Mike tentava ser firme, o motivo de sua calmaria e fúria precisava dele mais que tudo naquele momento. Por vezes queria quebrar tudo a sua volta, mas não podia. Também não podia aparecer no clube, estava tecnicamente morto e causaria um alvoroço inapropriado, ainda não era a hora de aparecer e nem podia usar seus recursos. Ele estava de mãos atadas.
O tempo estipulado pelo médico passou e Ametista já não aguentava mais ficar parada. As reservas estavam acabando e ela precisava começar a produção das encomendas de André outra vez.
Ela levantou um pouco tonta e quase caiu no chão, mas se segurou na cama, sabia porque acordara tão fraca. Estava comendo mal, dormindo mal, mas ainda insistia em dizer estar tudo bem.
Chorava diariamente ao olhar os pontos no seu abdômen, eles lembravam-na do horror que passou e aquilo estava a afastar ela do mundo. Por mais forte que ela fosse e por mais desejo que ela estivesse sentindo por Mike a cada semana, aquelas cenas ainda a continham no seu casulo.
Ela não o beijou mais desde o hospital, evitava tocá-lo ao máximo e se sentia mal por não conseguir olhar para ele com a sua audácia habitual. Ela gostava das sensações que aquele homem causava nela e queria ir adiante, mas sua mente não acompanhava o seu corpo.
Mesmo ele dizendo que nada havia mudado sobre ela aos olhos dele, ela ainda se sentia mal e precisava resolver os seus atuais sentimentos, porém o que mais a incomodava era saber o quanto estava sendo difícil para Mike também.
Não só por ver o que aconteceu, mas também por estar reprimindo os impulsos que ela tanto gostava para ajudá-la a se recuperar. Ela também sentia falta de tocá-lo mais intimamente e se culpava por não conseguir.
Mike acordou e foi tomar banho, era dia de levar Ametista para verificar os pontos e ele queria aproveitar para passear um pouco com ela. Se ele bem a conhecia, sabia que por mais gentil que ela tentasse parecer, estava estressada e agoniada de ficar em casa parada por tanto tempo, mesmo que esse tanto tempo fosse algumas semanas.
Ele tentou fazer bolos sob os comandos dela, mas nenhum ficou bom em definitivo; ele não era bom com doces a não ser para comê-los, o que o fez rir porque nunca na vida gostou de comer doces.
Era uma novidade para ele também; como o homem regrado que era e lembrou ser, riu mais ainda pela ironia. Definitivamente fazer doces não era com ele!
Quando saiu do banho, viu Ametista preparando o café que não era muito, apenas pão e queijo com iogurte. Ela estava com os cabelos molhados o que indicava haver tomado banho do lado de fora da casa, as roupas já estavam estendidas e ela parecia bem melhor que nos dias anteriores.
Como parecer não era ser, ele queria ter certeza; precisava vê-la bem, por mais egoísta que fosse, ele necessitava do sorriso espontâneo dela, dos diálogos aleatórios, dos gritinhos repentinos quando ela se empolgava com qualquer coisa... pelos dois, ele tinha que agir.
Ela olhou para trás e viu Mike sem camisa olhando para ela com um sorriso quase imperceptível nos lábios e piscou para ele enquanto comia. Ele se aproximou devagar e deu um beijo carinhoso no rosto dela antes de pegar uma colherada de iogurte.
— Bom dia, Mik!
— Bom dia, pequena! Dormiu bem?
— Nem sei mais o que é isso.
— Vamos ao hospital hoje. Então se arruma pra gente não ficar lá muito tempo, ok?
— Ok. Mas que animação é essa?
— Vamos dar uma volta. Ou quer ficar mais tempo em casa?
— Pensando bem... não quero ficar em casa mesmo não. Já terminei aqui.
— Ei, ei, ei! Onde ‘cê pensa que vai?
— Me arrumar. ‘Cê é doido?
— Você mal comeu, Linn.
— Comi sim! Esse já é o terceiro pão! – Ela riu e foi para o banheiro escovar os dentes.
— Uma coisa. – Ele a seguiu e parou na porta do banheiro. – não vou duvidar de você quanto a ter se alimentado agora, mas vou cuidar para que se alimente enquanto estivermos na rua. Isso está fora de discussão, pequena!
— Por quê? – Ela cuspiu a pasta e voltou a escovar os dentes olhando para ele.
— Você emagreceu e eu gosto das suas curvas. Não sei você, mas prefiro como estava antes. – dito isso ele se retirou deixando Ametista petrificada com a escova na boca.
Mas que porra foi isso aqui? Ele levou mesmo a sério ser direto. Ela pensou. Ao menos o boy vai ficar de boas se eu ganhar mais alguns quilinhos. Ela deu de ombros, terminou suas higienes e saiu do banheiro para se vestir.
Quando entrou no quarto, viu Mike sentado na poltrona com os braços tapando o rosto, mas, não foi o que chamou a atenção dela a princípio. Ele estava ereto e pulsando.
Se existisse um tradutor de “picas” com certeza a dele estaria pedindo socorro, implorando por algum alívio, qualquer que fosse. Era nítido o quanto ele estava se controlando por ela. Mike estava vermelho e respirando fundo tentando se acalmar sem se tocar, ela estava acordada e podia surpreendê-lo. Ele não teria o que dizer.
Ametista sentiu o seu corpo dar sinal, ele era completamente gostoso de olhar; e tocar. Ela sabia que ele estava se contendo, mas não pensou que estivesse tão a flor da pele.
Bem, o que ela sabia sobre os homens nesse quesito? Na ponta dos pés ela se aproximou da poltrona e tocou o membro dele pela roupa; Mike imediatamente se mexeu sem jeito por ela tê-lo visto daquela maneira.
— Pequena? Foi mal, eu... – Ele tentou esconder sua ereção.
— Tá excitado pra caralho? Tô vendo!
— Daqui a pouco passa. Nada de mais, acontece. – ele deu de ombros tentando não se importar e pensando em como ela não fez nenhum barulho para entrar no quarto ou se ele estava distraído demais para perceber que ela estava ali.
— Nada demais? Eu diria o contrário! Posso ajudar? – Ametista apontou para o que ele queria esconder.
— Não entendi, ou entendi?
— Acredito que entendeu perfeitamente, Mik.
— Ametista... – ele tentou falar, mas ela o interrompeu.
— Posso ajudar a aliviar essa tensão? – Ametista sorriu. – suponho que posso fazer algo.
— Tem certeza? – ele questionou, confuso. – Não quero te pressionar.
— Sou eu ou você quem tá pedindo?
— Só não quero...
— Eu quero, Mik! Só precisa decidir se quer ou não. Simples! – Ametista já estava de frente para ele aguardando a sua resposta.
Ele a encarou por um tempo, estava relutante. Queria tocá-la e senti-la, mas não se ela sentisse precisar fazer aquilo por ele, no entanto, ela estava pedindo, parada na frente dele, com uma camisa transparente. Estava difícil ser racional.
Ametista não mostrou nenhum sinal de insegurança e o encarou de volta, um olhar sedutor e cheio de promessas. Um pequeno sorriso no canto dos lábios dela foi o fim da conversa silenciosa.
Ele se acomodou, fechou os olhos e deixou que ela o tocasse. Ametista deslizou a ponta de seus dedos, fazendo círculos irregulares, das pontas dos dedos das mãos dele à linha da sunga. Instigando o prazer dele, Mike se arrepiava com cada toque e deitou a cabeça nas costas da poltrona se entregando as carícias dela.
Puta que pariu, agora vou ficar pensando em quando vou poder foder ela nessa casa inteira! Mike pensava e tentava controlar o impulso de tomá-la ali mesmo e esquecer que ela precisava que ele fosse paciente. A pressão era tanta que suas veias estavam saltadas a ponto de quase explodir.
Ametista continuou a sua sensitive massage estimulando o corpo de Mike mordendo, beijando e assoprando, precisava se conectar ao que eles tinham e o cheiro dele era seu afrodisíaco.
Ela não estava pronta para além daquilo, mas podia agradar a ambos de outra maneira, então segurou o rosto de Mike procurando o mar dos olhos dele; que os abriu para encontrar os olhos hipnotizantes dela, e o beijou lentamente descendo pelo pescoço, deixando um caminho de beijos até o abdômen bem definido dele.
E ainda com as pontas dos dedos ela o massageou até chegar ao seu membro duro como madeira e libertá-lo.
Ametista o tocou com delicadeza e de joelhos o cobriu com a boca fazendo Mike soltar um gemido alto e abafado agarrando os braços da poltrona. Ele queria tocá-la, mas não queria que ela parasse, aquela tortura era melhor que não senti-la de maneira alguma. Aquilo significava um progresso.
Ametista fazia movimentos circulares com a língua e trabalhava com as mãos em sincronia com movimentos de vaivém, as vezes olhava para Mike para espiar o quanto ele estava gostando e encontrava os olhos dele famintos por ela. O que a deixou encharcada.
Sua boca mal cabia nele, mas ela gostou muito de senti-lo.
— Ah! Eu precisava disso! – Ele estava rouco de tesão.
— Meu prazer é o seu, baby. – disse ela, passando a língua por todo o comprimento dele, devagar.
Ela intensificou as sugadas e lambidas no pau dele, enquanto se tocava também. O calor em seu ventre a deixou com vontade de pular nele, mas toda vez que ia, desistia e permanecia onde estava. Dar prazer a ele era suficiente naquele momento.
Ao perceber o que estava acontecendo Mike segurou os cabelos dela e pressionou mais contra o seu membro, ele estava chegando ao clímax e o gemido baixinho dela o estimulava ainda mais.
— Porra, Linn! – Mike disse entre o dentes. – Vou gozar!
Vê-la de joelhos e disposta a dar prazer a ele mesmo que ainda não estivesse completamente recuperada era um degrau a mais para o paraíso. Ele a teria por completo em breve e ver isso nos olhos dela o fez explodir.
Ametista engoliu tudo e continuou a chupar até chegar onde queria, Mike continuava duro e ela gostou demais daquilo, se masturbou com mais vontade limpando cada gota até levá-lo ao limite novamente. Só então ela se deixou ir com ele e gozaram juntos.
— Tá melhor agora, amor?
— 50% melhor. O que foi isso? – ele perguntou, ofegante.
— Massagem tântrica! Primeira vez que fiz desde que aprendi. — ela limpou o canto dos lábios.
— Foi o melhor oral que eu já recebi desde o início da minha vida sexual. – ele jogou a cabeça para trás e fechou os olhos. – Isso foi foda, Linn!
— Gostei de ouvir isso. Espero ser mesmo verdade.
— Nunca vi os meus dedos quase atrofiando de tesão antes, se serve como prova.
— Não gosto de te ver sofrer.
— Não me importo em ser consolado assim.
— Eu alimentei um monstrinho, céus! – ela riu. – era o mínimo que eu podia fazer.
— Me fez imaginar o máximo. Vem cá, safadinha.
Mike aproveitou o momento de euforia, a tirou do chão e beijou com fervor antes de irem para o banheiro e se lavarem para sair.
Ametista e Mike chegaram ao hospital próximo ao horário do almoço. Ela estava marcada para às 13 h. Mas gostava de se adiantar, e também queria ver se conseguia falar com o Dr.Paulo que fazia um tempo que ela não via e tinha novidades para contar.
Ela estava mais animada.
Mike estava relaxado e pensando em quando ela tomaria a iniciativa de tocá-lo outra vez. Não era como se tivesse sido uma noite intensa de amor, mas foi o suficiente para ele. Ela sabia o que estava fazendo e o deixou em êxtase só com as mãos e a língua. Como ele relaxou depois foi surpreendente para ele, se fosse antes, o corpo dele não se contentaria apenas com sexo oral.
Ambos estavam bem e pensando no que tinha rolado de manhã, cada um a sua maneira; o que aproximou os dois novamente. Eles ficaram sentados na recepção abraçados olhando o vai e vem das pessoas, não estava tão caótico como era normalmente e parecia que até os enfermeiros diminuíram no lugar, embora ainda houvesse um número grande de pessoas aguardando atendimento.
Os enfermeiros que passavam pela recepção eram breves e sumiam atrás das portas e corredores tão rápido quanto apareciam.
Ametista não viu nenhuma das pessoas que ela conhecia além dos seguranças na entrada e ficou um pouco chateada. Nem Luciana, a enfermeira que estava grávida passava por ali e ela queria vê-la para saber como estavam ela e as crianças, se passasse alguém que ela conhecesse poderia perguntar, mas parecia que todos estavam se escondendo. Ou era só horário de almoço mesmo e ela estava fazendo um drama interno por nada.
Mike só não queria olhar para a cara dissimulada de Juliana. Ele sentia asco só de lembrar que ela tentou se passar por Ametista quando ele acordou; para a sorte dele e completo azar dela, ele ouvia Ametista mesmo inconsciente e a voz dela estava gravada na mente dele como tatuagem, isso fez com que ele soubesse que Juliana não era a mulher que cuidava dele para além de obrigações médicas.
Ametista nunca tocou nele de modo inapropriado; ele sentia a diferença quando eram as enfermeiras e quando não. Elas não falavam, só trabalhavam e saíam do quarto. Ao contrário de Ametista que até cantava para ele.
Vendo Mike pensativo olhando para o corredor, ela lembrou de algo que esqueceu de mencionar há um tempo.
— Mik?
— Sim, pequena!
— O que Juliana fez com você?
— Ela me tocava quando ia trocar a sonda.
— Como soube disso?
— Da mesma forma que sabia que ela não era você quando acordei.
— Então... ela estava lá no dia?
— Sim. Infelizmente foi a primeira pessoa que eu vi quando abri os olhos. Ela estava me tocando quando acordei e perguntei o que ela estava fazendo; ela disse que estava trocando a sonda e me higienizando, mas eu sabia que não era verdade. Preferia ter visto o Dr.Paulo.
— Ela tentou se passar por mim ou entendi errado?
— Foi esse o plano dela ao que parecia. Ela só não contava que eu fosse rejeitá-la.
— Como, se você acordou sem lembrar?
— Já estava habituado a sua voz. Não sei como, mas podia te ouvir, sabia que aquela mulher não era a mulher que estava nos meus pensamentos. Mas você não chegava nunca! Por isso pensei que não existia... acordei e a sua voz sumiu, não estava lá.
— Estava trabalhando. Mesmo não subindo pra te ver, estava sempre aqui no hospital. Na verdade, nunca passei tanto tempo em um. Nem quando a minha avó adoeceu. Enfim, eu tava sempre por perto, mas nas duas últimas semanas, quando acordou, eu estava muito cansada. Tinha tanta coisa pra fazer que não pude ficar no hospital. Eu queria ser a primeira a te ver abrir os olhos. Se eu soubesse que a piranha da Juliana estava abusando de você antes, não sobraria nada dela!
— Na noite em que me lembrei de tudo, ela queria me seduzir e levar para algum lugar privado do hospital.
— Eu vi tudo. Infelizmente acordei na hora.
— Ainda bem que acordou. Viu que não fui eu quem incentivou tal ato, mas foi por isso também que eu lembrei. Ela usa o mesmo tipo de perfume de Natasha, além de se parecer com ela em muitos aspectos. Aquilo foi o gatilho.
— Não sei se arrebento a cara dela ou se agradeço pela ajuda. Dá pra fazer os dois? Tipo, bater em agradecimento?
— Estou vendo que a minha pequena Linn está voltando ao que era. Isso é bom.
— A força de um boquete tântrico!
— Boba. Independente disso, estou feliz em saber que está melhorando.
— Achei estar feliz porque deu uma puta gozada hoje.
— Estou satisfeito nesse quesito. Feliz por isso, só quando puder jogar a partida inteira.
— Justo. Não tenho um pau pra saber como é.
— Estou feliz de ter você, de te ver bem e sorrindo novamente. Adorei o que rolou hoje, mas não é apenas isso. Eu amo você, pequena!
— As vezes me pergunto se tu existe mesmo ou tá se fazendo de bom moço. Um homem como você parece um ser mitológico.
— Talvez você tenha se acostumado com qualquer coisa.
— A maioria de nós então! Tem mais qualquer coisa no mundo que qualquer outra coisa nele. A mulher que pensa como eu é traída ou agredida. O homem que pensa e age como você é alvo de malucas e de chacota dos que se dizem amigos. Eles nunca se encontram e quando sim, ambos estão tão quebrados que nem conseguem reconhecer qual caco é o de quem e acabam por perder uma possível oportunidade de ser feliz. Acredito que demos sorte, hein!
— Não sou de fazer orações, mas agradeço sempre ao que te enviou pra mim.
— Vamos agradecer juntos, em breve! – ela piscou para ele e voltou sua atenção ao balcão.
Quando a recepção ficou mais vazia, ela levantou e foi até a recepcionista para pedir informações e acabou por ver Luciana, que acabara de voltar do almoço com a sua barriga enorme. Quando viu Ametista abriu um grande sorriso e foi ter com ela animada.
— Amy! Quanto tempo não aparece por aqui. Como ‘cê tá, mulher?!
— Luh! Tô ótima! Ai que barriga linda! Esses dois já estão batendo ponto pra conhecer o mundo, né?!
— Nem me fale, menina! Esses dois estão me matando, mas ainda é só o começo. Depois que nascerem é que o desafio realmente vai começar.
— Posso imaginar o trabalhão que vai dar cuidar de gêmeos. Mas não tira o brilho radiante que emana de você. – Ametista tocou a barriga da mulher com carinho. – Quem aí sentiu falta da tia Amy?
Na mesma hora as crianças se agitaram na barriga de Luciana fazendo as duas mulheres rirem com os movimentos e ondulações. Ametista achava a maternidade a forma de amor mais linda, mesmo com toda a responsabilidade que acompanhava aquela experiência tão única.
— Alguéns já escolheram a madrinha ao que parece! Eles não mexem assim com ninguém!
— Sério?!
— Se você quiser, é claro!
— Claro que quero! Ouviram isso meninos?! A dinda vai levar vocês pra passear e ensinar a fazer bolos. – ela falava acariciando a barriga de Luciana, curtindo a bagunça dos bebês na barriga da mãe. – Eles não te machucam quando mexem assim?
— As vezes... falta ar, a coluna arde, as pernas cansam... mas dá pra viver. E você?
— O que tem eu?
— Gosta tanto de crianças... quando vai ter os seus filhos?
Nessa hora Ametista não sabia o que dizer. Ela queria ter a sua família, mas nem tinha se realizado profissionalmente como queria e acabara de reacender a chama dentro dela para um novo relacionamento.
Ainda tinha o fato que, se ela fosse engravidar, seria com certeza de Mike, porém a vasectomia que ele fez estava no caminho. Ela dependia dele para isso e não estava com pressa.
— Acabei de começar a namorar. Isso pode esperar, não acha?! Enquanto isso eu paparico os seus.
— Amy... – Luciana de repente puxou Ametista para um canto e falou baixinho. – o meu marido conhece o seu namorado. Comentei com ele há uns dias sobre a história de vocês e ele me contou o que sabia sobre o caso.
— Tudo bem, já não é mais motivo de segredo saber quem ele é. Mas, como ele conhece Mike?
— Ele trabalhou no grupo Scott por um tempo como médico de lá e quando veio me buscar uma vez, viu vocês juntos. Sabe que acreditam que ele morreu, não é?
— Sim. Após tanto tempo, pensar que ele ainda estivesse vivo seria a maior prova de fé e esperança pra alguém. Mas por favor, peça a seu esposo discrição sobre isso. Essa história vai se resolver de vez em breve. Segredo de comadres?
— Segredo de comadres! Mas eu quero saber de tudo depois, tá?!
— Tá, pode deixar que conto sim.
— Agora, mudando de assunto, estava morrendo de vontade de comer aquele bolo gelado de frutas vermelhas! A senhora sumiu e as minhas sobremesas também! Isso não se faz com os seus afilhados!
— Vou mandar trazerem pra você uns três! Um pra cada um aí. Tá de plantão hoje ou vai embora daqui a pouco?
— Plantão.
— Não sei como tu aguenta, mas te admiro por isso.
— Tu também vai ter gêmeos! Espere só pra ver!
— Aí tu pegou pesado! Vamos com calma que ainda tenho muito o que fazer na vida.
— Quando casar me manda o convite. Vou profetizar no discurso que terá um lindo casal de gêmeos!
— Cara, eu não aguento, meu Deus! Tu tá que tá com esses hormônios de grávida, hein!
— Tenho que ir, já demorei mais vinte minutos do meu horário e as minhas pernas estão me matando. Até mais, Amy! – Luciana se foi sorrindo bamboleando com as mãos nas ancas.
— Bom trabalho, Luh! Nos vemos! – Ametista acenou e voltou para a recepcionista para pedir informações.
Mike ficou a olhar a interação das duas e ouviu um pouco da conversa antes de começarem a cochichar num canto. Ele se pegou pensando em como Ametista seria uma ótima mãe e como seria formar uma família com ela. Ela era o que ele procurava, só não pensou que a encontraria de forma tão inusitada.
Ela é a mulher mais foda que eu já conheci, disso não tenho a menor dúvida! Ele pensou enquanto olhava para ela há alguns metros dele.
O nome de Ametista foi chamado e foram finalmente atendidos. Quando entraram na sala era o Dr.Paulo quem os estava esperando. Ametista apressou-se para abraçá-lo contente por vê-lo e se sentou. Mike o cumprimentou discretamente, mas alegre por vê-lo também, ele gostava do médico afinal.
— Ametista, vejo que está bem melhor. Como tem passado?
— Estou sempre bem. Eu disse pra você!
— Fale a verdade, pequena!
— Mas é, ué!
— Ela passou por dias bem difíceis, Paulo. Mal comia ou dormia. Quando estava acordada ficava agoniada por não poder fazer muito do que fazia antes e estava surtando por não poder trabalhar.
— E o que houve para essa mudança?
— Um boquete tântrico! – Ametista disse sorrindo.
— O quê? – Dr.Paulo ficou vermelho sem ter o que falar.
— Ametista! Não acho que esse comentário era necessário. – Mike tossiu envergonhado.
— Uma pergunta, uma resposta. Já que não posso ocultar que não estava bem no início, por que posso ocultar que te masturbei hoje de manhã?
— Isso é... ótimo! Saber que o que houve não te causou traumas profundos e que ainda pode se abrir com o seu parceiro em pouco tempo é uma ótima notícia.
— Não consigo ir mais que isso ainda... queria que ele me tocasse como antes, mas ainda fico meio mal. No entanto, descobri que o meu corpo ainda reage a algumas coisas então comecei por aí.
— Sabia que você era uma mulher forte assim que a vi, Ametista. Então, vamos ver como estão esses pontos, tudo bem?
Paulo pediu para que ela tirasse o casaco que vestia para verificar os pontos e viu que já podiam ser removidos. As feridas já estavam bem cicatrizadas e as marcas quase imperceptíveis.
— Ótimo! Vamos retirar essas linhas. A sua cicatrização é muito boa, mas ainda não pode se esforçar, a parte de dentro ainda precisa de mais uns dias.
— Dr.Paulo, tenho uma novidade pra você! – Ametista cantarolou enquanto Paulo terminava de examiná-la.
— Conte!
— Lhe apresento o senhor Mike Meyers Scott. Meu namorado com sete vidas!
Mike revirou os olhos achando graça das maluquices de Ametista, ele sentia falta daquele jeito e sabia que ainda não era permanente. A qualquer momento ele poderia encontrá-la aos prantos novamente então era bom aproveitar o tempo em que ela esquecia de tudo.
— Mike Scott? Do grupo Scott?
— Pelo jeito todo mundo te conhecia menos eu. Que merda, hein!
— Sim, Dr.Paulo. Eu mesmo!
— Então você recuperou a memória. Que notícia ótima! Como e quando foi?
— No mesmo dia em que trouxe Ametista naquela situação. Algumas coisas já estavam voltando a minha mente após vê-la naquele estado.
— E a Juliana tentou agarrá-lo enquanto eu descansava.
— Como assim?
— Ela quis me seduzir e tentou me beijar. Assim que ela me tocou, mais lembranças vieram a medida que me irritava com a atitude dela. Quando a enfermeira saiu, entrei em colapso e caí no chão com dores fortes na cabeça, semiconsciente. A medida que ficava com mais raiva me lembrava mais, até que fui medicado. Quando dei por mim, voltei ao meu eu.
— Interessante. Deixe ver se entendi. Começou a recuperar a sua memória em picos oscilantes de raiva?
— Sim. Tenho um distúrbio nos nervos que me transforma num monstro se eu perder o controle. Nada fica em pé na minha frente. Por isso eu disse a você que quase matei o desgraçado que atacou Ametista. Só parei porque a vi jogada no chão.
— Entendi e estou intrigado. Agora sei o porquê da alta dosagem de drogas no seu organismo. Aquilo quase te matou.
— Dr.Paulo, não faça nada com a Juliana. Embora ela tenha faltado com a ética, acabou ajudando meu robozinho a recuperar a memória. Tô com raiva dela? Sim! Mas também estou grata. Senão ia se passar mais um ano e ele não lembraria. A não ser que eu sei lá, na TPM, desse uma panelada na cabeça dele! – Ametista caiu na gargalhada. – o homem é quase imperturbável.
Depois de muita conversa com Dr.Paulo, eles saíram do centro médico e foram almoçar.
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