Me chamo Gabriely Castelli. Venho de uma família bilionária, dona de grandes negócios e alianças internacionais. Antes mesmo de nascer, fui prometida em casamento ao filho de um magnata russo. Essa prática é comum entre famílias da alta sociedade para garantir laços estratégicos, acordos comerciais e manter o status elevado que tanto prezamos.
Passei minha vida inteira estudando. Perdi minha mãe muito cedo, e desde então, meu pai mergulhou ainda mais nos negócios, sempre ao lado do meu irmão, Renzo. Ele tem receio de que, um dia, eu possa assumir os negócios da família, já que sou mais inteligente e tenho uma visão mais estratégica do que ele. Após a morte da mamãe, fui enviada para um internato. Papai só me visitava nas férias, sempre com Renzo. Nos feriados, às vezes, eu ia para casa, mas passava a maior parte do tempo com a Dirce, a empregada mais antiga da família – praticamente uma segunda mãe.
Muitos colegas dizem que sou mimada, até malcriada. Mas a realidade é completamente diferente. Sempre fui avançada nos estudos, por ser inteligente, e acabei estudando com alunos mais velhos. Isso gerava inveja, comentários maldosos e olhares tortos.
Meu irmão me odeia por isso. E por ter que dividir a herança comigo. Ele teme me perder em todos os sentidos, inclusive nos negócios. Atualmente, moro sozinha em um apartamento de luxo próximo à minha universidade. Tenho algumas empregadas, mas sempre gostei de fazer minhas próprias coisas. Nunca tive amigos de verdade. Minha rotina era simples: da universidade para casa, e de casa para a universidade. Na semana passada, completei 18 anos.
Desde pequena, eu sabia que, ao atingir a maioridade, minha vida mudaria drasticamente. Estava escrita para um destino que não escolhi. Ao chegar da universidade, naquela tarde chuvosa, encontrei meu pai me esperando na sala.
— Gaby, minha filha — disse ele com o olhar firme, mas cansado. — Venho lhe informar que seu casamento será no próximo mês. Você tem até o fim de semana para retornar para casa.
— Certo, pai.
Respondi sem reação, embora por dentro meu mundo estivesse desmoronando. Não esperava que fosse tão cedo. Nem ao menos terminei meus estudos... Meus sonhos foram jogados por água abaixo. Agora, preciso abandonar tudo para ser apenas uma esposa exemplar. Sabia que esse dia chegaria, mas ainda assim, doeu como nunca.
Meu pai permaneceu por mais algumas horas, discutindo detalhes do casamento. Ele mencionou que a mãe de Viktor cuidaria de toda a organização. Logo depois, foi embora, e eu fiquei ali, sentada na sala, encarando o vazio. Estava tentando entender se aquilo tudo era mesmo real. Eu teria que abandonar a medicina — profissão que escolhi para tentar ajudar outras famílias a não perderem alguém como eu perdi minha mãe. Meu verdadeiro sonho sempre foi a advocacia, mas a dor me levou para outro caminho.
Dias depois, voltei para a casa do meu pai. O casamento estava cada vez mais próximo. Não me envolvi com os preparativos. Só escolhi meu vestido. O resto ficou por conta da mãe do Viktor, meu futuro marido. Um homem que nunca vi pessoalmente. Famoso por seu histórico de "pegador", seu nome sempre esteve envolvido em escândalos — mas agora, será meu marido, selando uma aliança de negócios e poder.
O grande dia chegou. A cerimônia foi simples, apenas para familiares e amigos ligados aos negócios. E assim, oficialmente, tornei-me esposa de Viktor Lensky. Nosso casamento não é por amor. É por status. Por fortuna. Por interesses que sempre estiveram acima de nós.
...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...
Apresentação
Gabriely Castelli — Essa sou eu. Tenho 18 anos. Meu sonho era estudar Direito, mas após a morte da minha mãe, escolhi a Medicina, na esperança de salvar outras vidas como a dela.
Paolo Castelli
Renzo Castelli- 24 anos
Viktor Lensky - 22 anos
Otávio Lensky
Laura Lensky
Mikhail Moshkovich - 24 anos e melhor amigo do Viktor
...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...
Após o casamento, houve uma pequena comemoração entre amigos. Foi algo simples e rápido. Eu não conhecia ninguém, exceto o meu pai, sua namorada e o Renzo. Logo após a festa, nos despedimos dos convidados e seguimos para a casa que os pais de Viktor nos deram de presente. Achei os meus sogros bastante simpáticos, e mesmo não os conhecendo bem, tive uma boa impressão.
A mansão
Ao chegar à mansão, percebi o quanto era aconchegante e elegante. Precisava apenas de alguns detalhes, mas no geral, era um lugar lindo. Até aquele momento, eu e Viktor ainda não tínhamos trocado mais do que duas palavras. O silêncio durante o trajeto dizia muito. Senti que ele não tinha gostado de mim, mas evitei pensar demais nisso. Ainda havia uma ponta de esperança dentro de mim.
Enquanto ele se jogava no sofá com uma expressão dura, me lançou um olhar furioso. Fiquei amedrontada, mas me recusei a demonstrar fraqueza.
— Então... onde será o nosso quarto? — perguntei tentando parecer natural.
— O quê? Tá maluca, garota?! — ele respondeu com grosseria.
— Somos casados, não é? Vamos dormir no mesmo quarto... é isso que um casal faz.
Ele riu com desdém.
— Isso aqui não passa de um contrato. Nunca vamos ser um casal. Não crie expectativa nenhuma, entendeu? Só estamos casados porque meu pai me obrigou. Eu não quero nada com você, tá me ouvindo? Nada!
— Então por que aceitou? Era só ter recusado! — rebati, tentando controlar a raiva.
— Cala a boca, criança! E nem tente me seduzir. Eu amo outra mulher. E você... — ele me olhou de cima a baixo com desprezo — ...nem chega aos pés dela com esse corpinho infantil.
Aquilo me cortou por dentro. Respirei fundo e respondi com firmeza:
— Para sua informação, também não queria me casar. Mas quem sabe, com o tempo, a gente poderia sentir algo um pelo outro?
Ele deu uma risada seca.
— Garota mimada... vou deixar bem claro: nunca vai existir “nós”. Não pense nem por um segundo que eu posso me apaixonar por você. Fique fora do meu caminho e não me encha a paciência. Vou pedir à empregada para preparar um quarto só pra você. E nunca sonhe em dividir o mesmo quarto comigo. Não perca o seu tempo!
Ele saiu da sala me deixando sozinha, com a alma em pedaços. Abandonei meu sonho por vontade do meu pai... e agora, era obrigada a viver com um homem arrogante, que se achava superior, como se eu precisasse dele pra alguma coisa.
Mais tarde, a empregada me ajudou a me acomodar num quarto próximo ao dele. Era grande e confortável, mas tudo parecia frio, sem vida.
Nos dias que se seguiram, tentei fazer o casamento funcionar. Mas nada do que eu fazia era suficiente. Me arrumava, cozinhava, me esforçava para ser uma boa esposa... tudo em vão. Viktor nunca reconhecia nada. Vivíamos como dois estranhos sob o mesmo teto. Os meses foram passando lentamente, cada dia mais sufocantes.
Certa noite, chovia forte. Acordei com sede e fui até a cozinha pegar água. No caminho, ouvi um barulho vindo do escritório. A porta estava entreaberta e, curiosa, resolvi espiar.
Viktor estava lá, completamente bêbado.
Entrei devagar, sem fazer barulho.
— Você... — ele murmurou com a voz arrastada — ...você é muito linda, sabia disso?
Fiquei paralisada. Estávamos tão próximos que podia ouvir sua respiração e sentir o cheiro forte de álcool. De repente, ele me puxou para um beijo. Foi quente, inesperado. Suas mãos tocaram meu corpo e, por um momento, me deixei levar. Meu corpo queimava. Nunca havia beijado ninguém antes — e com certeza não era assim que imaginei meu primeiro beijo. E muito menos com o meu marido, bêbado.
Ele se afastou um pouco e tentou se levantar, mas estava fraco. Tentei ajudá-lo, mas ele era muito pesado. Consegui deixá-lo no sofá. Quando me virei para sair, ele segurou meu braço com força. Tentei escapar, mas não consegui.
Acabei adormecendo ali, ao lado dele... com a alma cansada e o coração ainda tentando entender onde tudo isso iria nos levar.
......................
Acordei pela manhã aos gritos do Viktor. Abri os olhos assustada, sem entender nada.
— Que merda é essa? Que porr@ aconteceu aqui, garota?
Gaby: O quê? Do que você está falando?
— Sai do meu escritório agora! Vai embora daqui, garota!
Gaby: Eu não tenho culpa se você me beijou!
Viktor: Sai da minha frente agora!
Ele me arrastou do escritório até a sala de estar, me segurando com força.
— Viktor, você está me machucando! Me solta!
— Maldita oferecida! Se aproveitou que eu bebi demais!
— Solte-me agora! Quem se aproveitou aqui foi você, seu infeliz!
Aquele dia fiquei com tanta raiva do Viktor que saí de casa. Fui passear, fazer compras, tentar me distrair. Depois, passei na empresa do meu pai e, como sempre, fingi que estava tudo bem… até ele ver a marca no meu braço.
Paolo: O que é isso no seu braço, filha? O Viktor está te machucando? Eu mato aquele desgraçadø!
Gaby: Não, papai, foi um mal-entendido… Não é nada com que se preocupar. Ele não me machucou, ok?
Paolo: Vou ficar de olho nele. Qualquer coisa, não deixe de me avisar. Você é minha filha, está me ouvindo?
Após aquele constrangimento, voltei para casa. O Viktor chegou tarde naquela noite. Esperei por ele até às 23h. Como ele não apareceu, fiz um lanche e fui para a cama. Escutei ele chegar por volta da 1h. Os dias seguintes ele começou a me tratar melhor. Pensei que talvez fosse meu pai que tivesse falado algo, ou então ele realmente estivesse começando a gostar de mim. Estava tudo aparentemente maravilhoso...
Até que, em um sábado à tarde, enquanto eu cuidava de alguns assuntos da casa, uma mulher apareceu dizendo ser namorada do Viktor e que ele a havia convidado para morar com ele. Aquilo foi o fim da linha. Ele tinha passado de todos os limites.
Sai correndo até o escritório onde ele estava e desliguei o telefone que ele usava.
Viktor: Você está maluca?! Era um cliente importante!
Gaby: Maluco está você, que convidou aquela vadi@ para morar na nossa casa! Você passou dos limites!
Viktor: Lava essa sua boca pra falar da Isabelle! Ela merece respeito!
Gaby: Essa é a minha casa. E eu sou sua esposa. Então você vai ter que escolher: ou ela, ou eu?
Viktor: Você ainda está aqui? Está perdendo seu tempo!
Gaby: Muito bem. Vou ligar para meus advogados para darem entrada nos papéis do divórcio!
Viktor: Você tá louca?! Fazendo isso, perdemos o direito à herança dos nossos pais! Eu não gosto de você, Gaby. Que tal fazermos um acordo? Você vai embora e eu prometo te deixar em paz. Assim que conseguirmos a herança, aí sim, nos divorciamos.
Gaby: Vai à merd@!
Viktor: Você não vai aguentar viver sem os luxos do seu papai! Você é mimada, não sabe nada da vida! Não é à toa que não faz nada! Olha pra você, Gabrielly! [risos]
Gaby: Certo. Vamos ver quem vai vencer essa.
Subi para o meu quarto, arrumei minhas malas, e quando desci… vi os dois na sala, se agarrando e se beijando como se eu nem existisse. Escutei ele chamando-a de “meu amor”, elogiando sua beleza e presença. Aquilo me deu ânsia de vômito.
Saí dali e fui embora. No carro, lágrimas escorriam pelo meu rosto. Me sentia humilhada, destruída. Perdi meses tentando salvar um casamento que, no fundo, nunca existiu. Abandonei meus sonhos só para estar com ele… só para tentar.
Ele era bonito… E depois daquele beijo, se tornou o amor da minha vida. Mas ver aquilo… ouvir aquelas palavras… foi como uma punhalada. Sua amante era uns cinco anos mais velha, tinha um corpo escultural, era linda. Não vou mentir. Mas eu era a esposa dele.
Hoje deixo essa casa… mas não para fugir. Deixo para voltar mais forte.
Porque eu vou voltar.
E quando voltar, será pela minha vingança.
......................
Para mais, baixe o APP de MangaToon!