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Identidade - Um Juramento. Um Segredo. Um Amor Impossível

Prólogo: O Massacre de Ashwood

Outono de 1995

A noite em Ashwood estava fria, mas tranquila. O pequeno vilarejo, cercado por densas florestas, parecia intocado pelo tempo. As crianças já estavam recolhidas, e os últimos adultos apagavam as luzes. Apenas o som do vento dançando entre as árvores quebrava o silêncio.

Mas então, algo mudou. O ar ficou denso, carregado de algo estranho. E, de repente, o grito de uma mulher rasgou a quietude da noite.

Elara abraçou Selene com força, tentando acalmar a menina de apenas seis anos. “Thrain, o que está acontecendo?”

Thrain olhou pela janela. Suas mãos tremiam ao segurar a pequena faca de caça. “Eles vieram… Não temos tempo. Esconda Selene. Agora!”

Do lado de fora, o caos se instalava. Figuras sombrias avançavam pela aldeia, destruindo portas e janelas. Seus olhos vermelhos brilhavam no escuro, e seus movimentos eram rápidos demais para serem seguidos. Eram vampiros.

No centro de tudo, uma figura destacava-se. Malakai, um servo fiel do rei dos vampiros, comandava o ataque. Seus olhos percorriam cada casa, cada rosto, como se procurasse algo – ou alguém.

“Ela está aqui. Tragam-na para mim,” ele ordenou, sua voz fria como gelo.

Dentro da cabana, Elara segurou Selene pelos ombros. “Filha, escute. Não importa o que ouça, não saia. Você precisa ser forte, está bem?”

“Por que eles estão aqui, mamãe?” Selene perguntou, com os olhos cheios de lágrimas.

“Não se preocupe com isso agora. Apenas faça o que estou dizendo.”

Elara escondeu a filha em um alçapão sob o chão, cobrindo-o com um tapete e uma mesa pesada. Thrain pegou uma lança improvisada e posicionou-se diante da porta.

Ela foi arrombada segundos depois. Malakai entrou com um sorriso cruel. “Vocês estão escondendo algo.”

“Não temos nada,” Thrain respondeu, avançando contra ele. Mas Malakai foi mais rápido. Com um movimento, ele quebrou a lança de Thrain e o jogou contra a parede.

Elara gritou e tentou correr, mas Malakai a agarrou pelo pescoço, seus olhos vermelhos fixos nos dela. “Onde está a garota?”

“Não há garota aqui,” Elara disse, ofegante.

Malakai a ergueu do chão, cravando suas presas em seu pescoço. O grito de Elara foi breve. Thrain tentou se levantar, mas outro vampiro o deteve, cortando sua garganta com as garras afiadas.

Debaixo do alçapão, Selene tapou a boca para não gritar. Lágrimas deslizavam por seu rosto enquanto ouvia o silêncio mortal que se seguiu.

Horas depois, a aldeia estava destruída. Casas queimadas, corpos espalhados, o chão encharcado de sangue. No meio dos escombros, Willian, um caçador experiente, vasculhava o local. Ele sentiu algo – uma presença. Seguindo seu instinto, encontrou o alçapão escondido sob a mesa.

Quando abriu a tampa, viu Selene encolhida no canto. Seus olhos azuis brilhavam no escuro como faróis, rodeados por lágrimas. Seus cabelos negros estavam emaranhados, e sua pele pálida a fazia parecer uma aparição.

Willian ficou parado, hesitando. Ele deveria deixá-la ali, mas algo nele o impediu. Com um suspiro, estendeu a mão.

“Venha. Não há mais nada para você aqui.”

Selene não disse nada. Com os olhos vidrados, deixou-se ser pega nos braços do caçador.

Naquela noite, Willian tomou uma decisão que mudaria suas vidas para sempre. E Selene cresceria com uma pergunta que poderia nunca ser respondida: " Por que eles estavam atrás de mim?"

Willian carregou Selene pelos caminhos tortuosos da floresta, seu rosto rígido, mas seus pensamentos tumultuados. Ele havia visto massacres antes, mas nada como aquilo. Os vampiros não haviam apenas matado – eles tinham procurado algo. Ou alguém.

A menina em seus braços não disse uma palavra. Seus olhos azuis estavam fixos em algum ponto distante, como se não vissem mais nada. Ele sabia que o choque a mantinha em silêncio, mas mesmo assim sentia algo diferente nela. Algo que ele não conseguia explicar.

Horas depois, chegaram a uma clareira. A luz da lua iluminava um pequeno acampamento improvisado, com uma fogueira morrendo lentamente. Willian colocou Selene no chão, pegou um cobertor velho de sua mochila e o enrolou ao redor dela.

“Está segura agora,” ele disse, mas sua voz soava distante, até para ele mesmo.

Selene levantou os olhos para ele, finalmente rompendo o silêncio: “Por que eles mataram todo mundo?”

Willian ficou em silêncio. Ele queria dizer algo para acalmá-la, mas a verdade era mais difícil. “Vampiros não precisam de razões,” respondeu friamente. “Eles matam porque podem.”

Selene balançou a cabeça. “Não… Eles estavam atrás de mim. Eu ouvi. Eles disseram que estavam procurando por mim.”

Willian sentiu um arrepio. A conexão que havia sentido ao encontrar a menina ficou mais forte. Por que, entre todas as crianças, ela era especial?

“Eles estavam enganados,” ele disse, tentando esconder sua inquietação. “Você não é ninguém para eles.”

Mas Selene parecia incerta. “Minha mãe… Ela sabia. Ela me escondeu porque sabia que eles estavam vindo.”

Willian apertou os lábios. Ele não podia negar que a menina tinha razão. A forma como a aldeia havia sido atacada, o foco dos vampiros – algo estava fora do comum.

“Descansaremos aqui por algumas horas,” disse, mudando de assunto. “Amanhã, vamos nos afastar ainda mais. Você está comigo agora.”

Selene assentiu, mas não conseguiu dormir. Mesmo quando o cansaço a venceu, as imagens do massacre assombravam seus sonhos.

Nos dias que se seguiram, Willian começou a perceber que Selene não era uma criança comum. Ela não chorava, não se queixava, e sua raiva era palpável. Quando perguntava sobre os pais, não havia tristeza em sua voz, apenas uma determinação fria.

“Eu quero aprender,” disse ela uma noite, após uma longa caminhada pela floresta.

“Aprender o quê?” Willian perguntou.

“Como matar vampiros.”

Ele franziu o cenho. A voz da menina era firme, quase adulta. Ela não falava como alguém de sua idade.

“Você tem seis anos,” respondeu.

“Não importa. Quero que eles paguem pelo que fizeram.”

Willian viu algo nos olhos dela – uma determinação que não deveria existir em alguém tão jovem. Ele sabia que, ao ensiná-la, poderia moldá-la para sobreviver. Mas, ao mesmo tempo, sabia que isso a destruiria.

“Eu não treino crianças,” ele disse, levantando-se.

“Então me deixe aqui,” Selene desafiou. “Não vou parar até que saiba como matá-los.”

Willian olhou para ela por um longo momento. Ele viu em Selene uma chama que não podia ser apagada. Sabia que o caminho que estavam prestes a trilhar seria sombrio e perigoso, mas algo nele – talvez culpa, talvez esperança – o fez ceder.

“Muito bem,” disse ele, finalmente. “Mas saiba disso: você nunca será a mesma. O que eu vou ensinar não é para vingar sua dor. É para sobreviver em um mundo onde a morte sempre estará à sua espreita.”

Selene assentiu. “Eu entendo.”

E naquela noite, enquanto a fogueira lançava sombras sobre eles, Willian começou a ensinar Selene. O massacre de Ashwood não seria esquecido, mas seria apenas o começo de algo muito maior.

Capítulo Um.

Anos depois.

A noite estava envolta em trevas, com a lua cheia pendurada no céu como uma testemunha silenciosa da batalha que se desenrolava. O campo era um caos de gritos, aço colidindo com carne, e o som abafado de corpos caindo.

Selene estava no centro da luta, sua respiração pesada e mãos firmes enquanto brandia sua lâmina. O suor escorria por sua testa pálida, misturando-se com o sangue que manchava seu rosto. Os vampiros eram rápidos e brutais, seus olhos vermelhos brilhando com selvageria, mas Selene não se intimidava. Ela era uma caçadora, forjada no fogo do treinamento de Willian e endurecida pela perda.

“À esquerda!” Willian gritou, desviando uma lâmina de uma garra que visava o pescoço de um colega caçador.

Selene girou, seu corpo movendo-se como se fosse parte da própria arma que empunhava. Sua lâmina encontrou o peito de um vampiro, cortando profundamente antes que ele tivesse a chance de reagir. Mas eles não paravam. Era como enfrentar uma força implacável da natureza.

Os cinquenta caçadores estavam divididos em pequenos grupos, tentando segurar os vinte vampiros que, apesar de estarem em menor número, lutavam com a força de um exército.

Um vampiro enorme avançou contra Selene, seus movimentos rápidos como um raio. Ela bloqueou seu ataque, mas algo aconteceu. Quando ele a tocou, uma onda de calor percorreu seu corpo, tão intensa que a fez vacilar. Sua visão ficou turva por um momento, e ela sentiu como se algo dentro dela tivesse sido ativado.

O vampiro percebeu a hesitação e a golpeou com força, jogando-a contra o chão com um baque surdo.

“Selene!” Willian gritou, sua voz cortando o caos ao seu redor. Ele avançou, mas foi bloqueado por outro vampiro.

Selene piscou, tentando se levantar. Ela sentia algo diferente, algo pulsando em suas veias. Não era apenas adrenalina; era algo maior, algo que ela não conseguia entender.

O vampiro que a atacara avançou novamente, certo de sua vitória, mas Selene reagiu antes que pudesse pensar. Sua mão se moveu rápido demais para ser humana, e sua lâmina perfurou o coração do vampiro com uma precisão cirúrgica. Ele caiu, seus olhos vermelhos apagando-se, e Selene ficou ali, respirando com dificuldade, mas de pé.

Willian viu tudo. Ele viu a velocidade, a força, e, acima de tudo, a facilidade com que ela matou aquele vampiro. Não era natural, e ele sabia disso. Mas, no calor da batalha, não havia tempo para questionar.

“Selene, cuidado!” ele gritou, chamando sua atenção para outro vampiro que se aproximava.

Ela voltou à luta, tentando ignorar o desconforto crescente em seu corpo. A batalha continuou, feroz e sangrenta, mas uma pergunta começou a surgir na mente de Selene: O que está acontecendo comigo?

Selene limpou o sangue da lâmina na túnica esfarrapada de um vampiro morto. O cheiro metálico preenchia o ar ao seu redor, misturado ao suor e à fumaça das rochas que os caçadores usavam para iluminar o campo. Ela tentou ignorar o calor estranho que ainda pulsava em suas veias, mas a sensação à deixava inquieta.

"Fique perto de mim, Selene." William ordenou, empurrando para trás um vampiro com uma força que parecia impossível para um homem de sua idade. "Esses não são como os outros que enfrentamos. Eles são mais velhos, mais fortes."

"Eu percebi." Respondeu ela, com a voz firme, mas seus olhos mostravam o desconforto que senta. Ela não estava acostumada a hesitar em combate.

Um grito ecoou à direita. Um grupo de caçadores estava sendo dizimado por dois vampiros que se moviam em perfeita sincronia. Selene correu para ajudar antes que William pudesse impedi-la.

Um dos vampiros a viu aproximar-se e sorriu, expondo presas cobertas de sangue. "Mais uma carne fresca para a fogueira."

"Venha buscar." Selene respondeu, ajustando a postura com a lâmina erguida.

O vampiro investiu contra ela, mas desta vez algo foi diferente. Selene sentiu a onda de calor novamente, mas desta vez ela não vacilou. Sua visão parecia mais clara, seus reflexos mais rápidos. Ela esquivou-se do golpe do vampiro com uma agilidade que surpreendeu até a si mesma, e antes que ele pudesse reagir, sua lâmina cortou sua garganta com precisão.

O segundo vampiro hesitou ao vê-lá, mas Selene não deu tempo para ele recuar. Ela avançou, desviando de suas garras e cravando sua arma em seu coração. O vampiro gritou, mas em segundos virou pó diante dela.

William chegou logo depois, o rosto sério enquanto observava o que ela havia feito. Não era apenas que ela havia matado vários vampiros sozinha. Era a facilidade com que fizera. Ele nunca a havia visto lutar assim, com aquela velocidade, aquela precisão.

"Você está bem?" Ele perguntou, mais como um teste do que uma preocupação genuína.

"Estou." Ela respondeu, mas evitou encará-lo. Ela não sabia explicar o que havia acontecido, e a dúvida começava a corroer sua mente.

Os poucos vampiros que sobraram perceberam que estavam perdendo terreno. Seus movimentos tornaram-se mais desesperados, mais brutais. Mas os caçadores, agora com vantagem numérica, começaram a dominá-los.

William avançou para liderar o grupo, e Selene o seguiu de perto, mantendo-se em alerta. Ela sentia o olhar de alguns caçadores sobre si, especialmente após sua demonstração de força, mas ninguém dizia nada. Não naquele momento.

No centro do campo, o último vampiro estava cercado. Ele era diferente dos outros, maior e mais velho, com cicatrizes que marcavam seu rosto pálido. Mesmo diante de tantos caçadores, ele parecia calmo, quase zombeteiro.

"Vocês acham que me venceram?" Ele perguntou, sua voz grave ressoando no silêncio.

William se aproximou, segurando sua espada com firmeza. "Você perdeu. Renda-se e morra."

O vampiro riu. "Vocês não tem ideia do que está por vir. Acham que podem mudar algo? Vocês não passam de um obstáculo temporário."

Antes que alguém pudesse reagir, ele avançou, mas desta vez foi Selene quem o interceptou. Seu golpe foi preciso, perfurando o peito do vampiro com sua lâmina. Ele cambaleou, os olhos vermelhos focando nela com uma mistura de surpresa e algo que mais parecia... reconhecimento.

"Você... é diferente." Ele sussurrou, antes de virar pó.

Selene ficou imóvel, os dedos apertando o cabo da espada enquanto as palavras interminadas do vampiro ecoavam em sua mente. O que ele quis dizer? Por que ela era diferente?

Willian se aproximou, pousando a mão em seu ombro. "Está tudo bem, Selene?"

Ela assentiu, mas sua expressão dizia o contrário. Ela sabia que aquela noite não seria esquecida tão cedo. Algo estava mudando dentro dela, algo que ela não entendia, mas que temia descobrir.

A batalha havia terminado, mas o peso da noite ainda pairava sobre os caçadores. O campo estava silencioso, exceto pelo crepitar da fogueira que iluminava os rostos cansados do grupo. Selene sentou-se próxima às chamas, mastigando distraída um pedaço de carne seca. Seus pensamentos estavam tão nebulosos quanto a fumaça que subia para o céu.

Ao longe, Willian estava reunido com alguns dos caçadores veteranos. Eles conversavam em tom baixo, mas suas expressões eram tensas.

“Ela é rápida demais, forte demais,” disse um deles, um homem corpulento com uma cicatriz que cortava o rosto. “Willian, você viu o que ela fez hoje. Isso não é normal.”

“Não tire conclusões precipitadas,” Willian respondeu, a voz firme.

“Não podemos ignorar,” outro caçador insistiu. “Você sabe tão bem quanto nós que os vampiros estão procurando por uma criança especial há anos. A filha de um vampiro com uma bruxa. Dizem que ela teria poderes que a tornariam quase invencível. Você não acha coincidência que essa garota tenha aparecido exatamente quando os vampiros intensificaram suas buscas?”

Willian estreitou os olhos. “Selene foi criada por mim. Eu a conheço. Ela é humana, como todos nós.”

“Mas é? O sangue dela... se ela for metade vampira e metade bruxa...”

“Isso não passa de superstição,” Willian interrompeu, cruzando os braços. “Aquela história sobre uma linhagem real traída é um mito inventado pelos próprios vampiros para assustar as pessoas.”

O primeiro caçador deu um passo à frente, a voz baixa e cheia de cautela. “E se não for? Klaus tomou o trono há séculos, mas dizem que os herdeiros legítimos ainda vivem. Se ela for um deles? O que faremos quando os vampiros descobrirem onde ela está? Ou pior, se a organização souber?”

Willian deu um longo suspiro. Ele sabia que os caçadores tinham razão em suspeitar, mas não admitiria nada. Não para eles, não para si mesmo. Ele sabia que, se Selene fosse realmente a criança que todos temiam, sua vida estaria em risco tanto entre vampiros quanto entre caçadores.

“Vocês estão errados,” ele disse finalmente, a voz baixa, mas carregada de determinação. “Selene é apenas uma caçadora. Nada mais. E se alguém tentar machucá-la, será o último erro que cometerá.”

Os homens trocaram olhares, mas não insistiram. Eles sabiam que não adiantava discutir com Willian.

Do outro lado da fogueira, Selene olhou para Willian rapidamente antes de voltar a observar as chamas. Ela não sabia o que eles estavam falando, mas o olhar protetor de Willian a fez sentir que algo estava sendo escondido dela.

A fumaça subiu para o céu, levando consigo o silêncio incômodo que pairava entre eles. A noite não seria tranquila, e Willian sabia que o segredo que ele guardava sobre Selene só ficaria mais difícil de proteger.

Capítulo dois

A alvorada trouxe consigo uma calmaria momentânea, mas o peso da noite anterior ainda pairava sobre o grupo. O campo de batalha agora era apenas uma lembrança sangrenta, com corpos de vampiros reduzidos a cinzas espalhados pelo chão. Os caçadores começaram a desmontar o acampamento, preparando-se para seguir em frente.

Selene, sentada em um tronco próximo, afiava sua lâmina com movimentos precisos. O som do metal contra a pedra era hipnotizante, mas sua mente estava em outro lugar. O que aconteceu na noite anterior não fazia sentido. A força, a velocidade, aquele calor inexplicável em suas veias... algo dentro dela estava mudando, e isso a assustava.

“Selene,” a voz de Willian interrompeu seus pensamentos. Ele se aproximou, carregando um cantil de água. “Beba. Temos uma longa caminhada pela frente.”

Ela aceitou sem questionar, mas seus olhos analisaram o rosto de Willian. Ele parecia mais tenso do que de costume, como se algo o preocupasse profundamente.

“Você está estranho,” ela disse, direta como sempre.

“Não é nada,” ele respondeu rapidamente, desviando o olhar.

“Você sempre me diz para não ignorar meus instintos, Willian. E meu instinto me diz que você está escondendo algo.”

Willian respirou fundo, mas não respondeu. Ele sabia que Selene era perspicaz, mas a verdade que ele guardava era perigosa demais para ser revelada. Pelo menos, não ainda.

“Concentre-se no que está à sua frente,” ele disse finalmente, mudando de assunto. “Estamos nos aproximando de um território mais perigoso. Precisamos estar alertas.”

O grupo seguiu por uma floresta densa, os passos abafados pelas folhas secas no chão. Selene manteve-se próxima de Willian, mas não deixou de notar os olhares furtivos que alguns caçadores lançavam em sua direção. Era como se ela fosse um enigma que ninguém ousava decifrar.

“Por que eles estão me olhando assim?” ela perguntou em um sussurro para Willian.

“Estão apenas impressionados com sua habilidade,” ele respondeu, sem parar de andar.

Selene sabia que era mentira, mas não insistiu. Ela aprendera ao longo dos anos que Willian só revelava o que considerava absolutamente necessário.

Enquanto o grupo avançava, um barulho vindo do leste chamou a atenção de todos. Era o som de algo grande se movendo rapidamente entre as árvores.

“Armas prontas,” Willian ordenou, erguendo sua espada.

Selene puxou sua lâmina, sentindo o mesmo calor familiar nas veias. O grupo se espalhou, formando um círculo defensivo.

Do meio da floresta, uma figura emergiu. Era um vampiro solitário, mas diferente dos outros que haviam enfrentado. Ele era alto e esguio, com olhos vermelhos brilhantes e uma expressão arrogante.

“Vocês não deveriam estar aqui,” disse o vampiro, sua voz como um sussurro mortal.

“E você deveria estar morto,” Selene respondeu, avançando antes que Willian pudesse detê-la.

A luta foi rápida. Selene se moveu com uma velocidade que surpreendeu até a si mesma, desviando dos ataques do vampiro com facilidade. Mas no momento em que estava prestes a matá-lo, ele sorriu.

“Você realmente não sabe quem é, não é?” ele disse, segurando sua lâmina com uma força inesperada.

Selene congelou, surpresa pela pergunta. “O que quer dizer?”

“O sangue que corre em suas veias… É uma abominação, mas também é uma arma. Um dia, você entenderá.”

Antes que pudesse dizer mais, Willian interveio, cravando sua espada no peito do vampiro. O corpo dele desabou no chão, transformando-se em pó.

Selene olhou para Willian, esperando por respostas, mas ele apenas a encarou com seriedade.

“Não escute os sussurros de um inimigo,” ele disse. “Eles mentem para confundir você.”

Mas Selene sabia que havia verdade nas palavras do vampiro. E pela primeira vez, ela sentiu que sua confiança em Willian começava a vacilar.

A poeira da batalha havia assentado, mas nas sombras da floresta, um par de olhos vermelhos ainda observava. Um vampiro, que vinha com o que enfrentou o grupo e foi morto, se esconderá durante o confronto, permaneceu imóvel, acompanhado cada movimento de Selene. Ele a vura lutar, virá a força incomun com a qual ela derrotava seus semelhantes. Mas o que realmente chamou sua atenção foi algo que ele não via há muito tempo: o brilho azul gélido nos olhos dela, que herdara de seu pai.

"Não pode ser..." Ele sussurrou para si mesmo, escondendo-se entre as árvores.

O vampiro sabia o que aquilo significação. Os relatos de décadas atrás, sobre a filha de um vampiro com uma bruxa. A criança cuja a existência ameaçava tanto vampiros quanto humanos. Ele se lembrava das ordens diretas de Klaus: "Eliminem todos que se aproximem da linhagem herdeira do trono. Se encontrarem a criança, tragam-na para mim viva."

A jovem mulher no campo não podia ser outra. A combinação de força, velocidade e aqueles olhos... Era ela. Apesar de seu lado vampiro ainda não estar completamente ativado, mas era ela.

Com passos rápidos e silenciosos, ele começou a recuar pela floresta. Ele não poderia enfrentá-la ou o grupo de caçadores sozinho, mas sabia exatamente o que fazer. Klaus precisava saber que a criança havia sobrevivido ao massacre em Ashwood.

O castelo de Klaus era um monumento ao poder. Seus corredores de mármore negro e vitrais de cores escuras refletiam a grandiosidade de um reinado consolidado pelo medo. No centro do grande salão, Klaus estava sentado em um trono adornado com ossos de inimigos humanos derrotados. Seus olhos vermelhos profundos e ameaçadores, observavam cada movimento ao seu redor.

O vampiro entrou no salão, ajoelhando-se imediatamente diante do rei. "Meu senhor, trago notícias urgentes."

Klaus o encarou com frieza. "Fale. E que valha o meu tempo."

"A criança... A herdeira do trono. Ela está viva."

Por um breve momento, o silêncio tomou conta do salão, então, um sorriso lento e perigoso se formou no rosto de Klaus.

"Você está absolutamente certo disso?" Ele perguntou, sua voz baixa, mas carregada de perigo.

"Eu a vi com meus próprios olhos, meu senhor. Ela estava lutando ao lado dos caçadores. A força dela, os olhos... Não há dúvidas. "

Klaus se levantou, duas presença dominando o ssla. Ele caminhou até o vampiro ajoelhado e segurou seu rosto com uma mão fria. "Você entende o que isso significa?"

"Sim, meu rei. Ela precisa ser eliminada."

"Não apenas eliminada. Ela precisa ser trazida a mim." Klaus corrigiu, seu tom mortal. "A linhagem dela é uma ameaça à minha existência e ao equilíbrio do poder. Mas também pode ser... aproveitada."

Klaus se virou para um de seus homens mais próximos. "Preparem um grupo. Quero que tragam a criança até mim, viva. E destruam qualquer um que tentar impedi-los."

O vampiro ajoelhado abaixou a cabeça. "Sim, meu senhor. Farei o que for necessário."

Enquanto o mensageiro se retiravam Klaus voltou ao trono, seu sorriso sombrio permanecendo em seis lábios. "Então a herdeira finalmente apareceu... Vamos ver se ela é tão poderosa quanto dizem."

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