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A Força Do Destino Volume I

A preocupação de Daiane

Se o professor falou alguma coisa importante na aula de hoje eu não sei, não que eu estivesse dormindo na sala de aula, não é de meu feitio, advocacia é tudo pra me. Mas está bem difícil manter as mensalidades em dia nos últimos meses, os negócios não estão indo bem.

E eu me pego pensando em meus pais que faleceram em um acidente de carro, se eles estivessem vivos tudo era diferente agora, lembro como eles estavam felizes em fazer aquela viagem de turismo, e com eles estavam os pais da Marta, minha melhor amiga.

Desde que nossos pais faleceram nós duas só tivemos uma a outra, irmãs pra vida toda, fomos morar juntas e abrimos uma loja de

perfumaria, mas as coisas não estavam indo bem.

Tínhamos muitas dívidas, fornecimento pra pagar, e pra investir em outros produtos, e

assim até a loja dar lucros precisaríamos de dinheiro, era o que nós não tínhamos no momento, além dessas dívidas também tinha a faculdade que é um custo alto.

Por esse motivo pensei em trancar a faculdade até as coisas melhorarem, mas a minha amiga não deixa, se eu não arrumar um jeito de ganhar dinheiro, eu terei que trancar a faculdade, mesmo faltando um ano pra me formar em direito.

Termino a minha prova final e a entrego ao professor, vou até a cantina como um lanche rápido, não estou muito afim de almoçar quando chegar em casa. Algumas amigas vieram até mim, e nós ficamos um tempo conversando sobre como foi difícil a prova, mas o melhor de tudo eram as férias que iam começar.

Depois de alguns minutos colocando o papo em dia eu resolvo ir embora, fiquei triste na despedida, elas teriam férias pra aproveitar, já

eu terei que trabalhar o dobro pra conseguir colocar as mensalidades em dia, ou eu não poderei mais terminar meus estudos, me despeço delas e peguei minhas coisas pra ir embora.

Embora o dia estivesse lindo, pra mim estava nebulosa, desço os degraus da faculdade e quando cheguei no último degrau, avistei

alguém que eu não via a muito tempo, me apresso pra chegar até ele, ele para e eu o alcanço.

- Não acredito, não pode ser, é você mesmo Paulo? - pergunto surpresa

por nos reencontrar depois de três anos.

- Daiane é você mesma? - pergunta ele vindo em minha direção e me abraçando.

- Nossa que surpresa te encontrar aqui.

- Eu que diga, nossa você não mudou nada. - falei olhando seu rosto.

- Você mudou! - disse rindo.

- Você acha?

- Acho! Está mais linda do que nunca, se é possível ficar mais linda. - disse passando a mão direita no meu rosto.

No passado o Paulo era afim de mim, eu até tinha uma quedinha por ele, tínhamos tudo pra dar certo, mas ele nunca teve coragem suficiente de se declarar. Tanto eu como nossos amigos sabíamos do interesse

dele por mim, mas como não teve coragem suficiente para se declarar, eu segui em frente, conheci outra pessoa.

- O quê você faz aqui? - pergunto um pouco envergonhada com a maneira dele me olhar.

- Trabalho aqui por perto, eu estava almoçando, e você o quê faz por aqui? - ele pergunta colocando as mãos nos bolsos da calça.

- Eu estudo nessa faculdade, vim fazer a prova final do semestre, quando estava indo embora o vi passando.

- O que vai fazer agora?

- Além de ir pra casa? Nada.

- Tem um minuto pra tomar um sorvete comigo? Podemos colocar o papo em dia.

- Mesmo se eu não tivesse um minuto, eu arrumava um pra você. - falei dando um soco de leve no ombro dele.

- Então vamos lá. - disse erguendo a mão em nossa frente, pra que eu fosse na frente dele.

Chegamos na pracinha central, ele me acompanha até um banco grande e vazio, me sento e ele vai até o vendedor de sorvete, eu o observo se afastar, e ficou admirando de onde estou sentada.

Paulo mudou bastante nesses últimos três anos, o cabelo está mais loiro com mechas, e parece que está malhando, estar mais musculoso, definitivamente mais bonito do que nunca. Quando ele pega nossos sorvetes eu mudo meu olhar para outro lugar, não quero que me veja babando por ele, depois de tanto tempo. Começamos a comer e falar da nossa infância, ele me olha antes, então mudei de assunto, comecei a fazer perguntas.

- Desde quando está na cidade? - pergunto dando uma lambida no sorvete, ele olha atentamente e rir.

- Você parece uma garotinha tomando sorvete. - disse ele, colocando a colher no sorvete dele. - Estou na cidade à dois anos, não sei como já não nos encontramos antes.

- Verdade! Mas me fala, está trabalhando?

- Sim! Sou agenciador em uma agência turística para estrangeiros.

- Então você se deu bem.

- Sim. Mas não era exatamente o que eu esperava, por outro lado era um bom emprego, ganhava muito bem e era um trabalho honesto. Enfim, aceitei o trabalho e as coisas melhoraram bastante.

- Que bom. E como é seu trabalho na agência ?

- Não sei nem como explicar pra você.

- Tente, sou todo ouvido.

- Essa agência é diferente das outras, trabalhamos para agradar pessoas poderosas que vem ao Brasil, nosso país recebe muitos

estrangeiros durante o ano todo, alguns vem passar férias , outros vem só aproveitar as belezas do país. É claro que a maioria deles quando vem, querem companhia e pagam muito bem pelo serviço prestado.

- Você trabalha com prostituição ? - pergunto espantada com a resposta que terei.

- Não. Não é uma agência de prostituição, até mesmo por que não obrigamos ninguém a fazer programa. Elas são acompanhantes, elas pagam muito bem pra ter companhia de uma mulher enquanto estão aqui no país.

- Como você consegue encontrar mulheres para esses homens ?

- Temos uma página nas redes sociais, às vezes ofereço oportunidade a outras mulheres, que estão na rua vendendo seu corpo por pouca coisa. Na maioria das vezes elas nos procuram para oferecer trabalho.

- Devem ganhar um pouco mais, ou talvez seja mais vantajoso ganhar pelo trabalho com os turistas.

- Na verdade, sim. Eles pagam a agência por conseguir uma acompanhante, e pagam a dama de companhia pelo trabalho fornecido,

uma das garotas passou um fim de semana com um americano, ele pagou cinco mil a ela, e desde então ela trabalha conosco.

- Isso tudo por um fim de semana? - fiquei espantada, se a cada fim de semana sair com um cara e ganhar tudo isso, duvido que ela queira trabalhar em outro lugar.

- Quanto mais tempo eles querem com elas, mais eles pagam, e envolve burocracia, não é só mandar uma delas ficar com os caras.

- Como assim, Paulo? - pergunto sem entender o que ele quis dizer.

- É feito um cadastro das meninas, todas maiores de idade, ela é quem decide se está à disposição ou não. Ninguém é obrigado a pegar o trabalho. E tem que assinar um contrato de confidencialidade, tanto elas

como nossos clientes, depois do fim do contrato cada um segue seu caminho.

- Entendi. Como se nunca tivessem se conhecido antes, segurança e descrição para ambos.

- Exatamente isso. Como eles pagam muito bem, a agência vive cheio de garotas querendo trabalhar, infelizmente muitas delas não posso dar o trabalho, não damos emprego a menores de idade, é uma condição indiscutível.

- Fico feliz de ouvir isso.

- Mais me fale um pouco de vocês, o quê vocês têm feito nestes últimos anos? E como estão ?

- Não tão bem como gostaríamos. - disse limpando minhas mãos, depois de terminar meu sorvete.

- O quê aconteceu? Está precisando de dinheiro?

- Estou precisando de um milagre, mas não quero falar sobre isso.

- Se está com problemas eu quero saber, por favor confie em mim, me falar o que está acontecendo.

- Já que insiste. Minha vida está um verdadeiro caótico, a Marta e eu abrimos uma loja, estava indo bem, mas o que as pessoas procuram não é o que vendemos. Os negócios vão de mal a pior, é a quarta vez

que tentamos fazer empréstimo e é negado. Ainda não falei pra ela, as mensalidades da faculdade estão atrasadas, se até o mês que vem não pagar todas as mensalidades, não poderei frequentar as aulas, advocacia é tudo pra mim, as coisas começaram a ficar difíceis e eu pensei em desistir da faculdade.

- E o quê Marta acha disso tudo?

- Ela não concorda, disse que tenho que terminar os estudos, só falta um ano pra terminar. Mas ela não sabe que o dinheiro não é suficiente para pagar as mensalidades, pensei que conseguindo o empréstimo para renovar a loja, seria de grande ajuda, eu poderia pagar as mensalidades e dizer pra ela o que está acontecendo.

- Eu posso ajudar vocês duas.

- Não. Claro que não, é muito dinheiro, jamais aceitaria isso. Mas agradeço a intenção.

- Eu tenho dinheiro, e posso ajudar sem nenhum problema.

- Já falei que não. Vou dar um jeito, não se preocupe, estou feliz só de te reencontrar.

- Eu mais ainda, pensei que nunca mais voltaria a te ver. - disse apertando meu queixo.

- Mim responda mais uma coisa.

- Pergunte.

- Como as garotas são escolhidas? É você que escolhe ou eles conhece elas e depois escolhe uma? - nunca pensei em ficar tão interessada num assunto como esse.

- É o cliente que escolhe! As garotas preenchem um formulário pessoal, e depois fazem algumas fotos com saídas de banho, vejo quem está disponível para o trabalho e envio os arquivos, quando o cliente escolhe uma das meninas, entram em contato e pede pra entrar em contato com elas, já deixando o preço acertado para elas.

- Entendi. Então você tem muitos clientes?

- O suficiente. Semana que vem tem um cliente chegando, já estou arrumando os arquivos para enviar hoje a noite, ele precisa de uma garota livre por duas semanas.

- Por quê tanto tempo? - admito que estou mais do que curiosa.

- Ele pretende ter um pouco de descanso no resort, antes da inauguração da loja shopping, que será inaugurada dentro de três meses.

- Aquela enorme loja é dele?

- Sim!

- Paulo, você sabe como é difícil conseguir trabalho nessa cidade, e não vou mentir, a nossa situação é bem mais complicada do que possa imaginar.

- E eu já te falei que posso te ajudar.

- Sim, você pode! Mas não como deseja.

- Como assim?

- Preciso que me dê um emprego.

- Mas seu ganho será pouco, e na agência não precisa de empregados no momento.

- Não falei que seria na agência, quero trabalhar como acompanhante.

- Você ficou maluca? Pergunta ele gritando comigo. -Isso não é emprego pra você, jamais daria um emprego desse nível a você.

- Você disse que paga bem, só até pagar as mensalidades da faculdade e colocar umas contas em dias, depois disso caio fora.

- Não. - disse ele já se levantando do banco. - Você ficou maluca? Jamais daria um tipo de emprego como esse pra você.

- Eu sei disso. - me levanto e vou até ele, colocou a mão em seu rosto para acalmá-lo. - Eu conheço você e seu caráter, esse é o jeito mais rápido de resolver esse problema. E você mesmo disse que há uma confidencialidade, ninguém precisa saber disso.

- Mas eu vou saber, e não vou deixar você fazer isso, ainda mais por dinheiro.

- Vamos olhar essa situação de um jeito diferente.

- E por acaso existe um jeito diferente, para vê essa loucura que você quer fazer? definitivamente ele estava muito bravo comigo.

- Digamos que eu preciso me divertir um pouco, e ainda vou ganhar uma grana pra pagar as minhas contas.

- Vamos fazer uma suposição. Digamos que eu aceitasse seu pedido, e enviasse seu formulário para esse cliente que está de chegada semana que vem, e ele te escolhe, como você explicaria a Marta, e a seu

namorado as duas semanas fora de casa, sem poder dizer onde está? - pergunta arqueando uma das sobrancelhas.

- Simples. A Marta eu terei que dizer a verdade, não tem jeito mesmo e ela é discreta, pode confiar, e a parte do namorado? Não sei se esse traste está vivo, e nem quero saber, terminamos faz um bom tempo. - digo tirando a mão do rosto dele e cruzando os braços atrás de mim.

- Então você está livre? - pergunta sorrindo pra mim. - Quem sabe agora as coisas se desenrolam entre nós.

- Não mude de assunto Paulo. - Na verdade era eu que queria mudar de assunto. - Por favor, me ajude, me deixa fazer isso? É minha vontade, eu jamais na minha vida te pediria uma coisa dessa, você me conhece bem

.

- Mim ajude com isso, só até pagar as mensalidades e depois disso não lhe peço mais nada desse tipo.

- Eu não. Não sei se consigo permitir que outros homens toquem você, ainda mais agora que te encontrei depois de três anos, você sabe o que sinto por você, tente entender o meu lado.

- Eu sei. E entendo sim, mas preciso fazer algo que me ajude financeiramente .

Jamais aceitarei dinheiro de quem quer que seja, prefiro ganhar do meu jeito. Ele me olha sério e estende sua mão no meu rosto, acariciou de leve com as pontas dos dedos, seu rosto contorceu enquanto ele luta com

seu conflito interno. Eu poderia pedir qualquer coisa pra ele, mas aquilo foi demais, e ele não quer dar o braço a torcer. Olho suplicando pra ele, envolvo meus braços em volta do pescoço dele, e mais uma vez suplico.

- Por favor... Por favor Paulo me diga que sim.

- Para. Não faz isso, você me quebra tudo sabia?

- Por favor. - digo beijando sua bochecha várias vezes, ele me aperta em seus braços e rir.

- Me prometa que assim que pagar as mensalidades você para.

- Eu dou minha palavra. Você pode pegar o que precisar e botar fogo. - digo sorrindo pra ele.

- Tudo bem. Mas conte pra Marta, e outra coisa, não sou eu que escolhe é o cliente, se fosse eu com certeza escolheria você.

Um emprego nada conveniente

Não é um emprego que eu gostaria de ter pra pagar as dívidas, mas é a mais rápida no momento, dou um enorme sorriso pra ele em

agradecimento, e depois me afasto dele, pra quem é de fora, se nos visse pensaria que éramos um casal, confesso que ele ainda mexe comigo.

- Então o que eu devo fazer? Do quê você precisa?

- Tem certeza que você quer fazer isso? - insiste ele.

- Tenho! Não vou voltar atrás da minha decisão.

- Pelo visto não vou fazer você desistir dessa loucura.

- Não. - digo decidida.

- Sabe que não concordo? Mas vou fazer o que está me pedindo, mesmo contra a minha vontade. Você terá que ir na agência ainda hoje, não se preocupe, eu sou o único funcionário lá. Terá que fazer umas

fotos de saída de banho, e depois preencher um formulário com perguntas pessoais.

- Só isso?

- Só ! Depois disso envio os arquivos por fax e as fotos por email, vou enviar de várias meninas, e o seu vai junto com os delas, como disse antes, não sou eu quem escolhe, é o cliente. Quando preencher o formulário não coloque seu número nem endereço, essa parte fica comigo, caso seja escolhida eu entro em contato, é mais seguro não sabendo onde vocês moram, e você leva o contrato para ler e assinar, quando estiver com o cliente entrega a ele para assinar também, cada um fica com um dos contratos.

- Entendi. Então a que horas quer que eu vá fazer as fotos, e preencher o formulário e pegar o contrato?

- Me dê umas horas pra pensar mais um pouco, ainda não estou confortável com essa situação.

- Você falou que vai enviar ainda hoje esses arquivos, então preciso fazer tudo o que precisar para enviar o meu arquivo.

- É eu sei. Tenho até a noite pra fazer isso, me dê umas duas horas para pensar melhor, anote seu número eu vou te ligar e dizer a minha decisão.

- Pronto. Pense com calma, eu vou esperar você ligar.

- Se eu aceitar te ajudar nisso, sabe que a Marta não vai me perdoar.

- Ela vai! Sou eu que estou te persuadindo a fazer isso.

- Então fale isso pra ela, eu tenho ir embora agora, quer uma Carona?

- Não será preciso eu estou de carro.

- Então aguarde minha ligação. - disse me dando um beijo no rosto, e lentamente virou seu rosto em direção ao meu, me olhou nos olhos e desceu seu olhar aos meus lábios, na qual ele tocou com o dedo indicador, e antes de fazer qualquer coisa se afastou e saiu em direção a rua.

Definitivamente ele ainda mexe comigo, fico parada o olhando desaparecer no meio das pessoas, respiro profundamente e volto pra

faculdade pegar o carro. Chego em casa, dou um oi rápido pra Marta e subo as escadas, jogo minhas coisas em cima da cama e desço, a loja está tranquila, durante a tarde toda estava parada, olho pro meu celular

várias vezes na esperança de Paulo me ligar.

Duas horas depois do nosso encontro na rua, o telefone toca, olho na tela e vejo um número que não está na minha agenda, com certeza deve ser ele, Marta me olha com o canto do olho, sei que ela quer perguntar se não vou atender, eu atendo a ligação.

- Alô ! - falo de maneira casual.

-Daiane?

- Sim!

- É o Paulo falando, está podendo falar?

- Oi Paulo, claro, pode falar. - falo de uma maneira que ele possa entender que a Marta está ao meu lado, e ele parece entender na hora.

- Entendi. Você pode vir aqui dentro de uma hora? Eu envio o endereço pra você.

- Claro que sim! Eu só preciso resolver umas coisas por aqui mas já chego por aí.

- Lembra do que precisa pras fotos?

- Sim! Envia o endereço pra mim, chego o mais rápido possível aí.

- Combinado, estou à sua espera.

Desligo meu celular e vejo Marta sentada com as mãos cruzadas sobre o joelho, está me olhando estranha, ou eu acho que sim, porque estou com um enorme peso na consciência.

- Lembra do Paulo Gustavo? - pergunto pra saciar sua curiosidade.

- Aquele rapaz lindo e loiro, que era louco por você mas nunca teve coragem de te pedir em namoro?

- Pelo visto lembra! - digo rindo da sua boa memória.

- Lembro sim, porquê ? - ela me perguntou rindo.

- Você não vai acreditar, eu o encontrei por acaso quando estava passando em frente a faculdade.

- Sério? Quando você o encontrou?

- Hoje depois do almoço, conversamos um pouco, ele me ligou pra me convidar pra tomar um milkshake e eu disse sim. Tudo bem pra você se eu for? A loja está parada, e daqui a pouco a gente fecha a loja, você

fecha sem mim?

- Claro que sim! Como você mesma disse, a loja está parada, vou fechar agora mesmo, assim tiro um pouco de tempo pra mim, vai lá

matar a saudade do seu velho amor. - ela estava se divertindo às minhas custas.

- Não demorou, e não vou matar saudades nenhuma, só colocar o papo em dias. - digo fazendo careta pra ela.

- E como ele está? Mudou alguma coisa?

- Tá brincando? Ele mudou fisicamente cem por cento, fiquei babando quando o vi.

- Pelo visto esse encontro vai acabar pegando fogo. - ela disse gargalhando.

- Engraçadinha! Estou subindo pra mim vestir, se quiser podemos pedir uma pizza na volta.

- Ótima ideia, peça antes de voltar, pode ser que chegue assim que você chegar em casa.

- Eu farei, até mais tarde.

Chegando próximo ao endereço que Paulo me passou, ligou avisando que estou chegando, já são cinco da tarde. Ao chegar na agência me deparo com ele à minha espera, e mais uma vez dou uma observada

nele, ele fica muito sexy de calça jeans rasgada no joelho, camiseta branca e uma jaqueta de couro marrom por cima.

Ei coração pode parar por aí mesmo, pode desacelerar você estar muito agitado, golpe baixo, ele tem uma tattoo subindo até o pescoço, eu tenho uma quedinha por homens com tatuagens, na verdade não é uma caída é um tombo mesmo, tô em maus lençóis agora

.Respiro fundo e saio do carro, tento tirar todas as perturbações da cabeça, caminho até ele, me olhar surpreso com o que estou vestindo.

Optei por uma mini-saia preta, uma blusinha curta no formato de V, deixando a barriga descoberta, sapato de salto alto preto agulha fina. Desde que nos mudamos pra São Paulo eu mudei muito meu estilo de roupa, Paulo me olhava de uma maneira tão intensa, chego a pensar que estou pelada, fico um pouco constrangida e tento disfarçar. Ele me

recebe com um beijo rápido no rosto e me conduz para dentro do interior da agência. Era bem bonito o lugar, a sala é bem espaçosa,

uma das paredes é toda preparada com o tema de praia, a areia tem no canto.

- Só está você na agência?

- As garotas só vem aqui quando precisa atualizar as fotos, às vezes vem para um bate papo, mas me assegurei que não viria ninguém, não quero que fique constrangida com outras pessoas aqui.

- Não precisava fazer isso, mas obrigado por pensar em mim. Por onde começamos? - não estava a vontade pro que iria fazer, mas se ia fazer, que fosse logo.

- Trouxe a saída de banho? - afirmo que sim com a cabeça.

Ótimo. Aquela porta é do banheiro, pode se trocar lá, e não se preocupe, aqui não tem câmeras e nunca colocaria no banheiro pra ver as meninas se trocar, não sou esse tipo de homem.

- Isso nem me passou pela cabeça, eu confio em você e por isso estou aqui.

- Só estou advertindo, pra você não ficar preocupada com isso. - disse bem sincero que se preocupava com o que eu poderia pensar a respeito dele, por causa do trabalho de agenciador de mulheres.

Todo mundo veste saída de banho e vai à praia, porque estou tão

constrangida assim? Talvez porque ele esteja mexendo com meus sentimentos adormecidos. Tirei algumas diferentes, uma em pé segurando uma bola enorme e sorrindo, com uma sombrinha pequena e colorida, umas bem divertidas fazendo caretas e a última ele me pede pra pôr a roupa de volta, fico sentada no banco alto, e encaro a câmera com sedução.

Paulo tira uma das fotos e fixa o olhar em mim, me olha de cima abaixo, ele parece está pensando em algo, apertou as têmporas com

força, e depois continua a tirar a última foto. Mim pede pra ir até a mesa dele para preencher o formulário pessoal, enquanto passa as fotos pro computador.

Ele fica com os olhos fixos na tela do computador, e fica sério parado olhando pra tela, não sei o que está acontecendo ele está muito quieto.

- O que aconteceu com você? Você está bem? - pergunto preocupada.

- Não! - responde sem mim olhar, se levanta da cadeira e vem até a frente da mesa e se senta na ponta dela de frente a mim.

- Qual o problema? - me levanto e fico de frente a ele, tocando seu rosto. - o que foi?

- Desista dessa loucura Daiane. - mim pede pegando minha mão e beijando. - Isso não é o que você quer fazer.

- Não é, mas farei mesmo assim, se esse empresário me escolher eu não voltarei a fazer isso, juro pra você.

- Sabe que não concordo com isso.

- Eu sei! Vai dar tudo certo, acredite em mim. - imploro segurando seu rosto, fazendo olhar pra mim.

- Não suporto a ideia de um homem te tocando, será que você não entende que eu ainda te amo? - ele pergunta com a voz alta.

- Me perdoa, eu me importo com seus sentimentos, mas preciso fazer isso e você melhor do ninguém sabe os motivos, se fosse em outra circunstâncias essas palavras, não sei o que eu faria.

- Mas eu sei o que posso fazer mesmo nessa circunstância.

Suas palavras foram uma advertência firme e decidida, ainda segurando minhas mãos, ele me puxa e eu fico entre suas pernas, solta

minhas mãos e envolve em minha cintura, puxando ainda mais pra perto do seu corpo, nosso rosto fica a alguns centímetros.

Nos encaramos olho no olho, por um momento tudo o que eu via era apenas o velho Paulo. Aquele olhar estava mexendo comigo, não tomo consciência do que estou fazendo, passo os braços em volta do pescoço dele e o beijo.

Temos uma história inacabável e temos que

resolver isso o quanto antes, ele me aperta ainda mais em seus braços, sinto o quanto ele me quer. Seu beijo é suave e apaixonante, suas mãos alcançam minha nuca, sinto seus dedos entre meus cabelos, uma forte corrente elétrica percorre meu corpo. Agora os beijos mudam, ficam mais intensos, sua

respiração está ofegante assim como a minha.

Abaixo meus braços até o peito dele, estou ofegante e cheia de desejo, por mais que eu queira me jogar em cima dele, prefiro acalmar

os ânimos, afasto a cabeça e nosso beijo para. Ficamos com a testa encostada uma na outra com os olhos fechados, ouvindo apenas as nossas respirações por um momento.

- Preciso ir embora. - falou afastando a cabeça.

- Fica só mais um pouco.

- Não posso. Mas se você não tiver nenhum compromisso amanhã a noite, o que acha de sairmos pra beber e dançar?

- Está falando sério? - ele me perguntou todo animado.

- Sim! Podemos fazer muita coisa depois disso. - dou uma dica do que vai acontecer entre nós amanhã.

- Mesmo se tivesse algum compromisso, eu desmarcaria tudo só pra ficar com você. - disse sorrindo pra mim, os pais dele não

economizaram na beleza.

- Então nos vemos amanhã, a Marta vai junto, mas ela fica de boa, te passo o endereço e te espero lá.

- Posso pegar vocês em casa.

- Não será necessário, só combinamos um horário certo pra esperar você e nós entramos juntos. Está ficando tarde, preciso ir.

Me afastei dele, ele sai da mesa e me acompanha até próximo a saída, antes de passar para fora da agência ele me puxa novamente, me deixa de costas pra parede e me beija. Dessa maneira eu vou acabar não me segurando, tento me segurar pra não fazer uma coisa indevida, consigo me libertar e sair sorrindo, antes de chegar no carro ele fala.

- Esqueci de te dizer uma coisa, esse empresário que virá semana que vem, vai pagar oitenta mil para a acompanhante.

- Dá pra resolver todos os problemas de uma pessoa.

- E muito. Não esqueça de contar tudo pra Marta.

- Farei sim. Te vejo amanhã gato.

- Não vejo a hora, vou contar cada minuto.

Abri a porta do carro, e antes de entrar voltei até onde ele estava parado ao lado do no meu carro, o empurrei de costa no carro e o beijei, foi um beijo rápido dessa vez, me afastei e ele ficou me olhando confuso com a minha atitude.

- Adorei a hora que passamos juntos. Em breve repetiremos. - falo e me afasto dele, ele fica parado me olhando e rindo enquanto entro no carro.

- Por quê não fez isso antes, teríamos desenrolado a nossa história mais rápido. - ele coloca as mãos nos bolsos da calça, eu apenas aceno com a mão e vou embora.

A pior parte agora é falar pra Marta, ela vai mim matar, mas nada pode fazer, sou maior de idade e ela não é minha mãe, então nada poderá fazer. A noite foi um pesadelo, não consegui dormir, levanto, faço o café e espero ela vim tomar o café, e ninguém me conhece melhor do ela, sempre sabe quando tem alguma coisa errada.

- O que aconteceu, por quê está com essa cara de quem comeu e não gostou?

- Precisamos conversar com Marta. O assunto é sério.

- Pela a sua cara, realmente é sério, pode falar.

- Marta, o empréstimo foi negado outra vez.

- É sério? E agora o que vamos fazer?

- Aconteça o que acontecer, me deixe falar tudo o que tenho que falar.

- Não estou gostando nada disso.

- E nem vai mesmo. - respiro fundo pra tomar coragem, e despacho tudo. - O dinheiro não está sendo suficiente. Estou com várias mensalidades atrasadas, se até o mês que vem não pagar, não poderei mais frequentar a faculdade. Eu não posso fazer isso, estou terminando os estudos, e não posso abrir mão disso.

- Por que não falou sobre isso antes? Podíamos tirar dinheiro do caixa.

- Não seria o suficiente, só me deixa terminar de falar. Estamos cheias de dívidas, o dinheiro do caixa é só pra emergência, e não é suficiente também, entenda que estamos com a corda no pescoço.

- Vamos vender nosso carro.

- E teremos ainda mais problemas em dobro pra resolver, o carro é essencial para muitas coisas. Reencontrar o Paulo, não foi o acaso, foi o destino. Ele trabalha numa agência que contrata acompanhante para os milionários que vêm ao país.

- Nem termine de dizer o que iria falar.

- Vou terminar de falar sim. Tem um empresário vindo semana que vem, ele vai pagar a acompanhante oitenta mil, pra ser a sua acompanhante por duas semanas.

- Nem pensar, você não vai a lugar nenhum, no primeiro aperto você já fica louca, aperto todo mundo passa, vamos dar um jeito.

- É? Você não percebeu que já tentamos dar esse jeito,e só estamos indo cada vez mais para o buraco? Antes que nós cheguemos até o fundo, eu vou fazer alguma coisa sim.

- Não acredito que o Paulo fez isso.

- Ele não fez. Insisti bastante e ele não concordou, foi difícil convencer ele me deixa fazer isso.

- Você não fez isso.

- Já fiz. Também há possibilidade de não dar certo, é enviado arquivo de outras meninas, o cliente que escolhe.

- E se você for escolhida?

- Eu irei. Esse cliente vem pro resort, assinamos um contrato de confidencialidade entre nós, tudo muito discreto, ninguém precisa saber.

Rapidamente explico tudo pra ela, e garanto que será só uma vez, pelo menos só pagar as mensalidades, falo o que será pago a acompanhante que ele escolhe e ela arregala os olhos de incrédula.

- Você não vai sem mim.

- Ficou doida mulher? Não tenho como levar você, e deve ser caro uma diária no resort, imagine duas semanas?

- Daiane você não sai sem mim, nem que eu tenha que vender o carro e nossas bikes, mas não vou deixar você sozinha com um desconhecido.

- Resolvemos isso depois. Hoje a noite vamos pra boate, marquei com Paulo, temos uma pendência para resolvermos à noite.

- Vocês? - a pergunta pairava no ar, sorri pra ela, afirmo que sim com a cabeça, e ela sorri e bate palmas.

A noite foi sem dúvida maravilhosa, saia fogo entre Paulo e eu, era uma conexão de corpos, Marta foi pra casa mais cedo e Paulo ficou de me levar pra casa. Depois que ela foi embora ele me levou pra casa dele, e durante o resto da noite ele me reviro pelo avesso, nunca imaginei que ele fosse tão bom de cama, depois de um merecido descanso adormeci, e só voltei pra casa por volta das seis da manhã no domingo.

Daiane é selecionada

( Carlos Maldonado )

Não suporto mais esse telefone tocando sem parar, e nada de André chegar, já devia ter chegado a uma hora atrás, espero que pelo menos lembre de trazer os arquivos das acompanhantes antes de viajar, ou eu

juro que o mato.

Estou muito estressado essa manhã, até o fim da tarde tenho que deixar todos os arquivos importantes da empresa separados, ficaram na responsabilidade do meu pai. Ele é o segundo do comando, resolve todas as pendências da empresa quando viajo ou preciso resolver os problemas das outras empresas.

Estou com muitas preocupações, dentro de três meses será a inauguração da minha nova loja shopping, preciso ficar no Brasil esse período todo, e por isso decidi me dar duas semanas de férias, estou com tantos problemas na cabeça, tem horas que penso que vou explodir.

Como não bastasse todas as preocupações com duas empresas a mais, tem a nova que vai ser inaugurada. E entre esses problemas está a maior de todas, o meu casamento dentro de cinco meses, na verdade é um casamento por conveniência, relações públicas não amor.

Não sei se consigo levar isso adiante, não acredito que deixei meu pai me convencer disso, em que século estamos, onde se casa só pra agradar a alta sociedade? E pior ainda sem amor e minha noiva é uma patricinha metida, a não, eu não suporto esse tipo de mulher, mas tenho que cumprir com minha promessa é só o que me resta agora.

Meu amigo André encontrou uma agência brasileira bem interessante.

Eles conseguem garotas discretas para dama de companhia, pelo o tempo que desejarem, desde que as pague bem e assine um contrato de confidência, com alguns termos para proteger a garota. André ficou de acertar tudo pra mim, com total descrição, dentro de duas horas e meia ele vai pegar o avião pro Brasil, ele vai na frente pra acertar tudo com o hotel onde ficaremos nos próximos meses, e acertar tudo com a garota, e lhe informar em qual resort ficaremos nas próximas duas semanas.

Olho as horas e já são nove da manhã, estou impaciente com a demora dele, embora ainda seja cedo. Meu telefone vibra, eu olho e

vejo uma mensagem dele, " estou no elevador " até que enfim ele chegou, saindo do elevador a secretaria à vista. Eles tem um rolo a um tempo, nada sério demais, só cama, e são bem discretos já que eles saem com outras pessoas. Ela se levanta da cadeira e vai ao seu encontro no meio da sala, o andar do meu escritório é particular, só tem autorização de subir, a secretaria e demais associados para reunião.

André

- Até que enfim você chegou. - disse a secretária Lucy.

- Sentiu saudades? - pergunta André sarcástico.

- O chefe está uma pilha de nervos, já perguntou mil vezes se você havia ligado, dizendo se estava a caminho. - ela disse em um tom baixo.

- Já cheguei calma.

- Então é melhor você entrar depressa, ele está com tantos papéis e documentos na mesa, que estão deixando ele louco de raiva.

- Mas assim? Nem um beijinho?

- Ficou maluco? Se ele nos pegar vai me chamar atenção, aqui é uma

empresa de respeito.

Não me importo. - ele disse olhando pra porta da sala de Carlos, e a puxa pra um beijo rápido, à solta dá- lhe um sorriso e sai em direção a sala de Carlos. Antes de bater na porta ele arruma a camisa, passa a mão nos lábios pra ter certeza que não há batom, e em seguida bate na porta antes de entrar.

- Entre! - disse Carlos olhando para a porta.

- Desculpe a demora, tive que imprimir as fotos das garotas e os arquivos de cada uma delas, que bom que em cada arquivo tem uma foto delas, se não eu não saberia a quem pertencem os arquivos.

- Mas estão com você, não estão? - perguntei meio que em dúvida se ele teria esquecido.

- Todas elas! Comece a olhar depressa, saindo daqui vou direto para o aeroporto pegar o vôo.

- Não esqueça, ninguém pode saber sobre isso.

- Não precisa nem me dizer. Não pegaria bem para nenhum de nós dois.

- Comece a separar as mais interessantes. Quanto antes escolher uma, será melhor.

Entre um arquivo e outro, uma me chamou a atenção, ela estava fazendo caretas, como se estivesse fazendo gracinha pra alguém rir, a

outra estava de biquíni vermelho, isso não pode ser um biquíni de banho, nem mesmo uma lingerie é tão pequena como esse biquíni, mal cobria metade dos seios dela, a parte debaixo só cobria o essencial, e atrás não existia mesmo, esse deve ser o famoso fio dental, mereceu o nome mesmo quando diz fio.

Se eu fiquei excitado só de olhar a foto dela, nem quero imaginar como ficou o fotógrafo, a menos que ele não goste de mulher, o que eu acho impossível, ainda mais trabalhando nessa agência. Ela tem um olhar marcante nas fotos, pele clara, cabelos longos e ondulados, olhos castanhos claros, e umas pernas de dar inveja a muitas mulheres.

Por algum motivo estou sentindo alguma coisa estranha, eu quero ela, de todas as vinte, eu a quero muito, é como um dejavu, não sei mas será que já nos conhecemos antes? Talvez sim e não estou lembrando.

- André me dê o arquivo dessa garota. -mostrei a foto pra ele, e logo encontrou e me passou.

- Continuo escolhendo mais alguma?

- Agora não. Deixe-me dar uma olhada no arquivo dela.

Abri o arquivo e começo a lê mentalmente, tem informações bastantes

pessoas, e bem interessantes sobre ela, pelo visto a sinceridade é uma de suas virtudes e inteligência também.

- Que interessante. - agora falo pra ele me ouvir.

- O quê é interessante?

- Escuta o que ela escreveu nas informações pessoais. Daiane, 24 anos, estudante de direito, e empreendedora.

- Mas se ela faz faculdade e é empreendedora, por quê está fazendo

esse trabalho? - ele pergunta confuso, se erguendo pra frente da mesa cruzando as mãos.

- Pelo o que ela escreveu, ela disse que abriu um pequeno negócio com uma amiga, e os negócios estão mal, por esse motivo não está

conseguindo pagar as mensalidades em dias, e se não pagar o mais rápido possível não poderá frequentar a faculdade depois das férias. Advocacia é sua paixão pela justiça, os pais morreram em um acidente por imprudência de um motorista, por ter boas relações e dinheiro, acabou sendo solto, por isso o desejo de ajudar outras pessoas que

passaram o mesmo que ela, e a justiça é injusta, quer dar uma resposta para esse tipo de pessoas, quem mata tem que ficar atrás das grades.

- Nossa irmão, o quê isso? Fiquei até arrepiado com a coragem dela, então ela está fazendo isso por um motivo maior.

- Sim! E ainda tem mais, é a primeira vez que ela está fazendo isso. Isso significa que ela ainda não saiu com ninguém, como acompanhante, é com ela que eu vou ficar, ela será minha primeira a avisar ao agenciador.

- Ligarei dizendo da sua decisão, irei pessoalmente no domingo de manhã procurar por ela, e se ela tiver se arrependido e desistido?

- Mim ligue imediatamente, eu farei ela mudar de ideia, darei o quanto quiser, mas eu quero essa mulher.

- Se é assim, eu cuido do resto, preciso ir agora, meu irmão está lá embaixo à minha espera, tome cuidado com esses arquivos.

- Irei agora mesmo queimar todos, não é seguro jogar no lixo, mas essa da Daiane, vou levar pro Brasil comigo.

- Melhor ainda. Vou chegar a noite no país, mas já vou entrar em contato com a agência e pedi o endereço dela, se ele insistir em não

passar do meu jeito. Na segunda alugo um carro bem espaçoso para levar nossas bagagens e pegar as suas, no fim da tarde passo pra pegar ela, chegaremos antes de você no resort.

- Quero que entregue esse envelope com uma quantia em dinheiro na moeda dela, entregue para que ela possa comprar o que precisa para levar, diga a ela que não esqueça o número da conta, farei a transferência assim que chegar.

- Sem problema. Te vejo na segunda mão.

Demos um abraço com uns tapas leves nas costas, rimos como duas crianças, ele não era só meu grande amigo, era mais do que isso, era meu irmão de coração, confio nele plenamente, nunca fez nada que eu pudesse duvidar de seu caráter. Também é um ótimo conselheiro, não concorda com meu casamento de conveniência, e não gosta nem um pouco da minha noiva.

O resto do dia passou devagar, entre uma reunião e outra o dia foi passando lento, mas assim que deixo tudo em ordem, pego minha mala e vou embora pra casa, André me envia algumas mensagens durante sua viagem, pergunta como está a organização das coisas antes daviagem. Fico sabendo da resistência do agenciador, em relação ao endereço da minha acompanhante e não entendo por que. Depois de muita insistência ele passa o endereço, e se oferece para ir junto na casa dela, mas ele rejeita a ajuda, estranho essa atitude dele.

No domingo de manhã André foi até o endereço fornecido, já passava das dez e meia da manhã, aconteceu alguma visita dele a casa dela, meu telefone começa a tocar insistentemente me acordando. Quando me levanto o aparelho para de tocar, volto a deitar novamente, e o telefone toca outra vez, vejo o nome de André na tela, não deve ser coisa boa, então atendo.

- Fala. - digo com a voz grossa e seca.

- Temos um problema aqui. - ele disse num tom baixo.

- Quê problema?

- Sua acompanhante esqueceu de dizer que mora com a sua melhor amiga, e parece que ela ouve os conselhos dela.

- Isso é o problema? - pergunto indignado, por mais que no Brasil seja dez e pouco da manhã, aqui ainda são seis da manhã.

- Não! O problema é que ela está convencendo ela a não ir.

- Como é que é? - falo alto, se antes estava dormindo, agora estou bem acordado. - Quem ela pensa que é, por acaso é a mãe dela? Pergunte o que ela quer, der o que ela quiser, mas não deixe ela convencer Daiane a desistir.

- Ela deixou bem claro que não confia em nós, acha que podemos fazer mal a sua amiga, e por isso ela não vai a lugar nenhum sem ela.

- Passe o telefone pra Daiane, eu quero falar com ela e vê se a convenção do contrário, ela estará aí com você?

- Foram pra cozinha fazer café, a tal da Marta quer ir com ela pro resort, está disposta até a vender o carro pra pagar as despesas, mesmo sabendo que teriam mais um problema pra resolver depois, ela deixou

bem claro, ou ela vai junto ou Daiane não vai sem a proteção dela.

- Só me faltava essa, se essa é a condição dela, então resolva isso o mais rápido possível.

- Como faço isso?

- Óbvio não. Ligue pro resort e veja se tem algum quarto disponível, se não houver nenhum, meu amigo você vai ter que quebrar esse galho pra mim, terá que dividir seu quarto com ela, eu te recompenso quando

chegar aí.

- Você me mete em cada roubada irmão. - dito isso começo a rir. - Se bem que não será tanto sacrifício assim, essa Marta é um mulherão, e por falar em mulheres, a Daiane cara é mais bonita pessoalmente, você não tem ideia de que corpo ela tem mano.

- Olha o respeito, está falando da minha acompanhante, é melhor você tirar os olhos dela. - fico bravo, não quero ninguém de olho no que é meu, ou será minha.

- Calma aí cara. Só estou tentando dizer que ela é mais bonita do que na foto.

- Obrigado pela informação, agora ligue pro resort e veja se consegue um quarto pra essa insuportável amiga dela, se não tiver você vê se ela aceita dividir o quarto com você. Mas explique a ela antes, ela pode achar que você está querendo abusar dela.

- Eu não me importaria dela abusar de mim, pense numa loira brava, é uma amazona.

- Não me diga que já se apaixonou?

- Claro que não. E eu sou aquele homem de se apaixonar tão fácil .

- Resolva as coisas aí como puder, qualquer problema me ligue novamente, se conseguir um quarto pra essa criatura insuportável é por minha conta, estarei aguardando sua ligação.

- Pode deixar.

Desligamos o telefone na mesma hora, só me faltava essa agora, uma enxerida se meter onde não é chamada. Se ela convencer Daiane a desistir, irei pessoalmente lá, mesmo que tenha que levar ela à força.

Quando eu quero uma coisa eu consigo, e eu quero ela, não entendo por que isso está me afetando tanto.

Alguns minutos depois recebo uma nova ligação do André, ele me diz que o problema está resolvido, não encontrou um quarto pra Marta. Eles terão que dividir o mesmo quarto, pelo menos isso está resolvido. Tomo meu café e me visto, tenho umas pendências pra resolver antes de viajar amanhã de manhã.

O almoço foi na casa dos meus pais junto com minha futura esposa, eu sinto um enorme carinho por ela, mas amar não a amo. Já não sei mais se é a coisa certa a se fazer, não preciso desse casamento defachada, sou um homem influente e poderoso no ramo dos negócios. Nunca estive tão confuso em toda a minha vida, ainda sim não seria capaz de magoar a Karina.

Estou voltando mais cedo do almoço porque ainda falta guardar muitas coisas, e a noite saio pra jantar com a Karina, passamos a noite juntos em minha casa. Acordamos mais cedo pra deixar ela em casa, tomamos café juntos e voltei pra casa, fiquei esperando meu pai me pegar com as malas.

Fico no aeroporto esperando o embarque, André vai me passando todas as informações necessárias de como está o andamento na nova loja, ele está amando a ideia de gerenciar a loja por uns tempos no

Brasil. Pena que vou ficar sem meu amigo por enquanto, mas é o único de quem eu confio, além do meu pai.

Finalmente embarco pro Brasil, dou uma olhada rápida pra trás, vou demorar três meses para ver essa paisagem novamente. Ao chegar no país pego um táxi e lhe falo o endereço do resort, estou um pouco nervoso, agora sim vou conhecer-lá, como será que ela vai reagir? Será que ela também está nervosa em me conhecer? Darei o tempo que ela precisa para ficar à vontade e vim a mim por vontade própria.

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