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Sou Um Ômega De 40 Anos Virgem

Capítulo 1: Explicações

Nossa sociedade se estrutura em três designações além do gênero biológico: alfas, betas e ômegas. Essa hierarquia transcende a divisão tradicional entre homens e mulheres, criando uma complexa teia de relações sociais e biológicas.

Os ômegas, sejam homens ou mulheres, conquistaram seus direitos plenos apenas nas últimas décadas. Por séculos, viveram sob tutela legal dos alfas - fossem pais, mães ou cônjuges. Mesmo com avanços significativos nos últimos 50 a 80 anos, o preconceito persiste, alimentando um movimento crescente de ômegas que lutam por igualdade real, sustentado por um lobby cada vez mais influente.

A reprodução segue padrões específicos: alfas são capazes de fertilizar, ômegas são os que podem gestar, enquanto betas são naturalmente inférteis. Com um terço da população incapaz de procriar, o governo implementou uma série de incentivos para estimular a natalidade entre alfas e ômegas. Como resultado, famílias numerosas tornaram-se a norma - é raro encontrar casais com menos de três filhos, embora muitos admitam que o prazer do sexo supera qualquer benefício governamental.

Os betas ocupam uma posição única na sociedade. Sua infertilidade é compensada por um equilíbrio emocional invejável, livre dos ciclos hormonais que afetam alfas e ômegas. São respeitados por sua racionalidade, embora sigam regras peculiares: após sua morte, se não tiverem filhos adotivos ou cônjuges, seus bens revertem automaticamente para o Estado. Apesar da possibilidade de adoção quando casados, a maioria dos betas prefere uma vida mais hedonista e sem filhos.

As diferenças físicas entre as designações são notáveis, embora não absolutas. Alfas tendem a ser mais altos e musculosos, independente do gênero. Betas apresentam constituição mais enxuta e atlética, enquanto ômegas costumam ser mais baixos e de formas mais suaves. No entanto, essas características não são regras rígidas - existem alfas pequenos e rechonchudos, assim como ômegas altos e musculosos. A verdadeira distinção reside no nível instintivo e biológico.

O sistema de feromônios é particularmente fascinante. Alfas e ômegas podem identificar compatibilidade através do olfato, mas curiosamente, alfas não sentem o cheiro de outros alfas, assim como ômegas são insensíveis ao aroma de seus semelhantes. Laços familiares também interferem nessa percepção - parentes consanguíneos raramente detectam os feromônios uns dos outros. Os betas, por sua vez, permanecem alheios a todo esse complexo sistema de aromas.

A marcação é um ritual significativo nessa sociedade. Um alfa marca seu ômega através de uma mordida na região do pescoço, clavícula ou omoplatas, que se manifesta como uma marca semelhante uma tatuagem. Essa marca praticamente elimina (em 99,9% dos casos) a atração de outros alfas pelo ômega marcado. Em resposta, os ômegas desenvolveram seu próprio sistema de marcação: uma mistura especial que, combinada com seu sangue, permite tatuar o alfa. Poucos alfas aceitam essa prática, mas aqueles que o fazem também perdem sua atratividade para outros ômegas.

Um ômega marcado é legalmente reconhecido como cônjuge, mesmo sem registro formal de união. O processo burocrático de registro acontece naturalmente no mesmo dia da marcação. Em lugar das tradicionais alianças, muitos casais optam por tatuagens ao redor do dedo anelar, simbolizando sua união.

Capítulo 2: Um Ômega comum

Olá, meu nome é Lucas Black. Sou um ômega. Tenho quarenta anos e sou virgem.

Olá, Lucas! - Ele havia repetido esse diálogo consigo mesmo por muitos anos, olhando para si no espelho antes de escovar os dentes. Nessas frases havia tudo: autodesprezo, desespero e ironia amarga. E também resignação.

A aceitação não veio facilmente. Foi um processo gradual, construído ano após ano, cada repetição marcada apenas pela mudança do número que indicava sua idade. Com o tempo, a dor aguda transformou-se em uma indiferência resignada, e Lucas Black aprendeu a conviver com seu destino aparentemente imutável.

Ele às vezes até ironizava esse assunto delicado em conversas com seus pais. Felizmente, com o tempo, essas conversas se tornaram cada vez mais raras. O auge das conversas edificantes aconteceu quando ele tinha entre vinte e sete e trinta anos. Naquela época, seus pais praticamente iniciavam cada ligação perguntando se ele havia encontrado alguém.

O pai ômega, até mesmo em segredo do marido, começou a sugerir: "O importante é ter um filho, não importa como. Nós ajudaremos vocês a se estabelecerem." Mas mesmo pressionado, Lucas não conseguia admitir a verdade simples e dolorosa: não havia ninguém. Essa confissão só veio aos trinta e cinco anos, quando os primeiros fios prateados começaram a aparecer em seu cabelo e as linhas de expressão se evidencia em seu rosto ainda agradável.

Para se defender, Lucas adotou uma explicação prática:

- Sempre existem pessoas que priorizam a carreira. Sou uma delas. Alguém precisa ser\, nem que seja para manter as estatísticas equilibradas - afinal\, três por cento dos alfas e cinco por cento dos ômegas morrem virgens.

Seus pais, no entanto, recusavam-se a aceitar essa justificativa. O pai ômega orquestrou uma série de "soluções": primeiro, um psicólogo; depois, um grupo suspeito chamado "Atrair a Felicidade" que mais parecia uma seita; e por fim, um charlatão que prometia acabar com a "maldição da solteirice" por uma quantia "simbólica" - equivalente a meio ano do salário de Lucas.

O pai alfa tentou uma abordagem mais direta, apresentando Lucas a diversos alfas solteiros de seu círculo social. Quando essas tentativas falharam, ele simplesmente desistiu. Convenientemente, isso coincidiu com a gravidez dos irmãos gêmeos mais novos de Lucas, de vinte e quatro anos, embora seus alfas não tivessem se casado com eles. Os pais puderam então focar sua atenção nos filhos "normais", reduzindo o contato com Lucas a jantares esporádicos e telefonemas mensais repletos de perguntas superficiais e respostas vazias. Lucas entendia perfeitamente que seus pais se envergonhavam dele, mas não os culpava - ele próprio carregava essa vergonha.

Na infância, nada indicava o desastre. Ele era um ômega comum: estatura média, peso médio, aparência comum. Tudo nele era trivial, nada se destacava. Até mesmo o nome. Seria difícil inventar um nome mais prosaico do que Lucas Black, a não ser talvez Lucas Silva. Quando começou a procurar as razões de sua vida mal-sucedida, o nome foi a primeira coisa que lhe veio à cabeça. O que custava aos seus pais chamá-lo de isac, ou Castiel, ou john, ou Emanuel? Embora Emanuel já fosse um exagero. Mas Lucas? Será que eles tinham tão pouca imaginação?

A segunda razão, ele concluiu, era sua aparência. Enquanto alguns ômegas eram deslumbrantes, outros tinham traços marcantes - olhos hipnotizantes ou lábios sensuais - e alguns eram tão perfumados que sua beleza física se tornava secundária. Lucas era apenas... agradável, ou seja, nada de especial. Um metro e sessenta e cinco, sessenta quilos, olhos verdes - todas as medidas e características mais comuns para um ômega. Sem beleza extraordinária, sem traços memoráveis, sem um aroma sedutor

Ele não possuía nem uma beleza deslumbrante, nem traços marcantes, nem um aroma particularmente cativante. Ele era apenas um rapaz simpático, um ômega com medidas comuns. Nada incapaz de capturar e manter o olhar de qualquer alfa. Apenas um Ômega comum.

Capítulo 3: Destino de um Ômega comum

Não havia nada que atraísse o nariz de um alfa. o primeiro cio de Lucas aconteceu aos dezesseis anos (idade comum para ômegas, média) e durou apenas algumas horas. Seus pais organizaram uma pequena festa por causa disso, compraram bolo e limonada e comemoraram essa importante etapa na vida do filho. O pai ômega, colocando-o para dormir à noite, sorriu e prometeu que no dia seguinte, na escola, os alfas certamente não o deixariam em paz, e pediu que ele se comportasse com juízo.

Mas na manhã seguinte, nada aconteceu. Não houve nenhuma atenção especial por parte dos alfas, nem mesmo atenção comum, como se nada tivesse acontecido com Lucas.

Quando, ao voltar da escola, ele correu para seu quarto chorando, o mesmo pai ômega o consolava, dizendo que essa era apenas a primeira fase, o cheiro ainda não havia se formado e era preciso esperar, mas na próxima vez... Só que o próximo cio não mudou nada, nem a seguinte, nem as que vieram depois.

Os ciclos de calor eram curtas, não duravam mais de doze horas, e muito fracas. Nada como o que Lucas leu com uma lanterna debaixo das cobertas em romances roubados da biblioteca de seu pai ômega. Nada de lubrificante derramado em abundância por vários dias, nenhum desejo exaustivo, nenhum desejo doloroso e devastador de ser satisfeito. Seu ânus apenas ficava um pouco incomodado, depois começava a contrair-se, e um calor se acumulava na região abdominal. Mas nesses casos, Lucas se bastava com uma simples calcinha com um plug anal, e ainda assim de tamanho pequeno, pois sua lubrificação era muito escassa e um tamanho maior causava dor. Aos dezoito anos, Lucas percebeu que, mesmo durante o ciclo de calor, ele exalava muito pouco odor, e parou de faltar à escola nessas épocas. Ele estava certo: os alfas prestavam menos atenção a Lucas do que aos ômegas que ainda não tive o primeiro cio.

O pai ômega não aguentou e praticamente o forçou a ir a um especialista. Um simpático beta idoso examinou Lucas, ouviu as queixas dele, ou melhor, as queixas do pai, e fez todos os exames necessários. As conclusões foram surpreendentes. Lucas estava perfeitamente saudável. Seu sistema reprodutivo estava totalmente desenvolvido, sem qualquer desvio, e o beta até mesmo recomendou que Lucas visse o cio curtas e o fraco odor como um benefício, afirmando que, ao lado do alfa certo, o odor se intensificaria e a duração e a intensidade o cio não afetariam sua capacidade de engravidar e levar uma gravidez normal.

- Ele entende muito\, esse beta - resmungava o pai\, no caminho de volta para casa. - Independência do desejo do próprio organismo. Mas quem precisa disso\, afinal?

Lucas, sentado ao lado, só conseguia pensar em uma coisa: o que aconteceria se o alfa certo nunca aparecesse? Agora ele sabia a resposta: solidão.

Na escola, ele não se envolveu com ninguém, e ninguém o convidou para o baile de formatura. Era triste e humilhante, mas não havia o que fazer. Vendo os colegas desaparecerem aos pares na escuridão, para se envolver em atividades íntimas, ele se sentia privado, especialmente considerando os fracassados que faziam companhia a ele. O pai ômega prometeu que na universidade seria diferente, e, mais uma vez, se enganou.

As notas de Lucas não eram excelentes, mas permitiam que ele escolhesse uma instituição de ensino normal e uma profissão promissora. Lucas optou por marketing, que na época lhe pareceu muito interessante. Seus pais ficaram decepcionados com sua escolha, esperavam que o filho preferisse algo mais ambicioso, e o pai ômega também contava que no curso haveria mais alfas. Mas, em marketing, havia número igual de alfas, betas e ômegas. E, como na escola, Lucas não era popular entre eles. Não, formalmente eles não o rejeitavam, Lucas notara olhares interessados sobre si, mas, por algum motivo, as coisas não iam além dos olhares.

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