Traição Antes do Sim -CAPITULO 1
O coração de Helena batia acelerado enquanto ela deslizava os dedos pelo tecido delicado de seu vestido de noiva. Cada detalhe havia sido planejado com carinho. Em poucas horas, ela estaria caminhando pelo corredor da igreja em direção ao homem que amava. Ou, pelo menos, era o que pensava.
A ansiedade não a deixava dormir, então decidiu sair do hotel e dar uma volta pelos corredores para espairecer. O destino, cruel e implacável, a guiou até um quarto cuja porta estava entreaberta. Risadas abafadas e sussurros ecoavam de dentro.
Seu corpo congelou ao reconhecer as vozes. Guilherme, seu noivo, e Isabela, sua melhor amiga.
O choque a manteve estática por um momento, mas a curiosidade dolorida a fez dar um passo para frente. O que viu a atingiu como uma facada no peito: os dois estavam nus, entrelaçados nos lençóis, completamente alheios à sua presença. O riso de Isabela se misturava aos gemidos roucos de prazer de Guilherme.
Uma onda de raiva e desgosto queimou suas entranhas. Seus punhos se cerraram, e os olhos arderam com lágrimas que ela se recusava a deixar cair. Mas Helena não era do tipo que recuava. Com a força de quem acabara de ter seu coração despedaçado, ela empurrou a porta com força.
O impacto fez os dois se separarem em um sobressalto. O olhar de Guilherme se arregalou, e Isabela levou a mão à boca, sem palavras. Helena os encarou por um longo instante, sentindo o gosto amargo da decepção e da humilhação.
— Que cena linda! — sua voz saiu carregada de sarcasmo e dor. — Já que vocês estão se divertindo tanto, talvez eu devesse cancelar a cerimônia e deixar o casamento para vocês dois.
Guilherme pulou da cama, nu e desesperado. — Helena, não é o que você pensa!
Ela soltou uma risada amarga. — Ah, não? Então me explica o que eu acabei de ver, porque estou curiosa.
Isabela, sem coragem de encarar Helena, apenas puxou o lençol para cobrir o corpo. — Me desculpa...
— Desculpa?! — Helena repetiu, sentindo a raiva tomar conta. — Você era minha melhor amiga, Isabela! Eu confiei em você! E você, Guilherme... — seus olhos se voltaram para ele, cheios de desprezo —, você é um covarde. Eu não vou perder mais um segundo da minha vida com vocês.
Ela arrancou o anel de noivado do dedo e o jogou no chão. Depois, com a dignidade de quem sabia que merecia algo muito melhor, virou-se e saiu, deixando para trás o que seria o pior dia de sua vida — ou, talvez, o melhor, pois agora estava livre para recomeçar.
Enquanto caminhava pelos corredores do hotel, Helena sentia a adrenalina pulsar em seu corpo. Sua mente se enchia de lembranças: os momentos em que acreditou nas promessas de amor de Guilherme, as confidências compartilhadas com Isabela, todas as vezes que ignorou os pequenos sinais de alerta. Mas agora tudo fazia sentido.
Ela saiu do hotel e respirou fundo o ar frio da noite. Seus olhos brilhavam com uma mistura de raiva e determinação. Não voltaria para casa de cabeça baixa, não permitiria que aquela traição a definisse. Ao contrário, usaria essa dor como combustível para se tornar mais forte.
Com um suspiro, pegou o celular e ligou para um táxi. Não sabia exatamente para onde queria ir, mas sabia que o futuro estava aberto diante dela. E pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se verdadeiramente livre.
Capítulo 2: Afogando as Mágoas
Helena saiu do hotel com os passos apressados e a mente fervendo. A traição ainda latejava em seu peito, misturando-se com a raiva e o desejo de esquecer. Sem rumo certo, encontrou um bar de esquina com luzes neon piscantes e entrou, determinada a afogar suas mágoas em algo mais forte do que sua dor.
Sentou-se no balcão e pediu uma dose de tequila. O líquido queimou sua garganta, mas era exatamente a sensação que queria. Outra dose veio, e depois outra. O som abafado da música e das conversas ao redor pareciam ecoar longe demais, como se ela estivesse presa em sua própria bolha de frustração e desilusão.
Foi então que ele apareceu. Alto, olhar intenso e um sorriso ladeado de mistério. Não perguntaram nomes, não trocaram histórias. Apenas brindaram a noite e ao esquecimento. As doses se acumulavam, os risos tornavam-se fáceis, e o calor aumentava entre eles.
O toque começou casual, uma mão que escorregava pelo braço, um joelho que encostava no outro. Os olhares demorados diziam mais do que qualquer palavra. A eletricidade entre eles se intensificava a cada minuto, e Helena sabia que a noite estava longe de terminar ali.
— Vamos sair daqui? — ele murmurou, a voz rouca pelo álcool e pelo desejo crescente.
Helena não hesitou. Pegou a mão dele e saiu do bar, sentindo o coração martelar em seu peito. Caminharam sem pressa, como se soubessem exatamente onde aquilo ia dar. Em pouco tempo, estavam em um quarto de hotel, e assim que a porta se fechou, seus lábios se encontraram em um beijo faminto.
A noite se desenrolou em toques ardentes, roupas sendo arrancadas sem cerimônia e sussurros embriagados de desejo. Ele a pegou no colo e a pressionou contra a parede, explorando cada curva de seu corpo com uma intensidade que a fez esquecer qualquer dor anterior.
Os lençóis testemunharam a fúria e a necessidade que os consumia. Helena entregou-se ao prazer sem reservas, permitindo-se sentir viva de uma forma que não sentia há tempos. Os gemidos abafados e a respiração acelerada preencheram o espaço enquanto a noite se prolongava em ondas de desejo saciado e novos impulsos incontroláveis.
Depois de horas, os corpos entrelaçados finalmente cederam ao cansaço. Helena sentiu os batimentos dele desacelerarem, assim como os seus. Olhou para o teto, deixando a mente vaguear. Não era amor, não era promessa, mas era tudo o que ela precisava naquela noite.
Quando a manhã chegou, os raios de sol filtravam-se pela janela, e Helena abriu os olhos lentamente. Ao seu lado, ele dormia, a expressão relaxada, como se nada mais importasse. Pela primeira vez desde a traição, ela não sentia dor. Apenas a estranha sensação de que um novo caminho havia se aberto para ela.
Sem fazer barulho, levantou-se, pegou suas roupas e deixou o quarto. Não havia necessidade de despedidas. Aquela noite era um capítulo fechado, um segredo entre dois desconhecidos que, por algumas horas, encontraram conforto um no outro.
Capítulo 3: Recomeço
Helena abriu a porta do apartamento e suspirou ao entrar. O cheiro familiar a envolveu imediatamente, trazendo uma sensação agridoce. Seu lar continuava o mesmo, mas ela não era mais a mesma mulher que havia saído dali no dia anterior. Tudo parecia diferente agora, como se uma nova versão dela estivesse emergindo das cinzas de uma vida desmoronada.
Largou a bolsa no sofá e caminhou até a cozinha, pegando um copo d'água. Seu reflexo na janela mostrava olhos cansados, um corpo exausto, mas uma expressão firme. Ela havia sobrevivido ao dia mais devastador de sua vida. E isso era algo.
Decidiu tomar um banho quente, na esperança de lavar não apenas o cheiro da noite passada, mas também os resquícios da dor. A água escorreu por sua pele, levando com ela lembranças que não queria mais carregar. Mas era impossível evitar que os pensamentos voltassem para ele. Para os anos que passaram juntos, para os momentos bons, para as promessas quebradas.
Por mais que quisesse seguir em frente, havia momentos em que a tristeza a pegava desprevenida. Como quando viu a camisa dele ainda pendurada no guarda-roupa, ou quando esbarrou na cafeteira que ele tanto gostava. Pequenas lembranças que a faziam engolir em seco e lutar contra as lágrimas.
Respirou fundo e vestiu uma roupa cômoda. Precisava ocupar a mente. Pegou um livro na estante e se jogou no sofá, tentando se perder na história. Mas as palavras se embaralhavam, e ela percebeu que sua cabeça ainda estava cheia demais. Levantou-se e foi até a cozinha preparar um chá.
O celular vibrou ao lado dela. Um misto de esperança e medo fez seu coração acelerar, mas era apenas uma mensagem de uma amiga perguntando como ela estava. Sorriu com a preocupação, respondeu brevemente e decidiu que talvez fosse uma boa ideia sair. Passara tempo demais presa naquele apartamento, nas memórias que ele guardava.
Colocou uma música animada e, aos poucos, foi sentindo um pouco de leveza. Caminhou até a varanda e olhou para a cidade abaixo, movimentada como sempre. A vida continuava, independentemente do que acontecesse. E ela também precisava continuar.
Pegou um caderno e começou a escrever. Pensamentos soltos, sentimentos confusos, tudo o que não conseguia dizer em voz alta. Era um começo. Pequeno, mas significativo. Talvez nunca esquecesse completamente, talvez sempre houvesse um eco do passado em sua vida, mas isso não significava que não pudesse construir algo novo.
Enquanto terminava de escrever, percebeu que não estava sozinha. Estava cercada por si mesma, por sua força, por sua capacidade de recomeçar. E, por ora, isso era o suficiente.
Nos dias seguintes, Helena se permitiu explorar novas rotinas. Passou a frequentar um café próximo, onde gostava de observar as pessoas e imaginar suas histórias. Redescobriu o prazer de cozinhar apenas para si, sem pressa, sem expectativas. Aos poucos, a dor foi perdendo força, cedendo espaço para a esperança de um futuro melhor. E, mesmo que ainda houvesse momentos de tristeza, ela sabia que estava no caminho certo.
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