...Will narrando....
Sou Wallace Jones Williams, trinta e um anos, posso dizer com convicção que sou o melhor agente de operações especiais do FBI.
Mas antes, um breve relato da minha passagem pelo exército.
Servi pelo exército americano no Afeganistão por três anos; para mim, foram os três piores anos da minha vida, diga-se de passagem.
Foram tempos difíceis, meu batalhão era responsável pela retirada de reféns e civis que ficavam muitas vezes próximos ou nas áreas mais afetadas pela guerra.
O bombardeio era constante, nunca sabíamos ao certo se iríamos sair vivos de lá ou não, só tínhamos uma missão: retirar o maior número de pessoas com vida.
Nossa missão era retirar os civis de lá com vida; o cenário era assustador, mas quando se é a única esperança daquelas pessoas que heroicamente se mantinham vivas, agarrar-se ao único fio de esperança era o que nos mantinha vivos.
O resgate muitas vezes era bem-sucedido, mesmo perdendo na maioria das missões, e assim cumpríamos nosso dever com grande honra; éramos gratos a isso.
Em meio ao sangue e suor, conheci meus melhores amigos, Tommy e Daniel; éramos os três mosqueteiros. Criamos um laço familiar; eu os considerava meus irmãos.
Me identificava demais com o Tom, cachorrão igual a mim. Num passado não tão próximo, ele deitava e rolava de cama em cama, mas nunca se prendendo a rabo de saia nenhum. Éramos iguais; a solteirice nos fascinava. O filho da mãe me prometeu que na volta para casa iríamos deitar e rolar nos bordéis da vida em Las Vegas e beber até morrer.
O Dan era a "cadelinha" do trio, o responsável, o homem de família, o maricas. Obedecia mais à Susan do que à própria mãe. Era fiel, digo com convicção. No bolso esquerdo, do lado do peito, carregava com orgulho e saudade a foto da esposa grávida, à espera da primeira filha, o peito carregado de saudade e anseio por abraçar a quem tanto ama.
Nós vivíamos o aqui e agora; mesmo assim, costumávamos fazer planos fora do exército, mas a força de vontade que existia naqueles dois era surreal.
...********************************...
...Dez de março de dois mil e dezesseis....
Fomos escalados para invadir o KG de um terrorista. Há meses estávamos planejando essa operação; não havia espaço para cometer erros, o plano era perfeito.
O terrorista em questão era o Safi Ahmadullah. Ele estava no nosso radar há mais de dois anos; nunca teve um registro concreto do paradeiro dele, exceto até a data de hoje.
Safi Ahmadullah era um tirano, torturava mulheres e crianças, não admitia estrangeiros no seu território. Havia um campo de tortura onde ele prendia todos que fossem contra as suas diretrizes.
Tinha um infiltrado nosso em solo inimigo; as informações eram cem por cento seguras. Entraríamos pelo subsolo, neutralizando toda a segurança do Safi, prendendo-o e retirando os reféns e civis em segurança.
...Hora da missão....
Saímos ao amanhecer; o caminho era longo, não podíamos chamar a atenção. A entrada do túnel ficava na saída da cidadela, numa parte cheia de destroços. Entraríamos sem chamar a atenção e conseguiríamos retirar todos de lá em segurança.
No final da missão, conseguimos resgatar todos os reféns com vida. O Safi foi preso e estava sendo levado em segurança para a nossa base militar mais próxima para colher informações de outra concentração que fica nas extremidades do Afeganistão.
A plenitude se esvaiu no momento em que fui arremessado a quase quatro metros de distância próximo ao ponto de extração; apaguei com o impacto da explosão.
...Continua
...Will narrando....
Aos poucos fui recobrando a consciência, a cabeça girava muito, sentei-me, a minha visão estava um pouco turva, um zumbido no ouvido me impedia de me concentrar no que estava à minha volta.
Fazendo leves pressões, vi que só havia algumas escoriações leves pelo meu rosto e corpo. Sentia o corpo dolorido, mas nenhuma fratura exposta.
Olhei em volta e não vi nenhum rosto conhecido do meu batalhão. Será que estou enlouquecendo? Deve ter sido o impacto da explosão querendo me pregar uma peça.
Rastejei à procura de sobreviventes. Alguns dos reféns ainda estavam com vida, respirei aliviado.
Não tão longe dali, ouvi um sussurro. Corri para perto; era o Tom. Sem hesitar, fui até ele.
Prestei os primeiros socorros. Ele sangrava muito. Fiquei com medo, mas tentei manter a calma e ajudar o meu amigo. Saí à procura do ferimento para ver se conseguia conter a hemorragia.
A todo momento eu falava com ele, tentando distraí-lo.
Will: Ei... ei, calma, respira fundo, estou aqui.
Tom: Jones\, seu filho da p***\, é você.
Ele nunca me chamava pelo nome.
Will: Sou eu, sim, feliz em me ver.
A respiração dele estava pesada; ele se esforçava muito para pronunciar cada palavra.
Tom: Fomos atingidos, o que aconteceu?
Will: Fomos, sim, não se preocupe com isso agora. Deixa eu ver esse ferimento.
Ele estava quase perdendo a consciência.
Will: Tom... Tom, o seu filho da mãe, eu preciso que você fique acordado.
Eu estava desesperado. Consegui encontrar o ferimento; havia um objeto alojado no lado esquerdo do tórax dele e, pela dificuldade que ele expressava ao falar, creio que tenha perfurado o pulmão.
Retirei minha jaqueta e fiz pressão sobre o ferimento.
O tempo todo eu conversava com ele para mantê-lo acordado, olhando em volta para ver se via sinal do Dan.
Tom: Jones, estou sentindo muita dor, cara, não estou aguentando.
Will: Não fala isso, você precisa resistir. O resgate vai chegar logo, você precisa resistir.
Tom: Não tenho certeza disso\, irmão. Está doendo muito. Sinto muito\, filho da p***\, acho que você vai comer a mulherada toda sem mim.
Will: Como você consegue brincar numa hora dessa?
Tom: É a verdade. Jones, aqui no meu bolso de trás tem uma carta, a última que escrevi para os meus pais. Me prometa que você vai cuidar deles.
Porque sinto que isso é uma despedida.
Will: Você vai sair dessa. Vamos voltar para casa juntos, eu, você e o Dan.
Tom: Não seja tolo, me deixe morrer. Eu não tenho muito tempo. Vai procurar o Dan, ele pode estar precisando de ajuda. Cara, não fode, ele vai ser pai. Não deixe que ele se vá, você está perdendo seu tempo aqui.
Will: Tá... vou procurá-lo. Promete que ficará acordado.
Porque em momentos como esse, mesmo sabendo o desfecho, o nosso cérebro mente para nós mesmos.
Me levanto olhando em volta e avisto o Dan. Quando eu estava prestes a ir até ele, o Tom segura a minha perna.
Me abaixo para ouvi-lo melhor.
Tom: Seu filho da p***\, quero lhe dizer que foi um enorme prazer servir com você e o Dan. Irmãozinho\, sinto muito\, mas estou indo embora. Não se preocupe\, eu quero isso. Não dá para lutar mais\, estou esgotado. Me perdoe\, cara.
Will: Do que você está falando? Você não vai morrer.
Meus olhos tomados pelas lágrimas, eu ainda não estou preparado para perder o meu irmão.
Tom: Cara, não chora. Você fica tão feio quando chora. Prometa que vai se casar com uma linda mulher e ter dois filhos. Estou lhe pedindo isso, promete para mim.
Will: Eu prometo.
Tom: Não seja um babaca, eu lhe conheço. Não deixe ela escapar de você, mano. Não a assuste com o seu jeito grosso. Eu sei que a guerra fode com o nosso psicológico, mas não deixe que o pós-guerra destrua você, irmão. Você é um cara legal e merece ser feliz.
Will: Tom... acorda, Tom, fique acordado, cara, não faz isso.
Meu Deus, eu tenho que achar ajuda.
Pela última vez, ele abre os olhos, dando um sorriso, e fala.
Tom: Jones, seu bastardo, a ajuda não vem, sinto mui...
Will: Não... não... Tom, acorda. Você não pode morrer. Temos que cumprir nossa promessa, meu amigo. Vamos abrir os olhos.
Ele não respondeu mais aos meus chamados. Estou agoniado e agora? Eu nunca senti isso antes. Olho mais uma vez para o corpo falecido do meu irmão.
Isso não pode estar acontecendo. Com dificuldade, levantei-me e saí à procura do Dan. Me doeu muito ter que deixá-lo aí.
Olhei pela última vez, na esperança de que ele abrisse os olhos, agarrando a última esperança, mas isso não aconteceu.
Andei mais alguns quilômetros à frente e reconheci o Dan de longe.
Continua.
...Will narrando....
Fui até onde ele estava, o encontrei desacordo, cai de joelhos próximo ao corpo dele, meu Deus isso não pode estar acontecendo não hoje.
A explosão o atingiu em cheio, amputando as duas pernas na altura do quadril, seu estômago estava totalmente exposto, aquilo me embrulhou as vísceras.
Will _ "Dan..."
Gritei, não respondendo por instinto aferir os sinais vitais dele, infelizmente não estavam mais presente.
Iniciei massagem cardíaca nele na esperança de fazê-lo acordar, mesmo sabendo que não tinha mais chances de sobreviver nas condições que ele estava, eu precisava tentar.
Will _ Vamos Dan, seja forte cara... vamos acorda.
Sinto muito cara, mas ele não vai acordar, olha para ele...- ele descansou, não havia possibilidade de sobreviver a isso, não se torture.
Olhei para o lado, estava o Lewins, segurando no meu ombro me amparando. Eu não era muito próximo do Lewins, sempre achei ele um arrogante, mas o respeitava de mais.
Will_ Por'ra, não cheguei a tempo. Dan, acorda cara, não faz isso comigo, você tem que voltar para a Susan, para a sua filha, não me faça voltar para casa sem você, o Tom se foi e agora você, a Suzan jamais irá me perdoar por isso.
Lewins_ Sinto muito pelos seus amigos cara, o resgate já está a caminho, me ajuda a procurar outros feridos, tem muita gente aqui que precisa da nossa ajuda.
Olhei para o Lewins, havia compaixão no olhar dele, eu não entendia o que acabou de acontecer, meu cérebro não estava aceitando bem essa ideia.
Peguei o corpo do Tom pousando ao lado do Dan, fiquei ali perdido sem saber o que fazer, me agarrei aos corpos falecidos dos meus melhores amigos, a vida não pode ser tão cruel assim, já não haviam mais forças para suportar tanto.
Estávamos a leste da cidadela, esperando o resgate haviam cerca de quarenta reféns, a operação foi concluída com grande êxito, me questionei o que pôde ter dado errado para isso vir acontecer.
Nada disso importa agora.
Lewins e eu fomos a procura de mais feridos, haviam feridos por todas as partes, perdemos muitos dos nossos companheiros, infelizmente isso faz parte da guerra ela arranca as pessoas da gente da forma mais inesperada, mesmo acostumados com esse fato ninguém se prepara para perder seus colegas em combate.
Will_ Isso tá muito estranho, como a gente consegue tirar o Safi do KG, e m seguida somos atacados.
Lewins_ Sei que não dá para ficar especulando nada agora, mas ouvir uns comentários que caímos em uma emboscada.
Will_ O que você está me falando?
Lewins_ Cara, independente do que aconteceu com seus amigos, não há muito o que ser feito agora. - Mas eu ouvir dizer que assim que o Safi foi rendido ele acionou um alerta interno acionando suas tropas reserva.
Will_ Como isso foi possível, e como uma informação de suma importância não foi passada aos nossos superiores.
Lewins_ Eu não sei, não podemos afirmar nada, mas ao que parece tinha um traidor entre os nossos, por hora estamos seguros, o resgate está a caminho e tudo que a gente precisa fazer é salvar o máximo de vidas possíveis.
Fiquei com aquilo na cabeça, será que alguém armou contra a gente, mas o Lewins estava certo, precisamos focar nos que estão vivos.
Fizemos uma varredura por todo o perímetro, infelizmente muitos feridos, prestamos socorro com o restante dos homens que haviam sobrevivido.
Incansáveis quatro horas se passam, o resgate finalmente chega.
Praguejei por eles não terem chegado mais cedo e ter socorrido meus irmãos.
......Continua..........
Para mais, baixe o APP de MangaToon!