...🌸 Nota da Autora 🌸...
Essa história é fruto da minha imaginação e do meu coração. Todos os personagens, acontecimentos e lugares presentes neste livro são fictícios e foram criados por mim com muito cuidado e amor. Se, por acaso, algo aqui se parecer com a realidade, é apenas coincidência — ou talvez um pedacinho de inspiração que a vida me deu sem querer.
Quero deixar claro que não escrevo histórias de teor erótico. Minhas histórias são sobre sentimentos, conexões profundas, amor verdadeiro e recomeços que curam. É esse o tipo de luz que quero espalhar.
Peço que esse cantinho seja respeitado com a mesma leveza com que foi construído. Não tolero comentários maldosos, ofensivos ou desrespeitosos. Se minha escrita não tocar seu coração, está tudo bem — mas peço gentileza ao virar a página.
"Só se vive uma vez, mas se fizer bem, uma vez é o suficiente." 😉🍃
Beijos de luz e abraços do coração.
Da sua autora:
Bella Soares 💕
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...SOB A CHUVA, SEUS SEGREDOS....
A chuva caía incessantemente, formando poças por onde Clara passava. Um raio cortou o céu nublado, anunciando a tempestade que se aproximava. Os sapatos encharcados escondiam os pés doloridos e feridos de tanto caminhar. Há muito tempo ela havia perdido a noção de onde estava ou quanto já andara — só sabia que precisava estar o mais longe possível do seu passado conturbado.
O estômago roncava, implorando por alimento. Ela não sabia ao certo quando havia comido pela última vez. Talvez dois dias antes, quando uma senhora bondosa lhe ofereceu um pão recheado e um copo de leite, enquanto ela estava sentada em uma praça qualquer. Agora, já não sabia se estava perto ou longe daquele lugar.
Exausta, Clara parou para descansar. Seus pés não respondiam mais aos comandos do corpo. Estava em uma estrada longa e deserta, que parecia não ter fim — assim como a dor que carregava no peito.
Uma luz repentina refletiu ao seu lado. Uma caminhonete se aproximava e logo estacionou. Clara deu alguns passos para trás, instintivamente. Um senhor, aparentando ter entre cinquenta e cinquenta e cinco anos, com uma barba grisalha e um sorriso simpático, desceu do veículo.
Ela apertou com força o canivete escondido no bolso da capa de chuva preta, preparada para qualquer reação inesperada do estranho.
— Está perdida, mocinha? — perguntou o homem, com a voz calma. — Passei por essa estrada mais cedo e vi você andando na mesma direção. Precisa de ajuda?
Clara olhou com atenção para a caminhonete. Era o mesmo modelo, da mesma cor, que passara por ela uma hora antes do pôr do sol. Nem havia percebido o quanto tempo se passara desde então. Talvez seus passos cansados e sua mente atormentada tivessem distorcido a noção do tempo.
— Se quiser uma carona, posso levá-la até a vila — continuou o senhor, ao notar que a garota não respondia.
— Vila? — murmurou Clara, quase num sussurro.
— Sim, a cidade de Brisa Fresca. É tão pequena que todos se conhecem. Costumamos chamá-la de vila. Essa estrada leva até lá. É para onde está indo, certo?
Clara assentiu levemente, embora não tivesse ideia de onde queria chegar. Caminhava apenas com sua mochila e a capa de chuva. A única certeza que tinha era de que precisava fugir — o mais longe possível.
— Vai aceitar a carona? — o homem insistiu com gentileza.
Ela hesitou. A razão gritava que não devia confiar em desconhecidos, mas seus pés estavam prestes a desabar. E, se algo acontecesse, ela ainda tinha o canivete. Por fim, assentiu com a cabeça. O senhor abriu a porta com um sorriso acolhedor.
— Qual é o seu nome, menina? — perguntou, tentando quebrar o silêncio. — O meu é Joaquim.
— Clara — respondeu ela, simples, desviando o olhar para a janela.
Percebendo que ela não estava disposta a conversar, Joaquim respeitou o silêncio durante o trajeto.
Quando chegaram à vila, Clara já havia adormecido. O sono veio como consequência de dias mal dormidos e de um corpo cansado demais para resistir. Joaquim desligou o motor sem fazer barulho. Observou a jovem por um instante. Ela era bonita, mesmo com o rosto marcado por hematomas e um corte visível acima da sobrancelha.
Com cuidado, chamou seu filho para ajudá-lo a carregar a garota para dentro de casa. A chuva havia cessado temporariamente, mas as nuvens continuavam densas, ameaçando voltar a qualquer momento. A esposa de Joaquim, Amélia, ficou encantada ao ver a moça. Sempre fora seu sonho ter uma filha, mas infelizmente, após o nascimento do único filho, precisou retirar o útero.
— Quem é ela, meu bem? — perguntou a mulher, preocupada.
— Uma garota que encontrei perdida na estrada — respondeu Joaquim, enquanto se sentava à mesa e tomava um gole de café. — Acho que ela não sabia para onde ir. Talvez tenha fugido de casa. Quando acordar, podemos perguntar de onde veio e por que estava vagando sozinha por aí.
— Diga a ela para passar na delegacia. Talvez possam ajudá-la — sugeriu o jovem filho do casal, já de mochila nas costas. — Vou fazer uma viagem a trabalho. Provavelmente volto em dois dias. Se cuidem.
Joaquim apenas acenou em despedida, enquanto Amélia foi até o filho para abraçá-lo.
— Se cuide também, querido. Que Deus lhe proteja — disse ela, emocionada. O rapaz beijou sua testa e saiu pela porta, caminhando sob o vento que começava a soprar com mais força.
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Mais tarde, naquela mesma noite, Clara começou a se remexer no sofá. Um pesadelo tomou conta de seus pensamentos. Seus gritos despertaram o casal, que correu até a sala assustado.
— Calma, menina… você está segura — murmurava Amélia, tentando acordá-la com delicadeza.
Após algumas tentativas, Clara enfim se acalmou, mas seu corpo ainda ardia em febre. Amélia, com cuidado, trocou suas roupas molhadas, não sem notar os hematomas espalhados pelo corpo da jovem. O peito da mulher apertou-se com o que viu — marcas de dor, de fuga, de abandono.
Deu-lhe um antitérmico e permaneceu ao seu lado até que a febre baixasse. Aos poucos, Clara voltou a respirar com mais tranquilidade. Enfim, adormeceu novamente.
Enquanto isso, Joaquim observava a esposa com ternura e preocupação.
— O que será que essa menina passou? — murmurou ele.
Amélia segurou a mão da jovem adormecida, como se, naquele gesto, oferecesse a proteção que ela nunca teve.
— Seja o que for… agora ela está aqui. E nós vamos cuidar dela.
...Quando o Medo se Disfarça de Recomeço...
Pouco depois do amanhecer, Clara despertou assustada, sem saber onde estava. O desespero tomou conta de seu corpo, e, num reflexo, ela levou a mão ao bolso da capa de chuva — mas logo percebeu que não estava com ela. Nem a capa, nem o canivete.
Os olhos vasculharam cada canto da pequena sala em busca de pistas. Do sofá onde estava deitada até a televisão à sua frente, ela examinava tudo com atenção. Passou o olhar lentamente pelos quadros pendurados na parede e se deteve por alguns segundos em um deles: as pinceladas suaves formavam uma pintura abstrata.
"Faz tanto tempo desde que pintei pela última vez... Será que meus dedos, tão trêmulos e calejados, ainda conseguiriam criar algo bonito?" — pensou, distraída.
Logo depois, avistou sua capa de chuva sobre uma poltrona no canto. A lembrança da noite anterior voltou de forma fragmentada, e ela retomou a consciência de estar em território desconhecido.
Com passos cautelosos, aproximou-se da poltrona e pegou o canivete. Tentou reconstruir mentalmente os últimos acontecimentos. Lembrava-se da chuva, da estrada, do cansaço. Lembrava-se da caminhonete. Dormira durante o trajeto... então, só podia estar na casa do senhor que lhe oferecera ajuda.
Nesse instante, a porta se abriu devagar, e Joaquim entrou com um sorriso gentil no rosto.
— Bom dia — disse ele, sereno.
Clara apenas assentiu com a cabeça, ainda sem pronunciar palavra.
— Querida, venha tomar café. Aposto que está com fome — chamou Amélia, que estava na cozinha e agora se fazia notar. Clara nem havia percebido a presença dela até então. Repreendeu-se mentalmente por ter deixado passar um detalhe tão importante.
— Vamos, menina. A gente não morde... só a comida! — completou a mulher com um sorriso acolhedor.
Ainda desconfiada, Clara aproximou-se devagar e sentou-se na cadeira mais afastada da mesa. Seus movimentos eram contidos, e os olhos atentos analisavam cada gesto do casal. Pegou um pão e deu uma mordida pequena, sem tirar os olhos das duas figuras diante dela.
Aos poucos, foi percebendo que não havia ameaça ali. A tensão em seu corpo relaxou minimamente, o suficiente para que ela começasse a comer com vontade — como há muito tempo não fazia. Dava até para contar nos dedos quantas refeições completas tivera nos últimos meses.
— Está gostando da comida? Se quiser, posso cozinhar pra você todos os dias — comentou Amélia, animada.
Joaquim olhou para a esposa, percebendo sua empolgação exagerada, e interveio com leveza:
— Querida... assim você vai acabar assustando a garota. Vocês mal se conhecem. Vá com calma, tudo bem?
Mesmo contrariada, Amélia assentiu com um sorriso contido.
— Não quero incomodar. Hoje mesmo procuro um lugar pra ficar — disse Clara, enfim quebrando o silêncio.
A mulher se apressou em responder, parecendo um pouco culpada:
— Não é incômodo algum. Eu ficaria muito feliz se você ficasse.
O marido, vendo que ela ignorava o próprio bom senso, tentou conter, mas Amélia prosseguiu:
— Você pode morar com a gente. E... se quiser, posso te dar um trabalho na minha padaria. O que acha?
Clara pensou por um momento antes de responder.
— Aceito o trabalho... mas morar aqui não me parece apropriado. Acabei de conhecê-los e... preciso do meu próprio espaço. Um lugar onde eu possa ter privacidade — respondeu com firmeza.
Amélia baixou os olhos, visivelmente desapontada.
— Tudo bem, menina — disse Joaquim, compreensivo. — Minha esposa às vezes se deixa levar. O sonho de ter uma filha a faz agir por impulso. Mas... temos uma casinha no terraço da padaria. Costumamos alugá-la para turistas, mas no momento está vazia. Talvez sirva para você. Que acha?
Clara refletiu por alguns segundos. A proposta era boa. E parecia segura.
— Pode ser... desde que eu pague o aluguel — respondeu, decidida. E, antes que pudessem argumentar, voltou a comer como se não houvesse amanhã. Seu apetite, depois de tanto tempo reprimido, parecia ter sido despertado.
O casal compreendeu o recado. Ela precisava de espaço. Precisava de tempo. Então julgaram que não era o momento certo para perguntar sobre o passado que ela tentava esconder.
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Na mesma tarde, Joaquim levou Clara até sua nova casa. Ela ainda não confiava totalmente em ninguém — especialmente quando a bondade vinha fácil demais —, mas algo naquele casal lhe transmitia sinceridade. E isso era raro o suficiente para lhe dar um voto de confiança.
A casa era pequena, mas acolhedora. Não ocupava todo o terraço, e o restante do espaço formava uma varanda ao ar livre, com algumas plantas, um banco e uma mesa de madeira.
O interior era simples: sala conjugada com cozinha, um quarto e um banheiro. Por ser destinada a turistas, já estava mobiliada, mas ainda faltavam itens pessoais e detalhes de conforto que ela teria que providenciar.
"Será esta uma nova fase pra mim? Será que a vida está tentando me recompensar por tudo que tirou?" — pensou, sozinha, depois de se despedir de Joaquim, agora seu senhorio.
Diante do espelho, ela examinou o próprio reflexo. O rosto marcado por hematomas, os cabelos longos e claros... E, de repente, a lembrança.
Uma voz repulsiva sussurrou dentro de sua mente:
"Gosto do seu cabelo assim, longo e claro. Eu amo loiras..."
A risada que ecoou em seguida fazia seu estômago revirar. Clara correu ao banheiro e vomitou.
Decidida a romper com o passado, dirigiu-se até um salão de beleza que havia visto no caminho até ali. Ao entrar, foi recebida por uma mulher simpática, provavelmente na casa dos trinta.
— Olá, jovem! É sua primeira vez aqui, não é?
Clara assentiu.
— Em que posso te ajudar?
— Quero cortar o cabelo e voltar à minha cor natural.
A cabeleireira pediu que ela se sentasse e perguntou qual comprimento e cor desejava.
— Preto. E pode cortar até um palmo abaixo do ombro. Não quero ver loiro nunca mais na minha vida — disse com firmeza.
A mulher acatou o pedido. Quando terminou, Clara olhou-se no espelho e se viu diferente. Mais ela mesma. Mais livre.
No caminho de volta para casa, passou por uma pequena loja e comprou algumas roupas. As únicas peças que trouxera consigo eram três conjuntos de moletom e um par de chinelos. Felizmente, ela tinha uma quantia razoável de dinheiro guardada, reservada para quando encontrasse um lugar seguro onde pudesse recomeçar.
"Preciso estar preparada caso tenha que fugir novamente..." — pensou, ao dobrar uma esquina. "Essa é uma nova fase da minha vida, mas sei que virá cheia de desafios. E, honestamente, não sei se conseguirei enfrentá-los..."
...8 MINUTOS ...
O primeiro dia de trabalho na padaria foi mais estressante do que Clara imaginara. Se acostumar com o ambiente, com as pessoas, com a rotina, parecia ser um processo mais longo do que ela desejava. Tudo era novo e desafiador, e mesmo com a tentativa de se manter calma, ela sabia que essa fase de adaptação seria difícil.
Apesar de tudo, Clara estava decidida a fazer essa nova etapa funcionar. Ao menos, era isso o que ela tentava acreditar. A maioria dos clientes da padaria era simpática, e os vizinhos se mostraram receptivos, facilitando sua adaptação. No entanto, Clara sabia que, por mais que não tivesse interesse em se aproximar dos locais, ela precisaria aprender a interagir de forma harmônica com todos, caso quisesse continuar ali.
Seu momento mais tenso do dia, no entanto, veio na forma de um cliente rabugento que exigia um reembolso por não ter "gostado" do bolo. Clara, tentando manter a calma, explicou pacientemente que ele não poderia receber o dinheiro de volta.
— O senhor comeu toda a fatia, como pode dizer que não gostou? — perguntou, tentando esconder a frustração na voz.
O homem esbravejou, claramente irritado.
— Eu não desperdiço comida, por isso comi tudo. Mas estava horrível! — ele explodiu.
Clara respirou profundamente, tentando se manter firme.
— Então, por que pediu um segundo pedaço, se não gostou do primeiro? — ela perguntou, agora sem conseguir esconder a incredulidade.
O homem começou a gaguejar, uma desculpa sem sentido surgindo nos seus lábios.
— Porque... eu queria ter certeza de que não gostei.
A cabeça de Clara começou a girar, e ela se forçou a manter a compostura. Daria tudo para que essa conversa acabasse logo.
— Isso não faz sentido, senhor. Não posso devolver o dinheiro a todos os clientes que pedem um segundo pedaço apenas para "ter certeza" de que não gostaram. Se o senhor não podia gastar o dinheiro, não devia ter comprado. Agora, por favor, pare de atrapalhar o meu trabalho — Clara disse, sua paciência esgotada.
Jogou o avental sobre o balcão e saiu apressada para a cozinha, deixando seus colegas resolverem o problema.
Enquanto tentava acalmar a mente e esquecer o ocorrido, a tontura persistia. Isabela, sua colega de trabalho, apareceu na cozinha, notando o semblante de Clara.
— Eu sei que exagerei, mas vou voltar e pedir desculpas a ele — Clara disse, com os olhos fechados, esperando que a tontura passasse.
Isabela, no entanto, sorriu com confiança.
— Não. Você fez certo. Aquele velho é insuportável e sempre arruma uma desculpa para conseguir reembolso. Alguém precisava enfrentá-lo. E eu acho que ele ficou com vergonha. Não vai voltar tão cedo — ela disse, quase como se estivesse assistindo a um episódio emocionante de uma série de TV.
Clara ficou pensativa por um momento, ainda achando que havia feito a padaria perder um cliente.
— Eu acabei de fazer a padaria perder um cliente... logo no meu primeiro dia — Clara murmurou, com a cabeça baixa.
Isabela deu um tapinha animado no ombro de Clara.
— Não se preocupe com isso. A padaria tem muitos clientes. Não vamos falir por causa de um velho que sempre quer dinheiro de volta. Aliás, você acabou de nos salvar de perder todos os clientes que ele tentar enganar! Deveria te agradecer por proteger o meu emprego — Isabela brincou, tirando um sorriso tímido de Clara.
Apesar de tudo, Clara sentiu que, naquele momento, precisava de algo diferente. Algo que a tirasse um pouco da rotina exaustiva e da tensão do primeiro dia.
Isabela, percebendo isso, se aproximou com entusiasmo.
— O que acha de sairmos para fazer compras hoje? Sempre quis fazer isso com uma amiga, mas nunca tive uma amiga que valesse a pena continuar a amizade — ela disse, olhando Clara com uma animação que parecia contagiar a todos ao seu redor.
Clara a olhou sem entender muito bem.
— Você acabou de me conhecer. Por que acha que eu seria uma boa amiga para você? — perguntou, cética.
Isabela olhou profundamente nos olhos de Clara, com uma confiança absurda.
— Porque eu tenho uma intuição para essas coisas. E eu sei que você será a minha melhor amiga — disse com uma certeza inabalável. — Agora precisamos definir um código de segurança.
Clara olhou para ela, confusa.
— Código? Como assim?
Isabela não parecia incomodada com a confusão de Clara.
— Um código para emergências. Sabe, caso uma de nós precise da ajuda da outra urgentemente. Todas as melhores amigas têm um código assim, não sabia?
Clara franziu a testa, tentando entender o que estava acontecendo.
— Eu não tenho certeza sobre a sua afirmação — Clara respondeu, mas antes que pudesse argumentar, Isabela lhe deu um tapa brincalhão.
— Não importa! Vamos ter o nosso código, porque eu decidi que sim! — disse, com um sorriso travesso, que arrancou um leve sorriso de Clara, talvez o primeiro em muito tempo. — Você é bem mandona, né? — Clara riu, surpresa.
Isabela colocou um óculos imaginário e, com uma voz dramática, respondeu:
— Sou muitas coisas, meu bem, e você ainda não viu nem a metade! Agora, diz, qual vai ser o nosso código?
Clara pensou por um momento e teve uma ideia.
— 8 minutos.
Isabela a olhou atentamente, esperando a explicação.
— Eu vi uma vez, em algum lugar, que quando estamos mal, só precisamos de 8 minutos de um amigo para ficarmos bem de novo. Então, se precisarmos uma da outra, podemos dizer “Tem 8 minutos?”, e saberemos que é hora de largar tudo o que estamos fazendo para ajudar a nossa amiga — explicou Clara, com um sorriso tímido no rosto.
Os olhos de Isabela brilharam.
— Isso é perfeito! Eu sabia que tinha escolhido a pessoa certa! Agora, vai para casa, se arruma e me espera! Nos encontramos às 16 horas para ir ao shopping. Tem que ser cedo, ou não vamos conseguir aproveitar muito, e o shopping fica um pouco longe!
Clara, embora ainda estivesse cansada, sentiu uma onda de empolgação.
— Eu ainda tenho que trabalhar. Meu expediente só acaba às 15 horas. Depois eu vou me arrumar. Mas, agora, uma pia cheia de louças me espera — disse, se levantando para continuar seu trabalho, mas foi impedida por uma Isabela muito séria.
Isabela, olhando-a com uma expressão preocupada, disse:
— Você não parece bem, vai para casa e descansa. Se estiver melhor, vamos sair mais tarde. Se não, podemos ficar deitadas assistindo a filmes.
Clara tentou protestar, mas Isabela não a deixou. Ela pegou a bolsa de Clara, colocou seus pertences lá dentro e a empurrou gentilmente para fora da cozinha.
— Felizmente, a sua casa fica na parte de cima. Então não vai precisar andar sozinha nesse estado. Você está muito pálida. Vamos passar no hospital primeiro para fazer um exame — Isabela disse, com a voz de quem não aceitava uma resposta negativa.
Clara tentou negar, mas Isabela estava decidida.
— Estou bem, de verdade. Deve ser só uma leve desnutrição, não tenho me alimentado bem ultimamente — Clara tentou se justificar.
Isabela fez uma cara de incredulidade.
— Uma leve desnutrição? Você está se ouvindo? — ela disse, quase sem acreditar. — Isso não tem nada de simples! Agora, vamos ao hospital, fazer exames. Não se brinca com a saúde, Clara. Uma anemia leve pode se tornar grave de repente. E você sabe disso!
Clara não teve escolha, e antes que pudesse argumentar mais, Isabela já a estava empurrando para fora da padaria. Ela finalmente cedeu, deixando-se ser cuidada, e, embora um pouco relutante, sentiu uma estranha sensação de conforto por ter alguém se importando com ela.
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Quando chegou em casa, a ânsia de vômito a tomou de surpresa assim que sentiu o cheiro da essência de baunilha que ela comprara para a casa. Correu para o banheiro e despejou tudo o que havia comido. Aproveitou para tomar um banho quente e, ainda de toalha, deitou-se na cama e caiu em um sono profundo e reparador.
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