— Antes cedo do que tarde — Zoe falou para si mesma, enquanto saía de casa, fechando a porta com um leve impulso, sentindo uma onda de entusiasmo percorrer seu corpo.

O sol mal havia nascido, e a brisa da manhã ainda era fresca, quase um abraço carinhoso, mas Zoe estava determinada a não esperar mais.

Era o primeiro dia do ano letivo, e seu coração pulsava de ansiedade e excitação e com certeza havia muitas razões para sua expectativa, mas uma se destacava, praticamente um farol em meio à névoa: Ethan.

Um nome frequente em sua mente, decerto uma música que não conseguia parar de tocar. Isso porque ele era mais do que um garoto, era aquele que fazia seu coração acelerar só de pensar, enquanto caminhava apressada.

A lembrança de Ethan era como uma sombra persistente das férias, e a saudade de vê-lo, mesmo que de longe a fazia sentir algo quente no peito.

Após pouco menos de trinta minutos de passos apressados, finalmente avistou a escola. A quantidade de alunos chegando era menor do que o esperado, o que era compreensível, só alguns corajosos se aventuravam naquele horário matutino.

Enquanto adentrava os corredores conhecidos, seus olhos percorriam cada rosto em busca de Ethan. Mas, para seu descontentamento, ele ainda não aparecia.

"Acho que ele ainda não chegou" — concluiu, suspirando levemente enquanto tentava afastar a frustração.

Durante sua caminhada, passou pela área onde as listas de turmas estavam expostas. Ali, avistou Lucas parado em frente à vitrine, examinando a lista com um olhar concentrado.

— Bom dia! — Zoe cumprimentou primeiro, um sorriso aliviado surgindo em seu rosto ao ver um conhecido.

— Bom dia, Zoe! — Lucas respondeu com um brilho nos olhos. —Tudo bem?

— Tudo sim! Então, estás em que sala? — perguntou ela com genuíno interesse.

— Dessa vez estamos na mesma turma: sala 201 — disse ele. — Vamos?

— Ainda quero ver as listas com calma, podes ir na frente.

— Está bem! Então te vejo na sala! — ele disse enquanto se afastava.

“Em que turma ele calhou...” — se perguntava, enquanto começava a olhar as listas procurando o nome de Ethan.

— Olá! — uma voz tímida chamou-a, interrompendo o pensamento dela.

Zoe se virou e encontrou uma garota olhando para ela visivelmente ansiosa e esperançosa.

— Olá! — respondeu ela, tentando manter um tom gentil e acolhedor.

— Sabe me dizer onde fica a sala 126? — perguntou a garota, que certamente era nova na escola, com uma expressão preocupada.

Ao perceber que ela estava perdida, Zoe rapidamente decidiu ajudá-la.

— Vamos! Eu te acompanho até lá — disse ela com um sorriso animado.

Enquanto caminhavam juntas pelos corredores decorados com cartazes coloridos e fotos dos alunos anteriores, Zoe aproveitou para explicar as peculiaridades da escola.

— Ficar nervosa é normal! Mas todos aqui são legais... exceto talvez os professores às vezes!

As duas riram juntas enquanto chegavam ao destino, então a nova aluna agradeceu com um sorriso radiante:

— Obrigada! Você foi muito gentil!

— Por nada! Espero que gostes de estudar aqui — disse Zoe, sentindo-se bem por ter ajudado alguém.

As duas se despediram e ele seguiu seu caminho em direção à sala 201.

Enquanto caminhava, começou a refletir sobre aquele ser seu último ano naquela escola. Um misto de nostalgia e expectativa começava a tomar conta dela.

Zoe tinha dezessete anos e estava no último ano do ensino médio. O tempo parecia ter voado, parecia que tinha sido ontem que ela estava entrando pela primeira vez naquela escola.

Ao entrar pela porta lateral, situada no fim da sala, que já estava repleta de risadas e conversas animadas, ela olhou ao redor e avistou Lucas. Ele estava sentado na última carteira da fileira central e estava tão concentrado em uma conversa que nem percebeu sua chegada.

Quando estava prestes a deixar sua mochila no lugar, lembrou-se de que não tinha visto a lista com os números, então não fazia ideia de onde deveria se sentar.

Sendo assim, decidiu perguntar a Lucas se ele sabia, quando de repente alguém surgiu por trás e cobriu seus olhos com as mãos.

— Tarin? É você? — questionou, colocando as próprias mãos sobre aquelas que delicadamente cobriam seus olhos.

Ao ouvir a voz de Zoe, Lucas notou a presença dela. Ele e a garota que cobria os olhos de Zoe se entreolharam.

Carly, com um olhar travesso, fez um sinal para que ele não revelasse sua identidade.

— Você vai me deixar no escuro? — disse Zoe, enquanto explorava o rosto da garota com as mãos.

Ao tocar seu cabelo curto, que era uma surpresa total, pois o cabelo de Tarin era logo, ela exclamou:

— Espera... mentira... Carly?

Foi então que Carly retirou as mãos lentamente e Zoe se virou para ela com o coração acelerado de alegria.

— É isso mesmo! Estou de volta! — afirmou Carly, radiante como um sol de verão.

— Como? Quando? — perguntou Zoe, confusa e entusiasmada ao mesmo tempo. — Espera, você vai estudar de novo aqui?

— Decidiu guardar essa boa nova só para ti? — provocou Lucas, enquanto se juntava a elas. — Parece que ela não viu que o seu nome estava na lista da nossa turma.

— Na lista? — repetiu Zoe, ainda incrédula com a reviravolta. — Então você vai estudar aqui conosco?

— Isso mesmo! Consegui convencer meus pais — explicou Carly, seus olhos brilhando. — Agora estou morando com minha tia, que vive perto daqui.

— De novo, estudando juntas! O ano já começou bem! — brincou Zoe.

A felicidade dela era tão contagiante que até Lucas sorriu mais amplamente.

— Alô! Estou aqui também! — falou Lucas, fazendo um bico exagerado. Depois corrigiu: — Juntos, estudando juntos!

As duas riram da reação dele. Era definitivamente impossível não se alegrar com aquela energia juvenil vibrante no ar.

— Afinal, eu, a Tarin e o Ethan também vamos estudar convosco — continuou Lucas.

— O Ethan também? — questionou Zoe, um toque de perplexidade na voz.

— Sim! — confirmou Carly, sem saber a onda de emoções agora dentro de Zoe.

Nesse instante, Zoe sentiu seu coração se agitar, uma mistura palpável de nervosismo e felicidade tomou conta dela. Foi inevitável que um brilho discreto surgisse em seus olhos enquanto pensava em Ethan.

— Vocês dois estavam em turmas diferentes, não estavam? — perguntou Carly curiosa.

— Sim! — explicou Zoe rapidamente, tentando processar todas as informações novas. — Eu estava com a Tarin e ele com o Ethan.

— Olhem! Ele chegou! — exclamou Carly repentinamente, acenando animadamente para Ethan que acabara de entrar pela porta da frente.

Zoe seguiu o olhar da amiga e logo o avistou. Ethan também percebeu a presença deles e foi até onde estavam.

— Bom dia! — cumprimentou ele.

Ao olhar para Ethan por alguns instantes, Zoe desviou o olhar rapidamente, um rubor leve e involuntário surgiu em seu rosto. Carly, que sempre foi atenta aos detalhes em relação a amiga, percebeu a mudança no semblante de Zoe e não pôde deixar de sorrir maliciosamente.

Noah e Nathan estavam prestes a entrar na escola quando, após olhar para o relógio e fazer uma careta, Noah decidiu que precisava comprar água antes de entrar. Afinal, a cantina certamente não estava aberta ainda.

— Ficou me apressando, e olha só, alguém vai atrasar! — Nathan disse, com um tom de brincadeira, balançando a cabeça como se estivesse lidando com um irmão mais novo.

E Noah não podia negar que a ideia de perder a primeira aula não era lá muito atraente.

— Já vou — respondeu, dando-lhe um pequeno empurrão no ombro.

— Não se perca! Se não, vai sobrar para mim, já que sou mais velho! — provocou Nathan, entrando na escola com um sorriso malicioso, enquanto fazia um gesto exagerado de despedida.

Noah revirou os olhos e suspirou.

— Como se alguns minutos fossem grande coisa — murmurou, enquanto apressava o passo em direção à loja.

Enquanto caminhava distraído, sua mente estava cheia de pensamentos sobre o dia que tinha pela frente.

Ele estava tão imerso em suas divagações que não percebeu Carly vindo na direção oposta, o encontro foi inevitável. Ela esbarrou nele e o bebedouro que segurava caiu com um estrondo no pé de Noah.

— Ai! — exclamou, fazendo uma careta enquanto saltava para o lado.

A expressão dele demonstrava certa dor e incredulidade.

— Ah, sinto muito! — Carly disse rapidamente, abaixando-se apressadamente para apanhar o bebedouro que agora estava no chão.

No entanto, Noah não respondeu imediatamente. Ele a analisava com um olhar crítico, tentando manter a compostura apesar da dor latejante no pé.

Quando Carly finalmente conseguiu pegar o bebedouro e se levantou, seus olhares se encontraram.

A cor escarlate dos olhos dele refletia uma personalidade forte e desafiadora, esperando que ela desviasse o olhar como tantas outras meninas costumavam fazer. Mas para sua surpresa, Carly manteve seu olhar firme e radiante.

— Desculpe mesmo! — ela disse com uma risada nervosa e gesticulando. Então sua mochila escorregou de seu ombro e caiu ao chão com um baque surdo. — Eu sou uma verdadeira desastrada.

— Apenas me avise antes da próxima vez que decidir transformar meu pé em alvo!

Carly quase riu, mas então fez uma careta exagerada como se estivesse considerando isso seriamente.

— Prometo ter mais cuidado da próxima vez… ou pelo menos mirar no outro pé! — disse ela.

— Inacreditável — resmungou Noah.

Irritado com a ousadia dela, ele passou por Carly ignorando-a como se nada tivesse acontecido.

Ao vê-lo passar sem olhar para trás, uma sensação estranha de desafio se acendeu. Algo nela queria correr atrás dele e puxá-lo pela camisa até que ele olhasse nos seus olhos novamente.

Mas ao invés disso, ela continuou caminhando em direção à entrada da escola, balançando a cabeça em descrença.

"Quem esse cara pensa que é para sair me ignorando?" — pensou Carly com um sorriso involuntário nos lábios.

...***💙💙💙***...

Após se separar de seu irmão, Nathan distraiu-se ao reencontrar alguns amigos que não via há algum tempo.

O grupo estava animado, rindo e contando histórias, mas ao perceber que as aulas estavam prestes a iniciar, ele sentiu que era hora de se afastar do grupo.

— Vejo vocês por aí! — despediu-se deles com um aceno.

Ao chegar em frente à vitrine que exibia as listas de turma, uma risada escapou de seus lábios. Lá estava o nome de seu irmão Noah em letras garrafais.

"Azar o dele... esse ano promete" — pensou, imaginando as situações hilárias que poderiam surgir.

Nathan estava tão perdido em sua satisfação interna que não percebeu uma figura conhecida se aproximando dele.

— Parece que o ano começou bem para ti, Nathan — disse Tarin com um sorriso maroto, interrompendo-o de seus devaneios.

Nathan virou-se e o seu rosto rapidamente se iluminou pela surpresa.

— E começou mesmo, Tarin! — respondeu ele, apontando para a lista na vitrine. — Eu, você, Noah...

Tarin deu uma olhada rápida na lista e então voltou seu olhar para ele, que hesitou por um momento.

— Ah! E o seu Lucas também! — ele exclamou com entusiasmo. — Todos na mesma turma, não é legal?

Ela revirou os olhos de maneira divertida.

— O Lucas não me pertence, então não deveria se referir a ele como meu — disse Tarin com um tom brincalhão.

— Mas se ele é "seu" melhor amigo... — Nathan justificou sorrindo maliciosamente.

— Sim, ele é, de fato — afirmou ela.

— Eu cá não acredito em amizade entre um homem e uma mulher — respondeu ele, inclinando-se levemente para frente. Parecia até que estava compartilhando um segredo. — Pelo menos um dos lados tem segundas intenções, todo mundo sabe.

Tarin ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços, com um olhar provocador.

— Sendo assim... — começou, ainda com os olhos na vitrine.

Ela parou abruptamente ao notar algo na lista que a fez arregalar os olhos.

— Carly? — murmurou com espanto.

— Quem é Carly? — perguntou Nathan, genuinamente curioso.

— Uma amiga — Tarin respondeu rapidamente. Então sua expressão mudou para algo mais animado. — Até mais!

Nathan percebeu que ela estava prestes a partir e decidiu intervir:

— Esqueceu que vamos para o mesmo lugar?

Ela olhou por cima do ombro com um sorriso travesso.

— Sim, vamos para o mesmo lugar, mas acontece que eu só caminho com meus amigos — respondeu Tarin enquanto começava a se afastar.

Ele acelerou o passo para alcançá-la.

— Achei que fôssemos amigos! — disse Nathan, tentando parecer ofendido, mas mal conseguindo esconder o riso.

Tarin parou e lançou-lhe um olhar desafiador.

— Antes você disse que não acredita em amizade entre um homem e uma mulher. Agora diz que é meu amigo?

Ela fez uma pausa dramática antes de completar:

— Começarei a desconfiar que você tem segundas intenções para comigo, Nathan!

A risada, que imediatamente veio dele, ecoou pelo corredor que estavam. Era impossível levar a sério aquela provocação.

Pois Nathan sabia que Tarin só estava brincando, ela era assim, cheia de vida e até certo humor, por isso uma companhia. E apesar de suas piadas sobre segundas intenções, ele a via apenas como uma amiga querida.

Ao entrarem pela porta no final da sala de aula, Tarin ficou paralisada ao ver Carly ali novamente.

— Que sorte estarmos os cinco na mesma turma! — Lucas exclamou, cheio de expectativa para o novo ano letivo.

— Como há dois anos — Ethan acrescentou. — Parece que foi ontem!

— Isso só me traz ótimas lembranças — comentou Carly, com certa nostalgia envolvendo-a.

Poucos minutos depois, os dois amigos se despediram das garotas e foram se acomodar em seus lugares.

E enquanto isso acontecia, Zoe observava Ethan com um olhar sonhador, e vendo ela Carly não podia deixar de comentar.

— Parece que há novidades no ar — sussurrou, com um sorriso travesso.

Zoe apenas corou e desviou o olhar, felizmente Carly decidiu deixar o assunto para mais tarde. Assim, as duas continuaram conversando.

Carly se demonstrou claramente inconformada com a distância entre os lugares delas fazendo Zoe rir.

Foi então que quando ela direcionou seu olhar para a entrada da sala, Carly pressentiu que mais um rosto conhecido havia chegado e ela estava certa. Era Tarin.

Ela estava acompanhada de alguém que Carly tinha certeza de que não conhecia, mas que estranhamente parecia familiar.

Tarin e o desconhecido se aproximaram, reunindo-se a elas.

— Olha só quem voltou a estar entre nós!

— Do jeito que você fala, é como se eu tivesse partido para outro mundo! — respondeu Carly, rindo ao ver a amiga novamente.

— Como ninguém me apresenta, eu mesmo o faço! — reclamou ele em tom brincalhão. — Prazer, Nathan!

Ele sorriu e acenou para Carly, que hesitou antes de responder.

— Eu sou Carly... e seu rosto me é estranhamente familiar, Nathan.

Nathan arqueou uma sobrancelha de forma dramática.

— Eu não sou de esquecer rostos. Então tenho certeza de que é a primeira vez que a vejo, mas estou acostumado com isso. Aposto que você conhece meu irmão gêmeo...

Ele fez uma pausa propositalmente para aumentar a expectativa e continuou:

— Claro, sou o mais lindo e charmoso! Mas é verdade que compartilhamos algumas semelhanças.

Carly riu da confiança dele.

— Talvez eu conheça, qual é o nome dele?

— É Noah — interveio Tarin, que estava atenta à conversa. — Mas acho que não o conheces, porque ele e Nathan foram transferidos no ano passado.

— Falando nele! — disse Zoe ao notar Noah entrar pela porta localizada no início da sala.

Nesse momento, Carly girou a cabeça em direção à entrada e ficou boquiaberta. Quem acabava de entrar era exatamente o garoto com quem esbarrara pouco antes de chegar à escola!

— É aquele lá, olhando para cá como quem caiu da cama! — Nathan disse olhando para Naoh então voltou o olhos para Carly e perguntou com curiosidade: — Você o conhece?

Carly desviou rapidamente o olhar para evitar cruzá-lo como o de Noah.

— Não — respondeu, sentindo um frio na barriga a certa tensão no ar que ele trouxe para ela apenas com a presença.

Noah tinha acabado de entrar na sala de aula e sua expressão séria, embora fosse a usual, naquele momento deixava claro que ele não estava de bom humor.

Toda sua postura parecia transmitir uma vibração negativa, as causas dessa irritação estavam ali bem na sua frente: Nathan e aquela garota desastrada.

“Céus! Ela estuda aqui?” — se perguntou internamente enquanto notava o uniforme dela pela primeira vez, obtendo assim a resposta.

Viu Nathan gesticular em direção a ele após notá-lo e teve a sensação de que o que falava era sobre ele, então suspirou.

Noah fez uma rápida contagem das carteiras e percebeu que se sentaria exatamente ao lado de Zoe, com quem havia estudado no ano anterior.

"Ótimo! Pelo menos isso." — pensou Noah enquanto caminhava em direção ao seu lugar. Mas ele sabia que ainda teria que aturar a contragosto o irmão, que era demasiado conversador, bem à frente dele.

Logo depois, o professor entrou na sala e todos tomaram seus lugares. Carly deixou o grupo antes de Naoh chegar e se acomodou na penúltima carteira da primeira fila.

— Bom dia! — saudou os colegas mais próximos enquanto se sentava.

O professor começou sua apresentação e pediu que cada aluno se apresentasse um por um.

Carly apoiou o braço esquerdo sobre a carteira e inclinou-se para frente enquanto sua mente divagava. Olhando para o lado direito da sala, viu Noah fixo na lousa enquanto Zoe estava ao seu lado na penúltima carteira da última fila.

E Nathan estava sentado em frente a Noah interagindo animadamente. Observando-os juntos, mesmo que apenas de lado, era impossível não notar as semelhanças entre eles.

"Tão parecidos, mas também tão diferentes" — pensou Carly com um sorriso involuntário nos lábios.

A primeira impressão que teve de Nathan foi a de que ele parecia ser bem simpático, um tanto narcisista talvez, mas definitivamente engraçado. Ao contrário de Noah, cuja aura séria emanava uma profundidade intensa, parecia até que ele carregava consigo os segredos do universo.

...***💙💙💙***...

O primeiro dia de aulas havia passado num piscar de olhos, e Carly e Zoe, inseparáveis desde os tempos de jardim de infância, caminhavam lado a lado pelo caminho que levava para casa.

O sol começava a se pôr e o céu com tons de rosa e laranja.

— E cara do professor de matemática quando o Nathan perguntou se ele tinha planos de férias — disse Carly, segurando a barriga de tanto rir. — O ano mal começou, e ele já está pensando nas férias.

Zoe não conseguiu conter a risada também.

— Deixou o professor sem palavras.

Carly riu ainda mais, lembrando da cena. Era sempre assim: as duas eram capazes de transformar qualquer situação em um momento hilário. Enquanto elas caminhavam juntas, compartilhavam segredos e risadas, matando assim a saudade.

— Então... — Carly começou, inclinando-se para mais perto de Zoe com um sorriso travesso. — Quando ias me contar que estás apaixonada?

Zoe parou abruptamente, os olhos arregalados. Sim, ela havia sido pega em flagrante, pelo menos era assim que se sentia. Zoe refletiu por um momento, mordendo o lábio inferior com um evidente ar de quem estava tentando calcular a melhor saída daquela situação.

— Hmm... hoje? — respondeu ela timidamente, fazendo uma pausa que parecia durar uma eternidade. — É assim tão evidente?

Carly soltou uma gargalhada alta que fez algumas pessoas ao redor olharem para elas com curiosidade.

— É sim, boba! Pelo menos para mim! — ela piscou, inclinando-se para trás com uma expressão triunfante. — Mas me conta de uma vez: há quanto tempo estás apaixonada pelo Ethan?

Zoe sentiu o rubor surgir em seu rosto enquanto nervosamente brincava os dedos com a alça da mochila e as palavras pareciam ter ficado presas em sua garganta.

— Ah... talvez desde o último verão? Ou foi no outono? — disse ela apressadamente, tentando desviar o olhar. — Não sei bem!

Carly balançou a cabeça em desaprovação e com um leve sorriso brincalhão.

— Desde o último verão? Não acredito — exclamou ela com um brilho nos olhos. — Se não contares pra ele logo, eu vou fazer isso por ti, Zoe!

E ouvindo isso Zoe arregalou os olhos em pânico. Nesse momento, Lucas, que estava a alguns passos de distância viu-as de longe e decidiu se aproximar sorrateiramente com o intuito de assustá-las.

— Não, por favor, Carly! — pediu ela e Carly não respondeu. — Não devia ter te contado. — murmurou.

— Não me contaste, eu percebi — Carly disse rindo.

— Não deveria ter confirmado então — Zoe insistiu.

— Está bem, eu não direi a ele, mas tens que fazer algo, Zoe!

— Como o quê? Declarar meu amor pelo Ethan no meio da aula? — Zoe soltou um suspiro profundo. — Seria um completo desastre!

Enquanto Lucas caminhava para mais perto delas, acabou ouvindo e surpreendendo-se com o que acabava de descobrir.