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O Tio Da Minha Melhor Amiga

capítulo 1

Capítulo 1 – Fuga do Silêncio

Meu nome é Sofia. Tenho 17 anos, sou morena, olhos castanhos e 1,55m de altura. As pessoas dizem que meu corpo é perfeito, mas eu nunca enxerguei isso. Talvez porque, desde cedo, minha imagem tenha sido marcada por lembranças que ninguém deveria carregar.

Sou brasileira. E minha vida virou de cabeça pra baixo quando eu tinha apenas seis anos, o dia em que minha mãe se casou novamente. O homem que entrou na nossa casa carregava um olhar que sempre me causou calafrios.

Mas foi aos doze anos que tudo piorou. As noites deixaram de ser seguras. Eu acordava assustada, com a presença dele rondando meu quarto. Comecei a trancar a porta, todas as noites, mas mesmo assim, nem sempre funcionava. Ele dava um jeito.

Talvez você se pergunte por que eu nunca contei pra ninguém. Eu tinha doze anos, já entendia muita coisa. Mas o medo... ele me paralisava. Desde pequena, aquele homem fazia ameaças. Uma vez, quando tentei contar algo pra minha mãe, ele ouviu e disse:

— Se abrir a boca, algo ruim vai acontecer com a sua mãe. E ninguém vai sentir falta de vocês.

Eu nunca me esqueci daquele olhar. Da forma como ele riu depois.

Chorava sozinha, e às vezes desabafava com minha melhor amiga, Aline. Ela desconfiava que algo estava errado, mas nunca forcei uma conversa. Só que, antes que eu tivesse coragem de contar, ela foi embora. Foi morar em Portugal com o tio, depois de terminar com um namorado que a machucou emocionalmente. Ela precisava recomeçar. E eu fiquei sozinha.

A ausência dela me afundou ainda mais.

Até que, numa noite difícil, tive uma discussão terrível com o marido da minha mãe. E ali, entre gritos e lágrimas, soltei tudo. Falei o que ele fazia, contei o que vinha suportando por anos.

Mas o que mais me doeu... foi ver minha mãe escolhendo ficar do lado dele. Com frieza, ela disse que talvez fosse melhor eu ir embora.

Naquele momento, meu chão sumiu.

Sem saber pra onde ir, liguei pra Aline, chorando como nunca. Contei tudo. Cada palavra saiu como um desabafo preso há anos.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos, e então disse:

— Vem pra cá, Sofi. Mora comigo. Aqui a gente recomeça. Você vai ficar bem, eu prometo.

— Eu não sei nem por onde começar... — minha voz mal saía.

— Deixa comigo. Eu vou aí te buscar.

— Sério? Você faria isso por mim?

— Faria mil vezes. Amanhã mesmo tô aí. Te encontro na casa da dona Clara, tá?

— Tá... Obrigada, amiga. Um dia ainda vou te recompensar. Beijo. Te espero.

— Beijo, sua doida. Até amanhã.

Smith Culler

Meu nome é Smith Culler. Tenho 38 anos. Sou o herdeiro da máfia portuguesa.

As pessoas me veem como frio, calculista… até perigoso. E talvez estejam certas. A única coisa que ainda me prende ao lado humano é minha irmã Amália e minha sobrinha.

Amália decidiu se afastar desse mundo. Ficou no Brasil, tentando dar uma vida diferente pra filha. Mas agora... as coisas mudaram.

Depois que minha sobrinha teve um fim de relacionamento complicado, começou a se perder. E Amália me ligou, pedindo ajuda. Disse que ela precisava de disciplina, de estrutura. Mandou a garota vir morar comigo.

Mas lidar com uma adolescente é um desafio que nenhum treinamento prepara.

Ela já está falando em sair, em morar sozinha. Disse que vai alugar um apartamento só pra não ouvir minha voz.

Tudo bem. Que alugue. Ou melhor... eu mesmo vou comprar um pra ela. Assim pelo menos eu sei onde ela está.

Mas uma coisa é certa: ela ainda vai me dar muita dor de cabeça.

capítulo 2

Capítulo 2 – Mudanças e Chegadas

Dei um dos meus apartamentos para minha sobrinha. Assim, posso garantir que ela está segura, sob os cuidados dos meus seguranças de confiança. Ela acha que vai ficar por aí, se arriscando, como se o mundo fosse um parquinho. Não mesmo.

Estou a um passo de mandá-la de volta pra mãe, se continuar assim.

Hoje apareceu dizendo que precisa se mudar ainda hoje, porque amanhã vai ao Brasil buscar uma amiga para morar com ela. Já vejo o caos se formando. Se uma Aline já dá dor de cabeça, imagina duas adolescentes juntas? Só me resta torcer para que essa tal Sofia não seja ainda pior.

No fim do dia, Aline apareceu com aquele sorrisão:

— Tio, obrigada! O senhor não sabe como me fez feliz!

Ela pulou no meu pescoço, animada como sempre. Aline e Sofia são amigas desde pequenas, ela sempre fala disso com brilho nos olhos.

— Mas você ainda é pequena — brinquei, fazendo cócegas nela.

— Para, tio! O senhor sabe que eu já sou uma mulher, né? — disse, rindo, toda convencida.

— Pode até ser... Mas pra mim, ainda é a minha pequena.

Fiquei sério por um instante.

— Só quero que me prometa que vai se comportar. Sem confusões. E vai aceitar os seguranças. Sem mais discussões.

— Tá bom, tio. Eu prometo.

— Também espero que essa sua amiga não me traga problemas...

— Do jeito que a Sofia é, você nem vai perceber que ela está aqui — disse, tentando me tranquilizar.

— Assim espero...

No Brasil...

Sofia, como sempre, estava ajudando Dona Clara, a vizinha que virou quase uma segunda mãe.

— Minha filha... vou sentir tanta falta de você — disse Dona Clara, com os olhos marejados. — Mas ficar aqui só vai te machucar mais...

— Ainda bem que tenho a Aline... ela sempre arruma um jeito de me tirar dos buracos. Desde pequenas ela me defendia das outras meninas... Mas chega de tristeza! Vamos aproveitar meu último dia aqui. Vamos marcar aquele exame no postinho, lembra?

— Vamos sim, minha filha. Obrigada por tudo.

No outro dia...

O carro preto parou em frente à casa de Dona Clara. Quando a porta se abriu, Sofia correu para os braços da melhor amiga.

— Amiga! Como conseguiu chegar tão rápido?

— Meu tio deixou eu usar o avião dele.

— O quê?! Nossa... ele deve gostar muito de você!

— Nem tanto! Ele só fez isso pra poder me vigiar. Assim os seguranças dele ficam de olho em mim até no ar — respondeu, rindo.

— Meu Deus, até segurança? Esse tio é muito rico, né?

— Ele diz que tem muitos inimigos. Mas depois eu te explico. Agora vamos organizar suas coisas antes que ele comece a me ligar.

— Ele que se cuide! Não sabe que somos as encrenqueiras preferidas do universo! — brincou Sofia.

— Para! O que a Dona Clara vai pensar de mim?

As duas riram enquanto Dona Clara observava com carinho.

— Amiga... você acha que devo ir me despedir da minha mãe?

Aline respirou fundo.

— Acho que não... mas sei que, mesmo com tudo, você ainda ama ela. Então... vamos lá. Eu vou com você.

Na casa da mãe de Sofia...

Sofia bateu palmas no portão. A mãe apareceu com a expressão cansada.

— Oi, mãe... só vim me despedir. Tô indo morar com a Aline.

— Vai com Deus, Sofia. Vai ser melhor assim. Te desejo tudo de bom.

— Obrigada, mãe. Fica com Deus.

— Vai logo, antes que ele chegue...

Sofia baixou a cabeça e saiu. Aline a observava em silêncio, com o coração apertado.

“Ela nem tentou impedi-la... nem abraçou a própria filha. Tadinha da minha amiga...” — pensou Aline.

De volta à casa de Dona Clara, Sofia se despediu com lágrimas nos olhos.

— Tchau, Dona Clara... se cuida, tá? Vou ligar sempre que puder pra saber da senhora.

— Vai com Deus, minha filha. Liga sim. Estarei esperando. Tchau...

No avião...

— Aline... tô com medo. Nunca andei de avião antes...

— Deixa de ser boba! Vamos logo! Mal posso esperar pra te mostrar nosso apê.

— A gente vai morar só nós duas?

— Claro! Vai ser ótimo viver com minha melhor amiga. Longe das regras do meu tio!

Sofia caiu na risada:

— Cara... você não mudou nada! Coitado do seu tio... kkkkk

— Pois é! Mas não precisa ter pena. Ele é chato mesmo! kkkkk

Enquanto isso, em Portugal...

Smith estava em uma reunião tensa com membros da máfia, quando seu segurança entrou na sala.

— Senhor, Aline e a amiga já chegaram. Estão no apartamento.

Smith assentiu, sem desviar o olhar dos documentos sobre a mesa.

— Ótimo. Fique de olho nelas. Em tempo integral.

capítulo 3

Capítulo 3 – Primeiros Olhares

Assim que chegou em casa, Smith tirou o paletó, serviu uma dose de uísque e, antes mesmo de se sentar, pegou o celular e ligou para Aline.

📱 Smith: Aline, quero você aqui amanhã. Oito da manhã em ponto. Vai fazer sua aula de direção.

📱 Aline: Nossa, Oi pro senhor também, né tio? Vai ser com o Paulo de novo?

📱 Smith: Não, senhorita Aline. Quem vai te dar aula dessa vez sou eu. Vamos ver se agora você passa de verdade.

📱 Aline: Ah não, tio... você não! Ninguém merece...

📱 Smith: Tchau, dona Aline. Desligando...

Aline jogou o celular no sofá, bufando.

— Ai, que saco!

Sofia apareceu da cozinha com uma maçã na mão.

— O que foi agora, amiga?

— Meu tio! Amanhã ele vai me dar aula de direção.

Sofia riu.

— Ué, mas você já sabe dirigir, pra que isso?

— Eu só inventei essa história toda pra ficar mais perto do amigo gato dele, o Paulo. Uma delícia! Eu sou louca pra dar pra ele... — disse rindo, sem filtro.

— Aline, você é completamente doida! kkkkk

— Amanhã você vai ver se eu não tenho razão. Quando ele chegar, você vai babar também.

— Eu, hein... nem quero ir. Vai que seu tio não vai com a minha cara. Do jeito que você fala dele, já tô até com medo.

— Relaxa, amiga. Ele é um saco, mas pode te ajudar. Aqui não é fácil arrumar emprego com 17 anos. E ele tem muitos contatos.

Sofia suspirou.

— Tá bom... você me convenceu.

Na manhã seguinte...

Smith estava no jardim da mansão, tomando café e lendo o jornal. Já impaciente, conferia o relógio a cada dois minutos. Oito e meia. Aline estava, claro, atrasada como sempre.

A buzina tocou. Ele ergueu os olhos devagar e viu o carro preto estacionando. Aline desceu sorridente, como se estivesse no horário. Ao lado dela, uma garota que chamou atenção imediatamente: cabelos castanhos brilhantes, olhos grandes e um sorriso tímido que acendeu algo estranho dentro dele.

— Bom dia, titio do meu coração! — disse Aline, pulando no pescoço dele.

Smith não sorriu.

— Você está atrasada. Mais uma vez. Não sei por que ainda não te castiguei...

— Porque eu sou sua sobrinha preferida!

— Preferida por falta de opção. Só tenho você...

— Tio, essa aqui é minha melhor amiga, desde a infância. Sofia.

Sofia ficou sem graça, mas estendeu a mão com educação.

— Muito prazer, senhor Smith. Já ouvi muito falar do senhor...

Smith encarou a garota por um segundo, em silêncio. Quando ela sorriu, meio envergonhada, e encostou a mão na dele, sentiu um leve arrepio.

— O prazer é meu, Sofia. Espero que essa doida aqui não tenha falado mal demais de mim — disse, com um leve sorriso.

Aline interrompeu:

— Tio, queria saber se o senhor pode arrumar algum emprego pra Sofia. Ela tem só 17 anos, sei que é complicado... mas o senhor tem muitos contatos. Pode ser qualquer coisa.

Smith ergueu uma sobrancelha.

— Queria que você tivesse esse mesmo empenho com as coisas que eu peço pra você, Aline.

Olhou para Sofia com atenção.

— E você, o que sabe fazer?

Sofia sorriu com timidez, mas respondeu com firmeza.

— Senhor... pra ser sincera, não sei exatamente se sou boa em alguma coisa. Mas sou rápida pra aprender e sempre dou o meu melhor.

Smith estreitou os olhos, analisando a sinceridade dela.

— Gosto disso. Gente que fala a verdade. Já ganhou pontos comigo.

Aline ficou surpresa.

— Sério, tio?

— Sim. Estou precisando de alguém para colocar minhas coisas em ordem. Organização, recados, documentos. Nada que envolva curiosidade. Só faça o que eu pedir, sem perguntas. Acha que consegue?

— Consigo sim, senhor. Muito obrigada pela oportunidade!

Smith se levantou, olhou diretamente nos olhos dela.

— O salário é 15 mil dólares mensais. Vai ter que dormir aqui na mansão, terá uma folga no meio da semana. E, mais importante: tudo o que você vir ou ouvir aqui, fica aqui. Sigilo absoluto.

Sofia arregalou os olhos.

— Senhor... esse valor é muito alto. Não precisa me pagar tanto...

— Sofia... eu tenho dinheiro de sobra. E gosto de pagar bem quem trabalha pra mim. Apenas faça o seu serviço e seja discreta. Estamos entendidos?

Ela sorriu, emocionada.

— Sim, senhor. Muito obrigada, de verdade.

Enquanto ela sorria, Smith observava cada detalhe dela. Os olhos brilhantes, o jeito simples e educado... Havia algo ali que ele não conseguia desviar o olhar.

“Isso vai dar problema...” — pensou ele, virando de costas para esconder o efeito que Sofia já começava a causar.

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