.
— "Porque quero aprender com os melhores."
Jinwoo segurou o riso.
"Que resposta genérica."
Mas Taeyang não expressou nenhum sinal de desgosto.
Ele apenas fechou a pasta e disse:
— "Veremos."
A beta sobreviveu.
Agora só restavam dois candidatos além de Jinwoo.
O Insignificante Para Taeyang
Quando o silêncio se instalou, Haerin se aproximou do CEO, inclinando-se levemente enquanto seu perfume alfa tomava o ar.
— "Senhor Kang, como sempre, sua precisão é impressionante."
Ela se apoiou sutilmente na mesa, os lábios se curvando em um sorriso sugestivo.
Jinwoo percebeu o quanto ela forçava para chamar atenção.
E percebeu o quanto Taeyang não se importava.
O CEO não desviou o olhar da tela do tablet que segurava, nem moveu um músculo para reconhecê-la.
Era como se ela fosse uma estátua decorativa, um ruído de fundo insignificante.
E ele deixou claro.
— "Se tiver tempo para bajulação, use-o para algo útil, Haerin."
O sorriso dela se desfez instantaneamente.
Jinwoo sentiu o segundo constrangimento alheio do dia.
Haerin não era qualquer uma. Ela era bonita, influente, alfa e ocupava um dos cargos mais altos abaixo de Taeyang.
E, ainda assim, para ele…
Ela não valia nada.
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Expectativas e Regras — O Início Oficial
A sala de reuniões parecia mais espaçosa agora que apenas Jinwoo e Nari restavam.
A tensão do momento anterior ainda pairava no ar, mas agora vinha misturada com um alívio silencioso.
Jinwoo ainda sentia o suor frio na nuca, mas manteve a postura.
"Eu passei. Eu realmente passei."
Kang Taeyang apoiou o tablet sobre a mesa e cruzou os braços.
— "Muito bem. Parabéns."
Ele não parecia o tipo de pessoa que dizia isso com frequência. Sua voz não tinha calor, nem gentileza. Era apenas um reconhecimento seco do óbvio.
— "Vocês começarão na próxima segunda-feira, às 08h00. Estejam aqui às 07h45."
Jinwoo piscou.
— "Mas… a jornada não começa às oito?"
Taeyang ergueu os olhos para ele.
— "Sim."
Jinwoo abriu a boca para perguntar o porquê, mas a expressão do CEO deixava claro que ele deveria descobrir sozinho.
Ele fechou a boca.
— "Certo…"
Nari, por outro lado, nem questionou. Ela apenas assentiu de forma profissional.
Taeyang continuou.
— "Vocês terão uma carga horária de seis horas diárias, com uma pausa para o almoço de 40 minutos. Nos primeiros três meses, o salário será o mínimo para estagiários de alto nível."
"Espera, existe isso?!"
Jinwoo não sabia se ficava feliz ou preocupado.
Taeyang passou os olhos pelos dois.
— "Os benefícios incluem vale-refeição, vale-transporte e seguro empresarial. No entanto, não esperem regalias. Vocês ainda não são funcionários efetivos, são apenas aprendizes competindo por um único cargo."
Jinwoo engoliu em seco.
Ele já sabia disso, mas ouvir de novo fazia a pressão aumentar.
— "Durante o período de estágio, esperarei que absorvam o ritmo da empresa." — A voz de Taeyang era cortante. "Trabalhamos rápido. Trabalhamos direito. Se um erro for cometido, ele deve ser corrigido antes que eu perceba."
Jinwoo sentiu a espinha enrijecer.
"Esse homem definitivamente não sabe o que significa ‘margem para erro’."
— "Serão observados diariamente. Pequenos deslizes acumulam pontos negativos. Eu serei o único juiz do desempenho de vocês."
O silêncio foi absoluto.
Era uma sentença. Não havia negociação, não havia segunda chance.
— "E para deixar claro," — Taeyang continuou, sua voz ainda indiferente — "não me decepcionem."
Foi a única coisa que disse antes de se levantar e sair da sala.
O som dos sapatos contra o chão ecoou como um veredito.
Quando a porta se fechou atrás dele, Jinwoo soltou um suspiro que nem percebeu que estava segurando.
— "Puta merda."
Nari, ao seu lado, ajeitou os óculos e soltou um riso curto.
— "Você fala sozinho, não fala?"
Jinwoo lançou um olhar dramático para ela.
— "Isso foi um inferno, Nari. Um inferno."
Ela sorriu.
— "E mal começamos."
Jinwoo abriu os olhos devagar.
A claridade invadia o apartamento de maneira irritante, anunciando que o dia já tinha começado.
Ele piscou, sentindo a mente ainda nebulosa, e virou a cabeça para espiar o celular largado ao lado do travesseiro.
6:00 AM
Um sorriso satisfeito se formou nos lábios.
— "Hah! Venci o sistema!" — Ele murmurou, a voz rouca de sono.
Estava pronto. Acordara cedo. Nada daria errado.
E então…
Ele fechou os olhos.
Por cinco segundos.
Cinco míseros segundos.
Mas quando os abriu de novo…
7:32 AM.
— "MAS QUE PORRA?!"
O pulo que ele deu da cama foi digno de uma competição olímpica de salto em distância.
A Corrida Contra o Tempo
Jinwoo tropeçou no próprio cobertor e quase beijou o chão do apartamento.
— "Por que isso sempre acontece comigo?! Por quê?!"
Apressado, correu para o banheiro.
Abriu a torneira, jogou um punhado de água fria no rosto e sentiu a alma voltar para o corpo.
— "Okay, sem pânico! Eu só preciso…"
Seu olhar caiu para a escova de dentes.
E então para a cueca amassada no chão.
E então para a pilha de roupas que ainda não havia dobrado.
Jinwoo sentiu o pânico engasgar na garganta.
Ele tinha exatamente 13 minutos para se tornar um ser humano apresentável.
— "Ah, fodeu."
O Grande Problema das Roupas
Ele correu até o armário e puxou qualquer coisa que parecesse minimamente digna.
Camisa? Amassada.
Calça? Enfiada em algum buraco negro do apartamento.
Sapato? UM estava perto da cama. O outro…
Ele virou o colchão.
Não estava lá.
— "CADE VOCÊ, DESGRAÇADO?!"
Depois de uma caçada frenética, encontrou o maldito sapato dentro da geladeira.
Ele não queria saber como aquilo aconteceu.
Com a roupa minimamente decente (e talvez um pouco torta), correu para a cozinha.
— "Café!" — Ele murmurou, apressado.
Pegou a cafeteira e ligou o fogo.
Virou-se por três segundos.
E o cheiro de queimado foi instantâneo.
— "COMO ISSO É POSSÍVEL?!"
Desligou tudo, pegou um pacote de biscoitos, enfiou na mochila e decidiu que sobreviveria só com isso.
Últimos Preparos (ou Tentativas Fracassadas)
No banheiro, passou a mão molhada no cabelo para arrumar.
O resultado?
Parecia que tinha acabado de sair de uma ventania.
Jinwoo suspirou.
— "Foda-se."
Pegou as chaves, o celular, saiu correndo pela porta…
E voltou para pegar a mochila que tinha esquecido.
— "EU NÃO TENHO CONDIÇÕES DE SER ADULTO!"
O Desfecho?
Ele desceu as escadas do prédio feito um condenado, quase atropelou uma senhora no corredor, pegou o ônibus no último segundo (pulando na porta enquanto ela fechava) e ficou parado lá dentro tentando recuperar o fôlego da sua existência fracassada.
Mas…
Ele olhou para o celular.
07:41 AM.
— "Eu… estou no horário?"
Um silêncio triunfante caiu sobre ele.
Ele jogou a cabeça contra o banco e suspirou.
— "Eu sou um gênio."
…
Até perceber que esqueceu o crachá em casa.
— "NÃÃÃOOOO!"
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Jinwoo chegou na empresa aos trancos e barrancos.
O suor escorria pelas têmporas, a respiração estava descompassada e seu cabelo… bem, ele parecia ter lutado contra um furacão e perdido.
O pior?
Taeyang estava ali. Esperando.
E Nari.
E a secretária grudentinha.
O CEO mantinha a postura impecável ao lado da jovem alfa, que parecia confortável demais na proximidade.
Jinwoo não perdeu a expressão do homem.
Por um instante, teve certeza de que seria mandado embora antes mesmo de começar.
Todos esperavam isso.
Os olhares diziam tudo.
"Esse incompetente vai durar menos que os outros dois."
Mas então…
Taeyang, com a maior naturalidade do mundo, ajeitou o terno e disse:
— "Tsk. Atrasado por um ônibus quebrado na estação?"
Jinwoo piscou.
— "Hã?"
Taeyang desviou o olhar como se já soubesse da desculpa.
— "Eu li no jornal. A estação ficou parada por causa de um ônibus bloqueando o caminho."
O ambiente ficou em silêncio absoluto.
Até a secretária parou de se esfregar.
Ninguém duvidava das palavras do CEO.
Se ele disse que estava no jornal, então estava no jornal.
Mas Jinwoo sabia.
Aquilo era mentira.
Ele viu os ônibus no caminho, e nenhum estava quebrado.
Ele sentiu um arrepio estranho na espinha.
Por quê?
Por que diabos Kang Taeyang estava passando pano para ele?
O CEO lançou um olhar frio e calculista.
"Deixe as coisas assim."
Jinwoo engoliu seco.
O recado era claro.
"Eu não vou inventar desculpas todos os dias."
Jinwoo assentiu rapidamente.
— "C-Claro! Obrigado, senhor!"
Taeyang bufou.
— "Agradeça aparecendo no horário amanhã."
Jinwoo não discutiu.
Sabia que aquela era a primeira e única chance que teria.
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Após o pequeno “milagre” que o CEO operou para salvar sua pele, Jinwoo se esforçou para parecer um funcionário exemplar.
E isso significava seguir Taeyang em silêncio enquanto ele apresentava a empresa.
— “Vocês estão no setor de planejamento estratégico. Um dos pilares da empresa. Tudo o que acontece aqui é analisado, revisado e aprovado antes de seguir para os setores de execução.”
Jinwoo tentava absorver tudo.
Mas tinha um pequeno problema.
A secretária grudentinha.
Ela não desgrudava de Taeyang.
Literalmente.
Sempre muito perto. Sempre tentando puxar assunto.
— “O chefe é tão incrível, né?” — Ela disse, praticamente colada no braço dele.
— “Não.” — Taeyang respondeu sem hesitação.
Mas isso não a deteve.
A cada passo que davam, algo bizarro acontecia com ela.
O Azar da Secretária
1º desastre: Enquanto caminhavam pelo corredor principal, a mulher tentou se inclinar de maneira “charmosa” na parede…
E escorregou como um boneco de pano.
— “KYAA!”
O barulho da queda foi tão alto que até Taeyang parou por meio segundo.
Ele não perguntou se ela estava bem.
Ninguém perguntou.
Jinwoo engoliu a risada e seguiu em frente.
2º desastre: Durante a apresentação do setor, Taeyang apontou para um dos funcionários seniores.
— “Este é o líder da equipe. É ele quem gerencia a divisão de análises críticas.”
A secretária tentou se aproximar do CEO novamente.
Mas esbarrou na mesa.
E derrubou um copo de café inteiro… na própria blusa branca.
— “Merda!”
Dessa vez, ninguém conteve a risada.
— “Vai precisar de uma troca de roupa,” comentou Jinwoo, tentando parecer solidário.
— “Ela precisa é de um exorcismo.” — Nari murmurou ao lado dele.
Jinwoo tossiu para disfarçar a risada.
3º desastre: Quando chegaram no refeitório da empresa, Taeyang apontou para a área de refeições e explicou:
— “Os funcionários têm horários flexíveis para o almoço. Vocês têm 45 minutos diários para a refeição.”
A secretária aproveitou para encher a bandeja com comida…
E derrubou tudo no próprio sapato.
O barulho do prato caindo ecoou pelo refeitório.
Silêncio.
Então, alguém murmurou ao fundo:
— “Isso que dá ser oferecida.”
Jinwoo teve que morder o lábio para não rir.
Taeyang nem olhou para ela.
Só suspirou e continuou a explicação.
Era óbvio que ele já estava acostumado com aquele nível de desastre ambulante.
Jinwoo, por outro lado, estava se divertindo.
Talvez, só talvez, aquela empresa não fosse tão ruim assim.
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Depois de um tour cheio de momentos embaraçosos — cortesia da secretária desastrada — Taeyang finalmente levou Jinwoo e Nari ao local onde trabalhariam.
As mesas eram lado a lado, posicionadas estrategicamente em um espaço bem iluminado e organizado. O setor parecia moderno e profissional, e Jinwoo teve que admitir que era mais chique do que imaginava.
O CEO parou diante deles, cruzando os braços.
— "Este é o lugar de vocês." — Sua voz era firme, sem traço de gentileza. — "Aqui, vocês terão que provar que são dignos de continuar nesta empresa."
Os estagiários se ajeitaram em seus lugares.
Taeyang continuou, lançando um olhar severo:
— "Quero que sigam as instruções do líder do setor e do gerente. Façam o que for pedido, aprendam rápido e não me deem dor de cabeça."
Jinwoo sentiu um calafrio.
"Esse cara não brinca em serviço."
Taeyang então se virou, pronto para sair, mas parou por um momento.
— "Ah, mais uma coisa."
Ele lançou um olhar intimidador sobre os dois.
— "Se acharem que estão aqui para brincar, podem sair agora. Eu não tenho tempo para incompetentes."
Jinwoo e Nari se entreolharam rapidamente.
Óbvio que ninguém ia sair.
Taeyang bufou ao perceber que eles ficaram calados e finalmente se afastou.
— "Bom trabalho."
Com isso, ele se foi.
Jinwoo soltou um longo suspiro, afundando na cadeira.
— "Esse cara dá medo."
Nari riu.
— "Você acha? Eu achei ele charmoso."
Jinwoo a encarou com descrença.
— "Charmoso?? Ele praticamente nos ameaçou!"
— "Exatamente." — Ela piscou.
Jinwoo suspeitava que sua colega de trabalho não batia muito bem da cabeça.
Mas, por enquanto, decidiu focar no que importava: sobreviver ao primeiro dia de trabalho.
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O dia começou a passar, e Jinwoo mal conseguia se concentrar no trabalho. Sua mente estava cheia de pensamentos sobre o que aconteceria nos dias seguintes, a pressão de ter sido escolhido entre os estagiários, e, claro, a presença constante de Taeyang.
De tempos em tempos, o CEO aparecia no setor para verificar o progresso dos estagiários e conversar com o líder e o gerente.
Era um momento tenso sempre que ele entrava, pois o ambiente ficava pesado e silencioso. A aura de autoridade de Taeyang era quase palpável. Ele não precisava dizer uma palavra para fazer todos se encolherem — e, naqueles momentos, Jinwoo não se sentia nada confortável.
Em uma dessas aparições, o CEO trocou algumas palavras com o líder e o gerente do setor sobre o desempenho dos estagiários.
— "Como eles estão se saindo?" — Taeyang perguntou, sua voz calma e distante.
O líder do setor deu um passo à frente, com uma expressão séria.
— "Nari está indo bem, muito rápida na aprendizagem, mas o Jinwoo…"
Jinwoo engoliu seco.
Sabia que alguma coisa não estava certa. Ele se sentiu nervoso, até um pouco envergonhado.
Mas antes que o líder pudesse continuar, Taeyang levantou uma mão.
— "Está tudo bem. A manhã foi difícil para ele, e ele ainda está se ajustando ao ritmo." — Ele falou, interrompendo o líder com um tom de voz que fazia a justificativa parecer mais uma defesa.
O líder franziu a testa, mas não retrucou.
Jinwoo ficou sem palavras.
— "De qualquer forma, aguardarei mais progresso na próxima semana." — Taeyang continuou, olhando para o líder e o gerente, como se tivesse se cansado do assunto.
— "Agora, vamos seguir com o que temos."
Taeyang voltou a ignorar completamente qualquer menção a falhas de Jinwoo. E Jinwoo ficou ali, sem entender exatamente o que acontecia.
Ele se perguntou se era só impressão dele, ou se o CEO estava mesmo passando pano para ele. Afinal, no início do dia, Taeyang foi claro em afirmar que não daria desculpas por nada.
Porém, no instante seguinte, o que parecia um pequeno erro de Jinwoo era ignorado — e de uma forma tão natural que quase parecia que ele havia feito a coisa certa.
Jinwoo se pegou questionando se Taeyang realmente o via como um caso perdido, ou se algo mais estava acontecendo.
E o mais confuso: por que Taeyang estava se contradizendo tão facilmente?
Jinwoo não entendeu, e Taeyang também não.
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