Capítulo 4

"Vocês me perdoarão?", perguntou o Senhor com dúvida. Seu rosto, usualmente frio, agora refletia uma inquietação infinita.

Alex sorriu levemente. "Então, qual foi o propósito de procurá-las durante todo este tempo? Não era para emendar os erros?".

As palavras de Alex, em vez de tranquilizá-lo, aumentaram o pânico no rosto do Senhor. O homem apoiou a cabeça e fechou os olhos.

"Peça alguma comida, Lex. Ele saiu muito cedo, pode não ter tomado café da manhã", ordenou o Senhor, mudando de assunto para aliviar seu estado de espírito.

"De acordo", Alex pegou imediatamente seu telefone do bolso.

Uns minutos depois, chegou o médico pessoal do Senhor.

"Oh, você está bem?", perguntou o doutor Inzagi, surpreso ao ver a boa saúde do Senhor.

"Sim, como pode ver. Entre no quarto e revise o rapaz que está lá", ordenou o Senhor.

O doutor Inzagi olhou com assombro para seu amigo, logo para Alex, exigindo uma explicação.

"Avance, eu lhe explicarei tudo depois que tiver examinado o rapaz", disse Alex.

O médico assentiu e se dirigiu imediatamente ao único quarto do lugar.

Ao entrar, o doutor pareceu surpreso com o que viu. E ao ver o uniforme que Erik levava, sua curiosidade se intensificou.

"Não se levante", disse o médico. "Vou examiná-lo, então fique deitado".

Erik abandonou sua tentativa de se levantar. Com destreza, o médico realizou um exame completo.

"Você brigou?", perguntou o médico ao observar algumas erupções vermelhas em várias partes do corpo do paciente.

"Como poderia ganhar se me atacam de surpresa? Além disso, esta manhã não me sentia bem. Por isso me deixaram assim tão machucado", respondeu Erik.

Inzagi sorriu. "Então, que relação você tem com o Senhor?".

"O Senhor?", perguntou Erik, por sua vez.

"Sim, o chefe desta empresa", explicou Insagi.

"Oh, nenhuma, senhor. De fato, ele acaba de me despedir".

"O quê? Despedido? Como é possível?", exclamou o doutor, surpreso uma vez mais.

"Porque pensou que ia roubar o anel dele, senhor. E isso que o vi sem querer enquanto limpava sua mesa".

Inzagi assentiu várias vezes, ainda que sua curiosidade seguisse aumentando.

"Mas você é incrível, poder estar neste quarto", comentou o médico.

"Incrível por quê, senhor?", perguntou Erik, intrigado.

"Sim, incrível. A mim, que sou seu amigo, é terminantemente proibido entrar neste quarto sem sua permissão. E a qualquer outra pessoa mais".

Erik ficou atônito ao escutá-lo.

"Você está bem. Mas para nos assegurarmos, pode me visitar no hospital, de acordo?".

"De acordo, senhor. Obrigado".

O doutor Inzagi se limitou a sorrir. Depois, se foi, deixando Erik ainda mais imerso na curiosidade.

Assim que Inzagi saiu, explicou ao Senhor o estado de Erik. E nesse momento, também exigiu uma explicação a seus dois confidentes.

"Meu Deus!", exclamou Inzagi após escutar a explicação de Alex. "Se seus pais ficarem sabendo, o que será de você, hein?", espetou a seu amigo.

"Sim, isso, repreenda você também, Doc", disse Alex, provocando-o.

O Senhor se limitou a suspirar. Assim que chegou a comida que havia pedido, disse a Alex que chamasse Erik. Enquanto isso, Insagi decidiu ir para seu trabalho.

"Sente-se", disse Alex assim que Erik saiu do quarto. Erik se sentiu confuso. Sobretudo ao olhar para o presidente, o jovem se sentiu desconfortável.

"Sente-se, Erik! O Senhor não vai te morder", repetiu Alex, fazendo com que Erik quase começasse a rir.

"Isto...", disse Erik ao ver a comida que tinha à frente.

"Coma", ordenou Alex com suavidade.

"Mas, eu...".

"Coma!". Desta vez foi o Senhor quem deu a ordem, fazendo com que Erik se sobressaltasse.

"Está bem, senhor", disse Erik, sentindo-se confuso, e se viu obrigado a desfrutar da comida, que sem dúvida era muito cara.

"Há quanto tempo você trabalha aqui?", perguntou Alex um tempo depois para quebrar a tensão da sala.

"Faz quatro meses, senhor", respondeu Erik em voz baixa, igual a quando desfrutava da comida.

"Você tem alguma razão especial para trabalhar aqui?", perguntou Alex de novo, como se estivesse investigando Erik.

Erik pensou um momento e logo negou com a cabeça. "Quando solicitei trabalho nesta empresa, na realidade também o fiz em outros sítios. Mas resultou que só me aceitaram aqui".

Alex pareceu assentir, enquanto que o Senhor se manteve impassível, ainda que na realidade também sentisse muita curiosidade.

"E bem, como reagiu sua família quando ficaram sabendo que você trabalhava aqui? Devem ter se alegrado muito, certo?", especulou Alex.

Mas por desgraça, Erik negou com a cabeça, o que surpreendeu bastante aos dois adultos presentes.

"Minha mãe ainda não sabe que trabalho aqui", respondeu Erik.

"Que não sabe?", desta vez o Senhor não conseguiu se conter e perguntou.

Erik assentiu lentamente várias vezes. "Minha mãe ficaria muito brava se soubesse que trabalho em Paragon".

"Ficar brava? Por que ficaria brava?", perguntou o Senhor.

"Não sei, senhor. O único que sei é que minha mãe sempre me advertiu que não trabalhe aqui".

"E seu pai, o quê?", perguntou Alex de novo.

Erik pareceu suspirar profundamente. "Minha mãe diz que meu pai morreu quando eu era um bebê".

"O quê?!", a voz do Senhor retumbou. Deixou a colher com força sobre a mesa. "Como pôde dizer isso?".

"Não sei, senhor. Mas é que nunca vi o rosto de meu pai", respondeu Erik, um pouco assustado ao ver a ira do Senhor.

"Nesse caso, termine de comer rápido e vamos para sua casa agora mesmo", ordenou o Senhor, e se dirigiu a sua grande cadeira.

"Mas, senhor...", exclamou Erik, surpreso. Nesse momento sentiu pânico.

"Já está, faça o que ele diz", disse Alex, tentando acalmá-lo.

Erik se resignou com a mente feita uma confusão.

####

Uns minutos depois, quase todos os olhos que trabalhavam no edifício Paragon ficaram atônitos ao presenciar algo incomum na empresa.

Um homem com uniforme de limpeza caminhava junto a dois dos altos cargos da empresa, o que desatou as especulações.

Sobretudo porque muitos viram o porteiro subir ao mesmo carro que seus chefes, o que aumentou as especulações dos empregados.

Erik, sentado junto ao Senhor, se sentiu ainda mais nervoso e desconfortável. Sua mente já estava imaginando a fúria de sua mãe porque havia desobedecido sua proibição.

Desejava poder detê-lo, mas não tinha a capacidade de expressá-lo. Após um trajeto de uns 30 minutos, o carro que conduzia Alex chegou ao pátio da modesta casa de Erik.

"Erik", disse uma mulher que estava estendendo a roupa, surpresa ao ver Erik sair do carro. "O que você faz em casa a estas horas? Com quem veio?".

Erik não respondeu de imediato. Enquanto isso, o Senhor acalmou seu coração enquanto descia do carro.

Assim que o Senhor desceu do carro e viu a mesma mulher, os olhos desta se abriram de par em par. De repente, a mulher pegou um balde de roupa lavada e saiu correndo para o Senhor.

Splash!

"Mãe!", gritou Erik, horrorizado.

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