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O Meu Olhar, Preso em Ti

Capitulo 1             O segredo que guardo

June

Quem me vê de fora, acha que eu sou uma pessoa segura, confiante e talvez até, ambiciosa.

Se calhar sou isso tudo também, mas, no fundo... Acho que não sou nada mais, que um miúdo inseguro, com sonhos.

Faço parte de um grupo de pop, mas até agora, ainda não tivemos muito sucesso... Quanto a mim, acho que sou o menos talentoso dos membros do grupo, os outros três, Rey, Joon e Mhek. Esforço-me muito, mas o meu forte é cantar. Na dança, deixo muito a desejar... E atenção que eu adoro dançar, mas mais que isso, tenho um grande fascinio por ver alguém dançar... Há pessoas que nos tocam com uma bela voz, ou com uma bela melodia, vinda de teclas ou cordas, a mim, encanta-me pessoas que sabem dançar... E, quando ele dança, o meu mundo inteiro pára... Quando o corpo dele se move, ao som da música, vejo-me a entrar num mundo à parte, um qualquer universo paralelo onde só ele existe...

Estou a falar de Han, o nosso coreógrafo... Tem apenas mais 4 anos que nós, que estamos todos a viver os nossos 22 anos, mas tem mais talento, que muitos profissionais que vemos fazer sucesso... Ele apenas está por detrás, do que nós mostramos em frente às câmaras, ou nos espetáculos, mas, para mim, é ele quem brilha mais. Não consigo explicar por palavras, o que ele me fáz sentir. Estar na sala de ensaios com ele, é-me extremamente dificil, pois, por mais que me queira concentrar nos passoos que tenho que dar, o meu foco sempre se coloca nele... Até as expressões faciais dele são perfeitas... Não consigo nunca deixar de admirá-lo, a minha pele arrepia-se, a minha alma voa e volta ao corpo, vôo para uma outra dimensão... Muitas pessoas poderiam achar, com esta minha descrição dele, que eu estaria apaixonado, mas não... É apenas o meus fascinio pela dança, a falar por si...

Já nos conhecemos há 3 anos, e a minha admiração só cresce...

Temos uma equipa vasta de coreógrafos, compositores, produtores, mas nenhum deles me fascina, como Han, quando dança.

Cheguei cedo hoje, ao ensaio, e tenho estado aqui, sentado num dos cantos da sala, a vê-lo preparar a nossa nova coreografia, e confesso que foi o momento mágico do meu dia... Ele nasceu para dançar, e talvez eu tenha nascido apenas, para o admirar, quando o fáz. Além de ser um fantástico coreógrafo, é uma pessoa carinhosa, gentil e muito paciente.

Todos os membros têm muita confiança nele, e quando  existe um problema, seja no trabalho, ou a nivel pessoal, todos de alguma forma o procuram, para conselhos, ou apenas para ter um ombro para chorar... Todos, menos eu, que nunca consigo trocar mais de três palavras ao mesmo tempo, quando estou perto dele... Não me perguntem porquê, porque nem eu mesmo sei. Daí eu dizer que no fundo, não passo de uma pessoa insegura, com medo de falhar...

Os outros meninos chegam, alegres como sempre, e quebram a minha linha de pensamentos:

" - Olá June, chegaste cedo!!" - Exclama Rey, quando me vê sentado no fundo.

" - Sim, as minhas aulas acabaram mais cedo, vim direto para cá.." - Respondi-lhe, levantando-me.

Rey era considerado o mais bonito do grupo. Tinha agora o cabelo pintado em tons de vermelho, alto, corpo perfeito, os olhos pretos e dono de um sorriso encantador. Era o meu melhor amigo, embora me desse bem com todos, exceto talvez com Mhek, que por vezes implica comigo. Não ao ponto de eu achar que ele me odeie, mas às vezes é dificil nós concordarmos em algo. Mhek é de estatura média, olhos castanhos, cabelo preto, bem escuro. Tem a pele clara, e as miúdas caiem-lhe aos pés, devido ao charme, que lhe era próprio.

" - Ele está aqui há mais de uma hora!" - Han informou-os, sorrindo...

Falando mais um pouco de Han:

Ele não é muito alto, mas o corpo é definido na perfeição, nada de muito exagerado, na medida certa. A pele é branca, como o leite creme, e tem agora o cabelo tingido de loiro. Os olhos, são da cor do mel, brilhantes como vidro... E tem um sorriso perfeito, alinhado, nuns lábios cheios. Podia muito bem ser mais um membro do grupo. Imagem e talento não lhe faltavam, mas ele preferia estar fora dos holofotes, a fama não era coisa que lhe interessa-se...

Joon correu e colocou o braço à minha volta, coçando-me a cabeça. Joon é dono de uma energia inesgotável, e adora pregar partidas. É divertido estar perto dele. Moreno, bem estruturado também, cabelo castanho amêndoa, sorriso largo.

" - Podias ter ligado para mim. Estava no dormitório, podia ter vindo ter contigo..." - Disse-me.

" - Por acaso não me lembrei..." - Foi a minha resposta.

Oh!!! Talvez se perguntem também, como eu me pareço. Eu sou quase tão alto como Rey, a minha pele é morena, olhos verdes, umas poucas sardas, aqui e ali, que todos eles dizem ser encantadoras, o meu cabelo é de um tom castanho acobreado, que até agora ninguém na agência quis que eu mudasse. Dizem sempre que o meu tom natural é perfeito, e eu sinceramente também prefiro assim.

" - Vamos começar?" - Perguntou Han, formando já a linha onde cada um de nós se deveria colocar.

Os ensaios eram dificeis para mim, não só pela minha dificuldade em mexer o corpo, como também por me perder,  nos movimentos do corpo de Han...

Mas eu sabia, que tinha que fazer um esforço....

Capítulo 2              Finjo naturalidade

Han

Não sei se ele tem consciência do quanto fico nervoso, quando ele está aqui, e me observa de longe... Parece que perco o meu fôco, e começam-me a faltar ideias para novos passos. Esta coreografia é importante para a apresentação da nova música deles, e eu tenho que montar uma coreografia perfeita, mas com ele aqui, fica dificil...

Sei que ele não fáz ideia, do que a sua presença me provoca, e é bom que assim seja. Afinal, sou apenas o coreógrafo das suas danças e é esse o estatuto que tenho ou terei. Posso até tentar aproximar-me dele, e tornar-me seu amigo, mas até agora, ele não parece muito interessado nisso, ou sequer em mim. Sei que ele tem mais dificuldade do que os outros em encaixar à primeira os passos e a sincronização, e por isso perde mais tempo dentro desta sala, observando-me. Tento fazer tudo mais devagar, pois sei que ele tenta memorizar os passos. Admiro a dedicação dele. Admiro que ele não se deixe abater pelas dificuldades e que não desista, de sempre tentar fazer melhor... June, é o nome dele. Lembro-me do dia que o conheci, como se fosse hoje.

Podemos dizer que é possivel apaixonarmo-nos por uma voz? Porque acho que foi isso que me aconteceu naquele dia. Estava no estúdio, para ensaios com outra banda, quando na nossa pausa, numa ida à casa de banho, passei pela sala de gravações, que tinha a porta encostada, e de lá saia o som da voz mais bonita que eu já tinha ouvido na vida... Não consegui deixar de ficar ali, encostado na parede, a ouvir... O meu coração acelerou tanto, apenas com aquele som. E isso fez-me querer saber, quem era o dono daquela voz, e por causa disso, naquele dia não fui logo embora, após o ensaio, como era meu costume. Fiquei à espera que as gravações terminassem, para saber quem estava por detrás daquela voz. Sabia que havia uma nova aposta na agência, mas ainda não tinha conhecido nenhum dos meninos. Sabia também que estavam na fase de gravar as vozes individualmente primeiro, para ver o estilo que encaixava melhor a cada um.

Esperei, fazendo tempo na sala de ensaios, e acabei criando uma coreografia, toda inspirada naquela voz... Quando percebi que terminavam, fiz de conta que estava para ir embora e saí da sala, que era ao lado da de gravação. Mark, o agente da nova banda, estava cá fora, com um rapaz que vesitia um fato de treino preto, de camisola larga, com gorro. Tinha um ar descontraido, com uma pequena argola na orelha direita e um brinco preto, redondo, na esquerda, e o sorriso mais bonito que eu já vira na vida. Um arrepio percorreu o meu corpo inteiro, exatamente como no momento que o ouvira cantar...

" - Oh, Han!! Ainda bem que estás aqui, queria mesmo falar contigo!" - Cumprimentou-me Mark, animado.

Parei ao lado deles, pedindo interiormente que ninguém reparasse como eu tremia...

" - Olá Mark, como vais?" - Tentei soar o mais casual possivel.

" - Estou ótimo. Queria apresentar-te o June. Ele fáz parte da banda nova, que vai estrear no verão, os Bluies."

Eu olhei para June, e ele continuava a sorrir, de olhos brilhantes. Estendi a minha mão, mais uma vez implorando a mim mesmo que não tremessem...

" -Olá, June. Sou Han, prazer..."

Ele devolveu-me o cumprimento, entusiasmado:

" - Olá! Espero que nos demos bem.."

Aquela voz... Senti por momentos que ia levitar do chão. O meu estômago dava voltas e sentia um formigueiro dentro dele...

" - Han, queria mesmo falar contigo, pois tu foste selecionado para a equipa de coreógrafos dos Bluies..." - Mark informava-me agora.

O meu coração disparou ainda mais... O quê? Eu ia ser o coreógrafo deles? Eu ia estar, a partir daquele momento, práticamente todos os dias com June? Eu mal cabia em mim, de tanta alegria que senti por dentro, mas claro que tinha que manter a calma e não dar a entender a euforia que sentia no peito.

" - A sério?? Claro!!! Sabes que para mim é sempre um prazer..." - Repondi, tentando manter o meu lado mais profissional.

" - Eu sabia que não me falhavas..." - Foi a resposta aliviada de Mark.

E foi assim, que de há 3 anos para cá, eu passei a ser o coreógrafo principal, dos Bluies. E de todas as vezes que ele vem sózinho, horas antes dos outros meninos, eu ainda me sinto exatamente da mesma forma... Nervoso, inquieto, com medo de errar os passos que eu próprio criei.

Consegui estabelecer uma grande ligação com todos eles, mas no que toca ao lado pessoal, ele foi o único que não me deixou entrar no seu mundo. Ficámos próximos, claro, mas não tanto como com os outros membros, que já me consideravam mais um amigo, que um mentor.

Ás vezes eu ficava triste com isso, mas por outro lado, achava que era melhor mantermo-nos assim, afinal, eu tinha medo que a admiração que sentia por ele, escalasse para outros campos, e isso só iria complicar a minha vida, mais ainda....

Capítulo 3 A minha normalidade

June

O ensaio foi mais uma vez dificil para mim, embora eu tenha achado que Han desta vez fez uma coreografia linda, mas simples, ainda assim, foi dificil concentrar-me... E sinceramente já não sei se a questão se prende ao facto da minha dificuldade em dançar, ou mesmo por não conseguir deixar o fascinio que me toma, vê-lo dançar.

Cada movimento dele parece tão natural, como se aquela fosse uma segunda pele, e é tão perfeito, que eu não consigo deixar de pensar nisso, mesmo quando tento manter o foco nos passos que devo dar. Ele é sempre compreensivo, e ajuda nas nossas dificuldades.

Hoje, por mais de uma vez, ele aproximou-se para me corrigir a postura, e de cada vez que ele por algum motivo me tocava, o  meu corpo estremecia. Ele tem esse poder em mim, por muito que eu não queira...

No final do ensaio, ele deu umas últimas instruções, e todos nos despedimos, exaustos...

Cheguei ao dormitório antes dos outros, que ainda quiseram ir buscar comida. Quanto a mim, não tinha a minima fome. Queria apenas apagar da mente os movimentos que sabia de côr, no corpo dele, mas que não conseguia eu próprio reproduzir. E é isso que mais me deixa frustrado. Como é que na minha mente, passa a imagem dele, numa coreografia perfeita e completa e depois não consigo fazê-lo? É Completamente estranho e descabido, certo? Por mais que eu tente, nunca consigo entender...

Enquanto a minha cabeça roda com estes pensamentos e dúvidas, recebo uma mensagem no telemóvel:

" Amanhã vens às aulas?".

Era Sandy, a minha melhor amiga... Estamos na mesma turma, na faculdade de letras. Com os ensaios, apresentações e trabalhos com a banda, por vezes é dificil ir ás aulas e acompanhar, mas nesse sentido ela tem sido uma ajuda preciosa. Os outros meninos estam na faculdade também, mas àreas diferentes. Rey e Mhek estavam em engenharia e Joon em ciências. Sandy é a minha melhor amiga, mas não só... É também a única.

Desde que fiz a minha estreia na banda,  mesmo que não fossemos muito famosos, na escola passei a ser uma espécie de celebridade, e a maior parte das pessoas só se aproximava de mim, com interesse em algo. Ou tinham ideia que andando comigo, poderiam abrir portas a eles mesmos na indústria, ou eram apenas miúdas meio lunáticas que achavam que tendo o meu autógrafo agora, talvez fosse uma qualquer reliquia mais tarde. Portanto, eu realmente não confiava nas pessoas. Desisti de fazer novas amizades, e fiquei-me por Sandy. Ela tinha familia a trabalhar na indústria, pelo que tinha uma ideia de como era aquele meio, embora nunca falássemos a fundo de quem é que ela tinha na área. Eu também não perguntava, porque achava que, assim como para  mim, muitas vezes podia ser desconfortável sermos apenas assossiados  a algo ou alguém deste meio. Deixei-a com essa informação apenas para ela e sabia que ela também me entendia.

Respondi à mensagem:

" Vou, mas provavelmente não ao primeiro tempo..."

Ela respondeu com um emoji risonho, e a conversa ficou por ali... Eu sentia-me cansado, mas acho que a minha mente estava mais ainda... Tomei um banho e deitei-me, na esperança de dormir...

Na manhã seguinte acordei e desci para comer algo rápido, antes de sair para as aulas.

Rey tinha adormecido no sofá, coisa que acontecia muitas vezes, pois ele adorava jogar videojogos e acabava sempre por dormir ali, quando lhe faltavam as energias para continuar. Calculei que Joon e Mhek estivessem cada um no seu quarto.

Tinhamos sorte, pois o nosso dormitório era grande e tinhamos a possibiliadade de ter cada um o seu quarto.

O dormitório ficava ali mesmo,  no prédio da empresa, no último piso.

O dos coreógrafos era no mesmo piso, assim como o de mais um ou dois grupos novatos. O resto espalhava-se pelos restantes andares.

Quando saí, corri pelo corredor, pois vi que o elevador estava prestes a fechar as portas...

" - Por favor, esperem!!" - Gritei enquanto corria, na esperança de que quem tivesse entrado, segurasse a porta até eu alcançar.

Por sorte, ouviram-me. Parei, e quando olhei para cima, enquanto agradecia, vi Han, que segurava a porta do elevador e olhava para mim, sorrindo.

" - Bom dia!" - Disse-me.

Um friozinho na barriga... Foi o que eu senti na hora...

" - Bom dia! Obrigado Han..." - Agradeci e entrei. Encostei-me no fundo do elevador, e ele encostou-se na outra parede, do meu lado direito.

Não parecia vestido para os treinos. Estava com uma calça de ganga, uma camisa preta, por dentro delas e um casaco preto de cabedal. Acho que nunca o tinha visto vestido assim, e achei que lhe dava um ar.... Sensual?

" - Estás bem?" - Ele perguntou-me.

" - Sim... E tu?" - Eu era sempre muito básico a falar com ele. Eu não sabia o que dizer, ou sequer como continuar uma qualquer conversa. A minha lingua travava sempre.

" - Ótimo..." - Ele voltava a mostrar o sorriso perfeito. - " - Vais para as aulas??"

" - Sim... Hoje a agenda permite.... Tenho que aproveitar..." - Sentia-me sempre tão idiota ao pé dele... Queria dizer mais, saber mais, aproximar-me, e não conseguia...

Dois pisos abaixo do nosso, as portas do elevador voltaram a abrir, e uma multidão de gente invadiu. Bolas!! Esqueci-me completamente que aquela devia ser a hora mágica do café e a empresa em peso descia até ao café no piso térreo do prédio. Conforme as pessoas foram empurrando e empurrando, vi um Han aflito, quando do nada foi empurrado, colocando as mãos na parede do elevador, uma de cada lado da minha cabeça e mandado literalmente contra mim... Petrifiquei... Congelei... É possivel uma pessoa sentir um calor imenso a subir pelo corpo todo, ao mesmo tempo que o coração congela? Foi mais ou menos isso, para mim. Ele estava ali, tão perto de mim que se eu apenas me mexesse um milimetro poderia tocar facilmente com os meus lábios nos dele... Não sei porque é que eu sequer estava a pensar nessa possibilidade!!! Ele estava de olhos fechados e eu olhava fixamente para ele, ali, bem perto... Nunca tinha reparado que ele tinha um sinal na bochecha... Até o sinal era perfeito. De repente, ele abriu os olhos, e encarou-me... Eu achei que ia desmontar-me e acho que só não aconteceu porque eu literalmente não tinha espaço!!! Ele sussurou um :

" - Desculpa!" -  Deus... Aquele simples sinal de atrapalhação no rosto dele me fez estremecer... Ele  mordeu o lábio inferior... A minha barriga tinha a quantidade suficiente de borboletas a esvoaçar para encher aquele mesmo elevador, de certeza... O ar começava a faltar-me... De repente, e tenho a certeza que não foi impressão minha, ele desviou os olhos para a minha boca. Não estou a inventar!! Tenho a certeza que vi!! Pensei que um simples movimento e ele  poderia beijar-me ali mesmo... Senti o cheiro do seu perfume misturado com o seu champô de frutas e confesso que, se por um qualquer truque de magia eu pudesse, queria guardar aquele cheiro para sempre, num frasquinho... Pareço estranho não é?? Eu sei!! Mas não consigo explicar, o que ele me fáz sentir... Finalmente o elevador abriu, o enchente de pessoas saiu, numa pressa imensa, como se o café estivesse num qualquer perigo de extinsão... Han olhou-me nos olhos e saiu apressado, dizendo apenas um até logo, já de costas...

Confesso que eu fiquei ali, naquele elevador, durante mais uns segundos... As minhas pernas estavam teimosas, e não me deixavam avançar...

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