Capítulo 5

...A L I C E...

Na manhã seguinte acordei e, instintivamente, virei para o lado da cama onde ele esteve poucas horas atrás. Mas, claro, não havia mais nada ali. Nem travesseiro bagunçado, nem vestígio de calor. Apenas lençol frio. E ausência.

Suspirei, encarando o teto. Eu já sabia. Já esperava. Heitor faria de novo o que ele sempre faz: fugir. E dessa vez, provavelmente mais longe.

Apesar disso, havia algo dentro de mim que estava calmo. Como se, depois de tanto tempo, finalmente tivesse me libertado do desejo que me consumia. Eu pertenci a ele de novo. E ele me quis. Isso, por si só, já era um alívio.

Levantei devagar, o corpo ainda dolorido, lembrando de cada toque, cada estocada, cada gemido abafado pela madrugada. Tomei banho, escovei os dentes, e tentei colocar minha mente no lugar. Hoje era meu último dia de faculdade, e eu não ia deixar a bagunça emocional me distrair daquilo.

Escolhi uma roupa leve e elegante. Calça jeans escura, blusa branca, cabelo preso num coque simples. Me olhei no espelho e sorri pequeno, como quem está prestes a encerrar um ciclo.

Separei também a roupa da academia para mais tarde. Não ia abrir mão disso, não depois de como meus treinos estavam me fazendo bem. Enfiei tudo na mochila e fui até a cozinha.

E lá estava ele.

De costas para mim, sem camisa, mexendo em algo no fogão. O cheiro de café fresco e pão na frigideira preencheu a cozinha. Meus pés congelaram por um segundo. Confesso que não esperava vê-lo. Esperava que tivesse saído cedo, como sempre. Fugindo. Sumindo. Me deixando sozinha com todas as consequências da noite passada.

Mas ali estava ele.

Sem coragem de dar meia-volta, entrei.

— Bom dia. — falei, simples, sem me aproximar demais.

Ele se virou. Estava sério, mas não frio. Seus olhos me examinaram por um segundo a mais do que deveriam. Depois assentiu com a cabeça.

— Bom dia. Vai sair cedo?

— Último dia de faculdade. — dei um meio sorriso. — Tô levando roupa pra ir direto pra academia.

— Ah... ótimo.

Ele voltou a mexer o pão, eu me aproximei devagar. Peguei um copo, me servi com café.

— Fez pra mim também? — perguntei, apontando pros pães.

— Fiz.

A forma como ele respondeu me fez franzir a testa. Não era arrogante, mas também não era acolhedor. Era como se ele estivesse pisando em ovos... de novo.

Sentei à mesa e ele serviu o prato. Um pão na chapa, ovo mexido, frutas.

— Obrigada. — murmurei.

Ele se sentou do outro lado. Ficamos em silêncio. O som dos talheres e o áspero de nossas respirações eram tudo que preenchia o espaço.

— Sobre ontem... — ele começou.

Eu levantei os olhos devagar.

— Deixa eu adivinhar. Foi um erro? Você não devia? Se arrepende?

Ele travou. Não respondeu. O que, para mim, já era uma confirmação.

Soltei o talher no prato com mais força do que deveria.

— Você precisa parar com isso, Heitor. Ou me quer, ou não me quer. Porque esse vai-e-volta está acabando comigo.

— Alice, eu... é complicado.

— Complicado é você me beijar como se eu fosse sua única mulher no mundo e, no dia seguinte, agir como se tivesse cometido um crime.

Ele esfregou o rosto com as mãos. Parecia exausto. Mas eu também estava.

— Você é nova, Alice. Ainda tem uma vida inteira pela frente. Não precisa se amarrar a um cara como eu, com uma porrada de bagagem.

— Para de decidir o que é melhor pra mim. Eu sei o que eu quero. — levantei da cadeira. — E se você também souber, me procure. Porque você tem só hoje para decidir, se me quer ou não.

Peguei minha mochila e saí sem olhar pra trás.

A faculdade estava cheia, barulhenta, agitada com as despedidas. Entreguei os últimos trabalhos, tirei fotos com amigas, recebi elogios de professores. Mas tudo estava distante. Como se eu estivesse presente, mas com metade de mim presa em outro lugar, ou em outra pessoa.

Quando as atividades acabaram, peguei minha mochila, saí da faculdade e chamei um táxi. A viagem até a academia levou cerca de vinte minutos, tempo suficiente para eu organizar meus pensamentos e tentar me desligar do que aconteceu mais cedo com Heitor. O corpo pedia movimento. A mente pedia foco. Eu precisava de uma descarga de energia.

Assim que cheguei, cumprimentei o recepcionista e fui direto para o vestiário. Troquei de roupa com calma, coloquei minha legging, o top esportivo e prendi o cabelo em um rabo de cavalo. Depois, segui para a área dos aparelhos. O clima ali sempre me fazia bem.

Dei sorte de Heitor não estar por perto no início. Comecei a treinar pernas, depois fui para os braços. Estava quase terminando quando o vi passando pelo corredor.

Ele me viu também. E, por um segundo, nossos olhos se encontraram. Suspirei fundo e continuei o treino, peguei as barras e levantei.

Estava focada, até sentir duas mãos grandes envolvendo as minhas na barra que eu levantava — firmes, quentes. Ele estava atrás de mim. Tão perto que pude sentir sua respiração tocar minha nuca.

— Vem comigo. — disse com a voz baixa e rouca.

Sem entender, apenas segui. Senti seus dedos tocarem minha mão, entrelaçando-se brevemente nos meus. Era um toque quente, decidido, íntimo. Caminhamos pelos corredores até ele abrir uma porta lateral: um dos banheiros da academia, onde só havia uma cabine espaçosa com pia, espelho e chuveiro.

Ele entrou, trancou a porta e se virou. Seus olhos me prenderam no lugar.

— Heitor... o que é isso?

Ele não respondeu. Apenas veio até mim. Suas mãos agarraram minha cintura e, sem aviso, me encostou na parede fria de azulejos. O contraste do frio com o calor da pele dele me arrepiou inteira.

Então ele me beijou.

E não foi um beijo comum. Foi um beijo cheio de raiva, saudade, desejo reprimido. A língua dele invadiu minha boca como se quisesse me dominar por dentro. Seus dedos deslizaram pelas laterais do meu corpo, apertando minha cintura, subindo pelas minhas costas até se perderem no meu cabelo preso em um rabo alto.

— Eu tô enlouquecendo com você. — ele murmurou entre um beijo e outro. — Você me tira do eixo, me quebra, me reconstrói... Eu tentei fugir, mas não deu mais.

Seu corpo colado ao meu me deixava sem ar. Sentia a ereção dele, dura e pulsante, mesmo com a calça apertada. Heitor colou a boca no meu pescoço e mordiscou minha pele até eu soltar um gemido baixo. Ele gemeu junto. Abafado.

— Eu quero você, Alice. Eu te quero de verdade. — sussurrou. — Eu amo você, desde aquela época. E não sabe o inferno que eu vivi para não cair na loucura de te roubar pra mim.

— Então para de fugir. — pedi com um fio de voz.

Ele não respondeu. Apenas virou meu corpo de frente para o espelho. Segurou meu quadril e me fez encostar as mãos na pia. Seus olhos encontraram os meus pelo reflexo.

— Quero que veja como eu te quero. — disse com a voz baixa, rouca, totalmente fora de controle.

Ele abaixou minha legging com pressa, minha calcinha junto. Um arrepio percorreu minha espinha ao sentir o ar frio e, logo depois, os dedos quentes dele tocando minha büceta. Gemi, fraca, quando ele encontrou meu clitóris e massageou devagar, com maestria.

— Molhada pra mim… — ele murmurou.

— Sim — confessei sem fôlego.

Ele desceu a própria calça e, num impulso, me penetrou com força. Meus joelhos quase cederam. Agarrei a pia com força enquanto ele se movia dentro de mim com estocadas intensas, ritmadas, dominantes. O som dos nossos corpos se chocando ecoava nas paredes frias daquele banheiro, abafado apenas pelos gemidos que tentávamos conter.

Heitor segurava firme minha cintura, mas seus olhos não desgrudavam do espelho. Ele me olhava como se estivesse gravando cada segundo. Eu me via ali também, entregue, gemendo o nome dele, com o rosto ruborizado de prazer.

— Fala que é minha. — ele exigiu, enquanto estocava mais fundo.

— Sou sua — gritei, tremendo inteira. — só sua.

Ele inclinou-se sobre mim e mordeu meu ombro enquanto sua mão alcançava meu clitóris e massageava sem piedade. O orgasmo me atingiu como uma explosão. Gemi alto, trêmula, e senti quando ele também chegou ao limite, enterrando-se fundo em mim, gemendo contra minha pele.

Ficamos ali por alguns segundos, ofegantes, suados, os corpos grudados e as respirações misturadas.

Ele beijou minha nuca com delicadeza.

— Me perdoa por fugir de você.

Eu sorri, ainda de olhos fechados.

— Só me promete que vai ficar.

— Prometo que sim. — confessou, e me beijou. — Prometo que ficarei sempre.

Mais populares

Comments

Fabiana Brum

Fabiana Brum

amei sem
demais esta história maravilhosa.🥰🥰👏👏

2025-10-02

13

Celma Rodrigues

Celma Rodrigues

Que maravilha, Heitor vai ficar e assumir sua ninfeta e as consequências da sua escolha. Amei.

2025-10-26

1

Rosilene Narciso Lourenco Lourenco

Rosilene Narciso Lourenco Lourenco

eita lê lê, em breve haverá um fruto do pecado.

2025-10-29

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!