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Canção das Profundezas

Início de uma aventura

DEDICATÓRIA DA AUTORA

Este é um convite a todos que se encontram à deriva em um oceano de incertezas, em busca de um caminho que os conduza para além da solidão. Nas ondas, onde a solidão se transforma em amor, mesmo nas tempestades mais intensas, é possível descobrir a sua paz, a sua paixão, a sua redenção. Basta, então, permitir-se ser levado pelas águas e pela curiosidade que brota dentro de si.

Tudo começa com um pirata de cabelos negros salpicados de mechas brancas, correndo pelas ruas da cidade da guarda real. Ele acaba de desferir um soco em um dos guardas e agora se lança em uma corrida desenfreada, segurando o chapéu com uma mão e rindo, enquanto salta sobre os obstáculos urbanos. Os guardas, cada vez mais numerosos, se mobilizam para capturar o pirata. Em meio à fuga, ele é puxado para um beco e sente uma mão tapando sua boca. A pessoa ao seu lado diz:

— Você precisa parar de causar confusão em cada cidade que visitamos, Mamu!

Mamu, com um gesto despretensioso, passa as mãos pelos cabelos e, com um sorriso orgulhoso, responde:

— Eu sou culpado se eles acreditam que sou um bandido, capitão.

O capitão balança a cabeça, cobrindo Mamu com um manto para que se esconda, e diz:

— Assim, não há como ficarmos duas semanas na cidade para nos divertirmos; mal entrei em um bar!

Mamu, passando o braço pelo capitão, provoca:

— Ainda podemos aproveitar antes de partirmos; ali estão algumas moças interessantes.

Ele acena para as mulheres que, atraídas, retribuem a atenção com sorrisos e beijos. O capitão ri, balança a cabeça e segue em frente, mancando levemente do lado direito, resultado de um ferimento em uma de suas aventuras. Contudo, mesmo com a perna machucada, todos temiam o capitão Sebastian, que percorria as ruas com seus cabelos verdes, roupas um tanto desgastadas e a camisa que deixava à mostra seu peitoral musculoso, repleto de tatuagens. Ele avança pela cidade, puxando Mamu, sempre encrenqueiro e pronto para brigar com qualquer um que cruzasse seu caminho.

Sebastian avança em direção à área onde os navios estão atracados, acompanhado de Mamu. O Capitão se aproxima de um homem que está ocupadamente limpando as embarcações e, em tom de brincadeira, diz:

— E aí, caolho, meu corvo da meia noite vai brilhar, não é?

O homem se vira, rindo, e responde com uma pitada de humor:

— Sebastian, seu navio é um verdadeiro monstro! E olha que sou só um olho, mas, antes que eu esqueça, cuida da tua vida, porque eu enxergo melhor que você quando está correndo!

Sebastian, tirando o chapéu, ri do comentário e responde:

— Eu ainda enxergo muito bem, e isso considerando que já estou na idade, meu amigo!

O homem, agora com os braços cruzados, adota um semblante mais sério e pergunta:

— Para onde você vai desta vez, capitão? Está em busca de algo novo ou novamente se metendo em alguma loucura?

Sebastian, com a mão na cintura, contempla seu navio e declara, em tom suave:

— Para onde o vento me levar, é para lá que vou desta vez.

O homem, mantendo a seriedade, aproxima-se de Sebastian e diz:

— Você está ficando velho, meu amigo. É hora de fincar os pés na terra!

Sebastian fecha os olhos, abaixa a cabeça e esfrega o pé no chão, afirmando:

— Vou continuar navegando até que meu corpo não aguente mais. Eu sou e sempre fui do mar; não será agora que deixarei as ondas para trás.

Sebastian ajusta novamente o chapéu na cabeça, antes de sair, e dirige-se a seu amigo de forma séria:

— Cuida bem da minha joia e apareça para o jantar, já que esta será a última noite que estarei na cidade.

O homem solta uma gargalhada e confirma sua presença, enquanto Sebastian puxa Mamu para perto, fazendo-o vestir o manto para que ninguém reconheça sua presença. Assim, eles se aventuram pelas ruas da cidade, conversando sobre a visita à área dos piratas, onde pretendem se despedir dos amigos antes de retornar ao mar e retomar a navegação.

Ao cair da noite, Sebastian e Mamu chegaram à área dos piratas. Entraram em um bar repleto de gente, onde a animação reinava: todos cantavam, pulavam e brindavam com cerveja em seus canecos, fazendo um alvoroço que deixava a proprietária quase enlouquecida. Logo, Sebastian aproximou-se dela, cruzando os braços com um sorriso no rosto.

— O povo está em festa hoje — comentou ele, cheio de entusiasmo.

Ela riu, colocando as canecas sobre o balcão.

— O capitão ali encontrou ouro e está bancando a bebida para todo mundo! Eu, sinceramente, não poderia estar mais satisfeita com isso!

Sebastian riu, passando as mãos pelos cabelos e suspirando.

— Trouxe meus homens também; tem cerveja suficiente para a turma.

Ela colocou as mãos na cintura, com um tom brincalhão e sarcástico.

— Só mais 20 homens gritando e pulando! A bebida eu garanto, mas quanto a mulheres, isso eu não posso prometer que vá sobrar para todos.

Sebastian riu e, em tom de brincadeira, respondeu.

— Pode ficar tranquila, não me preocupo com meus companheiros; com um corpo bonito, já estou satisfeito!

Ela se afastou da bancada, ainda rindo, e anunciou que iria levar as bebidas para todos, prometendo trazer tudo o que pedissem.

A noite prosseguiu com danças e risadas, enquanto se despediam dos outros. A música tocava alto, e a animação estava em seu auge, com todos já um pouco embriagados.

De longe, Sebastian avistou o outro capitão, que estava pagando as bebidas para todos e se exibindo em relação aos seus feitos. Sebastian escutava e ria, trocando olhares com o capitão Price. A cada história contada, os dois se entreolhavam, como se um desejo silencioso pairasse no ar, revelando uma conexão que transcendeu as palavras.

Com todos já deixando o bar alterados e entrelaçando os pés, houve um que acabou adormecendo no chão, ainda segurando os canecos. O Sebastian permanecia sentado, quando o Prince se aproximou e tomou seu lugar ao lado, com as pernas bem abertas, e disse ao Sebastian:

— E aí, não vai pendurar o chapéu? Já está na hora, não acha?

Sebastian lançou um olhar travesso para o Prince e respondeu:

— Eu ainda tenho energia, e não será minha idade ou minha perna que me deterá. Sou filho do mar.

Prince cruzou as pernas e, colocando o caneco sobre a mesa, comentou:

— Então, vai voltar ao mar sem se despedir do seu amante? — inclinou a cabeça, observando Sebastian.

Sebastian se inclinou para frente e, colocando seu caneco ao lado, disse:

— Pensei que você não quisesse mais, após o que aconteceu entre nós.

Prince se levantou, apoiou-se na mesa, cruzou os braços e falou com um tom levemente provocador:

— Ainda há tempo para um romance nesta noite?

Sebastian soltou uma risada, levantou-se e olhou para ele com os olhos um pouco semicerrados, respondendo:

— Sempre tenho tempo para um pouco de prazer, meu amigo.

Continua....

de volta ao mar

Quando o sol começa a despontar no horizonte, Sebastian desperta ao lado de Prince, que ainda repousava na cama, despido. As costas de Prince estavam visivelmente marcadas, repletas de cicatrizes e adornadas com tatuagens tribais. Com cautela, Sebastian se levanta, veste-se sem perturbar o sono de Prince, já que a noite anterior foi intensa e repleta de prazeres. Ao deixar o quarto, ele se depara com a dona do bar, que ainda lutava para afastar os homens adormecidos pelo chão e pelos bancos. Ao avistar Sebastian, ela exclamou, animada, embora a fadiga fosse evidente em sua voz:

— Parece que você aproveitou bastante a última noite em terra, não é, Sebastian?

Com suas roupas arrumadas e o chapéu de capitão na cabeça, Sebastian soltou uma risada e, em tom brincalhão, respondeu:

— Apenas me despedi de um velho amigo, nada mais, Morena.

Ela riu, colocando as canecas sobre a mesa, e comentou com um toque de sarcasmo:

— Essa despedida parece ter sido mais do que simples beijos e toques.

Sebastian, pegando seu casaco, saiu do bar rindo, com um sorriso estampado no rosto. Caminhando pela cidade, observou as pessoas montando suas barracas e organizando seus produtos para a venda, preparando-se para expor suas mercadorias. Após algum tempo, chegou ao local onde seu navio estava ancorado e se aproximou de Namu, que discutia sobre os itens a serem carregados. Ao ver os barris sendo embarcados, uma memória aflorou em sua mente: lembrou-se de Adeline, que anos atrás, havia se escondido dentro de um barril para embarcar clandestinamente em seu navio.

Sebastian recorda como aquela pequena menina demonstrava coragem, mesmo com seus homens e ele ao seu redor. Ela os ameaçava com uma adaga pequena, que parecia ter o fio cego, mas não evidenciava medo ou desistência. Essa atitude fez com que ele se encantasse por aquela menina que, mesmo sendo apenas uma criança, possuía garra e bravura. Enquanto Sebastian se perdia em suas memórias, Namu lhe deu um soco no braço e exclamou:

— Capitão, estou te chamando há tempos e você está longe, terra chamando, capitão!

Sebastian despertou de seus devaneios, balançou a cabeça e tentou esconder a tristeza que o invadia. Então, falou com um tom brincalhão:

— Nossa, você bate como uma criança! Isso foi um soco!?

Sebastian riu e se acomodou no banco, pendurando-se nas redes.

— Me diz, está tudo pronto para zarpar?

Namu balançou a cabeça e adentrou, falando alto para todos:

— É melhor que todos os medrosos estejam aqui, pois não voltaremos para buscar ninguém. Se alguém ficar, terá que nadar até o barco!

Namu deu um tapa nas pernas de um dos homens que estavam apoiadas nos barris e bradou:

— Está querendo explodir o navio? Coloque esse barril lá embaixo, c@r@lh0!

Sebastian, entusiasmado, ordena a seus homens que içem a âncora e soltem as velas, dando início à sua nova aventura pelos mares. Ele chama Namu para assumir o leme e tirar o navio da cidade, pois estão prestes a embarcar em mais uma jornada pelo oceano. Com agilidade, Sebastian se dirige à proa, mancando levemente por causa de sua perna esquerda, e segura firmemente no corvo que adorna seu navio negro, cujas velas brancas se soltam ao vento. Seus cabelos verdes dançam ao sabor da brisa forte que sopra a bombordo, enquanto ele suspira e retorna a dar ordens a seus homens.

Após algum tempo, já em alto-mar, o Namu sob o comando de Sebastian, ele se dirige à sua cabine, um refúgio relaxante após a limpeza realizada pela equipe responsável pelo navio enquanto estão ancorados. Como de costume, seu espaço particular abriga alguns livros, não muitos, mas o suficiente: alguns sobre navegação e outros sobre tesouros perdidos. Em sua mesa, um grande mapa se destaca, enquanto do outro lado da cabine, espadas reluzentes adornam a parede, verdadeiros troféus de sua primeira conquista. Sebastian possui diversos troféus de suas aventuras, acompanhados de cicatrizes que, embora dolorosas, são lembranças marcantes que o preencham de orgulho. Assim, ele se senta, mergulhando em pensamentos enquanto observa o mapa, buscando determinar o próximo destino de sua jornada.

Namu adentra na cabine de Sebastian, que estava absorto em um mapa, e lê atentamente para se certificar dos planos. Como irmãos de coração, apesar de não serem de sangue, Namu sente-se à vontade para se dirigir a Sebastian de maneira informal e se acomoda à mesa.

— E aí, vamos nos aventurar em algo tranquilo ou em uma situação mais arriscada?

Sebastian levanta a cabeça, solta uma risada e responde:

— Estou pensando em uma ideia insana, mas somente se você estiver disposto a isso, meu amigo.

Namu passa a mão pelos cabelos, rindo, e com seu habitual tom brincalhão e descontraído, mas demonstrando firmeza, diz:

— Onde meu irmão for, eu estarei junto. Então, o que você tem em mente para a nossa jornada?

Sebastian aponta no mapa o local que pretendiam explorar. Ele estava em busca de um tesouro que avistou anos atrás, mas que perdeu para outros piratas em sua juventude. Até hoje, ele nutre o desejo de recuperá-lo, embora o local do desaparecimento seja a famosa terra das sereias. Mesmo que ninguém tenha comprovado a existência das sereias, eles sabem que o canto delas é extremamente sedutor e perigoso, pois quando começam a cantar, geralmente é para atrair incautos para o mar.

Namu balança a cabeça, repousa-se sobre a mesa onde está o mapa e diz:

— É insano, lá não é perigoso apenas por ser conhecido pela presença das sereias, mas antes de chegarmos, muitos perigos nos aguardam. Há monstros marinhos e essas águas são traiçoeiras; poucos sobreviveram para contar suas histórias. O Prince se salvou por ser quase tão louco quanto você.

Sebastian se levanta de sua cadeira, dirige-se até a prateleira de seus livros e, com um semblante sério, mas ainda calmo, responde:

— Não é como se não fôssemos suficientemente insanos para nos aventurarmos. Já enfrentamos muitas tempestades e desafios até aqui, amigo.

Namu desce da mesa onde está o mapa, coloca-se de pé e, em tom brincalhão, diz:

— Passamos por tantas coisas, até mesmo você demonstra no seu jeito de andar o que enfrentamos. Sua perna é a prova viva de que você é um maluco, mas eu não sou normal, visto que cada um carrega suas cicatrizes. A sua é física e sei que você não a esquece.

Sebastian sente uma pontada no coração ao lembrar de Adeline e, um pouco desanimado, comenta:

— Eu poderia tê-la salvado, eu acho.

Namu se aproxima, coloca a mão em seu ombro e fala:

— Mas a que preço você conseguiria isso? — Namu desvia o olhar — Infelizmente, não havia muito a ser feito, e sabemos que, neste mundo, perdemos pessoas.

Sebastian esboça um sorriso e, animado, diz:

— Então, vamos logo para onde desejamos, pois nos dará trabalho.

Namu sai da cabine, vibrante, gritando animadamente com todos e perguntando para onde cada um vai, já que ele é o que melhor sabe navegar, muito mais do que Sebastian, que sempre apreciou a arte de navegar, mas de forma diferente.

Sebastian saindo do cabine e avista Namu no leme, já conduzindo o navio com destreza. Ao levantar os olhos, percebe que o céu está repleto de estrelas, e a lua brilha intensamente, iluminando o mar de forma encantadora e enigmática ao mesmo tempo. Ele se dirige à proa, onde permanece a contemplar as águas, imerso em reflexões sobre como será a viagem e como enfrentarão os desafios que estão por vir. Com a mão, acaricia sua perna esquerda, relembrando os eventos passados. O que mais ecoa em sua mente é a imagem de Adeline, lutando para se salvar, e tempos depois ele se recorda daqueles olhos magníficos, cor de mel, que sempre exalavam determinação e coragem, agora sem vida e sem o ânimo habitual, o que intensifica seu sofrimento. Nesse momento, um de seus homens, carinhosamente chamado de Berry, interrompe seus pensamentos, convidando-o para se juntar aos demais para comer e beber um pouco.

***Continua***....(⁠ㆁ⁠ω⁠ㆁ⁠)

a cantarolar

Após todos desfrutarem de uma refeição e beberem um pouco durante a noite, entoando canções sob a luz da lua, a animação e a alegria pairavam no ar. Em seguida, cada um se retirou para suas cabines, restando apenas Sebastian, que permanecia sentado no convés, contemplando as estrelas e sentindo a brisa fresca em seu rosto. Seus cabelos dançavam ao sabor do vento enquanto ele segurava firmemente seu caneco de rum. Então, Sebastian se levantou e dirigiu-se à sua cabine, despindo-se de algumas vestes antes de se deitar, pois o dia seguinte prometia grandes desafios, já que se aproximavam das águas repletas de monstros e correntes traiçoeiras.

Na cabine de Namu, ele estava acordado, observando o teto enquanto sentia o navio oscilar. O sono parecia esquivo, especialmente em noites em que o descanso não chegava. De repente, ouviu uma batida suave na porta de sua cabine. Com a voz baixa, ele murmurou para que a pessoa entrasse. A porta se abriu e alguém, com um tom suave, comentou:

— Estava sem sono, então pensei que você também estaria acordado.

Namu, levantando-se e sentando-se com um leve sorriso, respondeu:

— Você sempre sabe quando estou tendo dificuldades para pegar no sono.

A pessoa caminhou até Namu e sentou-se ao seu lado, acariciando seu rosto com ternura.

— Namu, a cada dia você se torna mais bonito e mais velho — riu ao mencionar a idade dele.

Namu, com um gesto sutil, passou a mão no peito da pessoa, aproximando-se e sussurrando, com um tom provocante:

— Não foi isso que você me disse há duas noites atrás

Namu acaricia a barba que já estava um pouco mais longa, aproximando seu rosto do de Aiofe, quase tocando seus lábios, e sussurra seu nome: Aiofe. Eles se encaram profundamente, os olhos um do outro se entrelaçando, enquanto seus corpos se aquecem com toques sutis. Então, Namu se posiciona sobre Aiofe, retira a camisa que o cobria e sente as mãos dele em sua cintura. Observa, encantado, os belos olhos negros de Aiofe brilhando com desejo. Em um impulso, Namu o beija, deslizando uma de suas mãos pela nuca dele, enquanto a outra se apoia em seu peito bem definido, onde uma cicatriz se destaca.

Aiofe e Namu intensificam o beijo, suas línguas entrelaçadas numa dança de desejo e paixão, enquanto as mãos de ambos exploram cada centímetro do corpo um do outro, deixando marcas ardentes na pele. Nesse momento de entrega, Aiofe desliza sua mão para dentro da calça de Namu, acariciando suavemente a entrada, enquanto a outra mão, também em movimento, aperta delicadamente a sua bunda.

.......

Ao amanhecer, o capitão Sebastian despertou, vestiu suas roupas para checar como estava o clima e, ao sair de sua cabine, sentiu a intensidade do sol e o calor do dia. Ele se dirigiu até Namu, que estava no leme, guiando o navio com um semblante animado, suas roupas um pouco abertas devido à temperatura elevada. Sebastian se aproximou dele, mancando levemente, como de costume, e, com um sorriso confiante, disse:

— Parece que você teve uma boa noite de sono, está bem animado ou o rum de ontem à noite estava excelente?

Namu olhou para ele, jogou os cabelos para trás e respondeu:

— Digamos que dormi tranquilo esta noite, foi realmente relaxante.

Sebastian riu, colocou a mão na cintura e começou a se balançar de um lado para o outro:

— Quanto tempo até chegarmos nas águas mais turbulentas?

Namu passou a mão pelas sobrancelhas, ainda focado no leme:

— Talvez mais uma noite. Precisaremos parar um pouco antes, pois precisamos reabastecer mantimentos e bebidas.

Sebastian concordou com a cabeça e avistou Aiofe sentado no convés, visivelmente cansado. Ele se aproximou e questionou:

— Ofe, o que você está fazendo?

Aiofe jogou a cabeça para trás, suspirou e respondeu:

— Está muito quente. Neste momento, eu gostaria de me atirar no mar, esse sol está insuportável!

Antes que qualquer um deles pudesse pronunciar uma palavra ou alertar o capitão, avistaram um navio que parecia ser inglês, aproximando-se em sua direção. Um dos homens se apressou para informar, mas Sebastian já havia percebido a situação. Em vez de recuar, decidiu avançar, pois havia uma coisa que ele não possuía: medo, especialmente de ingleses que se acreditavam os soberanos do mundo. Sebastian ordenou que todos se posicionassem, preparando-se para os canhões e prontos para atacar caso os ingleses ousassem qualquer movimento. O navio de Sebastian era tão imponente quanto o dos ingleses; seu barco, que ele chamava à meia-noite, era majestoso e já havia enfrentado inúmeras adversidades.

O Sebastian, ao avistar os inimigos, solicita que acelerem, pois não pretendem recuar diante de um inglês pretensioso. Após algum tempo, os dois navios se posicionam lado a lado, revelando a imponente presença do navio inglês, que se ergue majestoso e grandioso, adornado com detalhes em dourado e uma águia imponente na proa. Em contrapartida, o navio de Sebastian é envolto em tonalidades escuras, como a própria noite, com nuances azuis e um corvo na proa, projetando um ar de temor sobre seus adversários. Logo, os ingleses atracam sua embarcação, sendo liderados por seu capitão, Liam, que se apresenta em trajes formais azuis, os quais Sebastian considera absurdamente ridículos e extremamente desagradáveis.

Sebastian se aproxima de Liam, ostentando seu habitual ar de superioridade e um olhar audacioso, e diz com um tom irônico:

— O que traz a ilustre dama ao nosso encontro, Liam?

Liam, um tanto irritado com a provocação, responde de forma ligeiramente ofendida, mas ciente da personalidade de Sebastian:

— E como você se atreve a se dirigir a mim dessa maneira? — Liam solta uma risada presunçosa e se aproxima de Sebastian — Pensava que éramos bons amigos, não?

Sebastian, mantendo seu olhar desdenhoso e um sorriso audacioso, retruca:

— E eu imaginei que você possuísse um navio mais impressionante do que essa piada.

Liam cruza os braços e adota um tom mais sério:

— Você sabe que está em território inglês, e mesmo que eu o proteja, ainda assim você não deveria estar aqui.

Sebastian solta uma gargalhada, aquecida pelo sol escaldante que os envolvia, e com um olhar de desdém, pronuncia:

— Eu não sigo regras, e quem afirma que preciso da sua proteção não sabe que não sou de me submeter. E, convenhamos, não fui eu que mudei de lado.

Liam inclina a cabeça, rindo, e enquanto caminha, diz:

— É melhor você não se meter em encrenca, meu amigo. Só para esclarecer, não mudei de lado; simplesmente não era meu estilo ser pirata.

Sebastian, ajustando o chapéu com um riso cheio de presunção, declara:

— Só uma coisa é certa: um pirata sempre será um pirata. — Ele ergue a cabeça, seus olhos brilhando com uma autoridade inquestionável — Saia do meu navio se não quiser enfrentar minha fúria.

Liam ri, já a uma certa distância de Sebastian, e responde:

— Você não atacaria e não machucaria um amigo; você é um homem de bem.

Sebastian avança em direção a Liam, seu andar ligeiramente manco, mas ainda assim emanando uma imponência que reflete sua superioridade.

— Sou um homem de bem, talvez, mas não se engane: tenho a coragem necessária para lhe dar uma boa lição, pois não sou um herói.

Após um dia sob o sol abrasador e a rotina dos ingleses a bordo do navio de Sebastian, que pretendia assustá-lo, mas ele nunca demonstrou abalo, pois o medo era uma palavra ausente em seu vocabulário. Ao cair da noite, avistaram terra, sinalizando a oportunidade de atracar o navio, permitindo que recarregassem as energias em solo firme e desfrutassem de uma cama mais aconchegante. Era hora de saborear uma boa bebida e reabastecer os suprimentos que estavam em falta, já que uma semana no mar não era tarefa simples e se mostrava cansativa, especialmente com o calor intenso que os últimos dias trouxeram.

Enquanto o navio se aproximava do porto, muitos decidiram explorar a cidade em busca de um local para relaxar, beber e se distrair durante a noite. Sebastian, por sua vez, informou a Namu que iria até a praia e logo se encontraria com todos. Assim, os demais, entre risadas e conversas animadas, seguiram adiante, deixando Sebastian em sua solitude.

Ele caminhou em direção a uma área mais isolada da ilha, onde a praia se estendia tranquila. Ali, ficou encantado com as ondas que se quebravam suavemente e a lua cheia que iluminava um céu repleto de estrelas, sem uma nuvem à vista. A brisa fria tocava seu rosto e bagunçava seus cabelos, até que algo chamou sua atenção. Um canto suave e melodioso chegava até ele, vindo das águas não muito distantes. Era um cantarolar sereno, que acalmava tanto o mar quanto seus próprios pensamentos. Intrigado, ele se escondeu entre as pedras e avistou luzes coloridas dançando na água. Uma bela mulher surgiu, seus longos cabelos azuis flutuando como ondas, e seu corpo elegante apenas parcialmente coberto por suas madeixas onduladas.

Sebastian, ainda oculto entre as pedras, observava atentamente. Ele percebia que ela parecia tranquila, mas de algum modo, seu cantarolar começou a adquirir um tom melancólico. Embora mantivesse uma cadência calma e lenta, havia uma tristeza sutil em sua melodia. As águas ao seu redor reluziam, refletindo a luz e emaranhando-se em seus cabelos azuis, que contrastavam com as cores vibrantes ao redor. Seus longos fios ondulados cobriam seu corpo pálido e seus lábios, levemente avermelhados, pareciam brilhar sob a luz.

Sebastian acabou fazendo um ruído no local onde se encontrava disfarçado, e, ao ouvir, ela interrompeu seu cantarolar. A água, que antes brilhava, perdeu seu brilho, e, com um olhar curioso, ela começou a inspecionar os arredores, entre as árvores e outros recantos. Em seguida, colocou as mãos sobre o peito e, com uma voz leve, fina e extremamente doce, questionou:

— Quem está aí? Mostre-se.

Havia um leve tremor de receio em suas palavras, acompanhadas de sua voz encantadora, e isso fez o coração de Sebastian acelerar. Era uma sensação que ele costumava sentir apenas em suas aventuras e saques, mas, apesar da semelhança, havia algo diferente que o deixava nervoso, uma emoção que ele nunca experimentara antes. Então, ela falou novamente, um pouco mais alto, mas ainda com aquele tom suave e doce:

— Pode se mostrar, não vou machucar, só quero saber quem é.

Sebastian achou a situação encantadora, especialmente a maneira como ela afirmava que não faria mal, pois sua aparência era tão leve e doce que não parecia capaz de ferir ninguém. Era fascinante vê-la preocupada com o medo que o observador poderia sentir; isso a tornava ainda mais cativante.

Continua.....(⁠◍⁠•⁠ᴗ⁠•⁠◍⁠)

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