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Criminally

Capítulo 11

A atmosfera na sala de estar da mansão de Débora era carregada de tensão quando Eliza entrou. O semblante preocupado de Débora deixou Eliza surpresa. Ela fica surpresa de ver a reação de Débora de preocupada.

— O que está acontecendo, mãe? —, perguntou Eliza, tentando mascarar sua própria apreensão.

Débora respirou fundo, lutando para conter as lágrimas que ameaçavam transbordar: — Aí meu Deus, isso tudo está acontecendo por minha culpa —, confessou ela, com a voz embargada.

A perplexidade tomou conta de Eliza: — Agora não é hora de ficar se culpando —, retrucou, tentando manter a calma.

Débora olha nos olhos de sua filha, a angústia estampada em seu rosto: — Minha filha, eu quero que você saiba...

Eliza a interrompeu, sua determinação transparecendo em suas palavras: — Mãe, não precisa explicar nada agora. O importante é encontrarmos o Gustavo.

Débora assentiu, mas não conseguiu conter o impulso de compartilhar seus segredos: — Tenho que explicar, você precisa entender...

— Quando eu achar o Gustavo —, insistiu Eliza, firme em sua decisão —, aí sim, você pode dar sua explicação.

Débora pareceu aliviada, mas ainda preocupada: — Você tem certeza disso? —, indagou, procurando nos olhos de Eliza por qualquer sinal de hesitação.

— Sim. Absoluta —, respondeu Eliza, sua determinação inabalável.

Débora sentiu um misto de gratidão e alívio ao ouvir as palavras de sua filha: — Minha filha, eu sou sua mãe, estou aqui para o que der e vier.

— Eu sei —, disse Eliza, emocionada. — Pode acontecer muitas coisas, mas você nunca vai deixar de ser nossa mãe.

Débora envolveu Eliza em um abraço apertado, as lágrimas finalmente escapando de seus olhos. No calor desse gesto, Eliza sentiu o amor incondicional de uma mãe, e soube que, não importasse o que o futuro reservasse, elas enfrentariam juntas. Eliza olha para sua mãe com ternura, sentindo uma mistura de emoções enquanto se preparava para partir.

— Mãe, eu te amo muito. Mas agora eu preciso ir —, disse ela com um nó na garganta.

Débora segurou a mão de Eliza, implorando silenciosamente para que ela ficasse: — Fica aqui comigo? —, pediu, com os olhos marejados.

Eliza respirou fundo, lutando para conter as lágrimas: — Sinceramente não dá, eu não ia me acostumar morando nessa casona —, explicou, evitando o olhar da mãe.

Débora abaixou o olhar, compreendendo a angústia da filha: — Eu sei como é difícil para você —, murmurou, lutando para manter a voz firme.

O relógio na parede marcava o passar do tempo implacável: — Tá ficando tarde, eu tenho que ir —, disse Eliza, interrompendo o momento de despedida.

Débora assentiu, tentando esconder a tristeza que pesava em seu coração: — Ok. Mas como você sabia onde eu morava? —, perguntou, curiosa.

Eliza sorri fracamente, lembrando-se de um gesto de carinho da tia: — A tia Carol que me deu o seu endereço —, revelou, reconhecendo a ajuda da familiar.

Débora olha para Eliza com uma chama de esperança nos olhos: — Se você quiser vir morar comigo pode vir —, ofereceu, desejando profundamente reconstruir o vínculo perdido.

Eliza sentiu um aperto no peito diante da oferta da mãe: — Prometo que eu vou pensar —, respondeu, sabendo que essa decisão poderia mudar o curso de suas vidas.

Deborah sentiu seu coração transbordar de felicidade ao redescobrir sua filha que não vê há tanto tempo. Enquanto Eliza se despedia de sua mãe, ela sabia que o caminho a seguir seria cheio de escolhas difíceis e desafios inesperados.

À medida que a noite chegava ao fim, o céu escuro começava a clarear lentamente, revelando os primeiros tons de azul e rosa no horizonte distante. O ar estava impregnado com uma suave brisa noturna, enquanto as estrelas desapareciam uma a uma no firmamento. À frente da antiga pousada, a rua principal agora estava deserta, apenas algumas luzes fracas emitiam uma tênue luminosidade. O silêncio da madrugada era interrompido apenas pelo suave farfalhar das folhas ao vento e pelos distantes sons dos primeiros pássaros começando a acordar.

As mesas e cadeiras vazias no pequeno restaurante ao ar livre testemunhavam a quietude da noite que se foi, enquanto os últimos clientes se retiravam para seus quartos, deixando para trás um leve aroma de comida caseira e risadas compartilhadas. No tranquilo quarto da pousada, Eliza ouviu uma batida na porta, e para sua surpresa, lá estava Stephanie.

— Posso te ajudar em alguma coisa? —, Eliza perguntou gentilmente.

— Sim, claro que pode —, respondeu Stephanie com um tom sério.

— O que posso fazer por você? —, Eliza insistiu.

— Aquele menino que você trouxe aqui hoje, onde ele mora? —, perguntou Stephanie com urgência.

— Eu não perguntei a ele, mas parece que ele pode ser um morador de rua —, respondeu Eliza, preocupada.

— Isso mesmo, deve ser ele —, murmurou Stephanie, sua voz embargada pela emoção.

Eliza ficou confusa: — Eu não estou entendendo —, disse ela, franzindo a testa.

— Eu tenho um filho que me foi tirado, e até hoje estou à procura dele —, confessou Stephanie, com os olhos marejados de lágrimas.

— Meu Deus, deve ser ele —, exclamou Eliza, fazendo a conexão.

Stephanie implorou: — Mas por favor, não conte a ninguém sobre isso.

— Você pode confiar em mim, não direi uma palavra a ninguém —, prometeu Eliza, estendendo os braços para um abraço reconfortante.

— Você é uma verdadeira amiga —, disse Stephanie, retribuindo o abraço com gratidão.

...{...}...

O sol começava a iluminar timidamente o apartamento de Lígia e João, enquanto Daniel adentrava o local, no início da manhã. Ao entrar, deparou-se com Olívia.

— Onde é que você estava? — perguntou ela, com um misto de preocupação e reprovação.

— Eu estava na praia —, respondeu Daniel, buscando uma desculpa para sua ausência.

— Na praia? Enquanto nossa amiga está morta, você foi tomar um banho de mar? — retrucou Olívia, com um tom de incredulidade.

— Eu precisava esclarecer minha cabeça —, justificou-se Daniel, tentando explicar sua necessidade de estar naquele lugar.

— Mas por que na praia? — indagou Olívia, curiosa e preocupada com o comportamento do namorado.

— Eu não sei, apenas o som do mar me acalma —, admitiu Daniel, revelando um pouco de vulnerabilidade.

— Eu sou sua namorada. Se precisar desabafar, pode falar comigo —, ofereceu Olívia, tentando confortá-lo.

— Tá bom. Mas o que você ainda está fazendo aqui? — questionou Daniel, mudando de assunto.

— Fiquei preocupada com você, especialmente depois de como você saiu da delegacia —, explicou Olívia, demonstrando sua preocupação.

— Estou bem. Estou muito cansado, vou tomar um banho e cair na cama —, anunciou Daniel, decidido a encerrar a conversa.

Enquanto Daniel se dirigia ao banheiro, Olívia pegou sua camisa e começou a cheirá-la, percebendo um aroma diferente.

— É perfume de mulher... com quem ele estava até essa hora? — pensou Olívia, deixando a incerteza pairar no ar.

Enquantoisso, Pneu acordou cedo naquela manhã, decidido a encontrar Gustavo. Com um pedaço de papelão como sua única companhia, ele se deitou no chão da pracinha, fitando o céu em busca de respostas. A preocupação e a determinação marcavam sua expressão enquanto pensava em várias maneiras de localizar seu amigo perdido.

— Como eu vou encontrar Gustavo? —, murmurou Pneu para si mesmo, desafiando o silêncio da manhã.

Foi então que uma ideia surgiu em sua mente. Um vislumbre de esperança iluminou seus olhos cansados.

— Talvez Gustavo esteja com Cabeça e Garoto —, ponderou Pneu, sua voz carregada de expectativa. — Hoje mesmo irei até a estação de trem abandonada. Talvez eles estejam por lá.

Com a convicção de que Gustavo estaria com Cabeça e Garoto, Pneu decidiu agir sem hesitação. Assim que os primeiros raios de sol iluminassem a cidade, ele partiria em direção à estação de trem, determinado a encontrar seu amigo perdido.

Na manhã cinzenta, dentro do trem abandonado, uma pequena fogueira crepitava, lançando sombras dançantes sobre os rostos de Cabeça, Garoto e Gustavo. Os três contavam o dinheiro furtado durante o dia, uma rotina que se tornara familiar para eles. Cabeça parabenizava Garoto por seu desempenho no primeiro dia de furtos, enquanto Gustavo expressava sua incerteza sobre a moralidade de suas ações.

— Olha, relaxa —, disse Cabeça —, tentando tranquilizar Gustavo —, há pessoas com tanto dinheiro que nem vão perceber que falta algo.

— Mas roubar é errado! — insistiu Gustavo, sua voz carregada de conflito interno.

— Deixa de conversa —, interveio Garoto, oferecendo-lhe mais um baseado para acalmar os ânimos.

Enquanto Gustavo se entregava ao efeito da droga e ia dormir, Cabeça e Garoto trocavam palavras em murmúrios, preocupados com a quantidade de substância que estavam oferecendo a ele.

— Você não acha que estamos exagerando com os baseados? —, sussurrou Cabeça, inquieto.

— Não se preocupe, sei o que estou fazendo —, respondeu Garoto, sua determinação evidente em cada palavra.

Mas Cabeça ainda tinha suas dúvidas, enquanto Garoto estava decidido a seguir adiante com seu plano, determinado a manter ele sob seu controle, sem que ninguém interferisse. Naquele ambiente sombrio e impregnado de incertezas, o destino dos três jovens estava sendo traçado sob a sombra da escuridão.

Revelações matinais no silêncio da manhã ainda adormecida, um som insistente ecoa pelo apartamento de Lígia e João. É o som insistente de batidas na porta. Daniel, sonolento, levanta-se para atender, surpreso com a visita inesperada de Thiago e Pedro.

— Dani, precisamos falar com você —, anuncia Thiago, com uma seriedade que faz Daniel se sentir instantaneamente alerta.

— O que está acontecendo? E vocês está fazendo tão cedo aqui? — questiona Daniel, visivelmente preocupado com a possibilidade de acordar seus pais.

Pedro toma a palavra: — É melhor você olhar no grupo do WhatsApp. Temos algo sério para discutir.

Sem hesitar, Daniel conduz os dois para seu quarto, onde a privacidade permite uma conversa mais franca. No entanto, ao entrarem, são recebidos por uma surpresa inesperada: Olívia, está lá, visivelmente surpresa com a presença dos visitantes.

— O que está acontecendo aqui? — questiona Olívia, perplexa com a atmosfera tensa que domina o quarto.

Daniel, com mãos trêmulas, pega seu celular e abre o grupo do WhatsApp. À medida que lê a mensagem, sua expressão se transforma em choque absoluto, ecoado pelos rostos de Pedro, Thiago e Olívia.

Thiago quebra o silêncio: — Então, o que vamos fazer?

Olívia, sem entender totalmente a gravidade da situação, pergunta novamente: — O que está acontecendo, Daniel?

Com um olhar assombrado, Daniel responde: — Teremos que incendiar o velório de Gabi.

O som do coração pulsante ecoa no quarto, enquanto o impacto dessa revelação se instala nos corações e mentes de Daniel, Olívia, Pedro e Thiago, anunciando o início de uma jornada tumultuosa e cheia de consequências imprevisíveis. Um minuto de silêncio pairou no quarto, enquanto expressões assombradas se refletiam nos rostos dos presentes.

— Como assim incendiar o velório? — questionou Olívia, perplexa.

— Leia você mesma a mensagem! — insistiu Daniel.

Olívia pega o celular e abre o grupo. Ao ler a mensagem, uma onda de choque percorreu o pequeno círculo.

— Vamos brincar de remandinha mandou agora! Remandinha mandou vocês incendiarem o velório da Gabi —, lia Olívia em voz alta, com incredulidade.

— Está querendo brincar com a gente? — exclamou ela.

— Parece que sim —, murmurou Thiago.

— Mas o que vamos fazer? — indagou Pedro, buscando orientação.

— Eu não sei. Isso é desumano —, protestou Daniel.

— Mas não temos outra escolha —, rebateu Olívia.

— Não, jamais. Não podemos fazer isso —, insistiu Daniel.

— Ela já está morta mesmo —, argumentou Olívia, com frieza.

— Mas ela é nossa amiga —, ponderou Daniel.

— Concordo com Olívia. Precisamos fazer —, apoiou Thiago.

— Não! —, exclamou Pedro.

— Nós não vamos fazer isso. Ok —, declarou Daniel, firme.

Quando Daniel se dirigiu para a porta, um estrondo ecoou pelo ambiente, seguido por um grito agudo. O desespero invadiu a casa quando a mãe de Daniel, Lígia, clamava por socorro. Correndo para o quarto dos pais, Daniel se deparou com uma cena terrível: seu pai, jazia no chão, coberto de sangue. O som estridente do disparo ecoou pela casa, dilacerando a tranquilidade do dia. Daniel, atordoado, correu para o cômodo onde sua mãe estava, encontrando-a em estado de choque ao lado do corpo inerte de seu pai, João. O cheiro de pólvora pairava no ar, enquanto o mistério envolvendo o incidente se intensificava.

— O que aconteceu? —, perguntou Daniel, tentando compreender a cena diante dele.

— Eu não sei —, murmurou Lígia, sua voz trêmula de medo. — Acordei com o barulho do tiro e encontrei seu pai caído. Parece que ele levou um tiro no braço.

A confusão e o temor se misturaram no rosto de Daniel. Enquanto Lígia se preparava para levar João ao hospital, Daniel ficou sozinho no quarto, sua mente girando com perguntas sem resposta.

Enquanto isso, do lado de fora, Olivia, Pedro e Thiago, amigos da família, se juntaram à confusão. A notícia do incidente se espalhara rapidamente, deixando todos perplexos.

— O que aconteceu? —, perguntou Olivia, com os olhos arregalados de surpresa.

— Meu pai levou um tiro —, respondeu Daniel, sua voz carregada de angústia.

A tensão aumentou quando Daniel sugeriu algo inesperado: incendiar o velório de Gabi, uma ideia que deixou todos chocados e incertos do que estava por vir.

— Por quê? —, perguntou Thiago, incrédulo.

— Para evitar mais tragédias —, explicou Daniel, determinado.

Com corações pesados e mentes cheias de apreensão, o grupo seguiu em direção ao posto de gasolina. À medida que o sol se punha no horizonte, lançando tons de laranja e rosa sobre a paisagem, os amigos Pedro, Thiago, Daniel e Olívia dirigiam-se ao posto de gasolina mais próximo. O ar estava carregado de uma tensão palpável, cada um deles absorto em seus próprios pensamentos enquanto o carro avançava pela estrada deserta.

Pedro, com as mãos firmemente no volante, lançou um olhar de relance para seus amigos: — Vocês acham que estamos fazendo a coisa certa?

Tiago suspirou, passando a mão pelo cabelo: — Eu não sei, Pedro. Parece uma loucura.

Daniel permaneceu em silêncio por um momento antes de finalmente falar: — Temos que fazer isso. Não podemos ficar parados e esperar.

Olívia olhou para fora da janela, observando as árvores que passavam rapidamente: — Mas e se algo der errado? E se nos arrependermos?

Pedro apertou os lábios, uma expressão de determinação em seu rosto: — Não podemos pensar assim. Precisamos fazer o que for necessário para proteger aqueles que amamos.

A discussão continuou enquanto se aproximavam do posto de gasolina. Cada um deles carregava o peso da incerteza e da responsabilidade em seus ombros, questionando suas decisões enquanto se preparavam para o que estava por vir. Finalmente, o carro parou em frente às bombas de gasolina. Com um suspiro coletivo, os amigos saíram do veículo, prontos para enfrentar o desconhecido juntos, mesmo que cada um carregasse suas próprias dúvidas e receios.

A luz fraca do sol filtrava-se através das janelas quebradas, pintando sombras distorcidas nas paredes do velho terminal de trem abandonado. Pneu adentrou a estação com cautela, seu coração martelando dentro do peito enquanto seus olhos vasculhavam o ambiente sombrio. E lá estava ele, o Garoto, encarando-o com olhos frios, como se estivesse esperando por sua chegada.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou o Garoto, sua voz ecoando no vazio.

— Eu sei que você está com o Gustavo —, respondeu Pneu, sua determinação mascarando o medo que sentia.

O Garoto negou veementemente, mas Pneu não se deixou enganar. Ele sabia que o Garoto estava envolvido, de uma forma ou de outra.

— Olha o que você fez comigo, você não vai fazer com o Gustavo —, advertiu Pneu, sua voz tremendo de raiva contida.

O Garoto apenas sorriu, um sorriso sinistro que enviou arrepios pela espinha de Pneu. Antes que ele pudesse reagir, o Garoto já tinha um soco inglês em mãos e o empurrava contra a parede, desferindo golpes implacáveis. A dor era avassaladora, e Pneu mal conseguia manter-se consciente enquanto os punhos do Garoto caíam sobre ele. E então, tudo se tornou escuridão.

Quando Pneu recobrou os sentidos, estava caído no chão frio e úmido da estação, seu corpo latejando de dor. O Garoto já havia desaparecido dentro do trem, deixando-o ali para se recuperar sozinho. Enquanto isso, dentro do vagão, o Garoto despertava Cabeça e Gustavo com a mesma brutalidade com que havia atacado Pneu. O trabalho sujo nunca tinha hora marcada. Eles saíram da estação, mergulhando novamente na escuridão da vida, prontos para mais um roubo.

Na penumbra crepuscular da antiga Capela, os últimos raios de sol lutavam para penetrar através dos vitrais empoeirados, lançando sombras sinistras sobre o lugar desolado. Ali, no velório de Gabi, os amigos se reuniram com um propósito sombrio e pesado no coração. Daniel, Olívia, Thiago e Pedro chegaram em meio ao silêncio opressivo, seus passos ressoando como sussurros fantasmagóricos na vastidão vazia do recinto sagrado. A decisão que tomaram pesava sobre eles como uma âncora de desespero, arrastando-os para as profundezas da escuridão.

— Vamos realmente fazer isso? — a voz de Thiago tremia no ar, sua expressão dilacerada pela incerteza.

— Não temos escolha —, a resposta de Olívia era dura, seus olhos refletindo a determinação de uma alma perdida.

Pedro, a angústia estampada em seus traços, murmurou quase para si mesmo: — Ela sempre foi nossa amiga desde a infância... como chegamos a isso?

Daniel, com mãos trêmulas, derramou o líquido inflamável em cada canto sombrio da Capela, os vapores tóxicos envolvendo o ar com um aroma pungente de desespero. O isqueiro parecia uma tocha de condenação em sua mão trêmula, seu brilho vacilante refletindo o medo que se espalhava como uma praga entre eles.

— Acenda isso logo, antes que alguém chegue —, a urgência na voz de Olívia era palpável, sua impaciência cortante como uma lâmina afiada.

Mas Daniel recuou, suas mãos trêmulas incapazes de dar o passo final rumo ao abismo. O silêncio pesado pairava sobre eles, interrompido apenas pelo som sinistro do isqueiro escapando de sua aderência e caindo no chão de pedra, um eco macabro da decisão que se desenrolava diante deles.

— Eu não posso... eu não consigo... — a confissão de Daniel foi um sussurro carregado de desespero, suas palavras ecoando como um lamento fúnebre na Capela silenciosa.

O desespero crescia entre o grupo, cada um consumido por seus próprios demônios internos, cada respiração uma luta contra o inevitável. Pedro tentou intervir, suas palavras soando como um eco distante em meio ao caos crescente.

— Por favor, vamos... vamos parar com isso —, sua voz era um apelo desesperado, uma tentativa frágil de deter o imparável.

Mas Olívia, com olhos desvairados e determinação feroz, pega o isqueiro e o acendeu, lançando as chamas para o caixão onde repousava Gabi. O fogo irrompeu em vida própria, uma tempestade de chamas vorazes consumindo tudo em seu caminho, devorando memórias e amizades em seu rastro ardente.

— Vamos sair daqui, antes que seja tarde demais —, o grito de Thiago cortou o ar como um chicote, sua voz tingida de pânico e desespero.

Daniel olhou para Olívia com olhos arregalados, a incredulidade se misturando com horror em seu semblante contorcido: — O que você fez, Olívia? Meu Deus...

— Era... era preciso —, a resposta dela foi um sussurro rouco, sua voz afogada pela culpa e pelo desespero que se agitava em seu peito.

Enquanto a Capela antiga era engolida pelas chamas vorazes, os amigos se afastaram, testemunhando o resultado de suas escolhas irreversíveis. O som do fogo crepitante ecoava em seus ouvidos como um coro de condenação, acompanhado pelo ritmo acelerado de seus corações, marcando o início de uma jornada permeada pela sombra da culpa e do arrependimento eterno.

Capítulo 12

Na tranquila cozinha da pousada, Eliza se aproximou cautelosamente de Stephanie, cujos olhos refletiam uma mistura de esperança e incerteza.

— Oi. Eu preciso falar com você! — Eliza quebrou o silêncio tenso.

Stephanie virou-se para encará-la. — Então pode falar.

A voz de Eliza tremia com uma mistura de preocupação e compaixão: — Como você pode ter certeza de que Pneu é seu filho?

Antes de responder, Stephanie deixou escapar um suspiro profundo, seus pensamentos retornando a um momento doloroso: — Antes de ele ser levado de mim, eu vi um sinal na barriga dele.

Eliza assentiu, compreendendo a seriedade da situação: — Então, se Pneu tiver esse sinal, ele é seu filho.

Stephanie concordou, uma centelha de esperança reluzindo em seus olhos cansados: — Sim. Eu sempre tive fé de que um dia eu vou encontrar meu filho.

As palavras de Eliza trouxeram um fio de otimismo para o coração de Stephanie: — Quem sabe, talvez você já o tenha encontrado!

— Que os anjos digam amém — Stephanie murmurou em resposta, suas mãos unidas em uma prece silenciosa.

— Na próxima vez que eu vê-lo, eu o trarei aqui. Então você poderá ver se é seu filho —, prometeu Eliza, oferecendo uma pequena faísca de esperança para Stephanie.

As palavras de gratidão mal conseguiram escapar dos lábios de Stephanie: — Muito obrigada.

Eliza deu um sorriso gentil antes de se despedir: — Bom, eu preciso ir. Tenho que trabalhar.

Enquanto Eliza se afastava para vender suas empadas, Stephanie voltou sua atenção para os afazeres da pousada, mas sua mente continuava presa em seu filho perdido, aguardando ansiosamente pelo momento do reencontro que tanto ansiava, mesmo que parecesse impossível.

Lígia acompanhou João até o Hospital São Camilo Pompéia, onde ele foi prontamente submetido a uma pequena cirurgia para remover a bala alojada em seu braço. Enquanto João se recuperava, Lígia o observava com uma mistura de alívio e preocupação.

— Se sente melhor? — perguntou Lígia com um toque de ansiedade em sua voz.

João assentiu, forçando um sorriso: — Sim, o pior já passou.

Mas a curiosidade e a intranquilidade consumiam Lígia. — Mas você sabe o que foi que aconteceu?

João suspirou, revivendo os eventos em sua mente: — Eu escutei vozes alteradas saindo do quarto de Daniel. Levantei para saber o que era, e foi aí que levei um tiro.

A expressão de Lígia se tornou ainda mais séria: — Você não acha isso muito estranho?

— É, eu também acho estranho —, concordou João, sua mente inquieta com as possibilidades sinistras.

Decidida a resolver o mistério, Lígia pega seu celular e discou o número de Daniel. No entanto, o telefone apenas chamava antes de cair na caixa de mensagem.

— Estranho, por que ele não está me atendendo? — murmurou Lígia, uma pontada de preocupação se formando em seu peito.

A preocupação com Daniel se misturou à sensação de desconforto crescente. O que estava acontecendo no hospital? E por que Daniel estava inacessível quando mais precisavam dele?.

Era um dia sombrio na cidade. Os sinos da capela anunciavam um triste evento: o velório de Gabi, uma jovem que partira cedo demais. Enquanto os familiares e amigos se reuniam para prestar suas últimas homenagens, uma atmosfera pesada pairava no ar. À medida que o crepúsculo se aproximava, uma estranha agitação tomava conta do lugar. De repente, um grito ecoou pelos corredores da capela, e todos foram compelidos a sair para o lado de fora, onde uma cena chocante os aguardava. O fogo devorava a estrutura da capela, suas chamas dançando vorazmente contra o céu noturno. Pedro, Olívia, Thiago e Daniel, entre outros, observavam horrorizados enquanto o fogo consumia o lugar sagrado.

— O que faremos agora? —, perguntou Pedro, sua voz carregada de angústia.

— Fizemos o certo —, respondeu Olívia, tentando manter a calma. Mas a sensação de inquietação persistia, pairando sobre eles como uma névoa densa.

Thiago olhou ao redor, seu rosto contorcido pela preocupação: — Sinto-me muito ocupado com isso —, murmurou ele, sua mente turvada por pensamentos sombrios.

Daniel, sempre o mais pragmático do grupo, sugeriu que partissem dali antes que alguém os visse. Voltaram para o carro, deixando para trás o cenário assustador que se desenrolava diante deles. Enquanto se afastavam, os pais de Gabi chegaram ao local, atordoados ao ver a capela envolta em chamas. A devastação em seus olhos era palpável quando perceberam que não apenas haviam perdido sua filha, mas também que ela agora repousava em um túmulo de chamas.

— Meu Deus —, murmurou a mãe de Gabi, as lágrimas inundando seu rosto. — Minha filha, além de morta, está queimada. — Um sentimento de desespero e mistério pairava sobre a cidade, enquanto todos se perguntavam: o que teria causado o incêndio naquele dia fatídica?.

O despertar de Pneu foi marcado pelo desconforto de seu próprio corpo. Seu rosto, inchado e dolorido, revelava os sinais de uma noite tumultuada. Ao passar a mão sobre o rosto, o vermelho do sangue misturava-se ao seu toque, enquanto dores no braço e na barriga o recordavam das adversidades enfrentadas.

— Aí, como está doendo tudo. Mas vai ter volta! — resmungou Pneu —, determinado a enfrentar qualquer desafio que se apresentasse em seu caminho.

Caminhando com dificuldade, Pneu percorreu os trilhos de um antigo estação de trem abandonada, onde o silêncio ecoava o vazio do lugar. Cada passo era uma batalha contra a dor, mas ele persistiu, guiado por uma determinação inabalável. Finalmente, após uma longa jornada, ele chegou à beira de uma praia solitária.

Sentando-se na areia, ele contemplou o vasto oceano diante de si. As ondas quebravam suavemente na costa, como sussurros de um passado distante. Ali, na solidão da praia deserta, Pneu encontrou um momento de paz, mesmo que efêmero, em meio ao caos que o cercava.

A brisa salgada dançava pelo ar, envolvendo a praia em seu abraço refrescante enquanto Eliza percorria a extensão da areia dourada, carregando consigo o aroma irresistível de suas empadas recém-assadas. Seus passos a levaram até Pneu, que está sentado na areia, envolto em seus próprios pensamentos. A luz do sol refletia nas ondas do mar, criando um cenário sereno e tranquilo ao redor deles.

— Oi, era você que eu queria ver! — saudou Eliza, com um sorriso acolhedor.

— Eu e por que eu? — respondeu Pneu —, levantando os olhos para encontrá-la.

— Você lembra de mim? — perguntou Eliza —, sentando-se ao lado dele com delicadeza.

— Sim, a irmã do Gustavo — reconheceu Pneu, com um brilho de reconhecimento em seus olhos.

— Mas o que foi que aconteceu com você? Você está todo machucado — expressou Eliza, observando as feridas em seu rosto com preocupação genuína.

— Nada de mais, não precisa se preocupar comigo! — tranquilizou Pneu, tentando minimizar sua condição.

— Ok, você tá com fome, sobrou duas empadas aqui... você quer? — ofereceu Eliza, estendendo-lhe as empadas com gentileza.

— Se não for incômodo, eu vou aceitar, sim — agradeceu Pneu, aceitando a oferta com gratidão.

Enquanto ele saboreava as empadas, Eliza acariciava sua cabeça com ternura, deixando-o sentir o calor humano e o cuidado sincero que ela irradiava.

— Cadê os seus pais? — indagou Eliza, buscando entender mais sobre a vida dele.

— Eu não tenho. Eu nunca tive pais — confessou Pneu, revelando uma parte de sua história marcada pela ausência.

— Está bem, por que você não vem comigo? — convidou Eliza —, oferecendo-lhe uma nova perspectiva de companhia e apoio.

— Você ainda está procurando o seu irmão? — questionou Pneu, lembrando-se da missão de Eliza.

— Sim, a gente pode procurar juntos por ele — respondeu Eliza, sentindo a esperança renascer ao compartilhar a busca com alguém.

Pneu aceitou o convite com um aceno de cabeça, decidindo confiar em Eliza e seguir em frente.

— O seu rosto está sangrando. Por que você não tira sua camisa para estancar o sangue? — sugeriu Eliza, preocupada com o bem-estar dele.

— Tá bom, só um minuto! — concordou Pneu, levantando-se para tirar a camisa com cuidado.

Enquanto conversavam, ela percebeu o sinal na barriga dele, despertando uma nova curiosidade dentro dela. E foi aí, que ele revelou a marca em sua barriga. Eliza ficou momentaneamente surpresa ao vê-la. A conexão entre eles se intensificou naquele momento, enquanto ela segurava sua mão com firmeza, conduzindo-o para fora da praia, na direção do destino que os aguardava. Neste momento, Pneu avistou Gustavo ao longe e, sem hesitar, soltou a mão de Eliza, correndo em direção ao seu irmão perdido.

— Para onde você vai? — exclamou Eliza, surpresa com a súbita mudança de direção, mas determinada a segui-lo até o fim.

Com o coração pulsando descontroladamente, Daniel empurrou a porta do apartamento de seus pais e adentrou a sala de estar, onde uma atmosfera carregada pairava no ar. Seus olhos encontraram os rostos tensos de seus pais, João e Lígia, enquanto a presença inesperada da polícia adicionava um novo nível de gravidade à situação.

— Onde você estava?. — A voz de seu pai ecoou pela sala, repleta de preocupação e ansiedade. — Eu e sua mãe estávamos preocupados com você.

Daniel engoliu em seco, sentindo o peso do seu próprio silêncio pesar sobre ele: — Eu estava com minha namorada —, admitiu, enquanto Olívia ao seu lado assumia a responsabilidade pelo atraso com um olhar de arrependimento.

Lígia, sua mãe, aproximou-se com uma expressão de angústia marcada em seu rosto: — Eu liguei para o seu celular hoje cedo, e você não me atendeu.

— Meu celular estava no silencioso —, explicou Daniel, mas antes que pudesse prosseguir, a polícia se aproximou, trazendo consigo um peso ainda maior.

— A sua amiga, Gabriela Ferreira da Silva foi morta por um mascarado —, anunciou um policial, seu tom grave ecoando pela sala. — As câmeras do hospital registraram o criminoso usando uma máscara de LED.

Uma sensação de gelo percorreu a espinha de Daniel: — Nossa, uma máscara de LED...

— O pior ainda está por vir —, continuou o policial, sua voz carregada de seriedade. — O velório de sua amiga foi incendiado. Foi um crime.

Daniel sentiu o chão desaparecer sob seus pés enquanto absorvia o impacto das palavras do policial. Sua mente girava em confusão, incapaz de processar completamente a gravidade dos acontecimentos.

— Se você souber de qualquer coisa que possa ajudar, não hesite em nos procurar na delegacia. Meu nome é Mateus —, ofereceu o policial antes de se retirar, deixando Daniel para lidar com o turbilhão de emoções que o envolviam.

Em silêncio, Daniel permaneceu parado por um momento, tentando dar sentido ao caos ao seu redor. Então, sem uma palavra, ele se virou e deixou o apartamento, o peso da tragédia pesando em seus ombros enquanto ele se afastava em direção ao desconhecido.

— Eu não entendo —, sussurrou Lígia para si mesma, enquanto observava a porta se fechar atrás de seu filho. —Daniel acabou de chegar e já saiu novamente...

Olívia, preocupada com ele, decidiu segui-lo de táxi, deixando o apartamento também.

As ruas agitadas da cidade escondiam segredos sombrios sob a luz do sol. Na movimentada pracinha, onde crianças brincavam inocentemente, uma trama sinistra se desenrolava. A cada dez minutos, Gustavo emergia das sombras, carregando consigo os pertences roubados de inúmeras vítimas. Seu destino era sempre o mesmo: encontrar o Garoto. Este último, com seu olhar duro e semblante impiedoso, recebia os produtos do furto com uma mistura de satisfação e cumplicidade.

— Olha, tô gostando de ver, continue assim! — encorajava o Garoto, enquanto Gustavo implorava por sua recompensa em forma de fumo.

— É, mas eu quero o meu baseado. — Insistia Gustavo, ansiando pela droga que o afastaria, ainda que temporariamente, das agruras do mundo.

— Calma, hoje você vai fumar até não querer mais. — Prometia o Garoto, manipulando o desejo do jovem ladrão com habilidade.

Mas Gustavo não podia esperar. Seu vício o consumia, assim como a necessidade de satisfazer seu mestre. Num gesto impaciente, ele retornava às ruas para furtar mais pertences, desafiando as sombras que o envolviam. Enquanto isso, Cabeça, um observador atento, expressava suas preocupações ao Garoto. Temia que as ações ousadas os colocassem em perigo, mas o Garoto, confiante em seu domínio sobre as ruas, ignorava os avisos.

— Relaxa. Eu sei o que estou fazendo — afirmava o Garoto, embalado pela ambição que o consumia.

Dinheiro, poder, controle - Garoto ansiava por mais. Nos cantos escuros da pracinha, onde a luz mal penetrava, ele tecia sua teia de influência, determinado a subir cada vez mais alto na hierarquia implacável do crime urbano.

A praia se desenrolava suavemente, com o sol derramando seus raios dourados sobre a areia dourada e o som calmante das ondas quebrando ao longe. Eliza vagava pela calçada, seus pés descalços afundando na areia macia enquanto ela procurava pelo enigmático Pneu. Seu olhar distante foi abruptamente interrompido pelo som distante de um carro se aproximando. Um carro de cor prateada desacelerou ao seu lado, e de dentro emergiu Daniel. Seus olhos se encontraram, e um sorriso caloroso se espalhou pelo rosto de Daniel.

— Olá, era você que eu estava procurando! — Daniel disse, sua voz carregada de surpresa e entusiasmo.

Eliza arqueou uma sobrancelha, surpresa com a afirmação: — Você estava me procurando? — ela repetiu, com um toque de incredulidade.

— Sim, preciso saber seu nome —, afirmou Daniel, com um brilho nos olhos.

— Eu também gostaria de saber o seu —, respondeu Eliza, seu tom tingido de curiosidade. — Nós nos encontramos várias vezes e ainda não sabemos o nome um do outro.

Daniel sorriu, exibindo uma dentição perfeitamente alinhada: — Não seja por isso, eu sou o Daniel —, revelou ele, estendendo a mão em direção a ela. — E você?

Eliza aceitou o gesto, apertando a mão de Daniel com firmeza: — Prazer te conhecer, Eliza —, disse ela, devolvendo o sorriso.

Uma sensação de alívio e descontração pairava no ar enquanto Daniel e Eliza iniciavam uma conversa animada, compartilhando risadas e histórias sobre suas vidas na cidade à beira-mar.

Enquanto isso, Olívia observava de longe, seu interesse despertado pela interação entre os dois. Depois de alguns minutos, ela decidiu se juntar a eles, sua curiosidade não podia mais ser contida.

— Posso saber o motivo de tanta risada? — Olívia perguntou, seu tom suave e intrigado enquanto se aproximava do casal.

Daniel, surpreso com a aparição de Olívia, ficou momentaneamente sem palavras. Ele olha para ela, seus olhos se encontrando em um silencioso momento de contemplação, antes de finalmente encontrar as palavras para responder. Olívia fitava Daniel com intensidade, sua expressão uma mistura de curiosidade e desaprovação.

— Então vai me contar por que tanto riso? — questionou Olívia, sua voz carregada de expectativa.

Daniel suspirou, seu olhar encontrando o dela: — Estamos rindo porque a vida é engraçada —, respondeu, tentando aliviar a tensão.

Mas Olívia não estava satisfeita: — Além de estar conversando com alguém de baixo nível, você deveria estar apoiando seu pai que acabou de sair do hospital —, repreendeu, com um tom de reprovação.

Daniel tentou se explicar: — Sim, mas o pior já passou, está tudo bem agora —, disse ele, tentando acalmar as coisas.

Eliza, sentindo a tensão, interveio timidamente: — Desculpe, estávamos apenas conversando —, disse ela, sua voz suave contrastando com a intensidade de Olívia.

Mas Olívia não estava disposta a aceitar desculpas: — Não estou interessada na sua desculpa —, retrucou, sua voz carregada de hostilidade.

Daniel tentou apaziguar a situação: — Olívia, seja educada. Ela está apenas sendo gentil —, repreendeu, esperando acalmar os ânimos.

Mas Olívia não estava disposta a ceder: — Ser gentil é roubar o namorado dos outros —, acusou, lançando um olhar acusatório para Eliza.

Eliza olha para Daniel, seus olhos cheios de surpresa. Ela abaixou a cabeça, sem palavras, e pegou sua caixa de empadas, preparando-se para sair.

Mas Olívia não a deixaria sair tão facilmente: — Ei, garota, venha aqui —, chamou, sua voz dura e ameaçadora.

Eliza se aproximou, cautelosa: — Posso ajudar? — perguntou, tentando manter a compostura.

Olívia pegou a caixa de empadas das mãos de Eliza e a jogou no chão com força: — Na próxima vez que encontrar meu namorado, vou te jogar no meio da rua! — ameaçou, sua voz ecoando com uma ferocidade assustadora.

Eliza permaneceu em silêncio, atordoada. Virou-se e saiu, deixando Olívia e Daniel para trás.

Daniel segurou o braço de Olívia, seu tom de voz sério: — Você está agindo de forma irracional —, repreendeu, preocupado com o comportamento dela.

Mas Olívia estava determinada: — Estou tentando te proteger —, justificou, suas palavras carregadas de desespero.

Daniel balançou a cabeça, decepcionado: — Isso não é proteção, é controle —, argumentou, decidido a se afastar.

Olívia não queria aceitar a realidade: — Você está terminando comigo? — perguntou, sua voz trêmula com a dor da rejeição.

Daniel respirou fundo, sua decisão tomada: — Sim. É melhor para nós dois seguir caminhos separados —, afirmou, deixando claro seu posicionamento.

Olívia assistiu, impotente, enquanto Daniel partia. As lágrimas de raiva começaram a escorrer por seu rosto enquanto ela caminha sozinha pela calçada. O peso de sua própria fúria se tornou insuportável, e ela desabou no chão, desacordada. Pessoas se aproximaram para ajudar, levando-a às pressas para o hospital. Enquanto Olívia se debatia entre o amor e a raiva, uma coisa ficou clara: suas ações haviam mudado tudo, deixando-a sozinha em seu próprio abismo emocional.

A atmosfera na Delegacia Geral de Polícia era tensa naquele dia ensolarado. Mateus entra na sala de suspeitos com determinação estampada em seu rosto cansado. Enquanto abria a gaveta, o ranger metálico ecoava no silêncio.

Fotos. Fragmentos de vidas capturadas em papel. Ele as dispôs sobre a mesa, como peças de um quebra-cabeça macabro. A primeira imagem, o rosto do Mascarado, encarava-o com olhos sem vida, um sorriso congelado em seus lábios de plástico.

— Será que esse mascarado tem algo a ver com a morte da Gabi? — questionou-se Mateus, sua voz carregada de suspeita. O mistério pairava no ar, tão palpável quanto a poeira que dançava sob a luz do sol filtrada pelas janelas.

Seus dedos hesitaram por um momento antes de segurar a foto de Renner. Os olhos de Mateus se fixaram na imagem, como se buscasse respostas nos traços do rosto capturados pelo papel.

— Para montar esse quebra-cabeça, eu tenho que começar com o Renner —, sussurrou para si mesmo, como se traçasse um plano na mente.

Agora, segurando as fotografias do Mascarado e de Renner lado a lado, Mateus mergulhou em um mar de pensamentos. As conexões invisíveis entre os dois homens pareciam dançar diante de seus olhos, brincando com sua mente inquisitiva.

— Será que vocês estão ligados de alguma forma? — indagou Mateus, sua voz ecoando na sala vazia. Determinação faiscava em seus olhos, refletindo a promessa silenciosa de desvendar os segredos ocultos nas sombras do passado. — Se estiverem, eu vou descobrir.

Capítulo 13

O sol da manhã filtrava-se pelas cortinas do apartamento, pintando o ambiente com tons suaves de luz. Enquanto Lígia saboreava seu suco verde na cozinha, decidiu levar um pouco para seu marido, João, que estava trancado em seu escritório. Ao se aproximar da porta entreaberta do escritório, Lígia foi surpreendida pelo som de uma conversa que a fez congelar no lugar. A voz de João soava carregada de emoção, dizendo palavras que Lígia não esperava ouvir.

— Eu estou com muita saudade de você. Não vejo a hora de te ver. Te amo muito!

O coração de Lígia disparou enquanto ela processava o significado das palavras de João. Com um misto de raiva e confusão, ela abriu a porta do escritório com força, lançando o copo de suco na direção de João.

— Eu quero saber com quem você estava falando? —, exigiu Lígia, sua voz carregada de indignação.

João, surpreso e atingido pelo copo, olha para Lígia com os olhos arregalados. Ele tentou se levantar da poltrona, mas sua mão estava pressionando a cabeça latejante.

— Nossa. Você quer me matar, é? —, murmurou João, tentando acalmar a situação.

A respiração de Lígia estava acelerada enquanto ela confrontava João, segurando um pedaço de vidro do copo quebrado como uma ameaça silenciosa.

— Calma, Lígia, por favor, para com isso! —, implorou João, tentando se explicar.

Depois de um momento tenso, João finalmente revelou a verdade. Ele estava falando com sua mãe ao telefone. Um misto de alívio e vergonha atravessou o olhar de Lígia enquanto ela baixava o pedaço de vidro.

— Desculpa amor, você sabe muito bem que eu não suporto traição —, confessou Lígia, sentindo o peso de suas suspeitas infundadas.

O clima tenso foi substituído por um abraço reconciliador entre o casal. Lígia se ofereceu para cuidar do pequeno ferimento na cabeça de João, enquanto ele, por sua vez, apagou todas as evidências do incidente em seu celular.

— Esta foi por pouco —, murmurou João consigo mesmo, refletindo sobre o perigo das aparências e a fragilidade da confiança em um relacionamento.

A luz do dia mal conseguia penetrar nas sombras da estação de trem abandonada, criando uma atmosfera sufocante dentro do vagão onde os três amigos se reuniram após uma sessão de roubos. Gustavo, exausto pelo excesso de fumo, afundou em um sono profundo enquanto Cabeça e Garoto cochichavam em meio à penumbra. Foi então que Pneu irrompeu no espaço, sua presença marcada por uma mistura de tensão e determinação.

— Onde está o Gustavo? — sua voz ressoou, cortando o silêncio com urgência palpável.

Cabeça se ergueu abruptamente, a hostilidade em sua expressão revelando-se sem disfarces: — Quem você pensa que é para entrar assim, do nada?

Pneu não se intimidou com a reação agressiva de Cabeça e rapidamente expôs o motivo de sua visita: — A irmã do Gustavo está procurando por ele. Ela está preocupada.

As palavras de Garoto vieram carregadas de ressentimento enquanto ele confrontava Pneu com um olhar incisivo: — Você tem coragem de aparecer aqui depois de tudo que aconteceu?

Ele enfrentou o olhar desafiador de Garoto com uma mistura de cautela e desafio. Enquanto isso, sua mente trabalhava freneticamente, buscando uma maneira de escapar daquele encontro tenso.

Mas Cabeça, sempre pronto para antecipar o próximo movimento, decidiu levar a situação para um novo nível de tensão. Com um gesto calculado, ele retirou um alicate do bolso e o entregou a Garoto com um olhar significativo.

— Vou arrancar sua língua fora! — a ameaça de Garoto ecoou pelo vagão, enchendo o ar com uma energia pesada e palpável.

Pneu sentiu-se encurralado, suas opções se reduzindo rapidamente enquanto ele encarava o alicate nas mãos de Garoto. Em um instante crucial, sua mente ágil procurou desesperadamente uma saída daquela situação perigosa. O que ele faria para escapar ileso dessa encruzilhada sombria?.

Ao chegar na pousada, Eliza caminhou diretamente para o seu quarto, buscando um momento de tranquilidade após um dia agitado. Entretanto, ao abrir a porta, foi recebida por uma surpresa que a deixou sem palavras.

— Mãe? — Eliza exclamou, seu coração se enchendo de alegria diante da figura familiar de Débora.

Débora sorriu ao ver sua filha, irradiando calor maternal: — Eu precisava de você —, ela admitiu suavemente.

Eliza se aproximou, os olhos brilhando de emoção: — É tão bom ver a senhora.

Débora envolveu Eliza em um abraço reconfortante: — Eu posso abraçar você quantas vezes você quiser.

Eliza suspirou, sentindo-se aliviada pelo afeto de sua mãe: — Aí mãe, hoje o dia foi muito cheio!

— É por isso que eu estou aqui —, Débora respondeu com ternura. — Mas me fala, você conseguiu encontrar o seu irmão?

O semblante de Eliza se entristeceu ao mencionar o irmão: — Eu estou com medo —, ela confessou com voz embargada.

Débora apertou Eliza com força, transmitindo seu apoio inabalável: — Medo de quê?

Eliza fechou os olhos, as palavras saindo num sussurro carregado de angústia: — De nunca mais encontrar o meu irmão.

Débora segurou Eliza com ainda mais firmeza, prometendo com determinação: — Vamos encontrar ele sim.

A luz do sol filtrava pelas cortinas entreabertas, banhando o quarto de hospital com uma suave luminosidade. Olívia despertou lentamente, ainda atordoada pela anestesia e pelos acontecimentos recentes. Ela se ergueu na cama, sentindo-se frágil e vulnerável.

Foi quando a porta se abriu, e o médico entrou no quarto com um sorriso gentil no rosto: — Bom dia, Olívia. Como você está se sentindo?

Olívia piscou, tentando se situar. Confusa: — O que aconteceu?

— Eu já avisei aos seus parentes, então pode ficar tranquila! —, disse o médico com um sorriso tranquilizador.

Olívia não conseguia se acalmar: — Não tem como eu ficar tranquila! —, respondeu ela, com preocupação evidente em sua voz.

O médico tentou confortá-la: — Não se preocupe, seus pais já estão a caminho, e você logo estará com eles.

Mas Olívia tinha outra preocupação em mente: — Mas minha saúde está normal, né?.

O médico assentiu: — Sim, você está com uma saúde de ferro. Mas há algo que precisa saber.

A ansiedade de Olívia cresceu: — Tá tudo bem comigo?... Confesso que não estou gostando muito dessa conversa

O médico suspirou, decidindo ser direto: — Quando você chegou, aproveitei para fazer alguns exames adicionais.

Olívia arqueou uma sobrancelha: — E você já tem os resultados?

— Sim —, respondeu o médico com seriedade. — Senhorita Olívia, você está grávida.

Olívia ficou chocada: — Impossível —, murmurou ela, incapaz de processar a notícia que acabara de receber.

— Meus parabéns, você vai ser mãe —, anunciou o médico, irradiando sorrisos enquanto segurava os resultados dos exames.

Olívia, porém, sentiu um misto de surpresa e incredulidade: — Não pode ser. Você tem certeza? —, indagou, seus olhos buscando validação na expressão do médico.

— Sua gravidez foi confirmada em todos os exames —, respondeu o médico com segurança.

Olívia absorveu a notícia com um suspiro surpreso: — Eu estou... surpresa —, murmurou, tentando assimilar a revelação inesperada.

Percebendo a hesitação de Olívia, o médico questionou delicadamente: — Pela sua reação, parece que essa gravidez não foi planejada.

Olívia concordou com um aceno de cabeça: — Não. Mas um filho é uma bênção —, admitiu com um sorriso tímido, deixando transparecer seus sentimentos conflitantes.

O médico, compreendendo a complexidade da situação, ofereceu apoio: — É verdade —, concordou gentilmente, antes de se retirar do quarto, deixando Olívia sozinha com seus pensamentos turbilhonantes.

Enquanto aguardava pelo retorno do médico com seus exames, Olívia mergulhou em reflexões profundas. Como ela iria revelar essa notícia para Daniel? Como seria o futuro agora que uma nova vida estava a caminho? As perguntas ecoavam em sua mente, enquanto o silêncio do quarto hospitalar envolvia-a em uma aura de contemplação e incerteza.

O eco vazio da estação de trem abandonada amplificava os sussurros da tensão no ar. Dentro do velho vagão, Pneu se via encurralado entre os olhares ameaçadores de Cabeça e Garoto.

— Pronto para ficar mudo! — Garoto provocou, enquanto Cabeça exibia um sorriso sinistro.

— Eu já falei que não quero confusão —, suplicou Pneu, encolhendo-se diante da iminente violência.

— Mas eu adoro uma confusão —, retorquiu Cabeça, avançando para segurar Pneu, enquanto Garoto observava com malícia.

Desesperado, Pneu sacou uma carta de seu bolso, lançando-a ao chão antes de fugir do trem. Enquanto Cabeça e Garoto consideravam sua próxima jogada, Gustavo despertou de seu torpor.

— Cabeça, Garoto! Onde vocês estão? — clamou Gustavo, rompendo o silêncio opressivo do vagão abandonado.

Após um tempo chamando em vão, Gustavo encontrou uma carta no chão, revelando o endereço de sua mãe.

— Como isso veio parar aqui? — questionou-se, decidindo seguir imediatamente para o endereço indicado.

Longe dali, Cabeça e Garoto observavam Gustavo partir, debatendo sobre seus próximos passos.

— Para onde ele vai? — indagou Cabeça, incerto do destino de Gustavo.

— Não sei, mas é melhor seguirmos ele —, decidiu Garoto.

E assim, Gustavo se lançava rumo ao desconhecido em busca de respostas sobre seu passado, Cabeça e Garoto o seguiam, mergulhando em um caminho incerto repleto de segredos e perigos.

No tranquilo quarto de Eliza, Débora tentava acalmar a filha, cujos olhos refletiam preocupação e incerteza.

— Não se preocupe, a gente vai achar ele —, confortou Débora, enquanto Eliza exprimia a mudança drástica que sua vida havia sofrido desde a chegada de Gustavo a São Paulo.

— Eu sei, minha filha. Sinto muito mesmo —, murmurou Débora, compartilhando o peso da angústia de Eliza.

Poucos minutos se passaram antes que batidas na porta interrompessem a conversa. Stephanie adentrou o quarto, trazendo consigo uma aura de urgência.

— Desculpe interromper, mas há alguém que deseja falar contigo, Eliza —, anunciou Stephanie.

Quando Eliza indagou quem era, Pneu irrompeu no aposento com uma revelação impactante.

— Vamos agora, sei onde está teu irmão —, proferiu Pneu, carregando consigo a promessa de esperança.

Após compartilhar o endereço, Débora se aproximou do grupo, revelando um fato surpreendente.

— Ele está indo para minha casa —, declarou Débora, unindo-se à determinação de encontrar Gustavo.

Sem hesitar, Eliza, Débora e Pneu partiram em direção à mansão, onde esperavam finalmente reencontrar Gustavo e trazer um pouco de paz ao turbilhão de emoções que os envolvia.

Enquantoisso, Stephanie irrompeu em seu quarto na pousada, o coração palpitando freneticamente, inundado por uma enxurrada de emoções indescritíveis. O impacto da descoberta sobre a possível identidade de Pneu, seu filho desaparecido, a deixou tonta de alegria e incerteza. Seus passos vacilantes ecoaram no silêncio do aposento enquanto ela fechava a porta com um suspiro trêmulo de esperança.

— Meu querido Pneu —, sussurrou ela para si mesma, deixando o nome cair de seus lábios com a reverência de uma promessa de reencontro. A mera possibilidade de que aquele homem fosse seu filho perdido era o bastante para inflamar sua alma com a chama ardente da esperança há muito adormecida.

Com um gesto hesitante, Stephanie acendeu uma vela diante de uma pequena imagem da Virgem Maria, uma reverência silenciosa em direção à divindade que ela acreditava poder guiar seus passos neste momento crucial. As chamas douradas dançavam ao ritmo de seu coração acelerado, lançando sombras vacilantes nas paredes do quarto enquanto ela se ajoelhava em oração.

— Querida mãe, conceda-me a força para enfrentar o reencontro iminente com meu filho perdido —, murmurou ela, suas palavras carregadas de uma devoção sincera e um anseio profundo. Ela sentiu o calor reconfortante da fé abraçá-la enquanto buscava orientação divina para a jornada que a aguardava.

Levantando-se lentamente, Stephanie mergulhou em um mar de pensamentos tumultuados, cada onda de esperança colidindo com as rochas da incerteza.

— Como devo abordar esse encontro? —, questionou ela ao vazio do quarto, suas palavras ecoando com a urgência de uma mãe determinada a recuperar o que lhe fora tirado.

Enquanto a noite avançava, Stephanie permaneceu imersa em suas reflexões, cada momento uma eternidade de antecipação e ansiedade. Cada batida de seu coração era um lembrete constante de sua resolução inabalável de reunir sua família dilacerada. E assim, sob a suave luz da vela, Stephanie aguardou, o brilho da esperança refletindo em seus olhos cansados, enquanto sonhava com o momento em que finalmente estaria frente a frente com seu amado filho perdido.

{...}

Ao chegar em frente à enorme mansão na Vila Nova Conceição, Gustavo foi tomado por uma sensação de admiração e inquietação. A construção imponente se erguia diante dele, envolta em mistério e segredos.

— Será que a minha mãe mora aqui? — Gustavo sussurrou para si mesmo, seus olhos percorrendo as altas torres e janelas sombrias da mansão.

Antes que pudesse tocar a campainha, uma voz o fez estremecer: — Olha vai ser aqui mesmo! — Era Garoto, com seu olhar ardiloso e um sorriso malicioso nos lábios.

Gustavo se virou para encará-lo, surpreso: — O que vocês estão fazendo aqui?

Cabeça se aproximou lentamente, sua expressão sombria aumentando o suspense: — Você acha que vai entrar sozinho?

Garoto apontou para a mansão com um ar de fascínio: — Essa mansão é perfeita, é essa daqui.

Um arrepio percorreu a espinha de Gustavo ao perceber a verdade por trás das palavras de Garoto: — Essa daqui o quê?

Garoto lançou-lhe um olhar desafiador: — Você escolheu essa mansão. Então é esta que nós vamos assaltar.

Gustavo sentiu o coração bater mais forte, enquanto o suspense se intensificava: — O que aguardava dentro daquelas paredes imponentes? E qual era o segredo que a mansão guardava?

Um crepúsculo tingia o apartamento de Lígia e João com tons de âmbar enquanto Daniel adentrava seu quarto, cansado e ansiando pelo refúgio da cama. Entretanto, seus pensamentos foram imediatamente capturados pela figura de Eliza, uma sombra persistente que se agarrava às suas lembranças. Enquanto ele se debatia com suas próprias inquietações, um ruído sutil rompeu o silêncio, emanando do armário escuro. Daniel, com os sentidos aguçados pela paranoia crescente, aproximou-se do móvel com cautela, o coração batendo descompassado no peito. Com um movimento hesitante, ele abriu a porta, mas foi recebido apenas pelo vazio opressivo.

— Que barulho foi esse? —, sussurrou Daniel para si mesmo, uma nota de medo se insinuando em sua voz.

Antes que pudesse ponderar sobre a estranha dissonância, uma voz rouca e inquietante surgiu por trás dele, envolvendo-o em um abraço gelado de pavor. — É o som do desespero —, a voz sussurrou, como se viesse de outro mundo.

O coração de Daniel disparou em seu peito enquanto ele se virava lentamente, deparando-se com a figura sinistra de um mascarado de LED, cujos olhos brilhavam com uma malícia inominável.

— Quem... quem é você? —, gaguejou Daniel, seus lábios secos mal conseguindo formar as palavras diante da presença aterradora.

— Seu pior pesadelo —, respondeu o mascarado com um sorriso enigmático, os contornos de sua máscara dançando nas sombras do quarto. Antes que Daniel pudesse reagir, uma dor aguda e insuportável irrompeu em sua cabeça, e então tudo se tornou escuridão.

Quando a consciência retornou a ele, Daniel estava deitado em uma banheira gélida, o som da água corrente preenchendo o ar com uma cacofonia de medo e incerteza. Ele ergueu os olhos e encontrou o mascarado de pé ao seu lado, observando-o com uma calma perturbadora. Cada gota d'água que caía parecia ecoar como um grito silencioso, anunciando o terrível destino que o aguardava nas sombras daquela noite interminável.

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