— Ah, vejo que ela acordou.
— Sim, Félix.
Outro homem-lobo entrou na sala. Olhei para cada um deles, tentando entender o que estava vendo. Era estranho. Sempre imaginei que lobisomens fossem homens comuns que se transformavam em feras nas noites de lua cheia, mas eles eram diferentes tinham caudas e orelhas de lobo, mesmo em forma humana.O que parecia ser o líder do pelotão tinha orelhas e cauda cor âmbar, olhos castanhos profundos e um semblante firme.
O segundo, com pelagem laranja, observava em silêncio, cruzando os braços fortes sobre o peito.
O terceiro, o último a entrar, tinha as orelhas e a cauda de pelagem branca, quase prateada, e um olhar que misturava curiosidade e cautela.Eles eram lindos, mas também assustadores. O corpo de cada um irradiava força, presença… e algo selvagem que fazia meu coração bater mais rápido. Comparada a eles, eu parecia pequena, frágil, quase fora de lugar.
— Eu sou Luke, o líder do pelotão disse o de olhos castanhos, com voz firme.
— Esses são Félix, meu segundo no comando, e Juca.
— Acho que devo agradecer… ou perguntar por que estou aqui respondi, tentando parecer calma.
— O comando nos mandou ao local da queda para capturar os sobreviventes explicou Luke.
— E você deveria estar em uma cela, mas o comandante está preocupado resmungou Juca.
— Cuidado com o que fala, Juca
advertiu Luke, sem alterar o tom, mas o olhar bastou para silenciá-lo.
— Desculpas… Mas as ordens eram capturar e levar para o comando, não ficar aqui com ela.
— Saia agora, Juca.
— Mas, senhor…
— Vá logo, Juca.
Ele obedeceu, mas antes que cruzasse a porta, o rádio preso à cintura apitou, com uma voz chiando entre ruídos metálicos:
— Equipe Alfa, encontraram sobreviventes… As ordens mudaram. É para eliminar os humanos. Repito: eliminar. Não queremos reféns.
O silêncio na sala foi imediato. Juca olhou para Luke, assustado.
— comandante Luke…
— Se cale, Juca respondeu ele, pegando o rádio.
— Aqui é a Equipe Alfa. Nenhum sobrevivente encontrado. Repito: nenhum sobrevivente.
Desligou o rádio e me encarou. Aquele olhar intenso me prendeu por alguns segundos.
— Por que fez isso? perguntei baixinho.
— Não sei.
A voz dele era grave, mas havia um traço de dúvida.Os outros dois deixaram o cômodo, e Luke se aproximou. Sem dizer nada, pegou minha mão e lambeu o meu pulso. Um arrepio atravessou meu corpo, e a sensação foi como uma faísca de eletricidade subindo pelo braço.
— O que você está fazendo?
perguntei, tentando puxar a mão.
— Nós, lobos, temos na saliva um poder curativo e anti-inflamatório
respondeu com naturalidade.A língua dele era quente, e o toque, ao mesmo tempo, estranho e reconfortante. Eu deveria ter afastado o braço, mas não consegui. Ele não parou no pulso; seguiu até o ombro. Quando senti a língua dele ali, um som escapou dos meus lábios antes que eu pudesse conter. Era bom e desconcertante.Ele levantou o rosto apenas para perguntar, num tom rouco:
— Como está se sentindo?
— Bem… obrigada
murmurei, tentando controlar a respiração.O corpo dele se inclinou levemente para mim, e por um instante eu pude sentir o calor que emanava dele uma presença forte, quase sufocante.
— Luke, o que é isso? a voz de Félix ecoou na porta.
Luke se afastou um pouco.
— Estou apenas ajudando ela.
— Para mim parece outra coisa retrucou Félix, arqueando uma sobrancelha.
— Mas tudo bem… você é o chefe.
Luke virou-se.
— Fique de olho nela, Félix. Tenho uma ronda a fazer.Assim, fiquei sozinha com Félix, o homem-lobo de olhos azuis.Ele se encostou na parede e me observou em silêncio por alguns segundos. A tensão parecia preencher o ar.
— Sabe… começou ele, andando devagar até o sofá
— eu sempre tive curiosidade sobre como funciona o corpo humano.
— Como assim? perguntei, franzindo a testa.
— Queria saber se vocês, humanos, são tão diferentes de nós, homens-lobos… ou se, no fundo, somos parecidos.
Os olhos dele brilhavam com algo entre curiosidade e instinto, um brilho que me fez engolir em seco.
— Vamos fazer assim
disse ele, aproximando-se um pouco mais.
— Eu exploro o seu corpo, e você o meu. Aposto que também está curiosa sobre a gente.
— Isso é sério? perguntei, confusa.
— Muito sério. Mas se não quiser, tudo bem.Respirei fundo antes de responder:
— Tudo bem… mas eu vou começar.
Félix assentiu com um leve sorriso.
— Por mim, tudo bem. Fique à vontade.
Aproximei-me devagar. Passei as mãos pelas orelhas dele elas se moveram ao toque, e ele soltou um som baixo, quase um suspiro. Depois, olhei para a cauda dele, grande, volumosa, com pelos que pareciam tão macios quanto seda. Minhas mãos foram direto até ela, e senti o movimento leve e involuntário que ele fez ao meu toque.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 46
Comments