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A Conquista

Voando para Londres

A Conquista

Capítulo 1

 

- Susan e Caroline façam uma boa viagem. E que de tudo certo na casa de seu tio, Richard.

Susan Martins achou estranho ouvir sua mãe dizer aquilo. Como se ela e sua irmã não soubessem se cuidarem sozinhas. Sabia que não estava sendo nada legal ter que deixar sua mãe com tantos problemas para resolver, enquanto ela e sua irmã mais nova estavam indo viajar para a casa de seu tio em Londres.

No começo achou a ideia de sua mãe meio que ridícula, mas não poderia recusar aquela oferta que seu tio estava lhe oferendo por lá.

Há uns seis meses atrás a situações começaram a aparecer quando seu irmão mais velho havia sofrido um acidente de carro e falecendo uns dias depois no hospital. Depois seus pais não conseguiam nem se olhar um para o outro como se um fosse culpado pela morte do único filho homem. Não os culpava por estarem naquela situação, mas também não estava feliz por saber que seus pais estavam se separando por causa do seu irmão. Ao pensar que pessoas ficariam mais felizes por passarem o sofrimento juntos, aquele negócio de na saúde e na doença era tudo mentira. Nem todos levavam os votos a sério num casamento. Tudo o que já vira era tudo bobagens e esperava não ter que passar por aquilo.

Esperava que não acontecesse nada com sua mãe na sua ausência. Não pretendia ficar muito tempo fora já que odiava ter que sair de sua cidade para apenas um pequeno trabalho que surgira para ela temporariamente, apenas para pôr em seu currículo. Já Caroline só estava indo para ficar com seu tio que estava doente, enquanto sua mãe ficava sozinha. Dizendo ela que não achava ruim ficar sozinha, já que estava querendo ficar sozinha e colocar a cabeça no lugar.

Ao abraçar sua mãe disse:

- Nós ficaremos bem. Não se preocupe. – Ela forçou um sorriso.

- Eu sei, querida. Estarei bem e podem me ligar o quanto quiser. – Sua mãe falou. – Deus acompanhe..

Se despediu de sua mãe com mais um abraço e só então seguiram em direção ao embarque. Sentiu uma lagrima escorrer pelo seu rosto e sentiu se uma idiota por estar deixando isso tudo para trás. Sua mãe não podia ficar sozinha naquela cidade. Nova York podia ser uma cidade maravilhosa, mas não garantia uma segurança para sua mãe, ainda mais sozinha.

Mas por outro lado ela sabia que sua mãe não faria nada de errado e que sabia muito bem se cuidar, enquanto elas ficavam ausentes.

A viagem lhe faria bem e precisava se afastar um pouco de tudo, até que tudo se resolvesse. Afinal tinha acabado de ser despedida do seu primeiro e melhor emprego. Ela sabia que a clínica não estava em crise a ponto de manda-la embora para corta gastos e pensar que ela era a única fisioterapeuta boa daquele lugar, ate um idiota roubar o seu lugar. Foi aí que ela descobriu que não estavam cortando gastos, estavam apenas trocando de funcionário.

Ao entrarem no avião sua irmã a cutucou para que ela acordasse. Estava parecendo um zumbi andado acordada sem rumo.

- O que foi?

- Será que da para ficar mais acordada.

- Mas eu estou acordada.

- Não parece. Sei que não e fácil deixar a mãe, mas o tio precisa da gente e a Raquel prometeu aquele trampo para você.

Raquel era sua irmã mais velha, que havia ido a Londres para fazer seu estagio numa empresa e por fim acabara ficando por lá, arrumara um marido e tido uma filha linda. A ultima vez que a vira fora no enterro de seu irmão, ela não costumava ir muito a Nova York depois que fizera a sua vida em Londres.

Londres a cidade era vibrante, moderna, elegante, movimentada, riquíssima em cultura e opções de entretenimento. Características como essas, entre tantas outras, deixam claro por que Londres é um dos destinos mais procurados do mundo. A capital da Inglaterra e do Reino Unido é, também, a sede da monarquia britânica, cidade que abriga o Big Ben e tantos outros cartões-postais famosos, como a ponte da Torre de Londres, que fica a margens do rio Tâmisa; o palácio de Buckingham; a Abadia de Westminster, além de vários museus interessantíssimos.

Sem dar muita atenção ao que Caroline disse, colocou seu fone de ouvido e preferiu que sua viagem fosse tranquila e não que sua irmã ficasse lhe enchendo o saco.

Depois de quase oito horas de viagem, chegaram finalmente em Londres. Estava exausta e não via a hora de tomar um banho e se deitar.

Susan ficou perdida quando percebeu que estavam no aeroporto de Heathrow, um dos mais movimentados do mundo e é lá que os voos diretos do Brasil aterrissam, assim como várias conexões vindas de outros locais da Europa.

Ficou feliz por Raquel conseguir encontra-las tão rápido, já que estavam duas tontas olhando para lá e para cá.

- Como foi a viagem? – Raquel perguntou assim que entraram no carro.

- Foi tranquila.

- Susan passou a parte toda da viagem com o fone de ouvido. Ela odeia minha presença. – Balbuciou Caroline.

Susan fez careta.

- Não odeio sua presença. Só acho que preciso de espaço.

- Que espaço? Você precisa mesmo é de um cara na sua vida.

Susan não disse nada, apenas observou do lado de fora. Era outono em Londres e a cidade costumava ainda estar coberta dos tons de vermelho, amarelo e marrom tão característicos da época. Lindo! As atrações não estão cheias como o verão, faz um friozinho gostoso para se usar casacos elegantes, sem bater queixo, e o clima do natal já começa a tomar conta da cidade. Apesar de ainda não oficialmente inverno, faz frio em novembro, e há probabilidade de nevar (embora isso aconteça raramente). Em média, em dez dias do mês chove mais de 1mm. Os dias são curtos, o sol nasce às sete e meia e se põe pouco depois das quatro da tarde.

Ela fingiu não escutar as coisas que suas irmãs discutiam, mas era impossível. Estavam falando novamente sobre o divorcio de seus pais e a morte de John. Era a coisa mais chata de se conversa depois de uma longa viagem, queria fechar os olhos e não ter que reviver toda essa estória chata novamente.

Seu tio morava em Notting Hill. Eternizado pelo clássico dos cinemas “Um lugar chamado Notting Hill”, essa landmark de Londres é uma graça. Pacata e agradável, o bairro, que nem é tão distante do burburinho londrino assim, parece ser capaz de tele transportar para um lugar longe, a par da correria da metrópole. São cafés, lojinhas e casas no estilo vitoriano. Porém, há dois acontecimentos que transformam a atmosfera tranquila do lugar. Um deles é a feira de antiquário da Portobello Road, que funciona em sua tonalidade. E o outro é Notting Hill Carnival, o carnaval que acontece em agosto. É surpreendente.

Raquel parou o carro em frente a casa de seu tio e ficou surpresa quando percebeu que seu tio havia reformado a casa, pois lembrava da casa de como ela era. Afinal passara muitos verões ali nos tempos do colégio.

Tio Richard as recebeu um belo abraço caloroso. Era grata por ele a recebe-las depois de adultas, ainda mais quando uma havia sido despedida do serviço e outra que nem havia trabalhado ainda.

Ela riu por dentro achando aquilo tudo uma tremenda bobagem. Ela merecia tirar umas férias e conhecer gente nova, afinal não seria sua única chance de estar ali.

- Então, como estão vocês duas?

- Estamos muito bem. – Susan respondeu.

- Não estamos, não. – Caroline contradizeu. – Como o senhor sabe, Susan foi despedida da clínica e eu nem pude termina a faculdade.

Tio Richard deu um suspiro, e só então sua tia Carla apareceu, saudou as com abraços e depois saiu dizendo que trazeria algo quente.

- Isso vai passar. – Ele disse, assim que sua mulher saiu do aposento.

- Se o senhor diz.

- Meninas, escutem. Não é o fim do mundo, vocês estão em Londres agora. – Ele disse. – Nós vamos ajudar vocês duas.

- Eu falei com o Sr. Walter e ele vai ver o que pode fazer por vocês. – Raquel interferiu. – Sam é o braço direito do Sr. Walter. Então será mais fácil conseguir alguma coisa na empresa dele.

Raquel havia conseguido um emprego na empresa daquele homem há uns dois anos e parecia feliz estando por lá. Esperava também conseguir alguma coisa, nem que não fosse na sua área de trabalho. O que não fazia por dinheiro, afinal.

- Ótimo, estou aceitando qualquer coisa que de para mim fazer minha vida. – Susan falou.

- Mas você é fisioterapeuta... formada.

- Não importa. Quando a situação aperta não posso fica escolhendo.

Caroline ficou boquiaberta.

- Isso não é justo.

- Bem, o emprego é para mim... e você fica com o tio Richard. – Susan já foi dizendo.

- Não briguem meninas. Não estou precisando de cuidados tanto assim.

- Mas é claro que precisa. Está ficando um velho chato e precisa sair um pouco da minha saia. – Tia Carla apareceu com a bandeja cheia de canecas fumegantes.

Ela adorava os chocolates quentes de sua tia, ela costumava colocar alguns pedacinhos de marshmello dentro.

Susan deu uma risadinha, ao pegar a sua caneca de chocolate quente.

- Como senti falta disso.

- Ah querida. Agora terá sempre que quiser. – Sua tia falou toda sorridente.

Ela agradeceu e ficou feliz por saber que era bem vinda ali e aliviada por saber que teria algo para fazer, estava disposta a enfrentar qualquer coisa que estivesse ao seu alcance.

O celular de sua irmã tocou, era o marido dela, provavelmente ligando para que ela fosse embora. E acertou na mosca quando ela anunciou a partida, dizendo que voltaria no dia seguinte.

A entrevista

...Capítulo 2...

Sua tia Carla ficou ali conversando com elas duas. E novamente teve que falar sobre o divorcio de seus pais e a morte de John. Quando é que eles parariam de falar sobre aquilo. Cansada daquilo, pediu para sua tia que precisava descansar por causa da viagem. Ela mostrou o quarto em que as duas ficariam e gostou de imediato, afinal era o quarto em que elas costumavam ficar quando viam nos verões. Era pequeno, mas aconchegante. Duas camas de solteiro muito bem arrumadas estavam no meio do quarto, e um pequeno guarda-roupa e um criado mudo apenas completava o quarto. 

- O que você tem? – Caroline indagou assim que ficaram a sós no quarto.

- Não tenho nada. E pare de bancar a coitada aqui. – Ela respondeu. – Não estamos precisando de caridade.

- Você odeia sua família?

- Não. Mas também, não precisa ficar dando uma de coitada. Estamos aqui, porque a mamãe precisa de espaço. – Ela pausou. – E outra pare de ficar falando do divórcio e do John.

Caroline engoliu em seco.

- Sei que não é fácil. Mas sei que precisamos colocar a vida para frente.

- Sei disso. E por isso precisamos esquecer tudo o que deixamos em Nova York, menos a mamãe é claro.  E não quero ficar igual a mamãe e a Raquel.

- Como assim?

- Olha, não quero ter que conhecer alguém e acabar ficando igual a Raquel... uma chata. E não quero ficar igual a mamãe uma depressiva. – Susan, sabia que não poderia ficar se comparando com sua irmã e mãe, pois poderia ser melhor.

- Sempre pensei que você fosse uma estranha..., mas agora não tenho dúvida nisso.

Susan riu.

- Como você é tonta.

 

Na manhã seguinte, Susan levantou-se cedo e ajudou sua tia com o café da manhã, depois foi chamar sua irmã que ainda dormia. Caroline sempre dormia bem, não importava aonde estavam, agora ela nem sempre conseguia dormir. Passara a maior parte da madrugada se revirando preocupada com o que poderia ser útil na empresa do sr. Walter. Não sabia sobre o que era a empresa e ficaria muito infeliz não poder ser o que ela sempre gostara de fazer.

Infelizmente não poderia se dar ao luxo de escolher. Aceitaria qualquer coisa que pudesse fazer para poder seguir em frente e reconstruir sua vida.

Sua irmã Raquel apareceu depois que já haviam tomado o café da manhã e ficou feliz ao saber que o sr. Walter iria recebê-las na casa dele depois do almoço para conversar com ela ou com Caroline.

- Ele tem que viajar a negócios e pediu para avisar que tem uma proposta para uma de vocês.

- Ah sim... e você sabe qual é a proposta? – Caroline indagou.

- Na verdade, não sei. Mas ouvi ele conversando com a filha dele ao telefone ontem de que precisava de uma babá urgente para o neto.

- Aff de babá não quero, não. Pode ficar para você, Susan. – Caroline falou. – Cuida de criança não é comigo não.

Raquel riu.

- O neto do sr. Walter é uma criança maravilhosa.

- Sei.

- Os filhos dele também são maravilhosos. – Raquel contou com um sorriso. – Vai adorar conhecê-los.

- Serio?

- Sim. Mas um deles está viajando a negócios, mas vai poder conhecê-lo, não fica sem passar o natal com a família. – Ela começou a contar. – Jonathan ficaria muito bem com a Susan.

Susan arregalou os olhos, surpresa. Não estava afim de conhecer homem nenhum e muito menos o filho de seu futuro patrão.

- Não, obrigada.

- Você diz isso agora. Wesley é bem mais legal, que o Jonathan, apesar de quase não poder vê-lo já que passa a maior parte do tempo trabalhando. – Ela continuou. – Já o Jonathan, é o filho mais velho, ele sempre está ao lado do pai, é mais sério e egocêntrico.

- Por que está nos contando sobre eles? – Susan perguntou.

- Quero deixar vocês informados sobre os dois. Não é fácil ter que chegar numa casa e não saber de nada sobre eles.

- É a sra. Walter?

- Bem, aí já é uma longa estória para contar. A segunda mulher do sr. Walter já é falecida... a outra do primeiro casamento continua infernizando a vida dele.

Susan assentiu e não disse nada. Não queria saber sobre eles, estava mais interessada em conseguir logo o emprego para fazer sua vida.

Pediu licença e foi para o quarto, deixando Raquel conversando com Caroline sobre a família rica. Não estava afim de ficar fofocando sobre ninguém e muito menos interessada em saber sobre os filhos do homem. Aposto que eram mimados e mulherengos.

Depois do almoço ela foi com Raquel para a casa dele, como combinado. O cara morava em Hampsted, sabia que lá era uma área tranquila e bem pouco explorada pelos turistas. Era um bairro que fica em torno de 6km ao norte do centro de Londres. E por conta desta distância, muita gente que passa pela cidade, sequer imagina o que encontra na área. Antigamente, o local era uma vila rural, que acabou atraindo muitos artistas para fugir da agitada Londres e se inspirar para suas obras. Atualmente, o bairro conta com diversas mansões e reúne a maior quantidade de milionários no Reino Unido. Para tanta gente endinheirada viver no bairro, algo ele deve ter de especial. Andar pelas ruas de Hampsted é como volta no tempo. Em alguns momentos nem parece que você está andando em Londres. Ruas tranquilas, crianças brincando nos parques, casarões antigos bem preservados, nada de prédios altos ou grandes concentrações de pessoas. Passar um dia em Hampsted é simplesmente adorável.

Susan ficou boba ao ver que pararam em frente há um casarão lindo. A entrada havia um enorme portão com um interfone ao lado que logo Raquel se identificou. O acesso á casa se da através de uma escada majestosa, que conduz o visitante ao terraço, situado no pavimento superior, que circunda toda a casa. O jardim de palmeiras, as pedras robustas, piscina e o piso de paralelepípedos, marcam a entrada principal, evidenciam o estilo mediterrâneo da edificação.

Foram recebidas por um mordomo chamado José que nos levou até a sala de estar. O pavimento superior abriga os espaços de convivência, tais como sala de estar, sala de jantar e cozinha. Portanto, ao chegar ao terraço e adentrar a casa, ela se deparou com um amplo living room, espaçoso e iluminado pela luz natural abundante que invade o ambiente através dos generosos painéis móveis de vidro. A sala de jantar está inserida no living room e é composta de uma mesa de jantar de madeira, e um conjunto de cadeiras feitas de madeira maciça e de um generoso tapete cinza. As cores do mobiliário em tons escuros servem para constatar com as paredes predominantes brancas. Ao fundo, uma estante com nichos vazados permite a integração entre a sala de jantar e sala de estar.

A sala de estar abriga uma antiga chaminé da construção dos anos 70, que parecia ter sido mantida em sua posição original, mas que foi completamente renovada e integrada ao painel de tv, feito em madeira na cor preta. As cores escuras não chegam escurecer o ambiente, devido à entrada de luz natural abundante. Um dos destaques do ambiente é a combinação de móveis de cores contrastantes e marcantes, como a mesa de centro laqueada em vermelho e o sofá com chaise, na cor prata, que realçam a elegância e dão um toque de luxo ao ambiente.

- O sr. Walter já vira recebê-la sra. Cooper. – O mordomo disse.

- Obrigada, José.

Ele simplesmente fez um aceno com a cabeça e saiu.

- É linda a casa!

- Você não viu o resto.

- O neto dele mora aqui?

- Não. Mas passa a maior parte do tempo no colégio. Mas agora está de férias e a mãe dele costuma viajar a negócios.

- Nossa, todos viajam a negócios.

Raquel sorriu e sussurrou.

- Eles são todos empresários. Jonathan trabalha com o pai, Jessica é uma construtora... ela que vem reformando essa casa. Wesley é corretor de valores.

Susan ficou surpresa por estar num ninho de empresários. Não era assim que gostaria de começar a vida, sendo uma babá de uma criança que com certeza tinha bem mais estudo do que ela.

O sr. Walter apareceu e ficou nervosa quando ele se aproximou e as cumprimentou. Ele era um homem magro, sobre seu terno Armani sob medida, um coroa bem bonito.

- Muito prazer em conhecê-la, srta. Martins.

- O prazer é todo meu.

- Sua outra irmã não veio? – ele perguntou para Raquel, assim que se sentou no sofá.

- Não. Ela preferiu cuidar do meu tio que está com problema de saúde.

- Ah sim, que bom que pelo menos uma veio. Eu tentei falar com o meu filho Wesley sobre suas irmãs..., mas ele não me atende. Na minha empresa no momento não tenho nenhuma vaga para elas e da Jessica também não.

- É uma pena.

- Mas estive conversando com minha filha, ela vai precisar viajar com o marido e precisa que alguém fique com Evan.  – Ele contou. – Se não se importa em ficar com ele até eu falar com o meu filho.

- Por quanto tempo?

- Ela vai ficar viajando até o natal. Pois gosta de passar com a gente, então até ela voltar pode ficar com ele. – Ele disse. – Evan tem cinco anos, é uma criança que não dá trabalho nenhum, ele estará vindo amanhã cedo para cá. Se quiser estar vindo para conhecê-lo.

- Seria ótimo.

- Então vai querer ficar como babá?

- Claro. Não é o meu ramo, mas é melhor do que nada.

- Você fazia o que antes de vir para cá?

- Eu sou fisioterapeuta.

- É difícil arrumar algo para você... não tem nada com que meus filhos façam para ajudá-la. Mas já que aceitou ficar como babá até você arrumar algo na cidade... que seja no seu ramo. Ficarei feliz em tê-la aqui em casa. – Ele sorriu apenas.

Susan retribuiu o sorriso.

- Obrigada.

O filho bastardo

...Capítulo 3...

- Talvez a gente se vê por aí. – Wesley se despediu da moça com quem conversara no avião.

Não costumava flertar moças dentro do avião, mas a moça era bonita e lhe chamava a atenção. Precisava de uma distração naquele momento, estava tão ocupado com o trabalho que esquecera que tinha uma vida pessoal.

Odiava ao pensar na palavra família e odiava mais ainda quando tinha que estar no natal na casa de seu pai. Havia trabalhado muito nesses últimos dias para tentar conseguir estar em casa no fim de ano.

Se pudesse pelo menos arrumar um jeito de não ter que ir lá e bancar o filho querido do sr. Walter para os amigos de seu pai. Era terrível ter que bancar de idiota na frente de tanta gente que sabia muito bem que ele era apenas um filho bastardo, pelo menos era assim que seu meio-irmão dizia.

Não poderia reclamar por ter nascido num berço de ouro e que estudara em boas escolas, uma vida ótima. Mas desde que começara a entender sobre a vida idiota que sua mãe escolhera ao lado do poderoso Walter, passara a ignorar desde então. Nada que fizesse trazeria sua mãe de volta, sua mãe havia falecido há uns dez anos com um tumor no cérebro.

Sentia falta dela todos os dias, e era uma pena ela não poder ver o filho ser alguém na vida. Ele chegara aquela vida sem ajuda de ninguém, seu pai fora contra o que ele queria, mas nada o fizera mudar de ideia.

Passava a maior parte longe daquela casa e só ia lá porque seu pai lhe obrigava há ir nos feriados – ele dizia que era tradição de família. Era a tradição mais idiota que tinha.

Sabia que seu meio-irmão Jonathan não gostava que ele fosse à casa de seu pai, afinal ele morava lá. Ele dizia que a casa era dele, por ser o irmão mais velho e que nasceu de uma família muito bem construída e que seus pais só não estavam hoje juntos por causa da sua mãe caçadora de recompensas. Odiava ter que escutar isso pelo resto de sua vida pelo seu irmão idiota.

Ele não pediu para nascer e muito menos não tinha culpa se sua mãe fora uma jovem tola que cairá nas conquistas baratas do sr. Walter.

Havia passado a vida toda escutando isso, até mesmo quando sua mãe estava viva. Jonathan não o aceitava de maneira nenhuma e a mãe dele, muito menos, ela sempre aparecia na casa para ficar vigiando os passos do ex-marido, para vê se ele não aparecia com outra mulher. Pelo que soube seu pai não estava afim de se prender novamente depois da morte da esposa. Ele sabia que seu pai amara sua mãe muito mais que a do primeiro casamento, e ficava feliz por saber que pelo menos sua mãe tinha sido o amor da vida dele.

Ele sorriu ao lembrar de sua mãe. Ela fora uma mulher encantadora, conquistava todos a sua volta com seu sorriso, sua beleza e suas histórias que normalmente era contada nos livros em que ela mesma escrevia.  

Mas agora ela não existia mais, apenas lembranças boas que ficaram para ele sempre recordar.

Ele parou um táxi e entrou. Estava na hora de ir para casa, estava cansado demais para ficar perambulando por aí. Havia vindo de Dublin depois de conseguir fazer uma negociação por lá e estava doido para uma noite de sono. Já eram quase oito horas da noite e precisava realmente deitar e descansar.

Assim que chegou em seu apartamento num edifício anos 30 na esquina sul da Eaton Place e com fácil acesso a lojas individuais e bons restaurantes, ambos Elizabeth Street perto e Orange Square, Sloane Square e Victoria Mainline fácil acesso. Apartamento com sala ampla com duas janelas, cozinha, banheiro e quarto com roupeiros, pisos de madeira. Era uma pena que aquele apartamento ficava mais vazio, do que com ele dentro.

Colocou seu celular para carregar, pois ficara o dia todo sem bateria. Havia varias ligações de seu pai, e ficou feliz por saber que não poderá atender nenhuma, mas também ficou preocupado se tivesse acontecido algo com o velho. Assim que tomasse um banho ligaria para lá para saber o que havia acontecido.

Wesley passou meia hora tomando banho e quando terminou, pôs a sua calça de pijama e pegou uma bebida e encheu seu copo com uísque e só então ligou para a casa do pai. José que atendeu e em segundos a ligação foi transferida para o seu pai que provavelmente estaria no escritório.

- Wes, onde você estava?

Sempre direto ao assunto. Nunca perguntava se ele estava bem.

- Estou bem... meu celular estava sem bateria. – Ele explicou. – Aconteceu alguma coisa?

- Não. Quero dizer, só queria saber se você teria uma vaga na sua empresa para uma... moça?

Ele hesitou.

- Não. Isso é só com o setor de RH. – Ele pausou. – Quem é a moça?

- É a irmã da Raquel.

- A Raquel tem irmã?

- Sim. Elas vieram para Londres ontem e precisam de emprego, achei que você pudesse arranjar alguma coisa para uma delas.

- Pera, deixa eu vê se entendi. Raquel tem duas irmãs, que vieram para Londres arrumar emprego. – Ele riu sarcástico. – Está querendo ser caridoso com duas moças?

- Quero apenas ajudar. Raquel é uma ótima mulher e devo muito há ela e o marido. Só estou querendo ser gentil, mas se você não quer ajudar... tudo bem.

- Pai... não quero ser rude. Mas não posso fazer isso, o setor de RH que resolve essas coisas. – Ele tentou enrolar. Sabia que poderia muito bem fazer alguma coisa, mas não estava afim de resolver nada no momento.

Gostava muito de Raquel, ela realmente era uma mulher encantadora. Ele a tratava como da família, e ela sabia disso e com certeza a ajudaria quando precisasse. Mas não estava afim de fazer isso agora, era de noite e só queria deitar para pensar com mais clareza no dia seguinte.

- Desculpa, pai. Mas hoje não estou afim de ter essa conversa com o senhor. Acabei de chegar de viagem e preciso descansar.

- Ok. Qualquer coisa se mudar de ideia, dá uma passada por aqui amanhã. – Seu pai falou.

- Ok.

Ele desligou o telefone e ficou olhando para o nada. Era surpreendente como as coisas eram, seu pai sendo caridoso.

 

 

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