Um homem parecia ocupado folheando as páginas de um livro grosso. Estudava cada conhecimento do livro intitulado "Fisiologia Médica". De vez em quando, subia seus óculos grossos.
Seu nome era Rendra Gunawan. Era um jovem de 22 anos que agora estudava na Faculdade de Medicina de uma prestigiosa universidade do país.
Poder-se-ia dizer que Rendra era sortudo, porque entrou para a carreira de medicina puramente por sua inteligência. Sim, ele pôde estudar essa carreira mediante uma bolsa de estudos.
Por isso Rendra estudava com muito afinco. Não ia desperdiçar seu tempo na universidade assim por assim. Não lhe importava que frequentemente fosse assediado e subestimado por outros estudantes.
Rendra vivia com sua mãe. Sua mãe trabalhava como faxineira em um bordel. Com passo lento, a mulher entrou no quarto de Rendra. Um sorriso se desenhou em seu rosto, que começava a enrugar-se.
—Ren, você vai para a universidade, não é? Poderia de passagem levar um bolo ao bordel? A senhorita Dita me encomendou este bolo —disse Arini.
—De acordo, mãe. Levarei depois —respondeu Rendra brevemente, enquanto se concentrava em seu livro.
—Mas se você estiver ocupado, deixe que eu...
—Não! Já terminei, mãe. —Rendra fechou seu livro imediatamente. Colocou sua jaqueta esfarrapada para poder sair logo. Rendra também não esqueceu de pentear seu cabelo engomado. Seu cabelo parecia rígido porque havia colocado muita gomina. A camisa de Rendra também estava metida dentro das calças. Ele era verdadeiramente a definição de um jovem nerd.
Arini negou com a cabeça enquanto sorria levemente. Realmente, sempre se sentia sortuda de ter um filho como Rendra. Além de ser bom e obediente, Rendra também era muito inteligente. Rendra era o tesouro mais valioso que Arini possuía.
Para Rendra, havia se tornado habitual ir e vir do bordel. Encontrar-se com as prostitutas era algo habitual para Rendra. Seu nome também era bastante conhecido pelas pessoas do bordel. Inclusive pelos valentões que frequentemente passavam o tempo ali.
No entanto, para Rendra, eram apenas conhecidos. Alguns também os considerava amigos. Embora tivessem um trabalho mal visto, não significava que os habitantes do bordel não tivessem bom coração.
Agora Rendra havia chegado ao bordel. Primeiro estacionou sua bicicleta. Uma bicicleta caindo aos pedaços, herança de seu pai, que já estava velha. Apesar disso, esse objeto havia sido muito útil para a vida de Rendra.
—Eh, chegou Mas Cetar. Onde está sua mãe, querido? —cumprimentou uma prostituta que frequentemente chamavam de Siren. Parecia ocupada estendendo a roupa. Siren vestia roupas mínimas que deixavam ver seu decote e a parte superior de suas coxas claramente expostas.
Cetar, assim era como os habitantes do bordel apelidavam Rendra. Cetar era um jogo de palavras de "calon dokter" (futuro doutor), que deveria ter sido abreviado como "cater". Mas mudaram o apelido porque "Cetar" era mais fácil de pronunciar. Rendra já estava acostumado a que o chamassem assim. Especialmente desde que havia conseguido entrar na faculdade de medicina.
—Mamãe está em casa, senhorita. Só vim entregar um bolo —respondeu Rendra amavelmente. Já estava acostumado a interagir com as prostitutas, inclusive desde que Rendra era pequeno. Antes, quando era criança, não era raro que Rendra brincasse no bordel com seus habitantes. Incluída a própria Siren. A idade dessa mulher agora já rondava os quarenta.
—Oh... um bolo, então? Para quem? —perguntou Siren.
—Para a senhorita Dita —respondeu Rendra enquanto se aproximava de Siren—. Posso deixá-lo encarregado, senhorita? Porque depois disso vou para a universidade —acrescentou.
—Sim, pode. Darei para Dita mais tarde. Casualmente, ela saiu para comprar comida —respondeu Siren, que havia terminado de estender a roupa. Aproximou-se de Rendra. Pegou o bolo que estava na mão do jovem.
Ao mesmo tempo, ouviram-se gritos de pânico de dentro do bordel.
—Socorro! Bang Edho desmaiou! Caiu das escadas! —gritou Lilly, que também era uma prostituta dali.
Ao ouvir a emergência, Rendra reagiu rapidamente. Apresou-se em procurar onde estava Edho. Seu instinto de médico despertou instantaneamente. Rendra sempre era assim quando encontrava alguém em perigo. Parecia que ser médico era seu destino.
Edho jazia indefeso no chão. Ele havia caído da escada após ser eletrocutado acidentalmente enquanto instalava uma lâmpada.
Rendra se apressou para prestar os primeiros socorros a Edho.
— O que aconteceu, Ren? Bang Edho está bem? — perguntou Lilly. Ela estava preocupada porque Edho era um amigo próximo. A presença de Edho ali também se devia ao fato de que Lilly havia pedido ajuda para trocar a lâmpada de seu quarto.
Rendra não disse nada. Estava ocupado prestando os primeiros socorros. Rendra pressionou repetidamente o peito de Edho. De vez em quando, também lhe dava respiração artificial.
Após dois minutos, Edho finalmente recuperou a consciência. Mesmo assim, tinha dificuldade para respirar. Edho parecia ter dificuldade para respirar. Seu corpo também estava debilitado.
Rendra voltou a agir. Tirou um nebulizador de sua bolsa. Rendra costumava carregar esse aparelho desde que era médico interno no departamento de medicina interna.
Após usar o nebulizador, o estado de Edho melhorou lentamente. Todos que presenciaram a tensa cena sentiram um alívio imediato.
Edho parecia um pouco atordoado, mas agora estava completamente consciente. Sua dificuldade para respirar também havia cessado. Lentamente, mudou de posição até sentar. Como pessoa mais próxima, Lilly o ajudou rapidamente.
— Obrigado, Ren. Não sei o que teria acontecido se você não estivesse aqui — expressou Lilly.
— Não há problema. Bang Edho apenas sofreu uma descarga elétrica. Mas se o tivéssemos levado ao hospital, temo que não teria chegado a tempo. Porque a descarga elétrica atacou diretamente seu coração e pulmões. Além disso, Bang Edho também caiu, embora não de uma altura muito grande — explicou Rendra detalhadamente.
— Obrigado, Mas Doutor! — disse Edho enquanto dava um tapinha no ombro de Rendra.
— Não diga isso, Bang. Ainda estou aprendendo — respondeu Rendra, sentindo-se envergonhado.
— Bah! Para mim você é um médico de verdade! — replicou Edho. Imediatamente o levaram para o quarto para que descansasse.
Enquanto isso, Rendra tinha que ir para a universidade. Antes disso, recebeu uma série de elogios das pessoas que haviam presenciado sua ação.
O rosto de Rendra ficou vermelho pelos elogios dos habitantes do bordel. Em seguida, dirigiu-se à universidade com um amplo sorriso. Rendra sempre se sentia feliz quando seus conhecimentos podiam ser utilizados para ajudar as pessoas.
No entanto, o sorriso no rosto de Rendra não durou muito. Especialmente quando chegou à universidade.
Mal havia dado alguns passos Rendra deixando sua bicicleta no estacionamento, quando ouviu um alvoroço. Ouviu-se claramente como sua bicicleta caía. Ao mesmo tempo, também se ouviram as risadas de várias pessoas.
Rendra se virou. Viu um grupo de homens chutando sua bicicleta.
Rendra conhecia muito bem o grupo de homens que agora rodeava sua bicicleta. Não eram outros senão Vino, Jeki e Sandi. Essas três pessoas eram parte da gangue que frequentemente assediava Rendra. Faziam isso porque sentiam inveja, já que Rendra sempre obtinha boas notas e era o estudante favorito dos médicos e professores. Honestamente, na universidade Rendra tinha muitos detratores devido à sua inteligência.
Ao ver sua bicicleta caída, Rendra retornou rapidamente ao estacionamento. Tendo em vista que a bicicleta era o único meio de transporte que utilizava para ir à universidade.
— Parem! — disse Rendra enquanto se apressava para levantar sua bicicleta.
— Uma bicicleta tão caindo aos pedaços e ainda há quem a use. Que antiquado você é! — comentou Vino enquanto exalava uma baforada de fumaça do cigarro que estava consumindo.
— As pessoas inteligentes são assim, Vin. Logo ficará careca como o Pak Ali! — respondeu Jeki, unindo-se à zombaria.
— Que gente inteligente. De nada serve ser inteligente se você é pobre! — interveio Vino. Ele e seus dois amigos riram.
— Vamos embora! Me dá preguiça ver a cara desse puxa-saco! — exclamou Sandi.
— Espere um momento. — Vino se abaixou e então cravou o cigarro ainda aceso na roda da bicicleta de Rendra.
— Ei! — Rendra tentou detê-lo. Mas, em vez disso, recebeu um dedo do meio de Vino.
Depois de criar um escândalo, Vino simplesmente se afastou de Rendra. A bituca de seu cigarro tinha conseguido furar o pneu da bicicleta de Rendra.
Rendra suspirou profundamente. Esse tipo de incidente já era habitual. Em um mês, certamente encontraria sua bicicleta danificada. No entanto, Rendra nunca tomou nenhuma atitude para enfrentar os assediadores, especialmente se não o intimidassem excessivamente. Para Rendra, ainda podia suportar, desde que o assédio não chegasse ao âmbito físico.
Além de ser inteligente, Rendra também podia ser considerado mentalmente forte. Veja só, ele conseguia até enfrentar com calma os assediadores que o incomodavam. Isso também não era um obstáculo para que Rendra buscasse conhecimento.
Agora Rendra entrava no campus. Casualmente, tinha algo para resolver ali. Levando em conta que foi escolhido como candidato para um intercâmbio de estudantes no exterior. Rendra sentia curiosidade pelo conhecimento que obteria em um país estrangeiro.
Depois de resolver seus assuntos, Rendra foi diretamente para o hospital. Por enquanto, estava designado como médico interno no departamento de medicina interna. Na própria educação médica, existe um período chamado de período de internato ou a etapa final na preparação dos estudantes para se tornarem médicos. Nesta etapa, os estudantes de medicina receberão tarefas práticas em vários departamentos de especialidades do hospital.
Faziam mais de três meses que Rendra estava em seu período de internato. Já havia passado pelo período de internato no departamento de pediatria.
Naquele dia, Rendra estava encarregado de atender um paciente em diálise. O paciente era relativamente muito jovem. Exatamente 18 anos. Seu nome era Anika.
Anika jazia na cama do hospital com o olhar perdido. Esta já era sua trigésima diálise.
"Doutor... Poderei me curar? Até quando seguirei assim?...", sussurrou Anika. Seus olhos pareciam vidrados.
Rendra sorriu levemente enquanto examinava o estado físico de Anika. "Não diga isso. Deveria estar agradecida, porque sua doença pode ser tratada. Também pode caminhar como de costume. Há muitos pacientes neste hospital cujas doenças não podem ser tratadas", respondeu extensamente.
"Mas estou cansada, doutor... Não consigo trabalhar. Por isso também meu namorado me deixou...", soluçou Anika.
Rendra e as duas enfermeiras presentes trocaram olhares. Encontrar pacientes desesperados como este era certamente algo comum.
"Tudo pronto, doutor. Podemos realizar o procedimento de diálise", acrescentou Fitri, uma das enfermeiras que agora acompanhava Rendra.
Rendra assentiu. "Espere um momento", disse enquanto olhava para Anika.
"Não deve sentir que não tem esperança em sua vida. Se continuar assim, como poderá se curar? Porque geralmente as pessoas que se curam rápido são aquelas que acreditam que se curarão. Que acreditam que tudo ficará bem. Esqueça as pessoas que te machucaram", disse Rendra extensamente. Realmente era o tipo de médico que se preocupava com seus pacientes. Pelo menos por agora.
Anika começou a chorar. Por isso, Rendra realizaria o procedimento de diálise quando Anika estivesse pronta.
…***…
Depois de realizar o procedimento de diálise, Rendra estava ocupado seguindo o doutor Reza. O doutor Reza era um médico especialista sênior em medicina interna e também supervisor dos médicos internos no hospital Hermawan.
O doutor Reza tinha vários pacientes internados no hospital. Junto com dois companheiros, Rendra estava ocupado anotando coisas importantes relacionadas ao diagnóstico e à doença.
Naquele dia, o doutor Reza também recebeu um novo paciente que padecia de câncer no sangue. Convidou os médicos internos para a sala de cirurgia. Agora estavam em uma sala com todo o equipamento esterilizado.
O doutor Reza olhou seriamente para os médicos internos um por um. Incluindo Rendra.
"Sabem o que vou fazer nesta sala?", perguntou o doutor Reza.
Rendra já havia aberto a boca para responder. Mas Ian foi mais rápido.
"Realizar um procedimento cirúrgico, não é, doutor?", disse Ian.
"Um moleque também saberia que agora vou realizar uma cirurgia! Estava perguntando que tipo de cirurgia vou realizar. Vocês querem ser médicos e pensam tão superficialmente!", repreendeu o doutor Reza com os olhos esbugalhados. "Ser médico não é uma brincadeira!", acrescentou.
De fato, a maioria dos médicos supervisores eram severos. Levando em conta que a ciência médica está estreitamente relacionada com a vida humana. Rendra não conseguia imaginar quão severo seria o médico que encontraria no departamento de cirurgia.
Ian baixou a cabeça. Não voltou a falar porque não sabia qual procedimento cirúrgico o doutor Reza realizaria. Erik fez o mesmo.
Ao contrário de Rendra. Ele, que sabia, falou imediatamente. "Biópsia da medula óssea, doutor! Realizamos este processo para conhecer a progressão da doença do paciente", expressou.
O doutor Reza assentiu. "Exato! Você é inteligente. Nesse caso, você e você, para fora!", ordenou, expulsando Erik e Ian.
"Mas, doutor. Nós--"
"Para fora!", disse o doutor Reza com firmeza. Aparentemente, não mostrava indulgência com os médicos internos com conhecimentos limitados.
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